Livro: A Rebelde do Deserto
Autora: Alwyn Hamilton
Editora: Seguinte
Páginas: 288
ISBN: 9788565765992
Sinopse: O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher. Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.



Alwyn Hamilton nasceu em Toronto, no Canadá, e já morou na França e na Itália. Estudou história da arte no King’s College, em Cambridge, e atualmente vive em Londres, onde trabalha numa casa de leilão.



   A Rebelde do Deserto, romance de estreia de Alwyn Hamilton e primeiro de uma trilogia homônima, conta uma história que passa-se em Miraji, uma nação dominada pelo deserto. No Último Condado, as pessoas dependem do trabalho nas minas de ferro ou nas fábricas de armas para sobreviver. É ali que vive Amani Al'Hiza, nossa heroína, uma garota de dezesseis anos que passou grande parte da vida tentando fugir de sua realidade. Quando o pai chegava em casa bêbado e agressivo, a garota corria para o deserto e brincava de atirar em garrafas vazias — e isso acaba sendo crucial para o primeiro capítulo do livro, onde vemos Amani numa animada competição de tiros, em busca de realizar seu grande sonho: fugir para Izman, a capital de Miraji, onde ela achava que seu futuro poderia ser mais promissor. 
   Contudo, por mais que Amani fosse corajosa, independente e atirasse como se fizesse parte de seu corpo, ela não tinha dinheiro para ir embora da Vila da Poeira. Ela então decide se vestir de menino e sair de casa na calada da noite, para tentar ganhar um concurso de tiro numa cidade vizinha. Lá conhece Jin, um forasteiro que mexe com seu coração e acaba ajudando Amani a finalmente deixar seu vilarejo para trás
   O que Amani não sabia era que Jin estava sendo perseguido pelo Exército do sultão, acusado de ser um traidor — e agora ela mesma se tornou um alvo. Para chegar a Izman, a garota terá de viajar clandestinamente em trens e caravanas, evitando não só os soldados mas também os carniçais, seres mágicos que se alimentam de carne humana e se escondem sob as areias. Nessa jornada, Amani vai se deparar com um deserto muito mais complexo do que esperava. Isso porque o sultão, sedento por poder, se aliou aos gallans, um povo vizinho que usa as armas produzidas em Miraji para dominar outras nações. Enquanto isso, um de seus filhos, o príncipe rebelde, reúne seguidores para reivindicar o trono que lhe é direito. Em meio a essa ebulição política, Amani aos poucos percebe que tem potencial não só para mudar o seu destino, mas talvez todo o seu país. Não há dúvida: o deserto vai ficar pequeno para uma rebelião incansável, uma paixão avassaladora e um garota finalmente descobrindo seu poder. 

   Sim, a história tem uma boa premissa, e vai muito além disso. Conheci A Rebelde do Deserto desde que a Seguinte anunciou que lançaria o livro no Brasil e fiquei muito curioso em relação ao mesmo por dois motivos: primeiro porque parecia tratar-se de uma incomum mistura de Faroeste com Mil e Uma Noites, o que por si só já é intrigante, e, segundo, porque segundo algumas resenhas o livro apresentava características distópicas — ainda que o que eu tenha encontrado seja uma mescla de YA (young adult) com críticas e pensamentos mostrando uma realidade alternativa de convenções sociais e limites extrapolados ao máximo, sem dar a obra um caráter contraditório a utopia. 
   Não possuía grandes expectativas para com o livro — o que acabou, de certa ótica, sendo vantajoso a leitura. Contudo, o primeiro capítulo já é capaz de nos fisgar o suficiente para que esperemos sempre mais e melhor do livro, e isso é garantido, com uma preternatural riqueza de detalhes (apesar das poucas páginas), até o final do livro. Acredito que, em virtude das características do gênero, que se sobrepôs na história, seria impossível que eu não viesse a ter certa afinidade com o livro. Sem dúvidas uma grande aposta para os fãs de Fantasia que curtem uma "pegada" Jovem-Adulto. 
   A narração, tanto quanto o enredo, é o ponto forte do livro. É muito fácil visualizar o porquê disso, visto que temos aqui muita ação, aventura e, principalmente, mistérios que tornam tudo mais agradável e elétrico. Todo o livro é narrado sobre a ótica de Amani, que se tornou uma de minhas narradoras preferidas, justamente por sua construção típica do que seria um mescla de Young Adult com uma quase (quase, hein!?) distopia. Ela é determinada, cheia de atitude, sarcástica, diferente e veio realmente pra enaltecer o poder feminino, mostrando que as mulheres podem, sim, conseguir o que querem e vencer várias adversidades.
  

"Talvez eu tivesse olhos que me traíam, mas Jin com certeza tinha o tipo de sorriso capaz de converter impérios inteiros. O tipo de sorriso que me fazia sentir que o entendia direitinho, embora não soubesse nada sobre ele. O tipo de sorriso que me fazia sentir que éramos capazes de qualquer coisa juntos."


A Companhia das Letras lançou recentemente o livro Cidade em Chamas, do autor norte-americano Garth Risk Hallbergaqui no Brasil, e o sucesso foi tanto que a notícia foi veiculada por importantes jornais e sites. Uma das principais polemicas é o fato do livro possuir uma história incomum e um número de páginas equidistante a isso (são mais de 1000). Confira a capa e a sinopse:

Nova York, 1976. O sonho hippie acabou, e dos escombros surge uma nova cultura urbana, com guitarras desafinadas, coturnos caindo aos pedaços, galerias de arte e casas de show esfumaçadas. Regan e William são herdeiros de uma grande fortuna. Ela, uma legítima Hamilton-Sweeney, vê seu casamento desmoronar em meio às infidelidades do marido. Ele, a ovelha negra, fundador de uma mitológica banda punk e figura lendária das artes de Nova York. Ao redor dos dois gira uma constelação de personagens e acasos- uma jovem fotógrafa, um professor negro e gay, um grupo de ativistas, um garoto careta e asmático e um jornalista que sonha ser o novo nome do jornalismo literário americano. E, em meio a tudo isso, um crime que vai cruzar essas vidas de forma imprevisível e irremediável. Cidade em chamas é um romance inesquecível sobre amor, traição e perdão, sobre arte, rock e o que significa a verdade. Sobre pessoas que precisam umas das outras para sobreviver. E sobre o que faz a vida valer a pena.

Ficaram curiosos? Pois aguardem! Em breve terá resenha do livro aqui no Palácio de Livros. 


Livro: Estrelas Perdidas
Título original: Lost Stars
Editora: Seguinte
Páginas: 446
ISBN: 9788565765831
Sinopse: Ciena Ree e Thane Kyrell se conheceram na infância e cresceram com o mesmo sonho: pilotar as naves do Império. Durante a adolescência, sua amizade aos poucos se transforma em algo mais, porém diferenças políticas afastam seus caminhos: Thane se junta à Aliança Rebelde e Ciena permanece leal ao imperador. Agora em lados opostos da guerra, será que eles vão conseguir ficar juntos?

