Livro: A Invasão de Tearling
Autor(a): Erika Johansen 
Editora: Suma de Letras 
Páginas: 395
ISBN: 978-85-5651-047-1
Sinopse: Kelsea Glynn é a rainha de Tearling. Apesar de ter apenas dezenove anos e nenhuma experiência no trono,ela ficou rapidamente conhecida como uma monarca justa e corajosa. No entanto, o poder é uma faca de dois gumes. Ao interromper o comércio de escravos com o reino vizinho e tentar conseguir justiça para seu povo, ela enfurece a Rainha Vermelha, uma feiticeira poderosa e com um exército imbatível. Agora, à beira de ver o Tearling invadido pelas tropas inimigas, Kelsea precisa recorrer ao passado, aos tempos de antes da Travessia, para encontrar respostas que podem dar ao seu povo uma chance de sobrevivência. Mas seu tempo está acabando... Nesta continuação de A rainha de Tearling, a incrível heroína construída por Erika Kohansen volta para outra aventura cheia de magia e reviravoltas.

TRILOGIA "TEARLING"
    2.  A Invasão de Tearling
    3.   The Fate of the Tearling (O Destino de Tearling em tradução livre)


Erika Johansen, de 35 anos, cresceu e mora na San Francisco Bay Area. Estudou na Swarthmore College, completou seu mestrado na Iowa Writer's Workshop e mais tarde se tornou advogada. Johansen decidiu começar a escrever quando viu Stephen King, seu escritor favorito, ganhar o National Book Award em 2003, até que em uma noite de 2007, ela sonhou com o mundo de Tearling. Alguns dias depois, Erika assistiu a um discurso de Barack Obama que lhe deu inspiração para criar Kelsea, a heroína da série. Os direitos de filmagem foram comprados pela Warner Bros, tendo Emma Watson escalada como a protagonista. A frente do projeto está David Heyman, produtor de filmes como Harry Potter e O Menino do Pijama Listrado.

   Após os acontecimentos do livro A Rainha de Tearling, Kelsea vem se adaptando cada vez melhor ao trono. Quando o povo do reino de Tearling viu seu poder, a jovem de apenas dezenove anos não se tornou apenas admirada, mas também temida. As safiras continuam penduradas em seu pescoço e quanto mais o tempo passa, mais poder ela descobre ter. A questão é: como controlá-lo e usá-lo da melhor forma? Enquanto Tearling sofre a ameaça de uma invasão mort – desde que Kelsea proibiu que o povo de Tearling fosse enviado para Mortmesne como escravos, a Rainha Vermelha planeja vingança —, Kelsea enfrenta uma nova realidade ao descobrir que as safiras podem ir muito mais além do que imaginava.
   Três séculos antes da época em que a história se passa – é nesse tempo que vivia Lily Freeman (que se tornou Lily Mayhew depois de casar-se com Greg Mayhew). Seu mundo era um Estados Unidos completamente distópico. As liberdades foram esquecidas e o país vivia sob um governo autoritário que controlava cada passo de seu povo. Os ricos eram privilegiados e tinham toda a proteção do governo, contanto que se comportassem bem. Os pobres foram deixados de lado, marginalizados, obrigados a viver sob repressão constante – a não ser por aqueles que se rebelaram. E muitos fizeram isso. Esse foi o início da nova jornada rumo à Tearling. Mas o que Kelsea não consegue entender é o por quê de as safiras lhe mostrarem a vida de Lily, no que isso pode ajudar e o que a história dela tem de tão importante.
Durante o tempo em que vive essa dubiedade entre duas vidas diferentes, a Rainha Kelsea ainda tem de lidar com algo inesperado: aquele que chamam de a coisa sombria. No primeiro livro, pudemos ver o relacionamento que a Rainha de Mortmesne mantinha com a criatura que a visitava através do fogo e que, há muito tempo, havia lhe concedido poderes, como a imortalidade. Agora, é Kelsea que ele procura e é através de suas estratégias para conseguir o que quer, que Kelsea desvenda muitos mistérios que cercam sua vida e seu reino.

   O segundo livro é ainda melhor que o primeiro. Claramente a escrita de Johansen evoluiu muito, é incrível como ela adentra ainda mais no universo de Tearling e além dele. O desenvolvimento do livro foi uma boa surpresa e não tenho dúvidas de que Erika Johansen foi uma das melhores escritoras que descobri este ano. Espero ver muito mais de seu talento em outras obras, não só com o terceiro livro da trilogia (já estou aguardando o lançamento com muita ansiedade), mas também com outros. Em A invasão de Tearling, o que temos é uma versão mais aprofundada de A Rainha de Tearling, onde os mistérios se intensificam e a visão de outros personagem tornam-se foco ao lado da protagonista.
   A narrativa deste livro também superou em muito a do primeiro, que se arrastou nos primeiros capítulos e só conseguiu me prender de vez quando já havia lido mais da metade. Em A Invasão de Tearling, a história ganha o leitor logo no primeiro capítulo, quando somos apresentados a um novo e instigante personagem. Além disso, a narrativa estava em ritmo de subida o tempo inteiro, como uma montanha-russa. Muitos momentos de tensão marcam a narrativa, e mesmo as cenas mais tranquilas passam sensação de fluidez, pois mal dá para esperar a próxima surpresa que a história trará.
   Porém, isso não significa que Johansen perdeu sua marca. Assim como falei na resenha de A Rainha de Tearling, a autora descreve todos os detalhes e abre mão de muitos diálogos, focando em outros pontos da história – descrições de personagens, cenários, ações, etc. Johansen tem um cuidado muito específico com seus personagens. Ela nos envolve em suas histórias, fazendo com que descubramos seus medos e desejos. Isso faz com que sua narrativa seja onisciente e sempre em terceira pessoa. Desta vez, ela precisou lidar com a manutenção de capítulos diferentes para cada um dos personagens: e a lista aumentou consideravelmente neste segundo livro – algo que achei fantástico.




Livro: O Livro do Juízo Final
Título original: Doomsday book
Autor(a): Connie Willis 
Editora: Suma de Letras 
Páginas: 573
ISBN: 978-85-5651-038-9
Sinopse: Em meados do século XXI, a jovem estudante Krivin Engle se prepara para viajar no tempo. Ela pretende fazer um estudo de campo sobre uma das épocas mais sombrias da história da humanidade: a Idade Média. Em um primeiro momento, tudo parece ter corrido bem com a empreitada, e ela finalmente está no século XIV. O que Kivrin não sabe é que o técnico responsável pelo seu salto temporal de volta para 2054 está terrivelmente doente. Seu retorno pode estar comprometido, e isso pode afetar todos os habitantes do Reino Unido.




Constance Elaine Trimmer Willis, mais conhecida como Connie Willis, é uma escritora estadunidense de ficção científica – uma das mais prestigiadas do gênero entre os anos 1980 e 1990. Em 1983 ganhou dois Nebula Awards, um pela novela Fire Watch — que também ganhou um Hugo Awards meses mais tarde — e outro pelo conto A letter from the clearys. Em 1993, O livro do juízo final ganhou o Nebula e o Hugo. Todos esses prêmios fazem de Willis uma das escritoras mais homenageadas da ficção científica e a única pessoa a ser premiada com dois Nebulas e Hugos no mesmo ano. Atualmente reside com seu marido em Greeley, Colorado.

