Livro: 1984
Título original: 1984
Autor (a): George Orwell
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535914849
Páginas: 416
Sinopse: "1984 - Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que 'só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade - só o poder pelo poder, poder puro."
Sob o pseudônimo de George Orwell, Eric Arthur Blair escreveu uma das obras mais polêmicas da literatura do século XX. 1984, sob um nome simples que carrega tanto significado, foi traduzido e publicado em mais de 65 países, foi adaptado para filmes, séries e minisséries, inspirou quadrinhos, mangás, livros, reality shows e até uma ópera — supostamente o autor desejava que o nome da obra fosse "O último homem da Europa", mas depois de uma sugestão para mudá-lo por algo mais comercial, Orwell optou pelo nome atual; o ano era 1948, e a intenção era mostrar que o futuro distópico não era algo tão distante, por isso, os dois últimos números foram invertidos.
Numa sociedade distópica e, para a época no qual o livro foi escrito, futurista, Winston Smith é mais uma mente comandada pelo Partido. A cidade de Londres, agora localizada na fictícia Oceânia, é o núcleo do Partido que tem o Grande Irmão (Big Brother) como líder máximo. Após uma guerra em escala mundial, as nações foram eliminadas e mundo dividiu-se em três blocos: a Oceânia, a Eurásia e a Lestásia, que estão em um estado de constante guerras e alianças. O Big Brother é o líder supremo do partido e a quem todos devem glorificar; sombrio e opressivo, em todos os lugares é possível encontrar cartazes espalhados com a face dele e a frase: "O Grande Irmão está de olho em você".
A afirmação é realmente verdade, já que todos os cidadãos são observados através de microfones escondidos, câmeras e, em especial, das "teletelas", que ao mesmo tempo que passam a programação do Partido, vigiam a população, por estarem espalhadas em todas as paredes; desde em praças públicas, locais de trabalho e restaurantes a até as próprias casas dos cidadãos. Ninguém está fora do olhar do Grande Irmão.
Winston é uma dessas pessoas; ele trabalha no Ministério da Verdade, e seu trabalho é colaborar para que o Partido seja infalível e onipotente. Usando um método de manipulação descarada, mas que — devido à profundidade que o Partido atingiu na mente das pessoas — passa despercebida, ele é um dos responsáveis por modificar qualquer prova (panfletos, livros, jornais e revistas de datas anteriores) de que qualquer coisa que o Partido diga não é verdade. E o Partido manipula o povo descaradamente; em um dia abaixa a cota de comida — que é controlada para todos, exceto a elite —, e, no outro dia, elogia a si mesmo por ter, falsamente, a aumentado.
É aos poucos que Winston começa a perceber o jogo de manipulação do Partido, e fazer que ninguém assume publicamente fazer: questionar suas ordens. Ele continua sua vida normalmente, mas, enquanto isso, sua mente borbulha de dúvidas e tensões: o que será verdade, e será o poder do Grande Irmão realmente inquestionável e absoluto? É difícil até mesmo para Winston, tão desconfiado e sabedor de algumas mentiras do Partido, questionar o sistema, mas quando o "empurrão" que faltava parece chegar, Winsdon deverá decidir.
É sempre difícil resenhar um clássico, ainda mais um que seja tão aclamado e igualmente inteligente quanto o que George Orwell escreveu. Mas, acredito que o motivo dessa tarefa ser, especificamente, tão complicada é um só: 1984 não é um livro fácil. E com fácil, quero dizer aquele tipo de livro que te envolve na história, na qual você não consegue parar de pensar ou daria tudo para viver, na qual ama os personagens e queria conseguir agir como eles. Não, este não é um desses livros. A ilustre obra de Orwell é densa, repetitiva e, por vezes, carece de leis morais:e é exatamente aí que está o que a diferencia de todas as outras.
Por mais que a história seja, de início, muito interessante, como se trata de um livro que é muito sobre a mente do personagem, ela pode muitas vezes ser extremamente maçante. A narração é em terceira pessoa, mas todo o foco se recai sobre o protagonista, e Winston não é lá a mente mais sã de todas: por estar sempre muito sozinho, a maioria da narração são divagações do homem, reflexões e algumas memórias (que, na realidade, nem mesmo ele lembra serem verdadeiras ou não).
Com o fato de os diálogos serem esparsos e parcos, a escrita é ora em forma de divagações, ora escrita de uma maneira a passar informações para o leitor. Assim, é claro, nos tornamos conhecedores de todo o universo "futurístico" criado pela brilhante mente de George Orwell. E que universo! É notável a quantidade de detalhes e planejamento que o livro possui, e não pude deixar de ficar impressionada com a inteligência do autor.
