Livro: A Prisão do Rei
Título original: King's Cage
Autor (a): Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Páginas: 544
ISBN: 9788555340277
Sinopse: Mare Barrow foi capturada e passa os dias presa no palácio, impotente sem seu poder, atormentada por seus erros. Ela está à mercê do garoto por quem um dia se apaixonou, um jovem dissimulado que a enganou e traiu. Agora rei, Maven continua com os planos de sua mãe, fazendo de tudo para manter o controle de Norta - e de sua prisioneira. Enquanto Mare tenta aguentar o peso sufocante das Pedras Silenciosas, o resto da Guarda Escarlate se organiza, treinando e expandindo. Com a rebelião cada vez mais forte, eles param de agir sob as sombras e se preparam para a guerra. Entre eles está Cal, um prateado em meio aos vermelhos. Incapaz de decidir a que lado dedicar sua lealdade, o príncipe exilado só tem uma certeza: ele não vai descansar enquanto não trouxer Mare de volta.


SÉRIE "A RAINHA VERMELHA"
  1.5  Coroa Cruel
    2.  Espada de Vidro
    3.  A Prisão do Rei
    4.  (nome não divulgado)

Victoria Aveyard cresceu numa cidadezinha em Massachusetts e frequentou a Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles. Ela se formou como roteirista e tenta combinar na sua escrita seu amor por histórias, explosões e heroínas fortes. Seus hobbies incluem a tarefa impossível de prever o que vai acontecer em As Crônicas de Gelo e Fogo, viajar e assistir NetflixA Rainha Vermelha, primeiro livro da série Red Queen, já vendeu milhares de exemplares no mundo e venceu prêmios como o GoodReads, que premiou os melhores livros de 2015


   Depois de passar uma temporada no palácio, fingindo ser uma nobre prateada para esconder seu poder elétrico da população, Mare Barrow conseguiu escapar e se juntou à Guarda Escarlate, um grupo rebelde que quer acabar com a desigualdade entre prateados e vermelhos. Para ajudar nessa luta, Mare começou a reunir um exército de sanguenovos, vermelhos que, como ela, possuíam poderes inéditos, como mudar a aparência, voar, criar ilusões ou prever o futuro. Entretanto, essa missão foi interrompida quando seu grupo caiu numa armadilha do rei Maven. Em troca da liberdade de seus amigos, ela não viu outra saída além de se oferecer como prisioneira. 
   Agora, no palácio, apesar de usufruir de certo conforto, Mare é destituída de sua eletricidade: ela vive cercada de Pedras Silenciosas que anulam seu poder, e os guardas que a acompanham vinte e quatro horas por dia são capazes de extinguir qualquer faísca da garota elétrica. Ela começa a definhar e fica cada vez mais fraca sem seus raios, e para piorar ainda é obrigada a encontrar Maven constantemente. 
   Enquanto isso, os rebeldes continuam se mobilizando e organizam ataques cada vez mais rápidos, ainda que nem todos estejam tão engajados na causa. Caso de Cameron Cole, uma sanguenova recrutada à força por Mare, que está mais preocupada em salvar seu irmão, levado ainda jovem para a linha de frente das trincheiras do Gargalo, área em disputa entre os Exércitos de Norta e Lakeland. A garota é uma arma importante para a rebelião, já que é capaz de matar com um único olhar, mas evita ao máximo usar esse poder letal, com medo do que pode se tornar. 
   E não é só a Guarda que está insatisfeita com o governo de Maven. A noiva do rei, Evangeline Samos, e toda a sua família acreditam que não estão recebendo a devida atenção e o destaque que mereciam. Outras Grandes Casas da nobreza prateada, por sua vez, não acham que Maven seja o herdeiro por direito, ameaçando criar uma crise de sucessão. Vulnerável em diversas frentes, Maven se agarra ao poder a todo custo, buscando novas estratégias e alianças inusitadas para garantir a continuidade de seu governo. Afinal, os monstros são mais perigosos quando estão assustados.