   Como adolescente, preciso confessar que demorei para assistir os famosos filmes da saga Star Wars. Talvez por falta de oportunidade, um pouco de interesse, foi depois de escutar muitas conversas de alguns amigos e muitas (mas muitas mesmo!) insistências de outros que decidi, finalmente, me aventurar no universo mágico de George Lucas. Como a maioria das pessoas, o resultado foi um fático: eu me encantei pelo heroico e criativo mundo dos personagens
   Ao tomar conhecimento de que a Editora Seguinte publicaria os livros, confesso que fiquei dividida entre o medo do novo e o apego pelo velho. Não me arrependo, contudo: de maneira surpreendente, se tratando de uma autora que, apesar de veterana no gênero young adult, não fazia ainda parte do universo da saga, Estrelas Perdidas capta o melhor de Star Wars e, ainda por cima, adiciona um toque atualíssimo ao fazê-lo. 
   Cláudia Gray é o pseudônimo de Amy Vicent, uma escritora americana que tem uma certa fama pela sua série original Evernight. Estrelas Perdidas é seu primeiro romance para o chamado "Universo Expandido" de Star Wars, ou para a “Jornada para O Despertar da Força”, o novo selo da Disney para a expansão da saga. Gray, que já era famosa por seus romances sobre paranormalidade e young adults, tinha como missão escrever uma história para fãs mais jovens, com uma linguagem mais informal e simplificada, despertando lhes o interesse pela saga: tarefa que, posso dizer contentemente, ela realizou com méritos. 
   A trama, que conta uma história à lá Romeu e Julieta, conseguiu despertar não apenas meu interesse a cada página virada, mas também meu carinho no decorrer da história. Algo inesperado e que foi de meu agrado, além disso, foi o fato de que Estrelas Perdidas se passa concomitantemente aos demais episódios da série – ou seja, ao mesmo tempo em que acompanhamos a história de Ciena e Thane, somos presenteados com as aventuras vividas por Leia, Luke Skywalker, Han Solo, stormtroopers e, é claro, Darth Vader, mas como um plano de fundo, e não acontecimento principal. 
   Isso foi, talvez, o ponto no qual Gray mais surpreendeu. Como já afirmei, tinha medo de, ao ler algo novo da história, ver a magia da trama original ser perdida, talvez o universo "expandido" demais, deixando de lado a finalidade para com aquele que conhecemos originalmente. Felizmente, contudo, a autora soube de modo preciso aonde ir além e aonde conter-se, criando uma trama divertida que, além de demonstrar um ponto de vista e lugar diferenciados sobre acontecimentos já conhecidos, é extremamente fiel a energia da saga. 


   A narração é realizada em terceira pessoa, com um narrador onisciente e onipresente, sendo ela com foco ora em Ciena, outrora em Thane, o que nos permite, de um modo completo, saber os pensamentos e entender melhor certas atitudes de ambos personagens. Sou muito fã desse tipo de narração por achá-la mais completa, e creio que ela se encaixou perfeitamente com a situação aqui representada, já que o leitor não fica de fora de nada que acontece.
   É possível reconhecer, nas mais diferenciadas situações, as ações dos personagens e até mesmo em que ponto dos episódios da saga a história estava acontecendo, o que foi muito divertido e satisfatório para mim, como fã. Toda a aventura contida no livro, além disso, é digno das vividas por Leia, Luke e Han, e em diversas vezes me vi apreensiva por nosso casal protagonista, assim como torci e sofri pelos protagonistas anteriores. 


Livro: Antologia Poética
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Editora: Companhia das Letras 
Páginas: 336
ISBN:  9788535921199
Sinopse: Poucos autores brasileiros foram tão conscientes no exame da própria obra como Carlos Drummond de Andrade. O poeta mineiro era organizado, cioso do seu ofício e sabia exatamente o seu tamanho na trajetória da poesia brasileira do século XX. Prova disso é a Antologia poética, reunida e organizada pelo próprio Drummond em 1962 - quando o poeta completava 60 anos de idade e 30 de intensa atividade literária -, e uma das melhores portas de acesso para quem deseja conhecer a imensa obra do itabirano. E ninguém melhor que o próprio Drummond para reunir desde poemas clássicos de seu percurso até outras peças menos conhecidas. O amor, a morte, a memória, a família e o passado brasileiro comparecem neste alentadíssimo conjunto de poemas, organizados em nove seções. Completa o volume um esclarecedor ensaio do poeta Antonio Cicero.

    Quem me conhece sabe o tremendo apreço que tenho por poesia. Não é o gênero mais popular entre os leitores jovens, tenho plena ciência — ainda que, em minha humilde opinião, muito mais gente as devoraria se tivessem um maior contato com o gênero —, mas sempre me encantei e me perdi no mundo lírico, reflexivo e levemente melancólico criado por esses autores. Sempre gostei, sim, de poesia, mas posso afirmar com veemência que o que me fez amar a poesia tem nome e sobrenome: Carlos Drummond de Andrade.
   Li, durante muito tempo, poemas e contos esparsos do autor. Já era fã de carteirinha — ouso dizer que, entre os nossos poetas, é Drummond que mais me toca —, mas sentia que precisava cada vez mais saber sobre sua obra completa (e, se tratando do autor, é válido saber que ele possui dezenas e mais dezenas de livros em sua "humilde" biografia). Demorei a encontrar um livro de Drummond que me parecesse transmitir sua essência como poeta; mas, depois de realizada essa leitura, não poderia ter me encontrado mais feliz. 
  O que me chamou atenção nessa antologia, a princípio, é o fato de ela ter sido organizada pelo próprio Carlos Drummond, em 1962. Nesse ano, o autor resolveu separar e classificar seus poemas em diferentes temas, por nove sessões, que nos são apresentadas na obra. Sendo elas O indivíduo; A terra natal; A família; Amigos; O choque social; O conhecimento amoroso; A própria poesia; Exercícios lúdicos e Uma visão da existência, conseguimos ter uma pequena palha do que nos aguarda. 
  

   A verdade é que, em um milhão de anos, não conseguiria descrever a qualquer um todos os sentimentos que a poesia de Drummond traz a tona em meu coração. Toda a dor, toda a angústia, a revolta e a desesperança que já senti para com o mundo. Todo o carinho, o afeto, o amor e a esperança que já senti para com as pessoas. Toda a saudade, a melancolia e o apego que viver, cada dia de minha vida, já me trouxe. Esses sentimentos, tão bonitos ou feios, tão simples e tão complexos, consegui encontrar nas páginas desse livro, escrito por homem há tantos anos atrás. E, ao mesmo tempo, poderia ter sido ontem.


Livro: O Garoto no Convés
Título Original: Mutiny on the Bounty
Autor (a): John Boyne
Editora: Companhia das Letras 
Páginas: 328
ISBN:  9788535923377
Sinopse: Em abril de 1789, semanas após concluir no Taiti uma curiosa missão com fins botânicos, o navio de guerra britânico HMS Bounty foi palco de uma revolta de parte da tripulação contra o capitão William Bligh, que acabou deixado à própria sorte em um bote em alto-mar, com os marinheiros ainda fiéis a seu comando. Sem provisões e instrumentos de navegação adequados, o grupo enfrentou 48 dias de duras provações até alcançar a costa do Timor. O episódio inspirou numerosos livros e filmes. Em 'O garoto no convés', a história da expedição é narrada do ponto de vista de John Jacob Turnstile, um garoto de Portsmouth, sul da Inglaterra, que sofre abusos de toda sorte, inclusive sexuais, no orfanato e pratica pequenos furtos nas ruas da cidade. Detido pela polícia após roubar um relógio, é salvo pela própria vítima do roubo quando esta lhe faz uma proposta - em vez de ficar encarcerado, embarcaria no HMS Bounty para passar pelo menos dezoito meses como criado particular do respeitado capitão Bligh. Turnstile aceita a barganha, planejando fugir na primeira oportunidade. Mas a rígida disciplina da vida no mar e uma relação cada vez mais leal com o capitão transformarão sua vida para sempre. É pela voz desse adolescente insolente e sagaz, mas ao mesmo tempo frágil e ingênuo, que o leitor acompanhará uma viagem repleta de intrigas, tempestades intransponíveis, cenários exóticos e lições de lealdade, paixão e sobrevivência.