    Reino Unido, Inglaterra, Oxford 2054. Este é o cenário inicial da premiada história de Willis. Viagens no tempo já são uma realidade nessa época e a estudante da Universidade de Balliol, Kivrin Engle, que tem ânsias de um dia ser uma grande historiadora, alimenta o sonho de viajar para a Idade Média. Sua curiosidade a respeito desse tempo remoto é imenso e ela deseja descobrir se os dados que todos acreditam serem verdadeiros realmente o são. O setor responsável por esse tipo de viagem é Medieval, e a responsabilidade da Universidade está sob as ordens de Gilchrist, um homem que não mede escrúpulos para conseguir impressionar seu superior e mostrar que é tão capaz de assumir a diretoria quanto ele. 
   Porém, James Dunworthy, o tutor de Kivrin, fica muito preocupado com toda a situação. A viagem foi marcada às pressas, durante a gestão de Gilchrist, que não fez os testes adequados para uma viagem tão remota e perigosa. O ano em que Kivrin saltará é 1320, 28 anos antes de a Peste Negra tomar conta da Inglaterra. Mesmo assim, Dunworthy fica apreensivo, pois Kivrin é apenas uma estudante e pode não estar preparada para o que irá encontrar no passado (em uma época em que as mulheres eram constantemente abusadas e acusadas de bruxaria). Mesmo assim, ele não consegue persuadir Kivrin a esperar um pouco mais. Ao lado de sua amiga, a médica Mary — que garante que tomou todas as precauções para que Kivrin não fosse abatida por alguma doença do século XIV —, Dunworthy vê a menina, que considera quase como uma filha, desaparecer na rede que a levou até a Idade Média.
    A partir daí a história se divide em dois cenários: o século XIV e o XXI. Kivrin conseguiu realizar seu salto e finalmente está na Idade Média. Porém, perdida e confusa no meio da floresta, acaba adoecendo. Febre, dores de cabeça e cansaço a abatem. Até que enfim é resgatada e levada para uma casa senhorial onde não consegue compreender nada do que dizem e muito menos o que estão fazendo com ela. Já Dunworthy não consegue descansar enquanto não obtiver o fix de Kivrin, ou seja, o local, o dia e a hora exatas em que ela saltou. 
    O responsável por fazer a leitura do fix é Badri Chaudhuri, um dos técnicos mais conceituados do Balliol. Mas assim que consegue obter o fix, apresenta estranhos sintomas de uma doença que o deixa imediatamente incapaz de dizer ou fazer qualquer coisa coerente. Logo Badri é levado a um hospital e, sob os cuidados de Mary, descobre que a causa da sua doença é um vírus muito poderoso e o pior de tudo: não há registros de algo do tipo em outro lugar do mundo. Em pouco tempo, outros pacientes com os mesmos sintomas começam a aparecer e a cidade de Oxford entra em quarentena. Dunworthy fica desesperado, pois não sabe a localização exata de Kivrin e nem se a garota sequer conseguirá voltar.

    O que despertou minha curiosidade sobre O livro do juízo final foi justamente o gênero ficção científica, que é uma grande paixão minha, especialmente quando envolve viagens no tempo — algo que acredito que, em alguns anos, o ser humano dominará. Connie Willis é uma das autoras mais reconhecidas desse meio e ler logo de cara seu livro mais famoso e o primeiro da escritora a ser publicado no Brasil foi uma honra e tanto. Não foi exatamente o que eu esperava, mas com certeza me surpreendeu e me mostrou um outro lado dos romances que envolvem sci-fi.
    A narrativa é em terceira pessoa, a não ser pelos capítulos em que Kivrin detalha as coisas que vivencia no século XIV como forma de registro histórico de sua passagem por aquela época. Em um dispositivo instalado na mão, ela consegue gravar relatórios sobre seu dia-a-dia enquanto finge que está rezando com as mãos unidas próximas à boca. Quando ela assume a narrativa, a maior diferença é que a escrita assume o tom de relatório e a visão de Kivrin se torna mais clara para o leitor.
   A escrita de Willis é extremamente descritiva — porém não com detalhes do ambiente e dos personagens, e sim, com suas ações. Ela se demora em cada atitude que cada personagem toma, o que torna o desenrolar do enredo bastante cansativo em alguns momentos, como se a história andasse a passos lentos. O livro é dividido em três partes, como três livros. O primeiro foca nos primeiros passos de Kivrin na Idade Média e na saga de preocupações de Dunworthy. Já o segundo, as coisas se agravam com Badri, e o desespero, tanto num século como noutro, começam a se instalar quando eles avançam nas descobertas. Já o terceiro e último consegue captar a essência geral do livro e passar a mensagem central a respeito de amor e doação ao próximo — tudo isso cercado por detalhes científicos e ficcionais.

"Como Deus teria sido capaz de mandar Seu único filho, Seu precioso filho, para um perigo tão grande? A resposta é amor. Amor!
— Ou incompetência — murmurou Dunworthy. [...]
E depois que Ele deixou o filho ir, Ele se preocupou com isso em cada minuto, pensou Dunworthy. Imagino se ele terá tentado cancelar tudo" (p. 220).

    Willis passou cinco anos trabalhando nessa obra. Podemos perceber o quanto de pesquisa (em conjunto com grandes doses de imaginação) a autora precisou fazer para compôr esse conjunto de ideias. Muitas referências são utilizadas, a começar pelo próprio título. Kivrin chama seus relatórios de "Livro do juízo final" em homenagem a um registro homônimo, como um censo que contabilizou terras e seus senhores, datado de 1086 e executado por Guilherme I da Inglaterra. Os cristãos da época acreditavam que quando Jesus voltasse, ele contabilizaria os feitos de cada pessoa, assim como o censo fez com as terras — por isso o nome. Não apenas esse detalhe, mas muitas outras referências à realidade que se vê nos livros de história acerca da era medieval (como a função da Igreja Católica, leis e julgamentos, o funcionamento de uma casa senhorial e de um vilarejo, etc.) são minuciosamente trabalhados ao longo do livro. E por falar em Igreja, é possível observar uma forte presença da religiosidade, não apenas no século XIV como no XXI. Além disso, o debate sobre a presença de Deus na Terra é trabalhada em todas as etapas.
    Por ser uma trama que fala sobre o ano de 2054 escrita no final da década de 1980 e início dos anos 1990, O livro do juízo final parece, aos nossos olhos contemporâneos, muito antigo. Aparelhos celulares, laptops, tablets, entre outros dispositivos tecnológicos móveis, não são uma realidade na trama de Willis. Para nós, chegar ao ano de 2054 sem esse tipo de tecnologia parece inacreditável, mas é muito interessante ver sob a ótica de uma pessoa que viveu naquela época e não podia imaginar avanços simples como smartphones, mas conseguia deslumbrar viagens no tempo e seus detalhes técnicos com muita facilidade. Inclusive, uma das coisas que mais me chocou foi a dependência que os personagens tinham de seus telefones fixos — que em 2054 já exibiam a imagem de quem estava do outro lado da linha, mas não conseguia se desprender do fio.
    Os personagens conquistam facilmente. Kivrin, a protagonista — que só começa a se revelar como tal na segunda parte —, é o melhor tipo de mocinha: amável nos momentos certos, assim como esperta e corajosa, parecendo sempre pronta para enfrentar os maiores perigos (embora nem sempre esteja). Por muitos momentos fiquei me perguntando por que ela queria tanto estar na Idade Média, afinal, é uma época muito nociva — especialmente para mulheres. Mas mesmo passando por dificuldades, o encantamento de Kivrin em estar de fato no século XIV, realizando um sonho, é passado com muita realidade. Em certos pontos, dá até para entender o lado dela. Acima de tudo, Kivrin é sensível e demonstra o oposto do desprendimento que muitos dos cientistas da história têm — e nisso percebe-se que ela é tão humana quanto seu tutor. Ela está sempre pronta a ajudar e se importa de verdade com todos a sua volta, chegando a criar laços com os habitantes do vilarejo medieval em que se instala.
    Os secundários também são bem construídos. Dunworthy parece até assumir o protagonismo ao lado de Kivrin. Sua preocupação torna tensos todos os capítulos em que ele é o foco, fazendo com que o leitor compartilhe seus pensamentos e medos sobre Kivrin e sobre os problemas que desencadearam a doença de Badri. Um dos melhores personagens é, sem dúvida, Colin, o sobrinho-neto de Mary, que fica sob os cuidados de Dunworthy enquanto sua tia-avó trabalha no hospital. Apesar de pequeno, surpreende por ser tão independente e ter controle sobre as situações inacreditáveis em que se mete. Além disso, seus bordões são impagáveis — uma criança usar termos como "absolutamente necrótico", "cadavérico" e "apocalíptico", é no mínimo inusitado. E Agnes, a menininha que se torna a companheira de Kivrin no século XIV — o equivalente ao que Colin é para Dunworthy em 2054 — é outra prova que a inserção de personagens infantis nessa história foi certeira, pois seu gênio forte supera o de todos os outros.

