{Resenha} O Príncipe de Westeros e Outras Histórias — Vários Autores

      Organizada por George R. R. Martin, a antologia "O Príncipe de Westeros e Outras Histórias" foi muito bem elaborada e pensada. O prólogo coube ao próprio Martin, que definiu o livro da seguinte maneira:

"Convidamos autores bem conhecidos dos mundos da fantasia épica, de espada e magia, fantasia urbana, ficção científica, românticos, mainstream, do mistério (leve ou hard boiled), thrillers, históricos, faroeste, noir, horror... opções à vontade. Nem todos aceitaram, mas muitos toparam, e o resultado está aí, nas próximas páginas. Nossos colaboradores formam uma equipe de elite com autores premiados e best-sellers, representando uma dúzia de editoras e gêneros diferentes. Pedimos a cada um deles a mesma coisa — uma história sobre canalhas, cheia de boas reviravoltas, planos ousados e reveses. Não impusemos nenhum limite de gênero aos nossos escritores. Alguns deles escolheram escrever no gênero que conheciam melhor. Outros tentaram algo diferente"

    Apesar de não ser o estilo de leitura mais frequente de minha lista, sempre fui uma grande fã de livros de contos. As histórias mais curtas — especialmente aquelas com plots inteligentes e rápidos — sempre me agradaram, e acredito que, muitas vezes, essa variedade de histórias e pode ser refrescante ao leitor. 

   O livro possui em torno de dez contos, cada um seguindo um estilo diferente, já que as narrações e pontos de vistas da descrição, assim como a linguagem utilizada em cada, são extremamente variadas. Isso, sob minha perspectiva, é ótimo, pois, além de de trazer a tona a possibilidade de agradar a todos os tipos de públicos, nunca deixa o leitor cansado. Além disso, os contos são de um tamanho médio, com cerca de quarenta páginas cada, o que cria tempo mais do que suficiente para um bom desenvolvimento de cada parte da história. 

   O que acontece aqui é que todos os autores — exatamente por já serem ótimos, com seus talentos reconhecidos — conseguem fazer um trabalho espetacular. Li o livro rapidamente, e fiquei encantada e completamente envolvida a cada final e início de história, mesmo quando encontrava aquelas que não eram muito "o meu estilo". E, várias e várias vezes, pensei que leria "apenas mais um conto", e acabei ultrapassando as páginas planejadas.

   A proposta de O Príncipe de Westeros e Outras Histórias foi, inicialmente, o que mais me atraiu à leitura: a jogada inteligente, e isso já ser exposto antes de lermos as histórias, deixa o leitor atento desde o começo. E, ainda sim — mesmo que algumas vezes eu tenha acertado —, na maioria delas fui enganada e não vi o desfecho chegando. Além disso, creio poder falar por todos quando digo que uma história que você sabe que irá te fazer pensar, refletir (e que provavelmente vai te enganar!) é ainda melhor; e esse, para mim, foi o principal encanto da obra.

   Conheci, aqui, autores que nunca havia ouvido falar, me familiarizei com um enredo de autores que nunca havia lido as obras, mas já tinha escutado a incrível reputação, e, é claro, apenas me admirei mais e mais com o trabalho de autores que eu já conhecia, e passei a amar ainda mais. Gillian Flynn e George Martin, em especial — já que seus livros estão entre os melhores que já li na vida! — me amarraram e deslumbraram, como já era esperado, e acredito que os dois merecem destaque no livro pela inteligência presente. 

   Os personagens seguem o padrão já citado do vilão esperto, mas que você nunca sabe, até o final — e, em um caso específico que me deixou de boca aberta, nem mesmo no fim! — quem é quem exatamente. É uma construção diversa e ampla, com muitos personagens, devido à variedade de contos, mas posso afirmar com certeza que a personalidade deles é incrivelmente crível.

Primeiro parágrafo do livro:
"TODO MUNDO AMA UM CANALHA
... embora, às vezes, a gente sobreviva para se arrepender."
Melhor quote:
"Os livros deveriam ampliar nossa visão, nos levar a lugares onde nunca estivemos e mostrar coisas que nunca vimos, expandir nossos horizontes e nossa maneira de olhar o mundo. Limitar a leitura a um único gênero acaba com essa missão. Também nos limita, nos torna menores. Para mim, tanto no passado como agora, parece haver boas e más histórias, e essa era e ainda é a única distinção que realmente importa."