      "O Garoto no Convés" foi escrito por John Boyne, renomado autor de "O Menino do Pijama Listrado", também publicado pela Companhia das Letras. Baseado em fatos reais, a obra estreou em 2009, no Brasil, apresentando, também, uma edição econômica.
      Tudo se inicia com John Turnstile, um órfão que vivia com o Sr. Lewis, um sujeito que abrigava garotos em troca de furtos e, até mesmo, de prostituição. Em um de seus roubos, John é condenado à 12 meses de prisão, já que tentara abater um relógio de um francês. Entretanto, o homem que fora alvo de sua atitude, acaba tirando-o da prisão com a condição que John embarcasse numa viagem longa no navio de guerra HMS Bounty, e service o capitão Blig em uma missão no Taiti.
      Porém, o Taiti reservava surpresas: as tão desejadas nativas. Logo os marinheiros se entregaram aos encantos daquelas mulheres e não demorou para que alguns homens se rebelassem. Em lealdade ao comandante, John se vê expulso do navio, jogado em um bote à deriva, com mais 18 homens que não se juntaram ao famoso motim.


      Narrado em primeira pessoa, através da visão do protagonista, o livro é dividido em duas partes: antes da rebelião e após. O início do livro é monótono e maçante, além de apresentar alguns acontecimentos abruptos e estranhos, sem muito nexo. Os flashes do passado, também, acabam revivendo a condição horrível do garoto no abrigo, e inspiram muita revolta no leitor. Mas depois de algumas páginas, a obra começa a ficar emocionante e se torna capaz de prender o leitor até o final. 
      Como sempre, Boyne foi capaz de construir personagens marcantes e especiais. O próprio John apresentou qualidades e defeitos e amadureceu muito no decorrer da história, a partir das dificuldades que enfrentava. É impossível não nutrir simpatia e torcer pelo personagem, e um ponto positivo que contribuiu para esse enredo foi a sua base na realidade, em personagens que foram possivelmente reais e que transmitiram muita profundidade. 
      Já li alguns livros do autor, como "O Menino do Pijama Listrado" e "Fique onde está e então Corra", e o que posso dizer é que Boyne tem um poder especial em transmitir uma história através de um olhar infantil e adolescente. É algo mágico de se presenciar, pois os livros trazem acontecimentos "adultos", dificultosos, cruéis até, e as crianças enxergam tudo isso de modo diferente. Nunca encontrei outro autor que tivesse a mesma facilidade de "modelar" a história ao seu personagem como Boyne. 
       O clímax foi empolgante e trouxe acontecimentos capazes de nos deixar "suando em frio". Foi a parte mais interessante do livro e a que fez a leitura valer muito a pena. Já o desfecho foi especial e certeiro; senti falta do encerramento de algumas partes abertas, e de alguns personagens, porém, no mais, foi um final coerente e marcante. 
      Fiquei feliz em ter aprendido com esse livro, não somente pelas valores apresentados - fidelidade, honestidade, perdão, amizade - mas também por ter lidado com um fato real o qual eu desconhecia. Foi evidente, inclusive, que Boyne precisou se aprofundar e pesquisar muito sobre esse histórico motim. Há um certo grau de dificuldade e trabalho em aceitar um desafio de desenvolver uma trama semi-existente, e o referido autor teve muito sucesso nessa missão.



      "O Garoto no Convés" é para qualquer idade e qualquer tipo de leitor. Trata-se de uma obra cheia de detalhes e mensagens especiais. Foi interessante ver o autor se distanciar do tema "guerra" para mostrar outros acontecimentos fáticos e igualmente ruins que envolveram crianças. Percebi, portanto, que as dificuldades das crianças estão muito relacionadas à exploração, ao abandono, às ações dos adultos.



Livro: Uma história de solidão
Título original: A history of loneliness
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 412
ISBN: 978-85-359-2672-9
Sinopse: Odran e Tom são amigos de longa data: se conheceram no seminário e foram ordenados padres na mesma época. Em uma Irlanda católica, os dois tomam rumos diferentes, mas se reencontram adultos, quando não têm mais nada em comum, exceto a profissão e as lembranças que permaneceram com o tempo. Ao narrar a história desses dois personagens, John Boyne traça o panorama de uma sociedade sufocada pelos ditames do catolicismo e do regime doutrinário das escolas, desvelando com muita habilidade o segredo mais bem guardado da Igreja.

  O irlandês John Boyne ficou conhecido mundialmente pela obra "O menino do pijama listrado", que o fez vencer o Irish Books Awards e depois recebeu uma adaptação para o cinema. É autor de vários outros romances — grande parte publicados no Brasil pela Companhia das Letras — e artigos de jornal. Conhecido pelas suas obras bem trabalhadas e ornamentadas, traz à luz um tema polêmico e impecavelmente produzido em suas mais recente publicação: Uma história de solidão.
    Odran Yates, nosso protagonista, teve sua vida alardeada pela vontade de terceiros pairando sobre suas decisões. Após uma terrível tragédia em seu meio familiar, as coisas mudaram da água para o vinho. Viveu o resto de sua infância ouvindo de sua mãe, que se tornou fervorosamente católica, que ele tinha vocação para ser padre. Convencido disso, sem sequer questionar, entrou para o seminário aos dezessete anos, deixando uma satisfeita mãe e uma irmã rebelde para trás.
    No seminário, Odran descobre que o sacerdócio é perfeito para ele. Começa a se adaptar à nova vida sem problemas. Mas o mesmo não ocorre com seu colega de quarto, que acaba se tornando seu melhor amigo — Tom Cardle: um rapaz que vive irritado, infeliz consigo mesmo e com o rumo que sua vida tomou, e que só está no seminário pela vontade (e brutalidade) de seu pai. Mesmo com tantas diferenças, uma relação duradoura se forma entre ambos. Odran sai do seminário para servir em Roma — literalmente o café da manhã e da noite para o Papa —, enquanto Tom é enviado para a vivência pastoral, mudando de paróquia em paróquia em pouquíssimos espaços de tempo.
    Após muitos anos, depois de ter saído da Itália, Odran retorna a sua amada Irlanda para ensinar inglês em Terenure College, o seminário onde se formou. Quando já havia se acostumado com o conforto que tinha por lá, ele é obrigado a sofrer uma mudança brusca: terá que pastorear na antiga paróquia de seu amigo Tom. Depois de substituí-lo. Odran nunca mais ouve falar dele. Então descobre, ao se envolver numa teia de intrigas e mistérios, que seu país fora contaminado pela Igreja da qual ele próprio faz parte. E se pergunta se tudo o que aquela sociedade passa é também culpa dele.