"As lanternas lançavam seus raios nas facetas cristalinas dos flocos de neve, fazendo-os cintilar como joias, mas foram as estrelas que fizeram Kivrin prender a respiração, centenas de estrelas, milhares de estrelas, todas cintilando como diamantes do ar gelado. 'Está brilhando', disse Agnes, e Kivrin não entendeu se ela estava falando da neve ou do céu" (p. 315).


Livro: A Zona Morta
Título Original: The Dead Zone 
Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 480
ISBN: 978-85-5651-033-4
Sinopse: Depois de quatro anos e meio, John Smith acorda de um coma causado por um acidente de carro. E, após tanto tempo, sua volta à consciência é acompanhada de poderes inexplicáveis. O passado, o presente e o futuro — nada está fora de alcance. O resto do mundo parece considerar seus poderes um dom, mas John está cada vez mais convencido de que é uma maldição. Basta um toque, e ele descobre mais do que jamais quis sobre as pessoas. Ele não desejou isso e, no entanto, não pode se livrar das visões. Então o que fazer quando, ao apertar a mão de um político em início de carreira, John prevê o que parece ser o fim do mundo?

Stephen King é autor de mais de cinquenta best-sellers no mundo. Os mais recentes incluem Mr. Mercedes (vencedor do Edgar Award de melhor romance, em 2015), Achados e PerdidosÚltimo TurnoRevival, Escuridão Total Sem Estrelas, Doutor Sono, Novembro de 63 e Sob a redoma (que foi adaptada como uma série pela CBS). Em 2003, King recebeu a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundatione, em 2007, foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos. A zona Morta, lançada em 1979 nos Estados Unidos e em 1981 no Brasil, ganhou uma adaptação cinematográfica em 1983 com direção de David Cronenberg.

   John Smith — não pode haver nome considerado mais comum nos Estados Unidos. Porém, o protagonista dessa obra de Stephen King está bem longe de ser normal. Quando tinha apenas seis anos, John almejava ser um grande patinador, e, tentando imitar os meninos mais velhos, que patinavam com graça e elegância, ele acabou tropeçando durante uma manobra e sofreu uma forte pancada na cabeça que o deixou desacordado e delirando por um tempo. De volta em casa, o pequeno Johnny escondeu o ocorrido de seus pais, com medo de que eles proibissem a patinação. O tempo passou e as lembranças desse dia também.
   Johnny se tornou professor do ensino fundamental de uma escola em Cleaves Mills. Ele era o tipo engraçado que se dá bem com todos, que consegue controlar a turma mais bagunceira da escola e sempre diz a coisa certa com todo seu traquejo social. Além disso, ele estava desenvolvendo um relacionamento amoroso com sua colega de trabalho, a bela Sarah Bracknell — parecia ser o começo de um bom namoro: a professora chata e o professor brincalhão. Sarah não tinha boas experiências com namoros, mas em Johnny encontrou alguém com quem podia compartilhar tudo e ter um romance saudável. Foi assim até a noite em que eles resolveram ir à feira regional para comemorar o Halloween.
   A feira estava divertida. Sarah e Johnny foram a vários brinquedos e comeram muitas porcarias saborosas. Sarah decidira passar a noite na casa de Johnny e seria a primeira vez dos dois juntos. Mas antes de partir, Johnny resolveu jogar a Roda da Fortuna em uma das barracas. Desse ponto em diante as coisas começaram a ficar estranhas. Johnny não errou em nenhuma das apostas que fez. Uma multidão se reuniu em torno dele de tão assombrosa que era sua suposta sorte. Por um acaso do destino, Sarah começou a passar mal. Johnny se apressou em levá-la para casa e a noite que iam passar juntos  no apartamento dele foi cancelada. Na volta, Johnny pegou um táxi. Ao fazer uma curva, o carro bateu e Johnny, que foi lançado longe na estrada, ficou seriamente ferido e entrou em estado de coma — permaneceu assim por quatro longos anos.
    Muita coisa aconteceu durante o tempo Johnny esteve desacordado. Um serial killer estava à solta, os Estados Unidos ganharam um novo presidente e Greg Stillson, dono de uma agência de seguros, sentiu-se confiante para lançar sua carreira política em New Hampshire. Quando Johnny finalmente acordou, sua mãe havia se tornado uma fanática religiosa, Sarah se casara e tivera um filho, e ele adquirira poderes sobrenaturais. Bastava tocar em alguém para descobrir particularidades da vida daquela pessoa. Para sua mãe, Vera, aquele só podia ser um dom dado por Deus. Mas para Johnny, só podia ser uma maldição. Boa parte de sua vida foi desperdiçada numa cama de hospital e agora que estava de volta, de repente se tornou uma personalidade paranormal. Com o passar do tempo, criou um hobby: apertar a mão de políticos para saber o que viria pela frente em suas carreiras e o que fariam se chegassem ao poder. Foi assim que Johnny chegou à Greg Stillson. Num aperto de mão, ele viu o poder que aquele homem teria e as terríveis consequências que traria ao mundo. De alguma forma Johnny precisava impedir aquilo.

— Às vezes eu acho que nada é justo — disse ele. — A vida é dura. Às vezes, você simplesmente precisa se contentar com o pouco que tem e tentar viver com isso" (p. 168).