   A Rainha Vermelha é a série distópica que mais vende livros, atualmente, no Brasil e a ansiedade para o lançamento do terceiro e penúltimo livro, A Prisão do Rei, era gritante. Quando resenhei Espada de Vidro, eu sugeri apenas que lessem, porque o livro é incrível. Entretanto, acredito que todos os três livros já lançados têm um diferencial, cada um com seu esqueleto, com sua forma e apresentando os protagonistas em situações diversas que exigem atitudes também plurais da parte deles. O que eu estou querendo dizer com tudo isso é que é uma série que não mantém a mesma construção em todos os livros – e isso tanto agrada quanto desagrada.
   Enquanto A Rainha Vermelha e Espada de Vidro foram leituras que eu realmente gostei sem muitas ressalvas, as quase 600 páginas de A Prisão do Rei me levaram por um mar de amor e ódio. Continua sendo uma excelente distopia, com uma pegada fantástica, no duplo sentido, mas o começo arrastado pode deixar muitos leitores sem sentir aquele feeling inexplicável que muito sentiram ao ler os dois primeiros. Ainda que o começo do livro seja pouco frenético – afinal, Mare está presa –, a narrativa continua inteligente e apesar do número de páginas é possível realizar a leitura em pouquíssimos dias. Mesmo que eu não tenha sentido o feeling inexplicável que senti nos precedentes, posso dizer também que devorei A Prisão do Rei.
   Pra quem não sabe, Victoria é mega fã de As Crônicas de Gelo e Fogo, série de livros do George Martin, popularmente chamada apenas de Game of Thrones, e, obviamente, ela não poderia ter escolhido uma inspiração melhor. Apesar disso, os livros de Red Queen não são ambientados, em suma, como em As Crônicas de Gelo e Fogo, devido ao teor young-adult. Contudo, percebemos muitas referências, como na construção monárquica, nomes de personagens e atitudes dos mesmos. Achei hilário e costumo descrever a série como uma mistura incomum de X-Men, Game of Thrones e distopia.

"Os ignorantes são mais fáceis de controlar".

   Já li muitos livros parecidos com A Rainha Vermelha e posso afirmar que, apesar de inspirada em outros ícones literários, a série têm um estilo próprio, que vem a ser melhor salientado em A Prisão do Rei, que traz uma narrativa onde Mare é o foco central, mas que também dá espaço para Cameron – da Guarda Escarlate – e Evangeline, uma peça que se mostrará como importante no jogo criado por Aveyard.
   A construção da trama continua sendo um ponto que chama muita atenção no livro, principalmente por não ser tendenciosa. Como eu disse na resenha de Espada de Vidro, se antes Victoria havia caído na armadilha do tradicional livro jovem-adulto, agora ela encontrou uma forma de construir algo que fosse exclusivamente seu. Percebemos isso, principalmente, pela relação de Mare e Cal, que não é melosa, não atrapalha os dois e não deixa o leitor de cabelo em pé –  bem, não até o final do livro, pelo menos. No entanto, Mare e Cal, mesmo concordando que não há espaço para distrações em meio a uma guerra, não conseguem resistir ao que sentem um pelo outro e continuam extremamente "shippáveis".
   Por estar presa, vamos encontrar no livro uma Mare morna – eu diria –, que oscila o tempo todo entre (planejar) cortar a garganta do rei e buscar compreender seus sentimentos e justificar suas ações – isso foi bastante irritante, ainda que compreensível. No entanto, quem odiou Mare em Espada de Vidro – e a lista é longa – vai ganhar um pedido de desculpas com todas as letras em A Prisão do Rei. Ficar meses vendo o sol nascer quadrado faz qualquer um perceber os erros cometidos e as maneiras de corrigi-los, certo?
   Cal, o príncipe exilado, ganha pouco espaço neste terceiro livro, mas quando aparece nos faz lembrar do motivo de tanto amarmos a relação que ele tem com Mare. Cameron, uma das narradoras, tanto quanto Evangeline, aparece como uma peça fundamental na trama, por isso eu me abstenho de falar muito sobre. Quanto ao rei Maven, irmão de Cal... bem, ele é simplesmente doente e desprezível. Falto ir a óbito quando leio resenhas onde os leitores gostam dele e defendem suas atitudes. Maven é um dos piores vilões literários que eu já conheci e apesar de compreender mais o lado dele em A Prisão do Rei, ainda não estou convencido de que o que aconteceu em seu passado justifique sua maldade.

