Livro: Acesso Aos Bastidores
Título original: Backstage Pass
Autor (a): Olivia Cunning
Páginas: 328
ISBN: 9788565530651
Sinopse: "Myrna é professora de psicologia e fanática pela banda Sinners. Especialmente por Brian Sinclair, o guitarrista e compositor que, além de talentoso, é deliciosamente lindo. Ela se surpreende ao encontrar a banda no mesmo hotel em que está hospedada para participar de uma conferência. Mais surpreendente ainda é, após alguns drinques juntos, despertar o desejo de Brian. Ela sabe que a vida de astro de rock tem um preço e estaria feliz deixando essa paixão para trás. Mas será que Brian e Myrna conseguirão ficar separados? Quando o passado de Myrna ameaça sua vida, Brian precisa decidir se aquilo que tiveram juntos não é a resposta que ele buscava há tanto tempo."
O livro Acesso Aos Bastidores narra a história do relacionamento amoroso de Myrna, uma prestigiada terapeuta sexual e professora palestrante sobre o assunto, e de Bryan "Mestre" Sinclair, o famosa guitarrista da banda do momento, os Sinners (em português, pecadores). Durante uma conferência, Myrna acaba encontrando a banda, que é uma de suas favoritas, no bar do hotel; ela mal pode conter a empolgação e não resiste a ir falar com eles, para, ao menos, conhecer o tão famoso grupo. A mulher, que já sentia atração por Bryan antes mesmo de conhecê-lo, não resiste ao charme do moço, que parece ainda maior quando eles conversam.
Os dois acabam se envolvendo intensamente, e Bryan — que se revela um romântico incurável — afirma ter certeza de que está apaixonado por Myrna desde seus primeiros encontros. Mas Myrna já teve um relacionamento turbulento demais no passado, e desde então se fechou a qualquer possibilidade de entregar o seu coração a outra pessoa. Quando o tempo dos dois está próximo de acabar, por Bryan precisar seguir com a banda a turnê, Myrna junta-se a eles para realizar uma pesquisa envolvendo sua área, sobre como é a vida da banda e o comportamento das groupies, os fãs que os seguem. Apesar da terapeuta saber com quem está a lidar e suas próprias limitações, ela se vê cada vez mais enrolada na teia de Bryan — até onde ela consegue ir considerando o seu passado, e será ela forte o suficiente para reconhecer o que está diante de seus olhos?
Não tinha grandes expectativas quando me deparei com Acesso Aos Bastidores no catálogo da Paralela, mas me pareceu um livro bom para uma leitura rápida e agradável, que era justamente o que eu procurava. Assim, solicitei ele a editora, e, apesar de alguns pontos mais críticos que serão abordados no decorrer da resenha, não posso dizer que me arrependi: é um livro envolvente, de fácil leitura, intenso e com uma história simples, que pode até cair no grande pecado dos clichês, mas que consegue suprir as expectativas do leitor perfeitamente.
Tudo bem, a história não parece lá grandes coisas. E, dependendo do ponto de vista que for adotado pelo leitor, realmente não é: o rockstar que possui tudo, mas não tem nada e a mulher, super decidida e confiante, que não procura o amor já virou um clichê há mais tempo do que podemos contar. Isso é verdade. Mas, ainda sim, existe algo a mais sobre esse livro, algo que deixa o leitor preso desde o início até o final das páginas que o compõem. Acredito eu que não se trata do que, exatamente, Cunning escreve, mas sim da maneira que ela resolve fazer isso.
A linguagem é simples, assim como os períodos usados pela autora, mas isso é uma das coisas que menos são percebidas durante a leitura (pelo menos, para mim, foi assim!). Narrado em terceira pessoa, há o espaço aberto para a exploração de todos os personagens, assim como seus pontos de vistas sobre as situações existentes, e até mesmo um pouco sobre seus passados, focando mais, é claro, em Myrna. Gosto bastante desse tipo de narração em terceira pessoa justamente pelo fato de ela abrir uma gama de possibilidades de caminhos a serem seguidos, e a autora sobre aproveitar muito bem essas perspectivas.