Livro: A Hora do Lobisomem
Título Original: The Cycle of the Werewolf
Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 149
ISBN: 978-85-5651-040-2
Sinopse: O primeiro grito vem de um trabalhador ferroviário isolado pela neve, enquanto as presas do monstro dilaceram sua garganta. No mês seguinte, um grito de êxtase e agonia escapa de uma mulher atacada no próprio quarto. Agora, toda vez que a lua cheia brilha sobre a cidade de Tarker's Mill, acontecem novas cenas de terror inimagináveis. Quem será a próxima vítima? Quando a lua sobe no céu, os moradores da cidade são tomados por um medo paralisante. Uivos quase humanos ecoam no vento. E há pegadas por todos os lados de um monstro cuja fome nunca é saciada.

Stephen King é autor de mais de cinquenta best-sellers no mundo. Os mais recentes incluem Mr. Mercedes (vencedor do Edgar Award de melhor romance, em 2015), Achados e Perdidos, Último Turno, Revival, Escuridão Total Sem Estrelas, Doutor Sono, Novembro de 63 e Sob a redoma (que foi adaptada como uma série pela CBS). Em 2003, King recebeu a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation e, em 2007, foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos.

    Tudo começa na primeira lua cheia do ano. Arnie Westrum, o sinaleiro da ferrovia de Tarker's Mill, uma pequena cidade americana, ficou preso no barracão de ferramentas. O vento está forte, a neve está densa e o carro ficou emperrado na nevasca. Dessa forma, Arnie preferiu ficar dentro do barracão até a tempestade passar. Para matar o tempo, ele joga paciência. Era uma noite calma apesar da neve selvagem que caía. Mas o sinaleiro mal podia imaginar que algo ainda mais selvagem estava se aproximando do barracão. Foi a primeira transformação do monstro que, durante os próximos onze meses, iria aterrorizar os moradores daquela cidade.
    A segunda vítima do lobisomem de Tarker's Mill é uma mulher solteira que sonha em encontrar um grande amor, mas suas chances não são boas, já que nenhum homem se sente atraído por ela – tudo por conta de seu peso. O dia em questão é o Valentine's Day (dia dos namorados nos Estados Unidos). Stella Randolph está em êxtase preenchida pelo amor que a invade nessa época. É nesse momento que o lobisomem resolve atacar. Stella não sente medo, apenas se entrega ao gesto que insiste para si mesma que representa o amor – e isso lhe custa o último suspiro.
    Os assassinatos se repetem durante vários meses. Os habitantes de Tarker's Mill estão cada vez mais apavorados e sempre que a noite da primeira lua cheia chega, eles se escondem dentro de suas casas e aguardam notícias da próxima morte. Porém, o que ainda desconhecem, é que o tal monstro está no meio deles – é um dos habitantes de Tarker's Mill e está presente no cotidiano de boa parte da população. O lobisomem vaga pelas redondezas e transforma a pequena cidade num cenário de filme de terror. Mas será que a pessoa por trás do lobo tem consciência do que é e do que faz quando se transforma?

 


E pra continuar com um 2017 cheio de novidades, apresentamos nossa mais nova coluna: Li Até a Página 100 e..., uma espécie de Primeiras Impressões que antecederá as resenhas de vários livros lidos por nós. O escolhido de hoje é Os Deuses da Culpa, novo livro de Michael Connely.


PRIMEIRA FRASE DA PÁGINA 100: "—  É uma intimação. Você foi notificado".

DO QUE SE TRATA O LIVRO: 
Um thriller jurídico que eu recomendo especialmente para os fãs de Direito Criminal, de uma boa reviravolta e e uma trama toda voltada para um crime, com enfoque muito grande na parte do julgamento, com advogados, promotores, juízes e detetives como peças-chaves do tabuleiro.

O QUE ESTÁ ACHANDO ATÉ AGORA?
É meu segundo livro do autor e eu estou achando incrível! O legal das séries de Connely é que os livros não precisam ser lidos na ordem. Cada história é única e todo o suspense e as questões jurídicas são muito bem construídas em cada um dos livros da série Michael Haller, onde o autor dá espaço para o caso do réu e dosa na medida certa a vida pessoal dos principais protagonistas.

O QUE ESTÁ ACHANDO DO PERSONAGEM PRINCIPAL?
O personagem principal é o advogado Michael Haller, mas, a bem da verdade, o autor dá um foco maior é para o caso que o advogado defende e só é possível conhecer mais do personagem quando lemos mais livros da série. É uma situação onde as partes vão formando o todo. No entanto, após ter lido dois livros do advogado de defesa criminal, posso afirmar que Haller é tão sagaz quanto Annalise Keating e Harvey Specter, deuses do mundo criminal ficcional.

MELHOR QUOTE ATÉ AGORA:

"Já tem muita gente por aí julgando cada movimento que a gente faz todo santo dia. Existem deuses da culpa demais. Você não precisa ser mais um".
VAI CONTINUAR LENDO?
Com certeza!

ÚLTIMA FRASE DA PÁGINA 100: "— Sylvester Fulgoni".


Livro: O Bazar dos Sonhos Ruins
Título Original: The Bazaar of Bad Dreams 
Autor: Stephen King 
Editora: Suma de Letras
Páginas: 527
ISBN: 978-85-5651-030-3
Sinopse: Mestre também das histórias curtas, o que Stephen King oferece neste livro é uma coleção generosa de contos – muitos deles inéditos no Brasil. E, antes de cada história, o autor faz pequenos comentários autobiográficos, revelando quando, onde, por que e como veio a escrever (ou reescrever) cada uma delas. Temas eletrizantes interligam os contos – moralidade, vida após a morte, culpa, os erros que consertaríamos se pudéssemos voltar no tempo... Alguns são protagonizados por personagens no fim da vida, relembrando seus crimes e pecados. Outros falam de pessoas descobrindo superpoderes – como o colunista, em "Obituários", que consegue matar pessoas ao escrever sobre  morte delas; ou o velho juiz em "A duna", que ainda criança descobre uma pequena ilha onde nomes surgem misteriosamente na areia – nome de pessoas que logo morrem em acidentes bizarros. Incríveis, sinistros e completamente envolventes, essas histórias formam uma das melhores obras do mestre do terror, um presente para seus Leitores Fiéis.

Stephen King é um escritor americano, reconhecido como um dos mais notáveis escritores de horror fantástico e ficção da contemporaneidade. Seus livros já venderam quase 400 milhões de cópias publicadas em mais de 40 países. Muitas de suas obras foram adaptadas para as telas, como O Iluminado, Carrie, A estranha, 1408, Under the dome e, mais recentemente, Torre Negra. Também é vencedor de inúmeros prêmios, como o Edgar Award, que ganhou pela trilogia Bill Hodges, em 2015. Novembro de 63 e Doutor Sono já entrou no estimado TOP 10 dos melhores livros no The New York Times Book Review. O Bazar dos Sonhos ruins é seu 11º livro de contos, publicado em 2015.

