Livro: Estrelas Perdidas
Título original: Lost Stars
Editora: Seguinte
Páginas: 446
ISBN: 9788565765831
Sinopse: Ciena Ree e Thane Kyrell se conheceram na infância e cresceram com o mesmo sonho: pilotar as naves do Império. Durante a adolescência, sua amizade aos poucos se transforma em algo mais, porém diferenças políticas afastam seus caminhos: Thane se junta à Aliança Rebelde e Ciena permanece leal ao imperador. Agora em lados opostos da guerra, será que eles vão conseguir ficar juntos?

   Como adolescente, preciso confessar que demorei para assistir os famosos filmes da saga Star Wars. Talvez por falta de oportunidade, um pouco de interesse, foi depois de escutar muitas conversas de alguns amigos e muitas (mas muitas mesmo!) insistências de outros que decidi, finalmente, me aventurar no universo mágico de George Lucas. Como a maioria das pessoas, o resultado foi um fático: eu me encantei pelo heroico e criativo mundo dos personagens
   Ao tomar conhecimento de que a Editora Seguinte publicaria os livros, confesso que fiquei dividida entre o medo do novo e o apego pelo velho. Não me arrependo, contudo: de maneira surpreendente, se tratando de uma autora que, apesar de veterana no gênero young adult, não fazia ainda parte do universo da saga, Estrelas Perdidas capta o melhor de Star Wars e, ainda por cima, adiciona um toque atualíssimo ao fazê-lo. 
   Cláudia Gray é o pseudônimo de Amy Vicent, uma escritora americana que tem uma certa fama pela sua série original Evernight. Estrelas Perdidas é seu primeiro romance para o chamado "Universo Expandido" de Star Wars, ou para a “Jornada para O Despertar da Força”, o novo selo da Disney para a expansão da saga. Gray, que já era famosa por seus romances sobre paranormalidade e young adults, tinha como missão escrever uma história para fãs mais jovens, com uma linguagem mais informal e simplificada, despertando lhes o interesse pela saga: tarefa que, posso dizer contentemente, ela realizou com méritos. 
   A trama, que conta uma história à lá Romeu e Julieta, conseguiu despertar não apenas meu interesse a cada página virada, mas também meu carinho no decorrer da história. Algo inesperado e que foi de meu agrado, além disso, foi o fato de que Estrelas Perdidas se passa concomitantemente aos demais episódios da série – ou seja, ao mesmo tempo em que acompanhamos a história de Ciena e Thane, somos presenteados com as aventuras vividas por Leia, Luke Skywalker, Han Solo, stormtroopers e, é claro, Darth Vader, mas como um plano de fundo, e não acontecimento principal. 
   Isso foi, talvez, o ponto no qual Gray mais surpreendeu. Como já afirmei, tinha medo de, ao ler algo novo da história, ver a magia da trama original ser perdida, talvez o universo "expandido" demais, deixando de lado a finalidade para com aquele que conhecemos originalmente. Felizmente, contudo, a autora soube de modo preciso aonde ir além e aonde conter-se, criando uma trama divertida que, além de demonstrar um ponto de vista e lugar diferenciados sobre acontecimentos já conhecidos, é extremamente fiel a energia da saga. 


   A narração é realizada em terceira pessoa, com um narrador onisciente e onipresente, sendo ela com foco ora em Ciena, outrora em Thane, o que nos permite, de um modo completo, saber os pensamentos e entender melhor certas atitudes de ambos personagens. Sou muito fã desse tipo de narração por achá-la mais completa, e creio que ela se encaixou perfeitamente com a situação aqui representada, já que o leitor não fica de fora de nada que acontece.
   É possível reconhecer, nas mais diferenciadas situações, as ações dos personagens e até mesmo em que ponto dos episódios da saga a história estava acontecendo, o que foi muito divertido e satisfatório para mim, como fã. Toda a aventura contida no livro, além disso, é digno das vividas por Leia, Luke e Han, e em diversas vezes me vi apreensiva por nosso casal protagonista, assim como torci e sofri pelos protagonistas anteriores. 
   Depois de ver muito acontecer nessa saga e acreditar já ter passado por tudo que é possível, Estrela da Morte vem para contar a nós, fãs, que, não, não vimos tudo. Há muito mais por vir, muitas aventuras e muitos romances para nos serem contados, e fico extremamente contente com o desenrolar – assim como com a técnica desenvolvida pela autora – dos fatos que nos levam cada vez mais afundo desse mágico universo de George Lucas, no qual, é fácil acreditar, tudo é possível. 
   A edição da Editora Seguinte conseguiu fazer jus ao já conhecido. Com uma ótima qualidade de material, tanto interna quanto externamente, o design da capa consegue, ao mesmo tempo que revela sutilmente, transmitir um pouco da história que virá a seguir. A diagramação segue a arte dos filmes, mas mantem-se simples, e não encontrei, durante as quase quinhentas páginas do livro, nenhum erro de ortografia ou de revisão, o que é extremamente satisfatório. 
   Por fim, pouco pode ser dito para quem já é um fã da série (e, na realidade, para quem ainda não o é, também) além de: leia, leia e leia! É uma ótima maneira para tanto matar a saudade desse universo e de nossos mocinhos, quando para introduzir-se a história dos filmes, e não poderia ter ficado mais contente e alegremente surpresa com o resultado final. 

Primeiro parágrafo do livro: "Cinco anos depois
Faltavam trinta minutos para o treinamento de voo, já quase não havia tempo suficiente para chegar ao hangar. E ainda por cima ela tinha que ficar sentada ali naquele banco idiota…"
Melhor quote: "[...] a Força tem por hábito reunir as pessoas na hora certa."



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