    O primeiro e único contato que tive com John Boyne foi através de "O menino do pijama listrado", como tantas outras pessoas. Porém, diferente da grande maioria, não gostei muito da obra, pois achei excessivamente rasa. Muitas pessoas que haviam lido mais que um livro apenas, exaltavam Boyne, e isso me intrigava. Não se pode julgar um autor analisando uma só obra, e com Uma história de solidão tive a oportunidade de conhecer um pouco mais desse escritor. Dessa forma, pude traçar uma nova imagem a respeito da escrita de Boyne.
    O gênero é primordialmente o drama. Livros polêmicos que tratam dos mistérios da Igreja Católica — quando soube que essa era a trama, não pude deixar de recordar Dan Brown com "Anjos e demônios" e "O código da Vinci". Porém, o foco foi na sociedade irlandesa, predominantemente católica, traçando uma linha do tempo (desde a década de 1970 até os dias atuais) e tratando de algo que normalmente não sei ouve falar no centro de debates religiosos: a pedofilia praticada por padres. Apresenta uma forte crítica embutida em todo o enredo — e isso foi suficiente para me cativar.
    O narrador em primeira pessoa foi o próprio Pe. Yates, que conseguiu transportar todas as suas reflexões e experiências através de uma narração que mais parecia um diálogo espontâneo com o leitor. Senti-me como uma terapeuta, diante de um padre no divã. A escrita de John Boyne é perfeitamente “limpa” – aquele tipo que não é cheio de neologismos nem onomatopeias, apenas clara e objetiva –, coisa que notei também em “O menino do pijama listrado”, então não foi nenhuma surpresa eu ter me encantado mais uma vez com os talentos para escrever deste autor.


Foi divulgada a capa de "Uma História de Solidão" escrita pelo renomado autor John Boyne, conhecido pelas obras "O menino do Pijama Listrado ", "O garoto no Convés" e "Fique Onde está e então Corra". A obra será publicada pela editora Companhia das Letras e está prevista para ser lançada em janeiro de 2016. Confira capa e sinopse:



Sinopse: Primogênito de um lar disfuncional na Irlanda, o inocente Odran Yates vai estudar em um colégio que prepara garotos para a vida eclesiástica. Ao relatar sua jornada, da ingenuidade dos primeiros anos de colégio à descoberta dos segredos mais bem guardados da Igreja, Odran descreve uma Irlanda cheia de contradições e ódio por trás de uma fachada de bons costumes. Enquanto lida com as implicações de seu trabalho e o sofrimento das pessoas que ama, o padre Odran se convence de que era inocente demais para entender o que acontecia ao seu redor e tenta fazer um acerto de contas com a própria consciência.

O que acharam da capa e da sinopse? Tenho que admitir que sou apaixonada pelas obras do autor e que iriei, sem dúvidas, mergulhar nessa leitura! E vocês?  


Livro: Sombras na Place des Vosges
Título Original: L'Ombre Chinoise
Autor (a) Georges Simenon
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 136
ISBN: 9788535925944
Sinopse: Raymond Couchet, dono de um grande laboratório de soros, é assassinado em seu escritório na Place des Vosges. No Hôtel Pigalle, vivem a amante da vítima e o filho do primeiro casamento de Couchet, o qual logo desperta as suspeitas de Maigret. Mas de repente, o filho comete suicídio. E ele sabia o que estava por trás da morte do pai.

 
     Este é mais um conto do Comissário Maigret, o mocinho da série de livros (28 ao todo, sem ordem de leitura) de investigação e mistério de Georges Simenon — um brilhante escritor do século XX, que marcou a literatura europeia com seus romances policiais, tomando como cenário, na grande parte de suas obras, a sublime e imponente França. E assim fez com Sombras na Place des Vosges.
     Em um prédio da periferia francesa, situado na Place des Vosges, um crime aconteceu na calada da noite. O milionário Raymond Couchet teve o dinheiro do laboratório do qual era dono, roubado, e logo em seguida foi assassinado. O Comissário Maigret é logo chamado à cena do crime pela zeladora do prédio, que não sabe lhe dar mais informações sobre o ocorrido, apenas que achara o corpo baleado no escritório. A partir daí, Maigret passa a se envolver com aquele caso, e consequentemente, com as pessoas que rodeavam Couchet — como sua amante, seu filho, sua ex-mulher e seu atual marido, sua viúva e a família dela — sabendo que o responsável pode ser qualquer um deles. Ou, provavelmente, mais de um.
     Infiltrando-se cada vez mais na vida daquele homem, Maigret passa a vê-lo quase como um amigo, com o detalhe peculiar que a amizade iniciara depois da morte do outro. Conhecendo seu passado, e as relações nas quais se via envolvido, sua visão é ampliada. O Comissário não vê o caso apenas de forma superficial – se assim fosse, não conseguiria ir muito longe. Ele também analisa os sentimentos de todos aqueles que considera suspeitos, encontrando razões para cometer um assassinato em cada um deles, criando uma teia enorme e confusa, que, ao final, é logicamente desenrolada.
     Essa foi minha primeira experiência com uma obra de Georges Simenon, mas a ficção policial e o mistério foi algo que me instigou. E não pude evitar comparar a história de Simenon com as de Ágatha Christie: além das temáticas serem as mesmas, as histórias também são curtas (percebi que livros finos, com poucas páginas, são marcas comuns em ambos escritores, e isso faz com que o leitor se envolva facilmente). Também há traços do Realismo em cada parte do conto, e Simenon é justamente conhecido por seus “romances duros”, com grande densidade psicológica – o que me faz ter ainda mais vontade de ler outras obras do autor.
     Narrado em terceira pessoa, mostra o ponto de vista de Maigret, circulando sempre em torno dele, de suas descobertas, pensamentos, etc. Tudo isso de forma simples, sem revelar muito profundamente os sentimentos do personagem central, apenas impressões superficiais que ele concluía a respeito dos demais. Os detalhes eram bem descritos, fazendo com que tudo fluísse e fosse imaginado com facilidade. E é justamente essa escrita detalhada (e formal, considerando a época) que faz com que os personagens sejam construídos — através de suas roupas, seus modos de caminhar, mover as mãos, suas moradias, enfim, tudo observado minuciosamente por Maigret.


"São impressões que não se explicam; sentia-se que havia alguma coisa anormal no prédio, alguma coisa que se manifestava desde a fachada”.
     Interessante destacar a facilidade com que Simenon pode fazer com que o leitor entre na história, juntamente com o protagonista, que pouco tempo antes jamais imaginaria que estaria inserido com muitíssima facilidade nesse caso, conseguindo se infiltrar e deduzindo de forma prática como o assassinato fora cometido. Isso faz com que nós entremos em seu raciocínio sem muito esforço, como se estivéssemos em seu lugar.
     O Comissário Maigret, na verdade, não passa de mais um leitor, como todos nós, decifrando os mistérios de um crime. Não é difícil imaginá-lo como um espectador, pois é exatamente isto que ele é. Sua forma de captar os suspeitos em suas maiores sutilezas é o que um leitor mais atento faria ao absorver cada detalhe escrito numa obra. Até os menores personagens conseguem chamar atenção, de forma que também sejam vítimas de desconfiança. São bem construídos e se adéquam a uma França do século XX, com seus temores e psicológicos bem decifráveis, quase transparentes, para Maigret.


A Editora Companhia das Letras divulgou as novas capas da série Millenium, do autor Stieg Larsson. A série já possui três livros, escritos pelo falecido Larsson, e coube ao autor David Laercrantz assumir o quarto livro, que conclui a série. Nomeado de "A Garota na Teia de Aranha", tem previsão de lançamento para 27 de agosto. Confira as novas capas e a sinopse do quarto livro abaixo!

"Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist estão de volta na aguardada e eletrizante continuação da série Millennium. Neste thriller explosivo, a genial hacker Lisbeth Salander e o jornalista Mikael Blomkvist precisam juntar forças para enfrentar uma nova e terrível ameaça. É tarde da noite e Blomkvist recebe o telefonema de uma fonte confiável, dizendo que tem informações vitais aos Estados Unidos. A fonte está em contato com uma jovem e brilhante hacker - uma hacker parecida com alguém que Blomkvist conhece. As implicações são assombrosas. Blomkvist, que precisa desesperadamente de um furo para a revista Millennium, pede ajuda a Lisbeth. Ela, como sempre, tem objetivos próprios."



