Livro: A Rebelde do Deserto
Autora: Alwyn Hamilton
Editora: Seguinte
Páginas: 288
ISBN: 9788565765992
Sinopse: O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher. Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.



Alwyn Hamilton nasceu em Toronto, no Canadá, e já morou na França e na Itália. Estudou história da arte no King’s College, em Cambridge, e atualmente vive em Londres, onde trabalha numa casa de leilão.



   A Rebelde do Deserto, romance de estreia de Alwyn Hamilton e primeiro de uma trilogia homônima, conta uma história que passa-se em Miraji, uma nação dominada pelo deserto. No Último Condado, as pessoas dependem do trabalho nas minas de ferro ou nas fábricas de armas para sobreviver. É ali que vive Amani Al'Hiza, nossa heroína, uma garota de dezesseis anos que passou grande parte da vida tentando fugir de sua realidade. Quando o pai chegava em casa bêbado e agressivo, a garota corria para o deserto e brincava de atirar em garrafas vazias — e isso acaba sendo crucial para o primeiro capítulo do livro, onde vemos Amani numa animada competição de tiros, em busca de realizar seu grande sonho: fugir para Izman, a capital de Miraji, onde ela achava que seu futuro poderia ser mais promissor. 
   Contudo, por mais que Amani fosse corajosa, independente e atirasse como se fizesse parte de seu corpo, ela não tinha dinheiro para ir embora da Vila da Poeira. Ela então decide se vestir de menino e sair de casa na calada da noite, para tentar ganhar um concurso de tiro numa cidade vizinha. Lá conhece Jin, um forasteiro que mexe com seu coração e acaba ajudando Amani a finalmente deixar seu vilarejo para trás
   O que Amani não sabia era que Jin estava sendo perseguido pelo Exército do sultão, acusado de ser um traidor — e agora ela mesma se tornou um alvo. Para chegar a Izman, a garota terá de viajar clandestinamente em trens e caravanas, evitando não só os soldados mas também os carniçais, seres mágicos que se alimentam de carne humana e se escondem sob as areias. Nessa jornada, Amani vai se deparar com um deserto muito mais complexo do que esperava. Isso porque o sultão, sedento por poder, se aliou aos gallans, um povo vizinho que usa as armas produzidas em Miraji para dominar outras nações. Enquanto isso, um de seus filhos, o príncipe rebelde, reúne seguidores para reivindicar o trono que lhe é direito. Em meio a essa ebulição política, Amani aos poucos percebe que tem potencial não só para mudar o seu destino, mas talvez todo o seu país. Não há dúvida: o deserto vai ficar pequeno para uma rebelião incansável, uma paixão avassaladora e um garota finalmente descobrindo seu poder. 

   Sim, a história tem uma boa premissa, e vai muito além disso. Conheci A Rebelde do Deserto desde que a Seguinte anunciou que lançaria o livro no Brasil e fiquei muito curioso em relação ao mesmo por dois motivos: primeiro porque parecia tratar-se de uma incomum mistura de Faroeste com Mil e Uma Noites, o que por si só já é intrigante, e, segundo, porque segundo algumas resenhas o livro apresentava características distópicas — ainda que o que eu tenha encontrado seja uma mescla de YA (young adult) com críticas e pensamentos mostrando uma realidade alternativa de convenções sociais e limites extrapolados ao máximo, sem dar a obra um caráter contraditório a utopia. 
   Não possuía grandes expectativas para com o livro — o que acabou, de certa ótica, sendo vantajoso a leitura. Contudo, o primeiro capítulo já é capaz de nos fisgar o suficiente para que esperemos sempre mais e melhor do livro, e isso é garantido, com uma preternatural riqueza de detalhes (apesar das poucas páginas), até o final do livro. Acredito que, em virtude das características do gênero, que se sobrepôs na história, seria impossível que eu não viesse a ter certa afinidade com o livro. Sem dúvidas uma grande aposta para os fãs de Fantasia que curtem uma "pegada" Jovem-Adulto. 
   A narração, tanto quanto o enredo, é o ponto forte do livro. É muito fácil visualizar o porquê disso, visto que temos aqui muita ação, aventura e, principalmente, mistérios que tornam tudo mais agradável e elétrico. Todo o livro é narrado sobre a ótica de Amani, que se tornou uma de minhas narradoras preferidas, justamente por sua construção típica do que seria um mescla de Young Adult com uma quase (quase, hein!?) distopia. Ela é determinada, cheia de atitude, sarcástica, diferente e veio realmente pra enaltecer o poder feminino, mostrando que as mulheres podem, sim, conseguir o que querem e vencer várias adversidades.
  

"Talvez eu tivesse olhos que me traíam, mas Jin com certeza tinha o tipo de sorriso capaz de converter impérios inteiros. O tipo de sorriso que me fazia sentir que o entendia direitinho, embora não soubesse nada sobre ele. O tipo de sorriso que me fazia sentir que éramos capazes de qualquer coisa juntos."


