Livro: O Menino dos Fantoches de Varsóvia
Título original: The puppet boy of Warsaw
Autor (a): Eva Weaver
Editora: Novo Conceito
Páginas: 400
ISBN: 9788581634173
Sinopse: Mesmo diante de uma vida extremamente difícil, há esperança. E às vezes essa esperança vem na forma de um garotinho, armado com uma trupe de marionetes – um príncipe, uma menina, um bobo da corte, um crocodilo... O avô de Mika morreu no gueto de Varsóvia, e o menino herdou não apenas o seu grande casaco, mas também um tesouro cheio de segredos. Em um bolso meio escondido, ele encontra uma cabeça de papel machê, um retalho... o príncipe. E um teatro de marionetes seria uma maneira incrível de alegrar o primo que acabou de perder o pai, o menininho que está doente, os vizinhos que moram em um quartinho apertado. Logo o gueto inteiro só fala do mestre das marionetes – até chegar o dia em que Mika é parado por um oficial alemão e empurrado para uma vida obscura. Esta é uma história sobre sobrevivência. Uma jornada épica, que atravessa continentes e gerações, de Varsóvia à Sibéria, e duas vidas que se entrelaçam em meio ao caos da guerra. Porque mesmo em tempo de guerra existe esperança.

     Mika, um judeu que vivia na acolhedora cidade de Varsóvia se vê no meio de uma guerra brutal. Sem avisos prévios, a cidade foi bombardeada e se tornou a nova casa do exército Nazista, no começo da Segunda Guerra Mundial. A partir daí, as mudanças foram terrivelmente abruptas, começando com as novas regras aplicadas aos judeus. De repente, Mika não tinha mais direito de andar na calçada, nem estudar em uma escola comum, e até a comida começou a ser controlada.
     Logo as coisas começaram a ficar piores: todos os judeus foram obrigados a se amontoarem em um gueto, independente da sua vida anterior. Da noite para o dia, todos ficaram pobres e miseráveis, poucos judeus tiveram o direito de salvo-conduto.

   
      Em um apartamento com poucos cômodos, pouca comida e com poucos objetos, Mika tenta se distrair com seu avô, um portador de um sobretudo enorme. Mas de modo implacável, seu avô morre, e este herda tal peça, que tem inúmeros bolsos. E é assim que nosso protagonista descobre objetos dentro dos bolsos do casaco e descobre um cômodo cheio de fantoches. 
     Como uma fuga da realidade, ele e sua prima, Ellie, embarcaram nesse mundo do fantoches e começaram a fazer sucesso no gueto. Com um tempo, eles começaram a ganhar comida em troca de apresentações e chegaram a ajudar crianças em orfanatos e hospitais.

"Dois pães para o alemão, um pão para o Polonês, uma fatia para o judeu."
     Mas, um dia, quando Mika retornava para sua casa, viu soldados maltratando uma judia e resolveu distraí-los com seu fantoches. Max, um dos soldados, adorou a iniciativa e começou a obrigá-lo a se apresentar com frequência para a horda de nazistas.
     Mika odiava o que fazia, se sentia sujo ao ser o entretenimento dos nazistas, dos ratos intrusos. Mas então Ellie teve uma ideia genial: nesses momentos que Mika saía do muro que contornava o gueto, levaria uma criança minúscula dentro de seu sobretudo, amarrado ao seu corpo e a deixaria do lado ariano da cidade. Logo, Mika conseguiu salvar inúmeras crianças raquíticas que foram resgatadas por poloneses. 
     Porém, tudo mudou rápido novamente. Em um dia, os nazistas simplesmente arrombaram portas e mandaram todos os judeus para um local. Depois, Mika ficou sabendo que era um campo de concentração, onde inúmeras pessoas eram eliminadas. Por pouco tempo, Mika, Ellie e suas mães foram poupados, graças ao soldado nazista Max: contudo, isso não perdurou por muito tempo. E, assim, Mika e Ellie perderam sua família e ficaram sozinhos.
     Mas logo, uma resistência nasce no gueto de Varsóvia e vários jovens participam dela. Através do casaco Mika trazia armas, remédios e instrumentos para dentro do gueto. Quando os nazistas voltaram a atacar os restantes dos judeus, os rebeldes lutaram contra eles — foi nesses dias de intensa guerra que Mika e Ellie se apaixonaram. Mas será que ambos sobreviveriam? Será que conseguiriam fugir do fim inevitável para os judeus? 
     Quando o soldado Max salvou a família de Mika, ele recebeu desse, como recompensa, o fantoche preferido do pequeno judeu. Max continuou a seguir ordens e, quando se deu conta, os Aliados haviam ganhado a guerra. Ele foi preso pelos russos e enviado para a Sibéria para trabalhar por anos em regime de escravidão. Max se culpava por tudo, mas seus amigos lembrava-o de que ele só seguira ordens. 
     Depois de muito sofrimento, o soldado consegue fugir na companhia de dois homens. Entretanto, a Sibéria é muito grande e seus amigos acabaram morrendo em meio da neve infinita. Mas o alemão resiste e consegue retornar ao seu país de origem. 
     Seu filho já está adulto, enquanto o encantamento que reinava em seu casamento foi se desfazendo; a guerra arruinara tudo. O fantoche que sempre estivera em sua companhia sobrevivera a tudo, assim como ele. Agora restava encontrar seu verdadeiro dono, ou Mika estava morto?