Livro: 1984
Título original: 1984
Autor (a): George Orwell
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535914849
Páginas: 416
Sinopse: "1984 - Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que 'só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade - só o poder pelo poder, poder puro."

   Sob o pseudônimo de George Orwell, Eric Arthur Blair escreveu uma das obras mais polêmicas da literatura do século XX. 1984, sob um nome simples que carrega tanto significado, foi traduzido e publicado em mais de 65 países, foi adaptado para filmes, séries e minisséries, inspirou quadrinhos, mangás, livros, reality shows e até uma ópera — supostamente o autor desejava que o nome da obra fosse "O último homem da Europa", mas depois de uma sugestão para mudá-lo por algo mais comercial, Orwell optou pelo nome atual; o ano era 1948, e a intenção era mostrar que o futuro distópico não era algo tão distante, por isso, os dois últimos números foram invertidos.

   Numa sociedade distópica e, para a época no qual o livro foi escrito, futurista, Winston Smith é mais uma mente comandada pelo Partido. A cidade de Londres, agora localizada na fictícia Oceânia,  é o núcleo do Partido que tem o Grande Irmão (Big Brother) como líder máximo. Após uma guerra em escala mundial, as nações foram eliminadas e mundo dividiu-se em três blocos: a Oceânia, a Eurásia e a Lestásia, que estão em um estado de constante guerras e alianças. O Big Brother é o líder supremo do partido e a quem todos devem glorificar; sombrio e opressivo, em todos os lugares é possível encontrar cartazes espalhados com a face dele e a frase: "O Grande Irmão está de olho em você".
   A afirmação é realmente verdade, já que todos os cidadãos são observados através de microfones escondidos, câmeras e, em especial, das "teletelas", que ao mesmo tempo que passam a programação do Partido, vigiam a população, por estarem espalhadas em todas as paredes; desde em praças públicas, locais de trabalho e restaurantes a até as próprias casas dos cidadãos. Ninguém está fora do olhar do Grande Irmão. 
   Winston é uma dessas pessoas; ele trabalha no Ministério da Verdade, e seu trabalho é colaborar para que o Partido seja infalível e onipotente. Usando um método de manipulação descarada, mas que — devido à profundidade que o Partido atingiu na mente das pessoas — passa despercebida, ele é um dos responsáveis por modificar qualquer prova (panfletos, livros, jornais e revistas de datas anteriores) de que qualquer coisa que o Partido diga não é verdade. E o Partido manipula o povo descaradamente; em um dia abaixa a cota de comida — que é controlada para todos, exceto a elite —, e, no outro dia, elogia a si mesmo por ter, falsamente, a aumentado. 
  É aos poucos que Winston começa a perceber o jogo de manipulação do Partido, e fazer que ninguém assume publicamente fazer: questionar suas ordens. Ele continua sua vida normalmente, mas, enquanto isso, sua mente borbulha de dúvidas e tensões: o que será verdade, e será o poder do Grande Irmão realmente inquestionável e absoluto? É difícil até mesmo para Winston, tão desconfiado e sabedor de algumas mentiras do Partido, questionar o sistema, mas quando o "empurrão" que faltava parece chegar, Winsdon deverá decidir. 

   É sempre difícil resenhar um clássico, ainda mais um que seja tão aclamado e igualmente inteligente quanto o que George Orwell escreveu. Mas, acredito que o motivo dessa tarefa ser, especificamente, tão complicada é um só: 1984 não é um livro fácil. E com fácil, quero dizer aquele tipo de livro que te envolve na história, na qual você não consegue parar de pensar ou daria tudo para viver, na qual ama os personagens e queria conseguir agir como eles. Não, este não é um desses livros. A ilustre obra de Orwell é densa, repetitiva e, por vezes, carece de leis morais:e é exatamente aí que está o que a diferencia de todas as outras.
   Por mais que a história seja, de início, muito interessante, como se trata de um livro que é muito sobre a mente do personagem, ela pode muitas vezes ser extremamente maçante. A narração é em terceira pessoa, mas todo o foco se recai sobre o protagonista, e Winston não é lá a mente mais sã de todas: por estar sempre muito sozinho, a maioria da narração são divagações do homem, reflexões e algumas memórias (que, na realidade, nem mesmo ele lembra serem verdadeiras ou não).



   Com o fato de os diálogos serem esparsos e parcos, a escrita é ora em forma de divagações, ora escrita de uma maneira a passar informações para o leitor. Assim, é claro, nos tornamos conhecedores de todo o universo "futurístico" criado pela brilhante mente de George Orwell. E que universo! É notável a quantidade de detalhes e planejamento que o livro possui, e não pude deixar de ficar impressionada com a inteligência do autor. 
   O que acontece é que cada página de 1984 é uma crítica disfarçada em forma de uma metáfora. Críticas veladas, críticas explicitas, críticas não tão bem definidas, sim; mas tudo o que o livro possui é muito bem pensado. Tão bem arquitetado que há diversas passagens que parecem tão tolas, ou que informam detalhes demais; mas que, ao terminar a leitura, são esses detalhes tolos que fazem uma enorme diferença e escondem um significado incrível. 


Olá, pessoal! Hoje trouxemos vários lançamentos para vocês conferirem. Temos muitas novidades da Editora Arqueiro, Sextante Saída de Emergência e da Editora Seguinte. Em breve teremos resenhas de alguns desses lançamentos! Fiquem de olho no blog. 

 E D I T O R A   A R Q U E I R O / S E X T A N T E 


Sinopse: Florença, o berço do Renascimento. Um lugar culturalmente fervilhante, perfeito para quem quer esconder segredos ou está em busca de uma segunda chance. Como a doce Raven, que se muda para a cidade na tentativa de esquecer os traumas do passado e se dedicar à sua maior paixão: a restauração de pinturas renascentistas. Um dia, voltando para casa do trabalho na Galleria degli Uffizi, sua vida muda para sempre. Ao tentar evitar o espancamento de um sem-teto, Raven é atacada. Sua morte parece iminente, mas seus agressores são impedidos e brutalmente assassinados. Assustada e prestes a perder os sentidos, ela só consegue vislumbrar uma figura sombria que sussurra: Cassita vulneratus. Ao despertar, Raven faz duas descobertas perturbadoras: uma semana se passou desde o ocorrido e ela se transformou por completo. Quando volta ao trabalho, mais uma surpresa: alguém conseguiu burlar o sofisticado sistema de segurança da galeria e roubar a inestimável coleção de ilustrações de Botticelli sobre A divina comédia. Em busca da verdade, Raven cairá diretamente nos braços do Príncipe de Florença – tão belo quanto poderoso, tão sedutor quanto maligno –, que lhe apresentará um submundo de seres perigosos e vingativos, cujas leis ela precisa aprender depressa se quiser se manter viva e salvar os que a cercam.