 "Mal consigo ficar quieta no banco, de tão ansiosa e nervosa. Quando fui levada, Shade tinha acabado de morrer... por minha causa. Eu não culparia ninguém, muito menos Farley, se me odiassem por isso. O tempo nem sempre cura as feridas. De vez em quando, faz com que fiquem piores".

   Apesar de ser uma leitura interessante, não posso negar que ficou parecendo que a autora quis guardar tudo para o último livro. Também não vou mentir: eu não odiei, nem achei mal feito, mas não senti o mesmo sentimento de quando li os dois primeiros. Ainda assim, se comparar com as críticas que fiz acerca de Espada de Vidro, A Prisão do Rei conta com um mapa do reino – que eu achava fundamental – e as cenas finais não são rápidas e feitas de qualquer forma. Muito pelo contrário, o desfecho da obra só nos faz desejar com mais voracidade o último livro de A Rainha Vermelha.
   A edição está linda – eu passo o dia namorando esse livro. Gente, essa capa laminada é tudo de bom, certo? Muito bonita, sem contar que ainda vem com um marcador na orelha da contracapa. O Grupo Companhia das Letras é demais! A imagem da capa, apesar de clichê (devido aos precedentes) é bem forte, e passa muito bem a ideia do livro e o caráter monárquico do mesmo. A diagramação inteira, juntamente com o design, é simples, mas de visual agradável e de fácil aceitação. Não encontrei erros de revisão.
   Por fim, sei que devem estar se perguntando: vale a pena ler A Prisão do Rei ou é uma completa decepção? Não, não é uma completa decepção. Só existem alguns poucos problemas que podem vir a incomodar os leitores – alguns, não todos. Com saltos no tempo e alguns enchimentos de linguiça, as melhores partes são as últimas, deixando uma certeza: o que A Prisão do Rei não teve de fogo, o último vai esbanjar. Tem muitas partes interessantes, a leitura flui e, no todo, é um bom livro, mas não se enganem. A Prisão do Rei parece um jogo de quebra-cabeças, onde as peças são bonitas, mas que nem sempre se encaixam. Se não criarem expectativas demais será uma leitura maravilhosa. Eu recomendo! Ah, ia esquecendo: essa série vai virar filme, pela Universal Pictures. Mais um motivo pra vocês lerem.

Primeiro Parágrafo: "Levanto quando ele permite".
Melhores Quotes: "– Nanny não foi obrigada a ir a Archeon, Cameron. Ela fez uma escolha e morreu. Às vezes é assim que funciona".
"O controle exige mais prática do que a força bruta".
"Por um segundo, isso me deixa feliz. Então me lembro: os monstros são mais perigosos quando estão assustados".
"– Quem conhece a escuridão faz qualquer coisa para permanecer na luz".
"– Uma cela é uma cela, não importa como você a decore – retruco com desprezo".
"– E uma guerra é uma guerra, Mare Barrow. Não importa quão boas sejam suas intenções".



4 Comentários

  1. Saga Maravilhosa...Louuuuca pra ver como termina isso tudo é torcendo pra q a escritora não estrague tudo no final...Tipo divergente...

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  2. Falto ir a óbito quando vejo gente falando que o Maven é mal construído ao mesmo tempo que defendem o Cal e o relacionamento dele com a Mare. Esse povo parece que só lê o livro "por cima" ao invés de se aprofundar e ver a essência de cada um dos personagens. PÉSSIMA resenha.

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