Sinopse: Amani Al'Hiza mal acreditou quando finalmente conseguiu fugir de sua cidade natal nos confins do deserto, montada num cavalo de areia com Jin, um forasteiro misterioso. Em pouco tempo, porém, sua maior preocupação deixou de ser sua própria liberdade: a garota descobriu ter muito mais poder do que imaginava e acabou se juntando à rebelião, que luta para livrar o país inteiro do domínio de um sultão sanguinário.Em meio às perigosas batalhas, Amani é traída quando menos espera e acaba se tornando prisioneira no palácio. Enquanto pensa em um jeito de escapar, ela tenta se aproximar do sultão para descobrir informações úteis para a causa rebelde. Contudo, quanto mais tempo passa ali, mais ela questiona se o governante é de fato o vilão que todos acreditam, e quem são os verdadeiros traidores do país.
TRILOGIA “A REBELDE DO DESERTO”.
2. A Traidora do Trono
3. (Sem título)
Alwyn Hamilton nasceu em Toronto, no Canadá, e já morou na França e na Itália. Estudou história da arte no King’s College, em Cambridge, e atualmente vive em Londres, onde trabalha numa casa de leilão.
Quase um ano se passou desde que Amani e seus companheiros rebeldes venceram a épica batalha de Fahali. Ahmed, o príncipe rebelde, agora controla parte de Miraji, e sua mensagem se espalha pelo deserto como um rastilho de pólvora. Ele quer libertar seu povo da dominação estrangeira e do governo injusto e violento de seu pai, e para isso reúne cada vez mais seguidores num acampamento secreto no vale de Dev — sejam eles humanos ou demdjis, mestiços que herdaram poderes especiais de seus pais djinnis.
A fama de Amani como a Bandida dos Olhos Azuis também se propagou, virando quase uma lenda — ainda que alguns boatos não fossem muito fiéis à realidade. Ao mesmo tempo, a garota aprendeu a lidar melhor com o poder que descobriu ter, tornando-se uma guerreira versátil e imprescindível nas batalhas contra o Exército do sultão.
Até que uma traição imprevisível torna Amani prisioneira do inimigo: ela é sequestrada e vai parar no palácio de Izman, capital de Miraji. Ali, a garota fica restrita ao harém, onde vivem as esposas e filhas do sultão — um verdadeiro ninho de desconfiança, medo e intriga. Totalmente impotente, ela precisa recorrer aos seus instintos para sobreviver às armadilhas criadas pelas mulheres do sultim, o príncipe herdeiro. Enquanto procura um jeito de se comunicar com seus amigos da rebelião e planejar sua fuga, ela tenta não pensar em Jin, o jovem por quem está apaixonada, que se afastou bem quando eles estavam se tornando mais próximos.
Para piorar, conforme explora os cantos ocultos do palácio, Amani acaba cruzando com vários fantasmas de seu passado. Agora ela será obrigada a lidar com as pessoas que deixou para trás quando era apenas uma garota pobre da Vila da Poeira, e com alguém que jamais imaginaria encontrar. Esqueça tudo o que você sabe sobre Miraji: neste universo em que os traidores podem estar em qualquer lugar, tudo é tão instável quanto as dunas do deserto.
"— Sabe, de onde eu venho, exite um ditado muito antigo, passado de geração em geração. — Sam abriu os braços como se visse a frase seguinte escrita em grandes letras flutuantes à sua frente. — Não faça alianças com pessoas que tentaram te matar".
Quando achei que já tinha visto de tudo e encontrar distopias inovadoras e viciantes seria difícil, apareceu Alwyn Hamilton com uma trama inteiramente genial e bem construída. Conheci a série quando a
Seguinte lançou o primeiro livro,
A Rebelde do Deserto, e, por abordar temas como
mitologia, distopia e fantasia, criei grandes expectativas para os próximos livros. Novidades à parte, posso afirmar que
as expectativas não só se mantiveram satisfatórias, como se superaram.
Não consigo nem explicar a emoção que senti em ler esse livro. Quem acompanhou a resenha que fiz do primeiro livro (
leia aqui) sabe que eu simplesmente adorei a história, a trama, os personagens... tudo. Por isso, eu estava muito ansioso para ler
A Traidora do Trono e matar a saudade de Amani e suas aventuras. Novamente, me senti feliz por encontrar algo novo e
uma escrita diferente, regada com uma trama original e feita com extrema maestria.
Se você, como eu, sente falta de boas distopias, daquelas que, como Divergente ou Jogos Vorazes, nos fazem vibrar, gritar “viva a revolução” e querer pegar uma pistola e embarcar com a protagonista, A Rebelde do Deserto e A Traidora do Trono estão aí para isso — sem dúvidas, é uma grande aposta para os fãs do gênero.
A
narração, aliada ao enredo que traz Amani prisioneira do sultão sanguinário, depois de uma traição imprevisível, é o ponto mais forte do livro, que é infinitamente melhor que o primeiro.
Sabemos que é comum o autor se perder na hora de transitar de um livro à sua continuação, mas, inacreditavelmente, aconteceu o contrário com Hamilton. Ela se superou e surpreendeu a todos nós. Percebemos uma evolução gritante no estilo narrativo da autora, como se finalmente ela tivesse encontrado seu vento norte.
"Egoísmos era o que o deserto mais produzia. Eu sabia disso melhor do que ninguém.
