Livro: Jonathan Strange & Mr. Norrell
Título original: Jonathan Strange & Mr. Norrell
Autor (a): Susanna Clarke
Editora: Seguinte
Páginas: 824
ISBN: 9788535907148
Sinopse: No começo do século XIX, a maioria da população britânica acreditava que a magia estava perdida havia muito tempo – até que o sábio Mr. Norrell revela seus poderes, tornando-se célebre e influente. Ele abandona a reclusão e parte para Londres, onde colabora com o governo no combate a Napoleão Bonaparte e coloca em prática seu plano de controlar todo o conhecimento mágico do país.
Tudo corre bem até que Jonathan Strange, um jovem nobre e impetuoso, descobre que também possui talentos mágicos. Ele é recebido por Norrell como seu discípulo, mas logo os dois começam a se desentender... e essa rixa pode colocar em risco toda a Inglaterra.

Jonathan Strange & Mr. Norrell é o grande sucesso de estreia da autora Susanna Clarke. Escreveu a obra no ano de 1993, mas foi só em 2003 que foi publicado pela editora Bloomsbury e virou um best-seller. No Brasil, foi lançado pela Editora Seguinte. A autora também publicou breves histórias relacionadas ao universo de Jonathan Strange & Mr. Norrell, e também publicou The Ladies of Grace Adieu and Other Stories – sem título no Brasil – que fala sobre o poder das mulheres através da magia.

    A magia era algo praticamente inexistente nos dias atuais da Inglaterra e esse era o palco de grandes discussões entre os membros da Sociedade Culta dos Magos de York. Essa sociedade é composta por magos que nunca feriram ou beneficiaram alguém através da magia. Ou seja, estes homens nunca praticaram um encantamento sequer. “Por que não se fazia mais magia na Inglaterra?” era a grande pergunta feita por um novo membro da Sociedade Culta e que deixava os mais antigos estupefatos, pois possuíam apenas uma resposta incabível: cavalheiros não deviam usar magia.
    Mas tudo mudou quando Mr. Segundus e Mr. Honeyfoot – autor da pergunta e seu fiel seguidor, respectivamente – descobriram que havia, sim, um único mago praticante da magia. E assim foram atrás dele, esperançosos de que o grande Mr. Norrell faria uma breve demonstração de seus encantamentos. Depois de trocas de cartas, tudo foi resolvido com um simples acordo firmado através de um documento: se o homem que se dizia praticante conseguisse realizar tal ato, todos os outros deveriam deixar seus títulos de magos e não realizar nem um breve estudo sobre o assunto. Mas, se caso viesse a fracassar, retiraria a afirmação de que praticava a magia.
    É claro que Mr. Norrell, conhecido por possuir a maior coleção de livros de magia do condado de York, cumpriu com o prometido e partiu para Londres assim que todos os pobres homens deixaram de ser magos – com exceção de Mr. Segundus, que se recusou a assinar o documento – para cumprir sua nova missão: a popularização da magia. Queria oferecer seus incríveis poderes ao governo para, juntos, lutarem contra as forças de Napoleão Bonaparte.
    A partir deste momento, várias reviravoltas acontecem. E a maior delas é quando um jovem, de nome Jonathan Strange, descobre que possui talento para a magia e, por isso, é convidado para ser discípulo e aprendiz de Mr. Norrell. Mas, logo no início das aulas, ambos começam a se desentender, tanto no que se trata de conhecimento quanto o comportamento em público, e o povo da Inglaterra passa a preferir Mr. Strange.


    Fui apresentada a vários títulos na hora de escolher o primeiro para resenhar aqui no blog, mas fiquei apaixonada por este assim que li a sinopse. Até então, havia lido poucas obras que falassem sobre magia e, quando soube que a autora juntou a magia com a história, imediatamente pensei que precisava lê-lo.
    O livro é narrado em terceira pessoa, o que me deixou realmente agradecida, pois cada capítulo fala de um dos vários personagens existentes na história, e ver isso sob o olhar de uma única pessoa ou presenciar repetidas trocas de narrador seria extremamente desconfortável. A autora escreveu tudo em uma linguagem formal, mas sem dar ao leitor a necessidade de consultar o dicionário durante a leitura. Ela foi ótima descrevendo cada cenário, proporcionando a sensação de proximidade do ambiente citado e deixando a leitura ainda mais gostosa.
    O que mais me encantava durante a leitura era o modo como a autora se aprofundava em cada assunto. Às vezes me pego imaginando quantas pesquisas devem ter sido realizadas durante a produção do livro, principalmente quando se tratava de magia, já que a autora detalhou cada encantamento reproduzido pelos personagens. Também foi necessário um breve conhecimento para a inserção da história no livro, sendo a guerra entre Inglaterra e França o evento principal de toda a trama. A maneira como Susanna Clarke juntou as palavras me fazia querer ler cada vez mais.