Sinopse: Com pais indiferentes, Iona Sheehan cresceu ansiando por carinho e aceitação. Com a avó materna, descobriu onde encontrar as duas coisas: numa terra de florestas exuberantes, lagos deslumbrantes e lendas centenárias – a Irlanda. Mais precisamente no Condado de Mayo, onde o sangue e a magia de seus ancestrais atravessam gerações – e onde seu destino a espera. Iona chega à Irlanda sem nada além das orientações da avó, um otimismo sem fim e um talento inato para lidar com cavalos. Perto do encantador castelo onde ficará hospedada por uma semana, encontra a casa de seus primos Branna e Connor O’Dwyer, que a recebem de braços abertos em sua vida e em seu lar. Quando arruma emprego nos estábulos locais, Iona conhece o dono do lugar, Boyle McGrath. Uma mistura de caubói, pirata e cavaleiro tribal, ele reúne três de suas maiores fantasias num único pacote. Iona logo percebe que ali pode construir seu lar e ter a vida que sempre quis, mesmo que isso implique se apaixonar perdidamente pelo chefe. Mas as coisas não são tão perfeitas quanto parecem. Um antigo demônio que há muitos séculos ronda a família de Iona precisa ser derrotado. Agora parentes e amigos vão brigar uns com os outros – e uns pelos outros – para manter viva a chama da esperança e do amor.



Sinopse: Leona Montgomery foi criada na China. Com pai inglês e mãe portuguesa, aprendeu desde cedo a se adaptar aos costumes de outras terras e adquiriu uma cultura e uma sofisticação incomuns às mulheres de seu tempo. Por isso, quando o pai, já viúvo, morreu, deixando os dois filhos em uma situação financeira difícil, Leona assumiu os cuidados do irmão caçula e os negócios da família. Trabalhando pela recuperação da Montgomery & Tavares, ela viajou por diversos países, negociou com homens rudes e enfrentou piratas. Recém-chegada a Londres, agora espera fechar parcerias comerciais e dar sequência a uma investigação que o pai não pôde concluir. Mas estar em Londres significa algo mais. Sete anos atrás, Edmund, um naturalista inglês, deixou Macau à noite, depois de um beijo de despedida que Leona nunca esqueceu, e retornou à Inglaterra.O que Leona não poderia imaginar era que Edmund na verdade é Christian Rothwell, o marquês de Easterbrook, um homem poderoso envolto em mistérios – e que talvez se beneficiasse com o fim das investigações de seu pai. Dividida entre o dever e a tentação, é na cama do marquês que ela fará suas maiores descobertas.


Sinopse: Na noite de 23 de dezembro de 1980, um avião cai na fronteira entre a França e a Suíça, deixando apenas uma sobrevivente: uma bebê de 3 meses. Porém, havia duas meninas no voo, e cria-se o embate entre duas famílias, uma rica e uma pobre, pelo reconhecimento da paternidade. Numa época em que não existiam exames de DNA, o julgamento estende-se por muito tempo, mobilizando todo o país. Seria a menina Lyse-Rose ou Émilie? Mesmo após o veredicto do tribunal, ainda pairam muitas dúvidas sobre o caso, e uma das famílias resolve contratar Crédule Grand-Duc, um detetive particular, para descobrir a verdade. Dezoito anos depois, destroçado pelo fracasso e no limite entre a loucura e a lucidez, Grand-Duc envia o diário das investigações para a sobrevivente Lylie e decide tirar a própria vida. No momento em que vai puxar o gatilho, o detetive descobre um segredo que muda tudo. Porém, antes que possa revelar a solução do caso, ele é assassinado. Após ler o diário, Lylie fica transtornada e desaparece, deixando o caderno com seu irmão, que precisará usar toda a sua inteligência para resolver um mistério cheio de camadas e reviravoltas.



Sinopse: Aos 91 anos, Ira Levinson sofre um terrível acidente de carro. Enquanto luta para se manter consciente, a imagem de Ruth, sua amada esposa que morreu há nove anos, surge diante dele. Mesmo sabendo que é impossível que ela esteja ali, Ira se agarra a isso e relembra momentos de sua longa vida em comum. Perto dali, Sophia Danko, uma jovem estudante de história da arte, acompanha a melhor amiga até um rodeio. Lá é assediada pelo ex-namorado e acaba sendo salva por Luke Collins, o caubói que acabou de vencer a competição. Ele e Sophia começam a conversar e logo percebem como é fácil estarem juntos. Luke é completamente diferente dos rapazes privilegiados da faculdade. Ele não mede esforços para ajudar a mãe e salvar a fazenda da família. Aos poucos, Sophia começa a descobrir um novo mundo e percebe que Luke talvez tenha o poder de reescrever o futuro que ela havia planejado. Isso se o terrível segredo que ele guarda não puser tudo a perder. Ira e Ruth. Luke e Sophia. Dois casais de gerações diferentes que o destino cuidará de unir, mostrando que, para além do desespero, da dificuldade e da morte, a força do amor sempre nos guia nesta longa jornada que é a vida.


E D I T O R A   S E X T A N T E

Sinopse: Terminar um relacionamento não é nada fácil. Quase sempre, a dor da separação vem acompanhada de um mundo de incertezas. E agora? Como fazer para seguir em frente? Pensando nisso, a jornalista, cantora e compositora Angela Brandão propõe o que ela chama de quarentena amorosa, um período de cuidados especiais para ajudar você a cicatrizar as feridas, cuidar de si e recuperar o amor-próprio. Recheado de boas histórias e trechos de canções e poemas inspiradores, este livro apresenta 12 princípios práticos para sair da inércia que acompanha o fim de uma relação e dar início ao processo de cura. Por mais difícil que possa parecer no início, a resposta que buscamos está em ações ao nosso alcance: criar hábitos novos, cuidar do corpo e da aparência, evitar atitudes radicais e apostar apenas em relações que interessam, sejam elas com pessoas, lugares, objetos ou memórias. Dando os passos certos, um de cada vez, você pode descobrir que a quarentena era o período que você precisava para voltar a desfrutar a melhor companhia de todas. A sua.


Sinopse: Muitas vezes chegamos ao fim do dia com a sensação frustrante de que não conquistamos nada significativo, de que deixamos de lado o que realmente importa. E pior: sem saber ao certo como gastamos nosso tempo. No entanto, algumas pessoas conseguem realizar tudo (ou quase tudo) o que desejam. Essa capacidade de organização não se deve a um talento inato, mas sim a uma habilidade que pode ser desenvolvida. Com seu sistema da Pirâmide da Produtividade Máxima, Tamara Myles vai ajudar você a assumir o controle da sua vida, de modo que cada tarefa, por mais simples que pareça, seja capaz de contribuir para a realização dos seus maiores objetivos. Você vai aprender técnicas testadas e comprovadas para lidar com as questões mais comuns do dia a dia. De um jeito prático e fácil, vai descobrir como executar suas atividades com maior eficiência, concentrando seus esforços naquelas que são mais significativas.



Sinopse:“Se você não nasceu em berço de ouro, se ainda não conseguiu entrar para uma boa universidade, se ainda não tem um bom emprego, se não tem ou não teve o apoio da família, se não teve oportunidades, se sofre algum tipo de preconceito – nada disso é impedimento para que você vença na vida. Talvez tenha que se esforçar mais do que os outros no início, abrir mão de períodos de lazer e ser mais estratégico para aproveitar todos os recursos que tem a seu dispor. O seu caminho pode não ser fácil, mas certamente ele é possível se você acreditar em si mesmo e agir para realizar seus sonhos. Quem tem tudo de mão beijada muitas vezes não valoriza as próprias conquistas e talvez se considere tão seguro nas disputas que isso chega a representar uma desvantagem, porque os menos favorecidos estarão batalhando a cada segundo pela vitória e aproveitando as brechas que surgirem para mostrar seu valor. Para vencer quando não é o favorito, você terá que examinar quais são seus pontos fortes e fracos, o que tem a seu favor e o que pode representar um empecilho. São as escolhas individuais certas, aliadas ao esforço pessoal, que trarão a sensação de que é possível enfrentar as circunstâncias adversas.” - Rubens Teixeira


E D I T O R A    S A Í D A    D E    E M E R G Ê N C I A 



Sinopse: Se não fosse pela magia, Atlanta seria uma boa cidade para viver. No momento em que a magia domina, os carros param e as armas falham. Quando a tecnologia assume, os feitiços de proteção já não protegem sua casa dos monstros. Aqui, os arranha-céus são derrubados pelo ataque da magia; homens-lobo e homens-hiena rondam as ruas arruinadas; e os Mestres dos Mortos, necromantes impulsionados pela fome de poder, comandam vampiros com suas mentes. Neste mundo, vive Kate Daniels. Kate gosta um um pouco demais de usar a sua espada e tem dificuldade de ficar calada. A magia em seu sangue a torna um alvo, e ela passa a maior parte da vida se escondendo no meio da multidão. Mas quando o guardião de Kate é assassinado, ela deve optar entre não fazer nada e manter-se segura… ou perseguir o assassino sobrenatural. Esconder-se é fácil, mas a escolha certa nunca o é...




