Livro: O Doador de Memórias
Título original: The Giver
Autor (a): Lois Lowry
ISBN: 9788580412994
Editora: Arqueiro
Páginas: 192

Sinopse: Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry contrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes. Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar. Premiado com a Medalha John Newbery por sua significativa contribuição à literatura juvenil, este livro tem a rara virtude de contar uma história cheia de suspense, envolver os leitores no drama de seu personagem central e provocar profundas reflexões em pessoas de todas as idades.

O Doador de Memórias foi escrito pela escritora renomada Lois Lowry e publicado nos Estados Unidos em 1993. É o primeiro volume do quarteto The Giver – O Doador – sendo suas sequências: Gathering Blue, The Messenger e The Son. O livro foi relançado no Brasil pela Editora Arqueiro, dessa vez com a capa inspirada no poster do filme, que está previsto para estrar dia 11 de Setembro através da Paris Filmes. Leia a resenha a seguir e saiba mais sobre essa peculiar utopia. 

     O mundo se modificou muito em um futuro distante. A sociedade acabou encontrando um modo de ser perfeita e equilibrada, onde não há desigualdades e nenhum sentimento muito intenso – nem mesmo o amor. 
     Jonas pertence a essa comunidade sem cor e mergulhada na “mesmice”, onde não existem livros – somente um manual de regras rígidas – onde as crianças são “solicitadas” ao Governo e onde os casais se unem de modo mecânico, sem se apaixonarem. 
     De alguma forma, Jonas vive bem nesse mundo sem dor, sem preocupação e sem graça. Mas é quando ele atinge os Doze anos de idade que tudo muda. Ele é designado a uma profissão raríssima e que exige muito responsabilidade. Jonas se tornaria um Receptor de Memórias, ou seja, receberia todas as memórias do passado, esquecido por toda sua comunidade e concentradas em somente uma pessoa. 
     As memórias causam dor, discórdia e precisam ser escondidas das demais pessoas do mundo. Mas quando Jonas tem contato com elas – o ancião transmite-as através de um toque – começa a ter contato também com sentimentos que nunca tivera conhecimento e começa a ficar descontente com a realidade que vive.
      Primeiramente desaprova a vida de seus pais, depois, de seus amigos e enfim planeja um jeito para que suas memórias sejam soltas e toda a sociedade tenha contato a elas mesmo que não deseje isso. 

     Mais do que qualquer outra coisa, O Doador de Memórias é uma obra extremamente filosófica. Com uma linguagem simples, dotada de poucas descrições e muitos diálogos, lidamos com um mundo altamente utópico e diferente das fantasias das quais estou acostumada. 
     Sempre apreciei muito distopias, e lidar com seu gênero oposto foi algo realmente inovador. Nesse mundo de Jonas, tudo é perfeito, apesar da sociedade inteira ser regida por inúmeras regras rigorosas. Há um controle opressor e violento – assim como nos livros distópicos – porém, maquiado, facilmente aceito e empregado. De certo modo, parece ser muito pior que os governos ditatórios; talvez até mais cruel porque as pessoas o aceitam e não se permitem reclamar ou procurar por mudanças. 
     Ter a experiência de um mundo demasiadamente perfeito é angustiante – e eu não esperava me incomodar tanto com esse equilíbrio. Tudo é regido de forma mecânica e sem sentimentos. Fiquei impressionada com a frieza que tudo acontecia, e, aos poucos, entrei no mesmo pânico que Jonas – nosso pequeno protagonista – adentrou. A sociedade perfeita era imperfeita demais para ser vivida.


     O livro é, infelizmente, pequeno demais e não houve muitos acontecimentos dentro desse ambiente. Fiquei bem decepcionada com o enredo dessa obra, pois contava muito sobre o cotidiano do protagonista e sobre a própria sociedade, mas havia muita carência de ação, surpresas e desenvolvimento. 
     Jonas é um personagem de fácil simpatia e empatia. É uma criança de doze anos diferente por várias razões: por ser corajoso, inteligente, e revolucionário. Mas um personagem mais curioso ainda foi o Doador – o senhor idoso que transmitia suas memórias ao jovem – pois parecia carregar um mundo de sentimentos, de dor e mistérios. Gostaria de conhecer a intimidade desse personagem, e, mais ainda, saber mais sobre esse mundo por outros ângulos e pontos de vistas. Acredito que O Doador de Memórias seria incrivelmente melhor se tivesse sido desenvolvido de uma maneira diferente e mais completa. A autora teve problemas em lidar com algumas explicações, talvez porque criou um sistema complexo demais. Houve sim, muitos furos, mas todos eles foram facilmente ignorados.
     A ideia de Lois Lowry é admiravelmente boa! A trama em si é genial. Entretanto, se o livro tivesse sido escrito por um(a) escritor(a) que tivesse o dom do envolvimento e da profundidade, O Doador seria mais que uma ideia inteligente. 
     O desfecho da obra foi bem impactante e me fez refletir muito. Não é um final comum, até por que se trata de uma história com cunho filosófico e, portanto, leva o leitor a pensar. A mensagem é bem clara desde o início, explicitando que a ideia do “perfeito” não é a melhor opção, e que regras e leis não são viáveis se forem excessivas. 