    O Bazar dos Sonhos Ruins é uma coletânea de contos que reúne 20 histórias escritas pelo Mestre dos thrillers psicológicos, Stephen King. Trata de diversos assuntos, desde o extremo terror ao extremo drama. "Ur", um dos mais interessantes, por exemplo, fala sobre universos paralelos, e como seria se tivéssemos contato com um desses vários universos onde nossos corpos e mentes coexistem – além de trazer a tona aquela pergunta que sempre passa pela cabeça das pessoas: eu mudaria o futuro se soubesse que ele me reserva algo ruim?
    A própria experiência de pós-morte entra na narrativa, fazendo com que o leitor viaje na imaginação. Mas também há enredos mais realistas, como quando King se apodera de um caso real e misterioso e o transforma (parte dele) em ficção, deixando que sua perspectiva sobre o assunto corra solta. Há ainda experiências do autor incluídas, como quando ele iniciou sua carreira e fazia textos esportivos para o noticiário. Algumas são inéditas, como "Garotinho malvado", que foi baseado na musica Bad Boy, dos Beatles. Outras já são reconhecidas pelo público e são cheias de referências, como "Ur", já citado, que tem várias menções implícitas a série Torre Negra. E também há aqueles que foram reescritos, porque King achou que poderia melhorá-los ou simplesmente porque perdeu a versão original. O Bazar dos Sonhos Ruins, portanto, é uma coletânea muito diversa, onde King não se abstém de abordar os mais variados assuntos. Mas afinal, por que "bazar dos sonhos ruins"? O próprio King explica:

"Quando minhas histórias estão reunidas, sempre me sinto como um vendedor ambulante, um que só vendo à meia-noite. Exibo minha mercadoria e convido o leitor (você) a escolher o que quiser. Mas sempre acrescento uma advertência: cuidado, meu caro, porque alguns desses objetos são perigosos. São aqueles que têm sonhos ruins escondidos dentro, os que não saem da sua mente enquanto o sono não chega, e você se pergunta por que a porta do armário está aberta se você sabe perfeitamente bem que a fechou".

    Já acostumada com a escrita fria e ao mesmo tempo profunda de King, não estranhei mergulhar nos muitos universos (isso também pode ser uma referência à história de "Ur") que o autor cria em O Bazar dos Sonhos Ruins, mas foi minha primeira experiência com um livro de contos dele. Porém, muitas de suas marcas continuam bastante presentes, o que já classifica o livro como uma obra do Mestre do terror psicológico.
   Boa parte das narrativas acontecem em terceira pessoa, mas há muitas variações. Indisposta, por exemplo, é um dos contos mais inovadores em minha visão, pois é narrado em primeira pessoa – neste caso, sabe-se o que ocorre ao longo de toda a história pela perspectiva do personagem principal, ou seja, vemos só o que ele quer que a gente veja – e ainda assim King optou pela previsibilidade, porque para ele não fez diferença criar uma história que desde o início o leitor conheça seu fim. O que importa é que o leitor aprecie o que está lendo, ele não precisa ser um detetive que busca em cada palavra pistas do que vai acontecer no desfecho da trama. Também faz parte dessa coletânea com alguns poemas que King se arriscou a escrever antigamente. Nunca havia me deparado com essa faceta, e apesar de não gostar muito de poesia nem entender do assunto, seus poemas me surpreenderam e agradaram bastante. Além do mais, a disposição dos contos é ótima, fazendo com que o livro não perca o ritmo.

"O mundo não é triste, a não ser que você seja são." (p. 170.)


Livro: A Rainha de Tearling
Título Original: The Queen of Tearling
Autor (a): Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Páginas: 351
ISBN: 978-85-5651-028-0
Sinopse: Ao completar dezenove anos, a princesa Kelsea é levada da cabana isolada onde cresceu de volta à Fortaleza Tearling, para assumir seu lugar de direito no trono. Discreta e séria, uma leitora voraz, Kelsea em nada se parece com a falecida mãe, uma rainha fútil e vaidosa que, para salvar a própria pele, tomou uma decisão que afetou para sempre o destino de seu povo. Mas, apesar de inexperiente, Kelsea não está indefesa; em seu pescoço está a safira tear, uma joia de enorme poder; e ao seu redor estão os fiéis guerreiros da Guarda da Rainha, dispostos a arriscar a vida por ela. Kelsea precisará de todos eles para sobreviver os inimigos que querem derrubá-la – desde um grupo de assassinos profissionais à feiticeira mais poderosa do mundo. Magia, aventura, mistério e romance se combinam nesta saga épica em que uma jovem princesa precisa reivindicar seu trono e aprender a governar com firmeza, se quiser ter alguma chance de salvar seu reino e derrotar a Rainha Vermelha e seus aliados. 

TRILOGIA "TEARLING"
    1.  A Rainha de Tearling
    2.  The Invasion of the Tearling (A Invasão de Tearling em tradução livre)
    3.   The Fate of the Tearling (O Destino de Tearling em tradução livre)

Erika Johansen, de 35 anos, cresceu e mora na San Francisco Bay Area. Estudou na Swarthmore College, completou seu mestrado na Iowa Writer's Workshop e mais tarde se tornou advogada. Johansen decidiu começar a escrever quando viu Stephen King, seu escritor favorito, ganhar o National Book Award em 2003, até que em uma noite de 2007, ela sonho com o mundo de Tearling. Alguns dias depois, Erika assistiu a um discurso de Barack Obama que lhe deu inspiração para criar Kelsea, a heroína da série. A Rainha de Tearling é seu romance de estreia, o primeiro livro de uma trilogia. Os direitos de filmagem foram comprados pela Warner Bros, tendo Emma Watson escalada como a protagonista. A frente do projeto está David Heyman, produtor de filmes como Harry Potter e O Menino do Pijama Listrado.

    Kelsea Glynn é uma garota simplesmente comum. Porém tem seu diferencial: foi criada isolada do reino que nasceu para governar, Tearling. Além disso, nunca chegou a conhecer seus pais, o mais próximo que teve de uma família foram Carlin e Barty. Carlin sempre muito dura e rígida com as disciplinas aplicadas sobre Kelsea, mas dona de uma incrível biblioteca na qual Kelsea passava horas e horas. Já Barty era doce e amável, o responsável por ensinar Kelsea a caçar, montar a cavalo e até a lutar com uma adaga. O objetivo era prepará-la para ser uma boa rainha, aquela que precisava salvar Tearling das garras de seus inimigos
    A mãe de Kelsea, a antiga rainha, Elyssa, morreu envenenada (o culpado nunca revelado) e seu irmão, Thomas, tornou-se regente de Tearling enquanto a sobrinha não estava apta para governar — o que acabou sendo mais que conveniente para ele, que desfrutava de tudo o que a riqueza da Fortaleza poderia lhe oferecer e muito mais que isso. Ganancioso, Thomas permitiu que Tearling ficasse à mercê de Mortmesne, o reino da tão temida Rainha (e feiticeira) Vermelha. O desejo do regente era que as coisas permanecessem daquela forma: conforto e luxos para ele, sofrimento e miséria para o povo. Por isso, queria impedir de todas as formas que Kelsea assumisse seu lugar no trono. Mas apesar de todos os esforços, mesmo no último segundo na hora da coroação, nada conseguiu impedir que a legítima herdeira do trono, Kelsea Glynn, fosse coroada.
    Assim que põe os pés na cidade, Kelsea já começa a fazer uma série de mudanças. Dessa forma, conseguiu conquistar o apoio dos governados e desagradou muitos nobres. A partir de então tudo começa a ficar mais perigoso e torna-se difícil confiar em qualquer pessoa — mesmo nos fiéis guardas que sua mãe designou para buscá-la de seu exílio, escoltá-la até a Fortaleza e cuidar dela como se fosse a própria Elyssa (coisa que Kelsea está bem longe de ser). À medida que Kelsea vai conhecendo as entrelinhas do reino que agora governa, vê que há muito a ser feito e busca sempre se distanciar ao máximo do reinado fútil e egoísta da mãe que nunca conheceu. Em meio a tudo isso, a jovem rainha — a quem todos chamam de Rainha Verdadeira — conta com um misterioso e duvidoso aliado, o fora da lei Fetch, que não está apenas na mente, mas também no coração de Kelsea.