E D I T O R A     S E G U I N T E 


Sinopse: Num vilarejo remoto na Finlândia, todos os garotos devem passar por um ritual de caça em seu décimo terceiro aniversário, simbolizando a entrada na vida adulta. Agora é a vez de Oskari enfrentar uma noite sozinho na floresta - um desafio bem assustador, considerando que o garoto não é muito forte e o arco de caça cerimonial é grande demais para o seu tamanho. Durante sua aventura, Oskari testemunha cenas esquisitas pela mata, como a queda de um avião. Tudo começa a fazer sentido quando ele encontra uma criatura estranha no meio dos escombros: o presidente dos Estados Unidos. A aeronave havia sido sabotada por terroristas que empreendiam uma verdadeira caçada a um dos homens mais poderosos do mundo. Será que Oskari terá coragem e inteligência suficientes para salvar o presidente e a si mesmo?





Sinopse: Sydney Sage arriscou tudo. Ainda infiltrada na organização, trabalhava contra os alquimistas e vivia um romance secreto com o vampiro Adrian Ivashkov. Qualquer deslize poderia trazer tudo por água abaixo, e foi exatamente o que aconteceu: sua própria irmã descobriu seu relacionamento proibido e a denunciou, fazendo com que Sydney fosse capturada pelos seus pares e mandada para a terrível reeducação. Lá, as condições de higiene e de conforto eram mínimas. Nos poucos momentos em que ela ficava acordada, uma voz metálica tentava convencê-la a “confessar seus pecados”. Cercada de inimigos e sem saber onde estava ou como sairia dali, Sydney luta para manter sua identidade, sua capacidade de pensar por si mesma e, principalmente, a esperança de que encontrará Adrian novamente. Enquanto isso, o vampiro tenta diferentes estratégias para descobrir o paradeiro da garota. Mas quando suas alternativas fracassam uma a uma, sua vida começa a sair do controle e ser tomada pelas garras do espírito - o elemento mágico que lhe confere poderes mas o afunda cada vez mais na depressão. Para suportar tudo isso, Adrian se entrega a uma vida desregrada, deixando que velhos hábitos voltem à tona para esquecer toda a impotência que sente. Será que o amor dos dois será forte o bastante para sobreviver a essa provação?


Sinopse: Malala Yousafzai tinha apenas dez anos quando o Talibã tomou conta do vale do Swat, onde ela vivia com os pais e os irmãos. A partir desse dia, a música virou crime; as mulheres estavam proibidas de frequentar o mercado; as meninas não deveriam ir à escola. Criada em uma região pacífica do Paquistão totalmente transformada pelo terrorismo, Malala foi ensinada a defender aquilo em que acreditava. Assim, ela lutou com todas as forças por seu direito à educação. E, em 9 de outubro de 2012, quase perdeu a vida por isso: foi atingida por um tiro na cabeça quando voltava de ônibus da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Hoje Malala é um grande exemplo, no mundo todo, do poder do protesto pacífico, e é a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz. Nesta versão juvenil da sua autobiografia, que virou um best-seller internacional, ouvimos da própria Malala a incrível história dessa garota que, desde muito cedo, decidiu mudar o mundo.



Livro: A Revolução dos Bichos
Título original: Animal Farm: a Fairy Story
Autor (a): George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 153
ISBN: 9788535909555

Sinopse: A Revolução dos Bichos - Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, "A Revolução dos Bichos" é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética. Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A revolução dos bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto.

George Orwell era o pseudônimo de Eric Arthur Blair, nascido na Índia, e que se tornou um renomado escritor inglês. Conhecido pelos seus livros cheios de metáforas e complexas lógicas publicou na editora Companhia das Letras, além de “A Revolução dos Bichos”: “1984”, “Na Pior em Paris e Londres”, “Como Morrem os Pobres e outros Ensaios” entre outros. Confira a resenha a seguir.

     Cansados de serem explorados por Jones na Granja Solar, os animais se juntaram e fizeram uma grande rebelião, tomando o lugar, expulsando seu dono, e fazendo suas próprias regras. Liderados pelos porcos, que eram totalmente intelectuais – principalmente o porco Napoleão e o Bola-de-Neve – retomaram os trabalhos dos “homens” e criaram o sistema “Animalismo” onde havia sete mandamentos que proibiam contato com humanos ou com seus costumes.

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo
3. Nenhum animal usará roupas
4. Nenhum animal dormirá em cama
5. Nenhum animal beberá álcool
6. Nenhum animal matará outro animal
7. Todos os animais são iguais

     Os primeiros meses foram prósperos. Os animais tinham mais lazer, podiam comer mais, e gozavam de uma liberdade muito maior sem os humanos por perto. Contudo, algumas dificuldades apareceram e os animais ficaram cada vez mais intrigados com a chegada dos “maus tempos” que se aproximava com o inverno.
     E, apesar de Napoleão e Bola-de-Neve compartilharem de ideias parecidas, logo o conflito entre esses dois líderes se iniciou. Não demorou muito para que Napoleão expulsar Bola-de-Neve através de seus cachorros bravos; e a difamá-lo. Porém, o que deixou os bichos mais perplexos ainda foi o fato dos porcos começaram a ultrapassar os mandamentos. Eles sempre achavam um jeito de modificar a interpretação de cada mandamento que infringiam.

     “Todos pensavam que o Quinto mandamento era “Nenhum animal beberá álcool” mas haviam esquecido duas palavras. Na realidade, o mandamento dizia “Nenhum animal beberá álcool em excesso”.

     As guerras também chegavam à Granja dos Bichos. Os humanos queriam retomar o controle, e Napoleão parecia muito preocupado com a possibilidade de traição. Um dia, sem avisar, ele mandou matar qualquer animal que fosse simpatizante das ideias de Bola-de-Neve. O caos estava implantado. Quando os animais perceberiam que estavam vivendo uma brutal ditadura?