     O Menino dos Fantoches de Varsóvia foi escrito pela autora Eva Weaver, uma alemã que se sensibilizou com Holocausto e resolveu escrever sobre ele. A obra foi publicada no Brasil no primeiro semestre de 2014 pela Editora Novo Conceito

     O Menino dos Fantoches de Varsóvia é, de longe, um dos meus livros favoritos. Primeiro, pela narração perfeita que Eva Weaver criou; algo hipnotizante e conquistador, e, depois, pelos sentimentos apresentados. Todas as frases desse livro foram impactantes e de emocionar.
     A obra foi dividida em três partes, sendo a primeira A História de Mika, a segunda A Jornada do Príncipe e a terceira Voltando para Casa. A primeira parte explica com exatidão sobre o gueto de Varsóvia e toda a dor de um judeu no Holocausto.
     É uma história concreta, verdadeira de seu início até seu fim. Achei sua introdução interessante, porém, monótona demais para me conquistar. Mas a história, abruptamente, se tornou inteiramente aventureira. Tudo podia mudar de uma página para a outra e tudo que você lia, ficava em sua mente por muito tempo.


     Mika foi um personagem muito importante, assim como Ellie. Torci pelos dois e sofri por ambos. É uma obra difícil de se ler, principalmente por trazer uma história real com personagens fictícios. 
     Nessa primeira parte, você odeia os nazistas por enxergar toda a realidade pela visão dos judeus — mas, quando embarcamos na segunda parte – A Jornada do Príncipe –, que se prende à visão do soldado Max, vemos o outro lado da história, algo realmente inovador.
     Percebemos que muitos soldados eram pessoas simples que sofreram uma lavagem cerebral e foram obrigados a participarem da guerra. Nós, ocidentais, ligados aos Aliados – vencedores da guerra – simplesmente esquecemos que depois do término da guerra, ainda houve muito sofrimento, principalmente por parte dos soldados alemães que se tornaram prisioneiros de guerra.
     Max passa por momentos realmente difíceis na Sibéria e faz o leitor compreender seu lado da história, sua culpa e a verdade. Parece até mesmo outro livro, com um personagem diferente em um cenário distinto do anterior.
     O livro também apresenta a visão de que os alemães não sabiam o que se passava nas prisões, de que o que era mostrado a eles era uma farsa. Simplesmente mentiram para eles, e, portanto, os alemães deixaram que aquela tragédia acontecessem embaixo de seus narizes. 
     O que mais admirei foi esses dois lados da história, não apresentado em nenhum outro livro conhecido por mim. E, é na terceira parte – Voltando para Casa – que enfim, a paz vem. Essa última parte conta o que aconteceu anos depois da guerra, e concentra-se nos netos de Mika e do Soldado Max.
     A narração é em terceira pessoa e conta com um vocabulário rico. Trata-se de uma narração quase poética, que toca o leitor. Há muitos detalhes, mas não há exagero deles quando desnecessários. 
     Lidamos com vários cenários reais. Primeiramente com o gueto horrível e miserável, depois, com a prisão na Sibéria, e enfim, com Nova York.

"Aqui existia um mundo diferente, um mundo do qual eu me esquecera e que se esquecera de nós."