    Nunca tinha ouvido falar da trilogia Tearling. Apenas quando busquei saber mais sobre a história a partir da oferta da Cia das Letras foi que percebi o quanto esse livro poderia ser instigante. Muitos tratavam a série como uma "versão feminina das histórias de George R.R. Martin", o escritor de As Crônicas de Gelo e Fogo. Mas, avançando na leitura, percebi que essa comparação é um grande equívoco. Apesar de a história se passar em um cenário medieval, cheio de histórias de guerras, cavaleiros, foras da lei, reis/rainhas e seus tronos, o universo criado por Erika é bem diferente do de Martin.
   Para começar, algo que não fica muito definido durante a narrativa é o tempo em que o enredo se passa, mas logo fica claro que se trata de uma distopia (porém, não esperem nada do que tem nas comuns distopias contemporâneas, como Divergente ou Jogos Vorazes). O cenário é um mundo criado muitos anos depois do nosso, chamado de Novo Mundo, onde o grande visionário que faz a tão famosa Travessia, perde tudo o que leva de mais avançado em tecnologia durante um naufrágio, fazendo com que o Novo Mundo se torne "antigo" e crie sua própria civilização partindo do nada.
  O livro é narrado em terceira pessoa e seu foco principal é Kelsea. Porém, outros focos são trabalhados em torno de personagens secundários — especialmente daqueles que não têm nada a esconder, como a própria protagonista. A narrativa de Erika é muito detalhada e se torna arrastada em alguns momentos por descrever bem tudo o que se passa. Uma grande marca de sua escrita é a sensitividade com que trata cada um dos personagens, fazendo com que o leitor chegue a sentir praticamente a mesma sensação que eles — isso ajuda a criar uma proximidade maior com a história como um todo.

"— Você precisa dormir em algum momento.
— Na verdade, não. O mundo é um lugar perigoso demais para dormir" (p. 84).


Livro: Cujo
Autor: Stephen King
Editora: Suma de letras
Páginas: 373
ISBN: 978-85-5651-025-9
Sinopse: Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Nos limites da cidade, Cujo - um são-bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber - se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde acaba sendo mordido por um morcego raivoso. A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe, e como destrói a vida de todos à sua volta, é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionante de Stephen King.

Stephen King é um escritor americano reconhecido como um dos mais notáveis escritores de horror fantástico e ficção da atualidade. Recentemente publicou a trilogia Bill Hodges, além de ter autoria sobre os clássicos 'Salem, Carrie, a estranha, Misery: Louca obsessão, Eclipse total, O iluminado, It — a coisa, entre muitos outros. Sua obras já venderam quase 400 milhões de cópias, com publicação em mais de 40 países. É o nono autor mais traduzido do mundo e grande parte de suas obras foram adaptadas para o cinema.

    Cujo foi escrito em 1981 e tem como cenário uma pequena cidade da zona rural do Maine, Castle Rock. Nesse lugar, na década de 1970, aconteceu uma história de horror que marcou o lugar e todos os habitantes da região. Um serial killer entrou em ação e matou mulheres e crianças até que enfim, se matou. Todos achavam que podiam descansar em paz, mas não Tad Trenton, um garotinho de apenas 4 anos que tem um monstro em seu closet. Todas as noites, antes de dormir, o monstro abre a porta do closet e o observa com seus olhos vermelhos. Para Tad, o monstro é horrendo e está a poucos passos de pegá-lo. Para seus pais, Donna e Vic, o monstro se trata de um ursinho sobre uma pilha de cobertores.
    Os Trenton parecem ter uma vida perfeita e feliz: Donna e Vic são um jovem casal que nunca teve uma crise no casamento e são apaixonados um pelo outro, têm um filho lindo, uma boa casa e uma vida tranquila. Mas nem tudo permanece tão bem assim. Donna passa a se sentir muito triste e com medo quando está sozinha em casa. Em pouco tempo, ela está construindo uma perigosa relação extraconjugal com Steve Kemp, um homem violento e egocêntrico. Enquanto isso se desenrola e Donna passa a ser dominada pela culpa, Joe Camber conserta carros e mantém sua fama de bom mecânico — apesar da sua brutalidade constante — além de sustentar sua família: Charity, sua esposa, e Brett, o filho deles, além do agregado cachorro de estimação, Cujo, um são-bernardo enorme e muito manso.
    Vic já viu como Joe trabalha bem quando, certa vez, precisou de seus serviços. Quando o Corcel de Donna passa a apresentar problemas, seu marido logo pensa em mandar o carro para a oficina de Joe. Porém, sua cabeça vira um turbilhão e não há tempo de pensar em ligar para o mecânico quando recebe um bilhete de Steve assumindo ser o amante de Donna e, ainda por cima, a empresa de publicidade que Vic mantém com seu amigo, Roger, está enfrentando sérias dificuldades. Com tantas coisas o atormentando, Vic viaja para Boston. No tempo em que está fora, Donna percebe que seu carro precisa seriamente de um conserto. Ligando para a casa dos Camber, que, estranhamente, não atendem as ligações, Donna resolve ir até lá junto com Tad. Qual não é sua surpresa quando, chegando na casa deserta de Joe, seu carro morre ao mesmo tempo em que o monstro do closet de Tad surge para atormentá-los na forma de um cão.

    Qualquer livro de Stephen King é um atrativo e tanto para mim. Quanto mais obras leio do autor, mais me interesso por outras. São diversas facetas que ele mantém com uma fórmula perfeita em sua escrita contundente — e ela quase sempre funciona. Apesar de comumente ser classificado como Mestre do Terror, Mestre do Thriller Psicológico, entre outros títulos, não vejo King dessa forma — apesar de seus grandes sucessos serem classificados nesse gênero —, pois o autor tem muitos ângulos e é capaz de surpreender em muitos deles. Porém, é via de regra o quanto seus livros mexem com o psicológico do leitor, portanto, sempre que pego uma obra de King para ler, espero algo eletrizante, que me tire da zona de conforto e talvez me deixe ter um sono conturbado à noite. Com Cujo não foi diferente.
    O narrador é em terceira pessoa e onisciente. Tem como foco narrativo todos os personagens importantes para a trama — não sendo necessariamente os protagonistas — e adentra em seus pensamentos mais profundos e loucos, revelando seus medos e desejos. Talvez por isso as obras de King sejam classificadas como assustadoras: ele mostra alguns lados do ser humano, que nós, pertencentes à esta espécie, preferimos ignorar. Em suma, ele mostra o lado selvagem. E não apenas dos humanos, mas também dos cachorros. Neste caso em especial, de um são-bernardo chamado Cujo.
"O medo era um monstro de dentes amarelados, criado por um Deus enfurecido para devorar os incautos e os ineptos" (p. 59).