    Cada personagem foi criado com características marcantes, sendo bastante distintos entre si. Nem se eu quisesse poderia fazer uma descrição de cada um deles, pois são muitos. Mas falarei um pouco sobre os detalhes dos personagens que mais me chamaram a atenção. Mr. Honeyfoot, parceiro de Mr. Segundus, era sempre alegre, disposto a fazer qualquer coisa para achar a solução de algum problema. Mr. Norrell era o homem reservado que, se pudesse, não sairia de sua biblioteca, evitando ao máximo uma interação social mais envolvente. E, por fim, Mr. Strange que, mesmo casado, colocava suas próprias vontades e prioridades à frente de qualquer coisa, não ligando muito se sua própria esposa estivesse insatisfeita com algo.
    Todos os personagens foram perfeitamente construídos e até mesmo os secundários têm a sua marca no livro. Muitos deles, que apareceram apenas em breves momentos durante a narração, me deixaram com vontade de conhecê-los melhor, e senti muito por terem uma passagem tão rápida na trama. As características foram tão bem distribuídas que me identifiquei um pouquinho com cada personagem. 
    As únicas coisas que não me agradaram muito foi o fato de que o início da obra é um pouco “parado”, apesar de isso ser totalmente aceitável, pois a autora começou contando um pouco sobre como era a magia em toda a Inglaterra e só então passou para a jornada de encontro dos dois magos. O outro ponto foi o grande – mas necessário, imagino – número de personagens, como já falei. Muitas das vezes, tive que voltar algumas páginas para ver qual dos Misters estava sendo destacado no momento. Mas isso são breves coisas que, em certa altura da leitura, o leitor acaba acostumando.
    Como a maioria sabe, esta não é a primeira edição do livro. O primeiro lançamento foi a edição de capa branca com escritas negras, bem simples e básica. Eu não conheci a capa da versão antiga, mas achei a recente muito mais linda. Com imagens não totalmente reveladoras, o leitor já pode ter uma ideia do mistério contido em cada capítulo. A diagramação é impecável, e em alguns momentos, pode-se ver nas folhas amareladas ilustrações representando momentos do capítulo em questão. Não encontrei nenhum erro na revisão e tenho que dizer que a Editora Seguinte fez um ótimo trabalho relançando esta incrível obra.
    Jonathan Strange & Mr. Norrell é um livro que recomendo para todos os apaixonados por ficção e, para os que não são, esta obra pode ser a porta de entrada para um novo mundo. Com todos os assuntos abordados sem nenhum floreio, todo o reconhecimento da autora é merecido.

Primeiro Parágrafo: "Alguns anos atrás, na cidade de York, existia uma sociedade de magos. Eles se reuniam na terceira quarta-feira de cada mês e liam ensaios longos e enfadonhos sobre a história da magia inglesa."
Melhor Quote: "– Sim, de fato – concordou Mr. Norrell. Aproximou-se de Strange com cautela e estendeu o livro por um momento, antes de, de repente, largá-lo na mão de Strange com um gesto estranho, como se não se tratasse de um livro, mas de um pequeno pássaro que se agarrasse a ele e se recusasse a ir com outra pessoa, de maneira que se via forçado a induzi-lo a isso ao retirar a mão. Estava tão concentrado nessa manobra que, por sorte, não notou o riso que Strange procurava conter."

 


4 Comentários

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  2. visão legal sobre o livro, quero ler

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  3. Achei o livro muito, muito interessante. Li a primeira edição em 2010 e quero comprar a segunda, para tê-lo comigo. Parabéns pela resenha!

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  4. Eu li seu comentario sobre a capa, é muito legal de ler que você gostou da minha ilustração da capa. Eu gostei de reproduzir o ambiente da Inglatera e da magica do livro. Você pode dar uma olhada no meu blog: http://traujan.blogspot.com.br/p/illustration.html

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