     É muito importante lembrar que “A Revolução dos Bichos” é um livro inteiramente metafórico e simbolista. A mensagem do livro não se restringe a esses personagens animais; mas sim à fatos históricos da humanidade que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial beirando a Guerra Fria. George Orwell, um verdadeiro gênio, utilizou de uma grande “sátira” para criticar a atitude de vários líderes da época.
     E a sagacidade do autor não para por aí: Orwell se ateve a detalhes. Estes minuciosos detalhes acrescentaram muito no meu entendimento da história mundial.
    Como muitos estudantes, acabei conhecendo a Guerra Fria de modo raso e rápido no colégio, portanto, eu sabia a história geral e, apesar de saber, eu não compreendia como tudo aconteceu. Já nesse livro, todos os fatos – mesmo camuflados por uma engenhosa fábula – são minunciosamente apresentados, de modo que ficou muito fácil assimilar o contexto histórico.
     Contudo, saber história e ter conhecimentos de mundo é essencial para não se perder nessa leitura. Como saber que o porco é um famoso líder, se você dormiu nas aulas de história? Como saber quem Sr Jones representava, se você não estudou para aquela prova chata sobre a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial? Como saber qual sistema está por trás do metafórico termo “Animalismo”? “E quem é Stálin e Trotski mesmo?” É extremamente importante saber a diferença de Socialismo Utópico, Científico e Real, por exemplo. Sem saber esses pequenos conceitos – e muitos outros que eu não citei – não há como ter uma conclusão correta de “A Revolução dos Bichos”.
     E mesmo sendo uma obra cheia de propensão – ainda mais para época que foi lançada –, o pensador fez um enredo demasiadamente simples, sem muitos desafios. A narrativa de George Orwell é envoltória, e nada monótona, sendo simples do modo que é. Acreditei que eu cansaria de ler um livro tão lógico e codificado, mas o autor soube suavizar ao máximo sua mensagem. Na realidade, desde o inicio da leitura, nasceu uma curiosidade tamanha em mim que foi quase impossível largar esse livro.



Livro: Fique Onde Está e Então Corra
Título Original: Stay Where You Are And Then Leave
Autor (a): John Boyne
Editora: Seguinte
ISBN:  9788565765404
Páginas: 224

Sinopse: Em meio às tragédias da Primeira Guerra Mundial, o amor é a única arma de um garoto para curar seu pai. Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados — enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois de quatro longos anos Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas suas forças para trazê-lo de volta para casa.

John Boyne teve suas obras traduzidas para mais de quarenta idiomas, e, inclusive uma delas – O Menino do Pijama Listrado – foi adaptada para os cinemas. “Fique Onde Está e então Corra” é mais um de seus livros que retrata a guerra e suas consequências. E dessa vez, é sobre a Primeira Guerra Mundial, apresentada através da visão de uma criança inglesa de nove anos. Confira a resenha a seguir!

      Alfie Summerfield estava no seu aniversário de cinco anos quando a guerra começou. Ele se lembrava com clareza a reação dos convidados presentes em sua festa: sua avó choramingava copiosamente, repetindo “estamos perdidos, estamos todos perdidos” e seu pai, George, encarava sua doce e risonha mãe, Margie, com preocupação.  
      Antes da guerra, Alfie tinha uma vida muito próspera ao lado de seus pais. Não precisava trabalhar, dedicava-se ao estudo e ansiava desesperadamente acompanhar o pai na carroça que entregava o leite diário da rua em que moravam. Mas agora o que Alfie queria era somente que o pânico que pairava entre os vizinhos se esvaísse. 
      Foi de modo abrupto que George se alistou, ainda quando o recrutamento não era obrigatório. Margie ficou desolada, e, a partir daquele momento, nunca mais sorriu verdadeiramente. Todos diziam que a guerra terminaria antes do Natal, mas muitos questionavam essa ideia tão positiva. 
      Margie, para sustentar a casa, trabalhava como enfermeira e lavava inúmeras roupas, contudo, estava sempre com dívidas a quitar. A comida era pouca, as roupas eram surradas e eles estavam cada vez mais próximos da miséria. Já Alfie, sentia-se impotente sem seu pai por perto, auxiliado em casa constantemente. 
      Mas Alfie conseguira, em um dado momento, uma caixa de engraxar e tornou a trabalhar – em segrego – na estação de trem engraxando sapatos dos homens de terno. Foi lá, também, que descobriu que seu pai não estava mais na guerra e que havia retornado à Inglaterra há alguns meses. Mas porque ele não viera para casa? Nosso protagonista desvenda então, que George não era mais o mesmo; a guerra havia destruído seu psicológico e provavelmente ele teria que se recuperar na clínica por tempo indeterminável. Mas Alfie, sempre esperto, tinha um plano para tirá-lo de lá...


      John Boyne tem a arte de concretizar a ficção. Já tinha ouvido falar de seu talento em compreender e apresentar com exatidão a visão de uma criança, e consegui perceber essa habilidade nesse primeiro livro que li do autor. Mas, mais que isso, o autor conseguiu me emocionar em cada página lida. 
      Talvez foi o protagonista que mais tenha me conquistado nessa trama. Seu jeito de questionar, raciocinar e observar os adultos em sua volta era muito interessante e peculiar. Além de tudo, Alfie sabia nos emocionar com suas frases impactantes e suas observações tocantes. Através dele pudemos imaginar as consequências de uma guerra na educação, saúde e bem-estar de uma criança. 
      Alfie era um protagonista com uma iniciativa incrível, e muito astuto. Isso fez toda diferença na leitura, assim como os personagens secundários – que eram extremamente reais como Alfie. Até mesmo personagens passageiros e sem muita importância – como, por exemplo, os homens que Alfie engraxava o sapato na estação de trem – pareciam profundos e bem desenvolvidos. 
   O tema que Boyne escolheu me chamou muito atenção. Ele procurou trabalhar não com a guerra em si, mas com suas consequências. Trabalhou com a neurose de guerra, com os suprimentos alimentares que nunca chegavam às mesas; representou os soldados que retornavam mutilados, as famílias que recebiam uma notícia terrível todos os dias... Fique Onde Está e Então Corra é um livro especial justamente pelos seus conteúdos
      As informações diferenciais estão em todos os capítulos. Houve muitas curiosidades que eu nunca havia ouvido falar, como, por exemplo, a pena branca que muitas mulheres entregavam aos objetores da guerra, como um símbolo de “covardia” – grave ofensa a esses homens que decidiram não se alistar. Além disso, fiquei muito interessada nas outras informações da guerra em si, que chegavam a partir das cartas que George enviava para a família. John Boyne expos através dessas cartas, o pensamento dos inocentes soldados que eram obrigados a ser cruéis. Elas me sensibilizaram muito, principalmente depois que me dei conta o quanto essa ficção tinha fundo de verdade. 

“Me ajude. Disseram que ia acabar antes do Natal. Só não disseram qual Natal.”

      O sentimento dos habitantes ingleses também foi bem retratado. O sentimento de orgulho, ou de decepção, de impaciência e de desgraça. Senti uma enorme euforia, junto aos personagens, quando a guerra finalmente terminou. Parecia que eu havia encarnado naquela história. 
      A capa do livro é muito colorida e muito bem arquitetada. Acaba demonstrando a ideia certa sobre seu conteúdo! Já a diagramação foi simples, mas bem satisfatória. A Editora Seguinte fez uma edição perfeita e sem erros ortográficos. 
      O início já foi acelerado e envolvente, e esse ritmo se manteve até o clímax, que foi cheio de ação e me deixou com o coração na mão. Já o desfecho foi especial e marcante. Indico essa leitura para todos que procuram um drama concreto e cheio de informações. John Boyne soube ser brilhante nesta história. 

Primeiro Parágrafo:“Todas as noites, antes de dormir, Alfie Summerfield tentava recordar como era a vida antes de a guerra começar. E a cada dia era mais e mais dificil ter uma lembrança clara.”
 Melhor Quote:“Os ricos tinham seus criados e lacaios, suas governantas e empregadas; os pobres não podiam pagar por esse tipo de luxo e, por isso, se sentiam bem se houvesse uma pessoa para engraxar seus sapatos. Isso dava a eles uma sensação de importância.”



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