O que acontece é que cada página de 1984 é uma crítica disfarçada em forma de uma metáfora. Críticas veladas, críticas explicitas, críticas não tão bem definidas, sim; mas tudo o que o livro possui é muito bem pensado. Tão bem arquitetado que há diversas passagens que parecem tão tolas, ou que informam detalhes demais; mas que, ao terminar a leitura, são esses detalhes tolos que fazem uma enorme diferença e escondem um significado incrível.
Isso, por si só, já seria mais do que o suficiente para impressionar qualquer leitor. Mas Orwell não tem sua fama por nada: cada página da obra é um tipo estranho e um tanto distorcido de previsão do futuro. Digo melhor: de previsão do presente. Sim, do presente. É espantoso e, em especial, amedrontador um livro escrito há mais de sessenta e cinco anos se adequar e refletir tão perfeitamente o modelo de sociedade no qual vivemos agora.
Por isso, ler 1984 é genial. E assustador. Pois é tão fácil, tão óbvio reconhecer nessa obra situações atuais, conflitos, manias e até mesmo tendencias que estamos vivendo nesses últimos anos, ou que devemos viver no futuro próximo. Então, Orwell consegue criar com magestria uma distopia que consegue ser precisa, assustadora e que serve de alerta a todos nós.
Creio que qualquer pessoa que leia 1984 se tornará um tanto mais crítico. Através das metáforas um pouco avoadas e vezes loucas do autor, muito do nosso atual cenário é refletido, e é interessante ver a sociedade pelo ponto de vista de alguém de fora, por um ponto de vista manipulador, e que mostra exatamente aonde está e como tal manipulação acontece. É assim que, pela filosofia descarada do Partido, vemos um jogo de manipulação que reflete perfeitamente nossa sociedade atual.
Quanto aos personagens, como já citei, Winston não é lá o personagem mais são da literatura, e por demasiadas vezes, no decorrer do desenvolvimento livro, sua espécie de "loucura" chega a ser um pouco chata. Contudo, ao mesmo tempo, essa mesma loucura é incrivelmente inteligente em sua colocação: ela é a prova de que, mesmo que um cético como o personagem, que possua lembranças que não deveria, que não ama e idolatra o Partido como deveria possui dúvidas. Essa, acredito eu, foi uma maneira inteligente e profunda de demonstrar o quão fundo o Partido, o Grande Irmão conseguiu penetrar na mente de cada um, e impor medo e inseguranças a eles.
O design por parte da editora Companhia das Letras conseguiu, em minha opinião, uma feito interessantíssimo e digno de clamor: dar uma nova roupagem à um clássico, sem desrespeitar sua essência, mas, ao mesmo tempo, com um toque moderno. Essa é minha edição preferida do livro, e não encontrei nenhum erro durante a leitura, já que a diagramação e revisão, assim como a tradução, são de ótima qualidade.
1984 é, por fim, um livro como poucos. Não posso afirmar que tenha visto apenas qualidades na obra, mas tenho a certeza de que as partes boas sobrepujam as ruins. É um livro pessimista, típico do pensamento pós-guerra e sem a esperança do Século das Luzes, mas que consegue expressar os sentimentos de angústia e dor de maneira exemplar.
É um alerta não apenas à sociedade, mas a cada indivíduo por si só. Criticando não apenas certas correntes de pensamentos polêmicas, mas o comportamento de uma sociedade em geral, e, mais especificamente, do "homem autônomo", é o tipo de livro que acredito que todos deveriam ler. Extremamente recomendado!
Faz tempo que quero ler esse livro. Mas só acho por tipo 50 reais, e morro se medo de não gostar! Mas espero ler em breve... Beijos, Jú
ResponderExcluirdocurailusoria.blogspot.com
Já li o livro e vi o filme. É impressionante como alguns autores conseguem imaginar o futuro da humanidade. Hoje somos todos vigiados e nos exibimos 24 horas por dia nas redes sociais. Que bom que vc resenhou esse clássico que as novas gerações precisam conhecer! Parabéns pela dica aos leitores!
ResponderExcluirImpressionante obra de Orwell, tal qual "A revolução dos bichos" do mesmo autor é um dos meus livros favoritos, Orwell sem sombra de dúvida foi um, senão o melhor, dos grandes escritores do século XX.
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