E para os fãs do mestre do Terror, Stephen King, uma novidade para lá de especial: a Editora Suma de Letras vai publicar muito em breve "Cujo", um dos livros mais aguardados para reedição do autor aqui no Brasil.  Confiram a capa e a sinopse:

Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são Bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso. A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe e como destrói a vida de todos a sua volta é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionantes de Stephen King.

O lançamento está previsto para o dia 01 de Novembro de 2016, mas já se encontra em pré-venda nas maiores livrarias online do país. Quem gostou da novidade? Nós adoramos! 


Livro: Achados e Perdidos
Título original: Finders Keepers
Autor (a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 350
ISBN: 978-85-5651-007-5
Sinopse: "— Acorda, gênio." Assim King começa a história de Morris Bellamy. O gênio é John Rothstein, um autor consagrado que há muito abandonou o mundo literário. Bellamy é seu maior fã — e seu maior crítico. Inconformado com o fim que o autor deu a seu personagem favorito, ele invade a casa de Rothstein e rouba os cadernos com produções inéditas do escritor, antes de matá-lo. Morris esconde os cadernos pouco antes de ser preso por outro crime. Décadas depois, é Peter Saubers, um garoto de treze anos, quem encontra o tesouro enterrado. Quando Morris é solto da prisão, depois de trinta e cinco anos, toda a família Saubers fica em perigo. Cabe ao ex-detetive Bill Hodges e seus ajudantes, Holly e Jerome, protegê-los de um assassino agora ainda mais perigoso e vingativo.

TRILOGIA "BILL HODGES"
    1.  Mr. Mercedes
    2.  Achados e Perdidos
    3.  Último Turno (03 de outubro de 2016 | Em pré-venda na Saraiva)

Stephen King é um dos autores mais consagrados da contemporaneidade e autor de mais de cinquenta livros best-sellers publicado no mundo inteiro. Os mais recentes são JoylandRevival, Escuridão Total sem Estrelas (vencedor dos prêmios Bram Stoker e British Fantasy), Doutor Sono, Sob a Redoma (que virou série de TV) e Novembro de 63 (que entrou no TOP 10 dos melhores livros de 2011 na lista do New York Times Book Review, ganhou o Los Angeles Times Book Prize na categoria Terror/Thriller e o Best Hardcover Novel Award da organização International Thriller Writers). Mora no Maine com a esposa e também escritora, Tabitha King.

    John Rothstein é escritor da trilogia consagrada do herói Jimmy Gold, um rapaz que sai de casa para viver grandes aventuras cheias de adrenalina e emoção, a figura perfeita que encantou milhares de jovens e provocou um sucesso inabalável no meio literário. Porém, seu escritor nunca foi uma pessoa muito fácil. Bastante anti-social, não era amigável com os holofotes e tinha uma postura rabugenta. Após terminar a trilogia (que todos achavam que havia sido mesmo finalizada), isolou-se de todos, vivendo em uma casa nos recônditos de New Hamsphire. O que ele não sabia é que seus escritos haviam conquistado um fã em especial, que não aceitou a forma como Rothstein finalizou o último livro. 
    Morris Bellamy teve uma vida conturbada desde a infância. A mãe exercia uma postura intimidadora e autoritária que fez com que o pai dele, alcoólatra e adúltero, saísse de casa e nunca mais voltasse. Tendo que viver com uma mãe que mal lhe dava atenção, encontrou consolo nos livros (a única coisa que parecia acalmar sua rebeldia latente), em especial na trilogia Jimmy Gold, onde se identificou bastante com o protagonista. Porém, o final daquela história lhe desagradou bastante, e a culpa era toda do escritor. Decido a resolver aquela situação, Bellamy, que já havia passado por maus bocados e tinha algumas companhias duvidosas, se aproveitou de tudo isso para encontrar a casa de Rothstein e assassiná-lo, levando consigo todos os cadernos onde Rothstein havia escrito nos últimos dezoito anos — entre eles estava o desfecho da história de Jimmy Gold.
    Bellamy mal podia esperar para devorar o final da história que tanto lhe conquistou, porém, não teve essa oportunidade e acabou preso. Entretanto, antes de ir para detrás das grades, escondeu todos os cadernos de Rothstein. Anos depois, o "tesouro" foi encontrado por Peter Saubers, na época com treze anos. Peter descobrira há pouco tempo, em leituras obrigatórias do colégio, a trilogia Jimmy Gold, e se encantou tanto quanto Bellamy quando tinha a mesma idade. O garoto guardou os cadernos durante mais de quatro anos. Nesse meio-tempo, Bellamy conseguiu sair da cadeia, e, sem poder esperar mais, foi atrás dos cadernos escondidos. Não os encontrando mais lá, percorreu uma trilha que acabou em Peter, já com dezessete anos. O rapaz então, tem que correr contra o tempo fugindo de um assassino que ameaça a paz de sua família.

    Nunca resisti a um thriller policial por ser um de meus gêneros preferidos. Porém, quando a autoria de Stephen King, a resistência é ainda menor. As comparações com outros livros do autor e com o primeiro livro da trilogia (Mr Mercedes, já resenhado aqui no blog) são inevitáveis e servem como referência. São os primeiros livros policiais que leio de King, e percebo que por ele se aventurar por este mundo, cria mais um elemento para o romance investigativo. Em comparação com Mr Mercedes, Achados e Perdidos é como um conto intermediário e avulso (embora tenham coisas que remetem ao último livro da trilogia), onde Bill Hodges, o protagonista das histórias, tem uma participação à parte, auxiliando apenas na manutenção do enredo como um todo.
    A narração ocorre em terceira pessoa, e diferente do primeiro livro, há foco em diversos personagens, não apenas em alguns (em Mr Mercedes, o foco era Hodges e Brady Hartfield, o grande vilão). King é um escritor que tem o que sabe conduzir uma história como poucos conseguem fazer, encaminhando tudo para um clímax e desfecho incríveis. As primeiras páginas remetem ao passado, onde é apresentado todo o histórico que deu origem a trama: como ocorreu o assassinato de Rothstein, a infância e adolescência de Bellamy, bem como sua passagem pela cadeia, os rumos que a família Saubers tomou... Enfim, uma série de fatores que deram complemento à história — todos bem divididos por períodos, o que facilita o entendimento.
 


Livro: A Livraria dos Finais Felizes
Título original: The Readers of Broken Wheel Recommend
Autor (a): Katarina Bivald
Editora: Suma de Letras
Páginas: 334
ISBN: 9788556510150
Sinopse: Sara tem 28 anos e nunca saiu da Suécia — a não ser através dos (vários) livros que lê. Quando sua amiga Amy, uma senhora com quem troca livros pelo correio há anos, a convida para visitá-la na cidade de Broken Wheel, Iowa, Sara decide se aventurar. Mas ao chegar lá, descobre que Amy faleceu. Sara se vê desacompanhada na casa da amiga, em uma cidade muito pequena, e começa a pensar que talvez esse não seja o tipo de férias que havia planejado. Com o tempo, Sara descobre que não está sozinha. Nessa cidade isolada e antiga, estão todas as pessoas que ela conheceu através das cartas da amiga — o pobre George, a destemida Grace, a certinha Caroline e Tom, o amado sobrinho de Amy. Logo Sara percebe que Broken Wheel precisa desesperadamente de alguma aventura, um pouquinho de autoajuda e talvez uma pitada de romance. Resumindo: a cidade precisa de uma livraria.