Jonas sentiu que algo se dilacerava dentro dele, uma dor terrível que abria caminho com suas garras para emergir num grito. 

     O filme que lançará em breve parece ser incrível, até porque houve muitas mudanças em relação ao roteiro original. Através de seu trailer, é possível observar que o filme está com muita ação e aventura. Os roteiristas acrescentaram muito ao mundo de Lois Lowry. Também gostei de saber que uma personagem somente citada – Rosemary – será bem mais desenvolvida em sua adaptação. 
     O livro conta com somente 190 páginas, sua capa é linda, e a fonte de letra utilizada contribuiu muito para uma leitura contínua. A Editora Arqueiro está de parabéns pela tradução e, principalmente, pela diagramação. 
     No final das contas, O Doador de Memórias tem muitos erros, mas vale muito a pena ser lido pela sua ideia central. É um livro que eu indicaria para crianças, adolescentes e adultos. É um modo muito eficaz para reflexão sobre nossa sociedade e a quebra de crenças errôneas e pré-construídas.  

Primeiro Parágrafo:
"Era quase dezembro e Jonas estava começando a ficar assustado. Não. Usara a palavra errada, pensou ele [...]"

Melhor Quote:
" Sabia que houve ocasiões no passado, em épocas terríveis, em que as pessoas destruíram outras apressadamente por medo, e isso resultou na própria destruição."
     
    
     


7 Comentários

  1. Eu fiquei na loucura de ler esse livro apos ter visto o trailler do filme...

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  2. Le, estou louca para ler e assistir ao filme nas telonas, mas acho que não vai dar tempo disso acontecer não, uma vez que nem tenho ele em mãos :C

    Beijos,
    Caroline, do criticandoporai.blogspot.com

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  3. Eu tô louca pra ver o filme, porque a história parece ser boa demais hahahaha Mas que pena que o livro, no final das contas, não é tão bom quanto eu imaginava, seria mesmo mais legal se tivessem mais acontecimentos, mais ação. Será que nos outros volumes isso não muda um pouco?
    Fiquei só surpresa que no livro, o protagonista tem apenas 12 anos, porque no filme ele parece ter uns 17... Mas né, sempre fazem isso nos filmes, adoram envelhecer os personagens hahaha
    De qualquer forma, vou ver o filme primeiro, pra daí decidir se vou realmente querer ler o livro.
    Ótima resenha!
    Beijo,
    Isa.
    http://meuportaldoslivros.blogspot.com.br

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  4. Estou muito curioso para assistir ao filme. Dependendo do resultado que surtir em mim irei ler a obra literária do Lois Lowry
    mundofavoritobr.blogspot.com.br

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  5. Concordo, a ideia central da trama é muito boa, mas o desenvolvimento deixa a desejar. Inúmeros sentimentos e outras lembranças humanas poderiam ser repassadas e centralizadas na obra como saudade, ganância, sexo ... parece que o livro foi escrito com pressa. O final também me deixou encabulado, não é um final em si mas de fato parece que a história acaba. Nas versões originais são uma série de quatro livros, certo? Foram lançados os outros em português também ? Quem sabe a ideia é melhor desenvolvida... Mas em geral, apesar da pressa kk gostei do livro, contém passagens muito boas, e a trama também é imstigadora! Faltou mesmo desenvolver melhor...
    Ótima resenha!

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  6. Concordo, a ideia central da trama é muito boa, mas o desenvolvimento deixa a desejar. Inúmeros sentimentos e outras lembranças humanas poderiam ser repassadas e centralizadas na obra como saudade, ganância, sexo ... parece que o livro foi escrito com pressa. O final também me deixou encabulado, não é um final em si mas de fato parece que a história acaba. Nas versões originais são uma série de quatro livros, certo? Foram lançados os outros em português também ? Quem sabe a ideia é melhor desenvolvida... Mas em geral, apesar da pressa kk gostei do livro, contém passagens muito boas, e a trama também é imstigadora! Faltou mesmo desenvolver melhor...
    Ótima resenha!

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