— O amor torna as pessoas egoístas — disse Jin [...]".
Enquanto o primeiro é uma "quase distopia", A Traidora do Trono resolveu se pronunciar sobre o sub-gênero. O livro saiu ao sol, com aquele sangue fervendo de emoção, com as palavras na ponta da língua e gritou: "Eu sou uma distopia!". Eu, como bom entendedor de distopias (já li dezenas), só posso afirmar que o livro, em sua atitude gritante, não mentiu. A Traidora de Trono traz tudo o que um boa distopia deve conter, e, apesar de ter o dobro de páginas do primeiro, nada é enrolado, excessivamente descrito ou cansativo — pelo contrário, tudo é fluido e intrigante, quase tornando literal a frase "eu não li, eu devorei!".
Vale ressaltar que nem todo o livro é narrado em primeira pessoa. Espiem só a novidade: A Traidora do Trono acompanha uma lista de personagens — o que é perfeito para aqueles leitores que, assim como eu, têm um leve Alzheimer —, mas não termina por aí, além disso, o livro intercala a narração em primeira pessoa de Amani com alguns mitos e lendas em terceira pessoa, como O Príncipe Estrangeiro e O Garoto Sem Nome. Isso tudo é genial, principalmente porque aproxima ainda mais o leitor da realidade em que vive a protagonista e o leva também a compreender melhor as nuances da obra.
Apesar de possuir uma construção simples, o livro têm personagens muito bem construídos e situados na narrativa. Amani, a Bandida dos Olhos Azuis, é uma das melhores heroínas distópicas que eu já tive o prazer de conhecer. Com a mão sempre no gatilho, ela é determinada, cheia de atitude, sarcástica, original e veio para mostrar o que realmente é girl power. Jin, o forasteiro (que descobrimos não se tratar apenas de um simples forasteiro) divertido, inteligente e extremamente misterioso, também está presente neste livro, ainda que os lugares ao sol sejam dados mais aos personagens que moram no palácio de Izman, como o Sultão Oman, o príncipe Kadir e outros que eu não posso citar o nome, mas posso garantir que vão deixar qualquer um de queixo caído.
A bem da verdade, todos os personagens que aparecem, até mesmo os secundários, são de alguma forma interessantes e importantes para o desenrolar da história, e como estamos lidando com governantes, rebeldes e seres mágicos, encontramos em meio a isso personalidades fortes, vibrantes, inexoráveis, revolucionárias e, em muitos casos, impiedosas.
"Sabe o que dizem por aí: se você aponta o dedo para os outros, acaba com eles tão quebrados que apontam de volta pra você".
Na resenha de A Rebelde do Deserto eu deixei claro que, apesar de ter gostado da leitura, não tinha dito que o livro era maravilhoso; entretanto, o mesmo não se aplica a A Traidora do Trono, que foi muito mais do que maravilhoso. A autora não foi tendenciosa e trouxe uma visão que quase ninguém aborda em ficções distópicas: a visão do "governante opressor". Eu sempre sonhei em ver mais do que apenas o lado dos rebeldes revolucionários — afinal, os governantes opressores cometem erros, mas não é como se a frase "os fins justificam os meios" fosse mentira, certo? O que eu aprendi com o sultão Oman é que, na verdade, ele não é exatamente o "cara mal", "opressor" e "sanguinário". Isso tudo são "ossos do ofício" e ele não pode fugir disso. Não totalmente.
A edição da Editora Seguinte, como já era de se esperar, está fantástica — pra combinar com a história, suponho! A capa foi mantida a original lançada lá em Londres, que para mim é a mais bonita dentre as diversas feitas para o livro, principalmente por enaltecer o gênero e ser coerente com a história. Sem contar que a capa é toda trabalhada em um laminado dourado (que caiu super bem) e acompanha um marcador na orelha da contracapa. A diagramação e o design interior também não ficam para trás, sendo ambos muito bem feitos — principalmente o design interior chamativo em todo início de capítulo. Sem dúvidas, é um dos melhores trabalhos da editora!
Para ser sincero, há muito tempo eu não lia uma distopia com pegada young-adult tão boa! A Traidora do Trono inova de uma forma única e agrada principalmente por trazer os dois lados da moeda: o dos rebeldes e o do sultão opressor, nos questionando sobre os verdadeiros traidores da história. Quanto as reviravoltas, bem, Alwyn Hamilton deixou muitos veteranos no chinelo. Foram reviravoltas épicas, de me fazer saltar da cama e gritar "Senhor!". Junte um pedaço de faroeste com outro de As Mil e Uma Noite, coloque na batedeira e adicione muita aventura distópica e está pronto A Traidora do Trono. Sirva-se a vontade! Não lamber os beiços e querer mais vai ser impossível, garanto!
Primeiro Parágrafo: "Tempos atrás, no reino desértico de Miraji, havia um príncipe que desejava assumir o trono do pai. O jovem era movido pela crença de que o pai era um governante fraco e de que ele mesmo desempenharia melhor o papel de sultão".
Melhores Quotes: "Inteligência e sabedoria não são as mesmas coisas. Tampouco habilidade e conhecimento".
"— Meu filho é um idealista. Eles são ótimos lideres, mas nunca se saem bem como governantes.".
"Lendas nunca são o que se espera delas, e eu não era exceção.".