Livro: O Garoto no Convés
Título Original: Mutiny on the Bounty
Autor (a): John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 328
ISBN: 9788535923377
Sinopse: Em abril de 1789, semanas após concluir no Taiti uma curiosa missão com fins botânicos, o navio de guerra britânico HMS Bounty foi palco de uma revolta de parte da tripulação contra o capitão William Bligh, que acabou deixado à própria sorte em um bote em alto-mar, com os marinheiros ainda fiéis a seu comando. Sem provisões e instrumentos de navegação adequados, o grupo enfrentou 48 dias de duras provações até alcançar a costa do Timor. O episódio inspirou numerosos livros e filmes. Em 'O garoto no convés', a história da expedição é narrada do ponto de vista de John Jacob Turnstile, um garoto de Portsmouth, sul da Inglaterra, que sofre abusos de toda sorte, inclusive sexuais, no orfanato e pratica pequenos furtos nas ruas da cidade. Detido pela polícia após roubar um relógio, é salvo pela própria vítima do roubo quando esta lhe faz uma proposta - em vez de ficar encarcerado, embarcaria no HMS Bounty para passar pelo menos dezoito meses como criado particular do respeitado capitão Bligh. Turnstile aceita a barganha, planejando fugir na primeira oportunidade. Mas a rígida disciplina da vida no mar e uma relação cada vez mais leal com o capitão transformarão sua vida para sempre. É pela voz desse adolescente insolente e sagaz, mas ao mesmo tempo frágil e ingênuo, que o leitor acompanhará uma viagem repleta de intrigas, tempestades intransponíveis, cenários exóticos e lições de lealdade, paixão e sobrevivência.
"O Garoto no Convés" foi escrito por John Boyne, renomado autor de "O Menino do Pijama Listrado", também publicado pela Companhia das Letras. Baseado em fatos reais, a obra estreou em 2009, no Brasil, apresentando, também, uma edição econômica.
Tudo se inicia com John Turnstile, um órfão que vivia com o Sr. Lewis, um sujeito que abrigava garotos em troca de furtos e, até mesmo, de prostituição. Em um de seus roubos, John é condenado à 12 meses de prisão, já que tentara abater um relógio de um francês. Entretanto, o homem que fora alvo de sua atitude, acaba tirando-o da prisão com a condição que John embarcasse numa viagem longa no navio de guerra HMS Bounty, e service o capitão Blig em uma missão no Taiti.
Porém, o Taiti reservava surpresas: as tão desejadas nativas. Logo os marinheiros se entregaram aos encantos daquelas mulheres e não demorou para que alguns homens se rebelassem. Em lealdade ao comandante, John se vê expulso do navio, jogado em um bote à deriva, com mais 18 homens que não se juntaram ao famoso motim.
Narrado em primeira pessoa, através da visão do protagonista, o livro é dividido em duas partes: antes da rebelião e após. O início do livro é monótono e maçante, além de apresentar alguns acontecimentos abruptos e estranhos, sem muito nexo. Os flashes do passado, também, acabam revivendo a condição horrível do garoto no abrigo, e inspiram muita revolta no leitor. Mas depois de algumas páginas, a obra começa a ficar emocionante e se torna capaz de prender o leitor até o final.
Como sempre, Boyne foi capaz de construir personagens marcantes e especiais. O próprio John apresentou qualidades e defeitos e amadureceu muito no decorrer da história, a partir das dificuldades que enfrentava. É impossível não nutrir simpatia e torcer pelo personagem, e um ponto positivo que contribuiu para esse enredo foi a sua base na realidade, em personagens que foram possivelmente reais e que transmitiram muita profundidade.
Já li alguns livros do autor, como "O Menino do Pijama Listrado" e "Fique onde está e então Corra", e o que posso dizer é que Boyne tem um poder especial em transmitir uma história através de um olhar infantil e adolescente. É algo mágico de se presenciar, pois os livros trazem acontecimentos "adultos", dificultosos, cruéis até, e as crianças enxergam tudo isso de modo diferente. Nunca encontrei outro autor que tivesse a mesma facilidade de "modelar" a história ao seu personagem como Boyne.
O clímax foi empolgante e trouxe acontecimentos capazes de nos deixar "suando em frio". Foi a parte mais interessante do livro e a que fez a leitura valer muito a pena. Já o desfecho foi especial e certeiro; senti falta do encerramento de algumas partes abertas, e de alguns personagens, porém, no mais, foi um final coerente e marcante.
Fiquei feliz em ter aprendido com esse livro, não somente pelas valores apresentados - fidelidade, honestidade, perdão, amizade - mas também por ter lidado com um fato real o qual eu desconhecia. Foi evidente, inclusive, que Boyne precisou se aprofundar e pesquisar muito sobre esse histórico motim. Há um certo grau de dificuldade e trabalho em aceitar um desafio de desenvolver uma trama semi-existente, e o referido autor teve muito sucesso nessa missão.
"O Garoto no Convés" é para
qualquer idade e qualquer tipo de leitor. Trata-se de uma obra
cheia de detalhes e mensagens especiais. Foi interessante ver o autor se distanciar do tema "guerra" para mostrar outros acontecimentos fáticos e igualmente ruins que
envolveram crianças. Percebi, portanto, que as dificuldades das crianças estão muito relacionadas à exploração, ao abandono, às ações dos adultos.
A edição que recebi é bem inferior a primeira publicação da editora. Por ser edição econômica, não existe marca páginas embutido, e a capa é inteiramente mole, sem falar que, nessa edição, a imagem na capa é artística, porém, pouco chamativa. Indico imensamente a edição passada, que combina com o livro "O Menino do Pijama Listrado" e pode fazer uma mini-coleção belíssima na sua estante.
Recomendo a leitura para todos que buscam um livro extraordinário, que parece ser duvidoso no começo, mas que mostra todo o seu valor no final. "O Garoto do Convés" é uma obra grande que cometeu alguns pecados, mas que se tornou leitura obrigatória para todos que acompanham o trabalho de John Boyne.
Primeiro Parágrafo: "Era uma vez um fidalgo, um homem alto, com ares de superioridade, que todo primeiro domingo do mês aparecia no mercado de Portmouth a fim de abastecer sua biblioteca."
Melhor Quote: "Isso eu menciono aqui e agora porque, para mim, o momento que pôs tudo em movimento foi justamente o encontro, dois dias antes do Natal, com aquele fidalgo francês, sem o qual talvez eu não tivesse vivido nem os dias radiantes nem os tenebrosos que estavam por vir.”
Gostei da resenha, vou procurar por esse livro. Gosto de histórias baseadas ou ligadas a fatos reais.
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