     É um livro que tem uma diagramação magnifica, começando pela sua capa. Apaixonei-me por ele devido ao seu nome e sua ilustração. Mas é possível ver a incorporação do cenário no interior do livro, bem decorado. Não achei erro ortográfico algum até seu fim.
     Acima de tudo, O Menino dos Fantoches de Varsóvia tem uma moral incrível. Fala muito sobre amizade, amor, honra, coragem, culpa, perdão e paz. Mostra que poucos realmente tiveram culpa pelo o que aconteceu. São poucos que decidem, e muitos que sofrem por essa decisão. 
     O final dessa obra é gratificante. Foi uma das melhores leituras que já tive, apesar de eu ter a ciência de que o livro poderia ter tido mais ênfase no amor de Ellie e Mika. Fora isso, tudo foi desenvolvido com perfeição. A autora está de parabéns por trazer à tona uma visão inesperada dessa guerra interligada à arte - que salvou nossos personagens.
     Indico a leitura a todos, independentemente se este livro sai do seu gênero preferido. É totalmente importante que encontremos lições dentro de livro ligados à realidade do que outros, completamente fictícios e sem importância histórica. Conheça primeiro a história do seu mundo, para depois conhecer a de outro - fica a dica.
Primeiro Parágrafo:
" Sem o casaco, nada teria ocorrido como ocorreu"
Melhor Quote:
I. "Nunca disparavam apenas um tiro; queriam ter a certeza de que quem caíssem nunca mais voltaria a se levantar."
II. "Quanto a mim, não tinha nada para mostrar. Meus ferimentos foram entalhados diretamente no coração"
 

 


20 Comentários

  1. Oi flor, não li a resenha em detalhes pois comecei a ler o livro agora e não queria nada na mente que me desviasse da leitura.
    Bjs, Rose.

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  2. Oi Gabi,
    tudo bem?
    A história me lembrou um pouco a do livro O menino do pijama listrado e é inevitável, pois ambos falam sobre o Holocausto. Eu gostei muito da saída que o Mika encontrou, o que me conforta é saber que e a história teve vários heróis como ele, que salvaram a vida de vários judeus. Acho muito importante a vida dessas pessoas não serem esquecidas, mais livros deveriam ser escritos e filmes deveriam ser feitos para que a Humanidade não repita seus erros.
    beijinhos.
    cila-leitora voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  3. Assim que eu vi esse livro me lembrei logo de O garoto do pijama listrado.
    Primeiro pelo título, segundo pela sinopse e terceiro pela capa, que é quase uma cópia.
    Não gosto de livros assim, fica parecendo que quer embarcar na fama de um outro, por mais interessante que seja.

    memorias-de-leitura.blogspot.com

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    1. Olá, Inês! Obrigada pelo comentário!
      Talvez eu tenha passado a impressão errada em minha resenha, então rsrs pois O Menino dos Fantoches de Varsóvia é simplesmente muuuuuuito diferente de O Menino do Pijama Listrado, que tem uma visão mais infantil do que acontece. Mika, o protagonista, é muito maduro e não só é um judeu como também um rebelde.
      É uma visão oposta apresentada pelo O Menino do Pijama Listrado!

      Beijos,
      Equipe Palácio de Livros

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  4. Achei simplesmente perfeito! A capa é linda e a história instigante. Mas eu não consigo pensar nele sempre de A Menina que Roubava Livros.. Enfim, estou muito ansiosa pra ler.
    Adorei sua resenha, parabéns!
    Beijos

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  5. Oiee!
    Estou com esse livro na fila de leitura, por isso pulei logo para as considerações finais asuhasuahs, fiquei receosa de mais em ler, pois não estou em um momento de leituras tristes, mas sua resenha me deixou beeeem curiosa. Já que um dos meus livros favoritos é 'A Menina Que Roubava Livros' tenho certeza de que vou gostar. Uma das próximas leituras, com certeza! Você se expressa muito bem!