   Sendo claro: a construção da narração se dá de forma muito boa e tranquila —  por assim dizer. Posso, inclusive, considerar tal estrutura como elevada, levando em conta que é um romance de estreia. Mas é verdade, Hamilton sabe como estruturar uma boa narração, sendo extremamente profissional na construção do mundo na qual tal narrativa sobrevive. O gênero faroeste é completamente visível no texto — logo no primeiro capítulo já temos uma competição de tiros. A mitologia árabe também influenciou muito na obra, daí o caráter fantástico da mesma. E, pessoal, é bem legal toda essa mistura e construção incomum, principalmente porquê, no tocante ao Brasil, isso é inovador —  visto que não vemos por aqui obras com essas características. 
   Os poucos personagens dão ao livro ainda mais pontos positivos, sendo a história focada basicamente em Amani, nossa já conhecida heroína, e Jin, um forasteiro divertido, inteligente e, claro, extremamente misterioso —  que acaba por ser um dos pontos importantes do livro. Uma pitada de romance, claro, existe no livro, e ele é óbvio desde as primeiras páginas, ainda que isso não tire a graça de toda a construção. 
   Gostaria de deixar claro que não disse em nenhum momento que A Rebelde do Deserto é maravilhoso, o que estou tentando passar, e o que espero que compreendam é que, para um romance de estreia, o livro tem boas qualidades. Porque tenho de levar isso em conta, obviamente. Não posso julgar o livro como um clássico ou como se a autora já fosse expert no assunto. É o primeiro livro de Alwyn Hamilton, e para um primeiro livro ela se saiu muito bem — principalmente por não ser tendenciosa. Convenhamos que precisamos (e merecemos!) histórias boas e novas. 
   A edição da Editora Seguinte, como já era de se esperar, está fantástica — pra combinar com a história, suponho! A capa foi mantida a original lançada lá em Londres, que para mim é a mais bonita dentre as diversas feitas para o livro, principalmente por enaltecer o gênero e ser coerente com a história. Sem contar que a capa é toda trabalhada em um laminado dourado (que caiu super bem) e acompanha um marcador na orelha da contracapa — quer algo melhor? A diagramação e o design interior também não ficam para trás, sendo ambos muito bem feitos, principalmente o design interior chamativo em todos os inícios de capítulos. Sem dúvidas, é um dos melhores trabalhos da editora!
   Por fim, recomendo, claro! Não há ademais nesse caso, posso apenas ressaltar novamente que é um prato cheio para os fãs de histórias jovens, fortes, elétricas e repletas de mistérios e fantasia. Quem gosta do gênero não precisa temer mal algum, pois é um bom livro. Todos, independente de gostarem ou não do gênero, só precisam ler com um pouco mais de dedicação, deixando de lado as críticas duras e inverossímeis. A Rebelde do Deserto é construído com bastante ação, reviravoltas e com personagens divertidos e elétricos, se eu fosse vocês não perderia a chance de ler um livro bom desses, hein? Deem uma chance e aproveitem mais esse sucesso!

Primeiro capítulo do livro:"Diziam que só pessoas mal-intencionadas andavam pela cidade de Tiroteio depois do anoitecer. Eu não tinha más intenções. Nem boas." 
Melhor quote:"Eu tinha passado a vida sonhando que minha história começaria quando finalmente chegasse a Izman. Uma história escrita em lugares distantes com os quais eu nem sonhava ainda. No meu caminho até lá, eu me livraria do deserto até não sobrar nenhum grão de areia para marcar as páginas."




9 Comentários

  1. Blog muito legal, também temos um blog sobre livros, visitem, se chama http://boaleitura6.blogspot.com.br/

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  2. O livro parece conter uma narrativa gostosa, e cheia de magia!! Gostei de Amani logo de cara!! Gosto de personagens destemidos, e as características da mesma são fortes e marcantes!! E tem o lado romântico na história, o que completa o livro, não que este seja o foco!!!

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  3. Desde que saiu o lançamento desse livro eu fiquei louca pra lê-lo. A história é completamente diferente de tudo o que eu já li. Vou com certeza acompanhar o autor, porque amei a forma como ele escreve. Super recomendo!

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  4. Olá.
    Já faz um tempo que estou com esse livro na minha lista de desejados! A capa é linda e a premissa, encantadora. Sua resenha está perfeita e me motivou mais ainda a leitura. Obrigada. Abraços.

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  5. ´E sempre legal poder acompanhar uma estreia, quem sabe o que o futuro pode reservar?
    Gostei do enredo, alguém cansado da falta de perspectivas e que é agraciado com a chance de mudanças não é nenhuma novidade, mas é sempre uma boa pedida, principalmente pra quem está começando!

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  6. Estou querendo ler esse livro desde o seu lançamento. Adoro estórias como essa narrada no livro e fico torcendo para que a protagonista vença. Espero ter a oportunidade de ler esse livro ainda esse ano. Gostei da resenha.

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  7. Com tantas resenhas sobre esse livro, das quais são só elogios sobre a história e difícil não se sentir atraído a leitura. A forma como a trama e desenvolvida me pareceu cativante, envolvente e completamente surpreendente. Os personagens são bem construídos, e isso deixa a história ainda melhor. Estou com altas expectativas em relação a essa leitura.

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  8. Oie!
    Esse livro tem me prendido atenção...Li várias resenhas dle, e cada vez mais convencida de q eh sim um excelente enredo...doida pra ler!
    Bjs!

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  9. Valeu pelo blog só para inicio de conversa, segundo, é raro ler tão boas impressoes sobre narradoras femininas, que normalmente n conseguem me cativar muito. Não que narradores masculinos sejam melhores, mas pelo menos eles n se prendem tanto como costumam fazer com as garotas. Então chega começa no ponto mais do que positivo. Então sim é algo que eu com certeza compraria, principalmente pela capa, pela magia e por que atualmente estou consumindo tudo que puder

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