Katarina Bivald nasceu em Estocolmo, na Suécia e cresceu trabalhando em livrarias. Para onde vai, sempre tem que levar um livro e em sua casa as prateleiras são repletas deles (correntemente tenta convencer a irmã de que prateleiras para jaquetas e sapatos de inverno é completamente desnecessária e que elas estariam melhor ocupadas com livros, mas sua irmã se recusa discutir isso e o fato de que o banheiro também seria um bom lugar para guardar livros). Bivald declara ainda não ter se decidido se prefere pessoas a livros, mas tem certeza de que as pessoas sempre parecem mais interessantes na literatura. Entretanto, concorda que ler um livro e não ter ninguém para discutir sobre ele é deprimente. A Livraria dos Finais Felizes é sua primeira obra, tendo sido publicada em mais de 25 países.

    A cidadezinha de Broken Wheel, no interior do estado de Iowa, nos Estados Unidos, parece ser um pequeno paraíso para Sara, a garota que é simplesmente viciada em ler. O seu conhecimento sobre o mundo se resume àquilo que lê nos livros, e sobre Broken Wheel, se resume àquilo que lê nas cartas de Amy Harris, sua amiga à distância com quem troca livros. Elas nunca se conheceram pessoalmente, e Sara se anima quando Amy a convida para passar as férias na cidade. Porém, Sara sente-se completamente sem chão quando, ao chegar em Broken Wheel, descobre que Amy faleceu recentemente. Ela acaba ficando hospedada na casa enorme da finada amiga e tem a impressão de que está cada vez mais sozinha. 
    Porém, as coisas começam a melhorar quando Sara passa a conhecer os habitantes da cidade, dos quais Amy sempre falava pelas cartas. Sara percebeu que conhecia quase todas as referências e as personalidades dos moradores dali apenas pelo que Amy lhe escrevia. Além de descobrir que não está só, Sara também descobre que Amy já previa que ia morrer antes mesmo que convidá-la para ir à Broken Wheel, pois estava muito doente. Isso deixa Sara intrigada e por muito tempo ela não sabe como se sentir com relação a isso.
    A relação de Sara com os moradores de Broken Wheel vai se desenvolvendo aos poucos, cada qual a sua maneira. Mas sua relação com o sobrinho de Amy, Tom, não é das melhores. De início, a moça se dá conta que ele não é um homem muito fácil de se lidar, e também que ele não parece ir muito com a cara dela. Porém, os outros habitantes da cidade não parecem perceber isso, já que sempre tentam juntar os dois a cada oportunidade. Com o passar do tempo, Sara vai se adaptando a nova vida na cidade, abre uma livraria na qual ninguém põe fé, e se torna mais sociável chegando até a adiar algumas leituras para passar o tempo na companhia de seus novos e excêntricos amigos. No final das contas, Sara passa a ver que não apenas a cidade a está transformando, mas ela também está transformando a cidade — e tem um objetivo para si: fazer com que os moradores de Broken Wheel comecem a ler livros.

    O que mais me instigou no livro logo de início foi o fato de ele falar sobre livros. Um livro que fala sobre o poder mágico que os livros podem ter nas pessoas é sempre motivo de curiosidade, e claro, expectativas altas, já que é um assunto que exige atenção, afinal, a responsabilidade é grande. Então a identificação com os pensamentos postos no enredo a respeito da maravilha que é ler um livro, folhear suas páginas, a sensação gostosa de entrar em uma livraria e se sentir em outro mundo, o sentimento que se tem por um livro com uma história especial, e, o que não poderia faltar, o cheiro que das páginas impressas. Todos esses elementos, junto à uma história leve, divertida, e ao mesmo tempo emocionante, formam um cenário de perfeição.
    A escrita de Bivald é clara, fluida e rica em detalhes. A livraria dos finais felizes tem a magia de nos transportar para o cenário, sendo cada pedacinho de Broken Wheel bem explorado, assim como seus moradores — mas na medida certa, nada fatigante. Para quem já leu Nicholas Sparks e seus romances que se passam em pequenas cidades, pode entender melhor do que estou falando. É exatamente assim que acontece com a descrição de Broken Wheel e seus personagens cheios de hábitos e personalidades próprias. Mas as comparações param por aí, pois se trata de uma obra com grandes toques de originalidade e, visivelmente, feita com muito amor.
    A narrativa se passa em terceira pessoa e tem como foco principal a protagonista. Mas também há capítulos em que os pensamentos e cotidianos de outros personagens também ficam em evidência, no entanto, de forma mais superficial do que ocorre com Sara, a quem os capítulos são mais dedicados. No início da maioria dos capítulos, há amostras das cartas que Amy mandou para Sara, desde quando a troca de livros entre as duas começou até a última que Amy lhe enviou antes de falecer. Tudo isso dá um toque muito emocional ao livro e pode ajudar o leitor a unir certas peças.

"Para mim, o terrorismo ainda é a imagem de homens brancos, ativos na sociedade, parados diante do corpo queimado e linchado de um negro, felizes com o resultado do trabalho deles. John diz que penso demais nas injustiças históricas. Talvez esteja certo, mas é que para mim elas não são históricas. Parece que nunca conseguimos aceitar nossa responsabilidade por elas. Primeiro, dizemos que é assim que as coisas são, depois damos de ombros e dizemos que era assim que as coisas eram e agora elas estão diferentes. Não graças a nós, quero responder, mas ninguém parece querer ouvir isso" (pp. 99-100).


Em Junho chega ao Brasil mais um sucesso do talentosíssimo mestre do Terror, Stephen King, Achados e Perdidos, um livro sobre o poder da literatura de mudar vidas. O livro é o segundo da trilogia Bill Hodges, e tem como antecessor Mr. Mercedes, que será resenhado em breve aqui no blog. Confira a capa e a sinopse de Achados e Perdidos:
Achados e perdidos 
“— Acorde, gênio.”
Assim King começa a história de Morris Bellamy.
O gênio é John Rothstein, um autor consagrado que há muito tempo abandonou o mundo literário. Bellamy é seu maior fã — e seu maior crítico. Inconformado com o fim que o autor deu a seu personagem favorito, ele invade a casa de Rothstein e rouba os cadernos com produções inéditas do escritor, antes de matá-lo.
Morris esconde os cadernos pouco antes de ser preso por outro crime. Décadas depois, é Peter Saubers, um garoto de treze anos, quem encontra o tesouro enterrado.
Quando Morris sai da prisão, depois de trinta e cinco anos, toda a família Saubers fica em perigo. Cabe ao ex-detetive Bill Hodges e a seus ajudantes, Holly e Jerome, protegê-los de um assassino agora ainda mais perigoso e vingativo.

Quando fala-se em Stephen King, nem contesta-se a qualidade! Só podemos mesmo aguardar com veemência, certo? 


.