Confesso que a trama, em si, é bem "fraca", mas é claro, só posso afirmar isso relativamente. No sentido de haver algum grande drama, mistério ou um ápice da trama dois dois, bem como o romance, a autora peca, já que sabemos desde o começo como a história vai terminar, assim como, quando alguns pequenos problemas surgem, como eles se resolverão. Mas, ao mesmo tempo, Cunning soube magistralmente manter minha atenção na história durante todas as mais de trezentas páginas, ainda que não inovasse no enredo, o que demonstra uma habilidade que merece ser, ao menos, reconhecida.
É claro, não posso deixar de falar, igualmente, dos defeitos que encontrei na obra. A primeira crítica é mais pessoal do que tudo, ainda quem sob minha visão de crítica literária, ainda creio ser válida: a quantidade de cenas de sexo presentes do livro. Sim, é um livro hot. Sim, elas são bem escritas e até muito bem estruturadas e detalhadas (para quem acha que as cenas de Cinquenta Tons de Cinza são explícitas, leia esse livro e pense novamente!). Mas fiquei frustrada com, ao achar que a história do casal — que, exatamente por aparecer pouco, nem sei se posso afirmar que essa era a "trama principal" — ia para frente, eles acabavam na cama, e o enredo na mesma. E isso não aconteceu nem uma, nem duas vezes...
Em relação aos personagens, também preciso confessar que sofri com sentimentos de amor e ódio para com eles. Começando por Myrna: devo dizer que ela é uma mulher independente, confiante e com experiência de vida durante boas partes do livro — e, justamente por isso, era ainda mais difícil aceitar quando ela simplesmente resolvia agir de uma maneira ridícula e imatura. O modo como ela se portou diversas vezes, tanto em relação a seu romance com Brian, quanto acerca de suas inseguranças, eram deveras irritantes, e não havia como não pensar qual era o problema! dela.
Brian, por sua, foi um personagem que me conquistou pela descrição de beleza e a atenção que ele dedicava a Myrna, ainda que ela não correspondesse cem por cento do tempo. Mas, também, simultaneamente, não pude ignorar algumas atitudes infantis e bem mal justificadas do personagem, em adição a algumas com certo contexto machista e autoritário para com a mulher que ele dizia amar. De qualquer jeito, como eu já disse, gostei de ambos os personagens na maioria do tempo; também devo fazer uma menção honrosa aos demais membros da banda, que estavam lá sempre e eram incríveis!
Certamente, vou ser sincera e dizer de uma vez: não é um livro genial. Ele não vai lhe fazer refletir sobre a vida, lhe passar uma grande lição moral ou fazer você quebrar a cabeça pensando no porquê de certas coisas estarem acontecendo. Mas é um livro que, pelo menos um pouco, vai lhe tirar da monotonia e lhe dar uma animada, com as cenas mais engraçadas, mais leves, e até mesmo as cenas (muito!) hots.
O design por conta de Editora Paralela é bonito, com uma diagramação limpa e bela. A capa é legal para o livro e visualmente bonita, mas acredito que poderia ter sido melhor trabalhada do que foi, ainda que eu tenha gostado dela. Não encontrei, durante a leitura, nenhum erro de revisão ou ortografia, e a tradução foi incrivelmente cuidadosa e bem feita.
Trata-se, for fim, de um livro voltado a um público muito específico, e que, por isso, pode não agradar a todos, se a proposta da obra não for por eles conhecida. Gostei da história sim, ainda que não soubesse exatamente que encontraria o que encontrei, e apesar dos defeitos, é uma história gostosa, divertida e que serve como uma excelente distração para quando precisada.
Primeiro parágrafo do livro:
"Uma pilha de panfletos da pasta de Myrna caiu no carpete florido.
Logo agora! Na pressa de sair da sala de aula, tinha se esquecido de fechar o zíper. Com um suspiro exasperado, ela se abaixou para catar os
papéis. Será que o dia poderia ficar ainda pior?"
Melhor quote:
“Ele faz você dizer coisas que me fazem rir e pensar. E lhe dá esse temperamento gentil e romântico ao qual fico tentando resistir. Sua personalidade, seu talento, sua alma. É ele que faz de você o que você é. Está tudo nessa sua cabeça maravilhosa. Mas não me entenda mal. O corpo que acompanha é maravilhoso também”.