    Beijoo,
    Becca
    www,maispradizer.com

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  6. Também me apaixonei por esse livro assim que vi o título e a capa! Ainda não consegui ler, mas com certeza será uma de minhas próximas leituras! Adoro livros que fazem a gente refletir, e acho que por esse abordar a questão da moral não tem como a gente não parar para pensar sobre isso.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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  7. Oiee, eu não tinha me interessando muito neste livro pois não tinha gostado do estilo da capa, porém ao ler a sinopse achei o livro interessante e tirei a conclusão que este livro com certeza deve ser emocionante com uma leitura muito interessante, gostei da dica, não sei se leria por agora, mas com certeza algum dia lerei rsrs, Abraçços

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  8. Olá como vai ? Esse livro me parece ter uma história muito bonita, achei bem interessante e não pude deixar de lembra do livro O Menino do Pijama Listrado e que capa bonita hein, a Novo Conceito fazendo um trabalho muito muito bom novamente.
    Beijos, Carlos.

    http://blogchuvadeletras.blogspot.com.br/

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  9. Oiiiiiiiii
    Gostei muito da sua resenha.
    Eu sou historiadora, especialista em segunda guerra mundial e me interessou muito esse livro.
    Eu acredito na "inocência" de alguns alemães que não sabiam que estava acontecendo, muitos foram manipulados, é fácil entender como pessoas são manipuladas facilmente com o filme A onda, eu convido você a ver esse filme, procura no youtube ou no netflix.

    Bjos

    Dani

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    1. Oi, Dani!
      Que bom que gostou :D
      Eu já assisti sim o filme A Onda e gostei muito! Através dele dá para ver claramente como uma ideologia influencia facilmente as pessoas.

      Obrigada pela visitinha!

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  10. Nossa, essa resenha não poderia ter vindo em hora melhor.
    Esse é o lançamento do mês da NC que mais me interessou.
    E lendo sua resenha acabo de confirmar minha imensa necessidade de conhecer essa história.
    Gosto de narrativas emocionantes, e principalmente o que mais chamou minha foi saber que esse livro traz os dois lados da história.

    Beijos.
    Leituras da

    Paty

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  11. Olá! Estou estonteado com a lindeza do seu blog!!! Parabéns!

    Bem, já li uma outra resenha deste livro, e como eu disse, me interessou muito. Parece ser como O menino de pijama listrado, tudo ser narrado por uma criança deixa o livro mais puro. Eu lerei sem dúvidas, já até coloquei no meu skoob pra ficar bem reservadinho lá... :D Você ter favoritado o livro me deixou ainda mais com vontade!

    Jonathan Freitas - http://momentoliterario1.blogspot.com.br/

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  12. Oie moça ;)
    A princípio achei que se tratava do livro " o menino de pijama listrado" mas logo percebi que não.
    Com certeza quero esse livro, gosto de livros que se passem na segunda guerra mundial, ainda mais com um belo enredo e emocionantemente lindo como esse segundo tua resenha.

    Beliscões da Máh♥
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  13. Acho que uma das primeiras coisas que me fez ficar atraída por O Menino dos Fantoches foi exatamente a capa.
    Depois de ler A menina que roubava livros e A vida em tons de cinza, ambos retratando a vida na época de Hitler, me senti fascinada por livros que abordem o mesmo tema. Estou louca por ele e espero lê-lo em breve!

    Beijo

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  14. Oi Gabi!
    Sua resenha foi incrível e eu pode sentir o quanto essa obra foi marcante para vc! Eu adoro livros que tem como pano de fundo o nazismo, Judeus, segunda guerra mundial! Um dos meus livros favoritos é a Menina que roubava livros, quero ler O menino do pijama listrado e não consegui terminar o caçador de pipas de tanto que foi forte!
    Parabéns pela resenha! Mais um para minha lista!
    Beijos

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  15. Oi Lê e Gabi
    Eu adoro livros que mostram esse universo, porque é foi um episódio triste que marcou muito a humanidade, e sou das pessoas que acreditam que é muito bom aprender pelos erros, pelo passado, pela história. Também é um tema que me emociona muito, me toca muito. Quantas vidas foram perdidas, quantas almas foram dilaceradas na Segunda Guerra! Já está na minha wishlist!
    Beijos e boas leituras!

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  16. eu gostaria de saber se foi realmente uma historia real.

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  17. Uma prima minha me recomendou este livro, e estou muito ancioso pra lê-lo. Lembrou-me uma estória no mesmo context histórico de um judeu gay que teve um relacionamento com um soldado alemão, e foi salvo por ele da incineração durante vários anos, até que enfim o soldado é transferido e o judeu é morto. Já faz quase 20 anos que o li então não me lembro do título, parece que era "Atrocidade." Alguém porventura já ouvir falar deste livro?

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