Livro: Naomi & Ely e A Lista do Não-Beijo
Título original: Naomi and Ely's No Kiss List
Autores (as): David Levithan e Rachel Cohn
Editora: Galera
Páginas: 256
ISBN: 9788501103123
Sinopse: "Sinopse - Naomi & Ely e A Lista do Não-Beijo - David Levithan - A quintessência menina-gosta-de-menino-que-gosta-de-meninos. Uma análise bem-humorada sobre relacionamentos. Naomi e Ely são amigos inseparáveis desde pequenos. Naomi ama Ely e está apaixonada por ele. Já o garoto, ama a amiga, mas prefere estar apaixonado, bem, por garotos. Para preservar a amizade, criam a lista do não beijo — a relação de caras que nenhum dos dois pode beijar em hipótese alguma. A lista do não beijo protege a amizade e assegura que nada vá abalar as estruturas da fundação Naomi & Ely. Até que... Ely beija o namorado de Naomi. E quando há amor, amizade e traição envolvidos, a reconciliação pode ser dolorosa e, claro, muito dramática."

   Naomi&Ely, Ely&Naomi. Desde crianças, nenhum dos dois foi reconhecido por apenas o seu nome separado; Naomi e Ely sempre foram um conjunto, o tipo de pacote "pegue um, leve dois". Melhores amigos desde crianças, a relação dos dois é tão profunda que eles fazem tudo juntos, contam tudo um para o outro e conhecem cada pequena mania do seu melhor amigo. Cada pequeno segredo, exceto um: Naomi é apaixonada por Ely. Mas Ely é apaixonado por garotos. 
   Sendo que os dois parecem ter o mesmo gosto para tudo — e tudo inclui falarmos de acessórios, roupas e garotos! — eles criam a Lista do Não-Beijo, uma relação que, por um consenso, é feita pelos dois com os nomes dos homens que nenhum deles pode beijar em hipótese alguma. Essa lista foi feita com o intuito de preservar a amizade entre os dois, já que ambos se envolverem com o mesmo cara parece perigoso demais, e se tem algo que a amizade dos dois não pode, em hipótese alguma, sofrer, são riscos. E a lista funcionou muito bem... até que Ely beija o namorado de Naomi. 

   Apesar de nunca ter lido nenhum livro de David Levithan, antes de iniciar a leitura de Naomi & Ely e A Lista do Não-Beijo, sempre estive ciente da ótima fama que o autor carregava consigo. Por isso, ao ver o lançamento da Galera, não pude deixar de solicitá-lo: eu tinha, afinal, grandes expectativas. Há um grande problema em quando queremos muito ler algo, contudo, e acho que todos sabem os resultados se o livro não for tão perfeito como se espera dele. É com tristeza, por isso, que digo que o livro foi menos do que eu havia inicialmente idealizado; mas, não se engane, isso não faz de Naomi & Ely e A Lista do Não-Beijo um livro ruim, nem de perto. Eu explico!
   Assim como já havia dito, a história detém de um "fator x" que, honestamente, não consigo traduzir para palavras. Como explicar uma história que, ao mesmo tempo que te interessou... lhe deixou cansada?! O que posso afirmar é que, com toda a certeza, David Levithan e Rachel Cohn souberam perfeitamente como envolver o leitor, como despertar seu interesse, ainda que, na realidade, nada estivesse acontecendo. É essa pode ser a causa da minha decepção parcial com o livro: ao mesmo tempo em que os autores acertaram nos artifícios que despertam o interesse e a fidelidade do leitor... eles pecaram ao desenvolver sua história. E isso, em minha opinião, não pode ser ignorado.
    O livro é narrado em terceira pessoa, e contém uma linguagem bem informal e de modo que incentiva a rápida leitura, com a exceção de um fato que descreverei no parágrafo seguinte. O que ocorre é que ele foi muito bem empregado, desenvolvido e, acima de tudo, a linguagem dinâmica combinou perfeitamente com a história. Cada capítulo é uma novidade por alternar os narradores, sendo que, algo que eu nunca antes tinha experienciado, os narradores são tanto os protagonistas da história, como os personagens menos importantes – sim, você leu isso certo!
   Desse modo, sempre há um ponto de vista completamente diferente, que vai adicionado fatos e completando o “quebra-cabeça” que o livro se torna. É claro, tudo isso foi ótimo. O único problema, e um dos maiores do livro, devo dizer, é o seguinte: os autores resolveram substituir palavras por símbolos. Isso é tida como uma mania de Naomi e Ely, então, diversas vezes por parágrafo, em sua maioria, palavras como "amor" são substituídas por "♥": e esse é um caso óbvio, mas nem todos são dessa forma. Assim, esse fator "inovador" não funcionou comigo, que achei a leitura muitas vezes irritante e ficava um tanto impaciente, tentando decifrar os símbolos ou simplesmente passava por eles sem paciência.




   E, apesar da história "legalzinha" e de diversas passagens engraçadas, não foi apenas esse um fator que me deixou incomodada, mas sim, vários. Outra exemplo muito forte a ser citado é a amizade entre os dois protagonistas. O livro, inteiro, tem como temática isso: a amizade. Então, alguém me diga o porquê de ninguém ter explicado a Naomi e Ely o que isso significa?! Claro, quero deixar bem claro aqui que não estou querendo dar uma fórmula exata para uma amizade, nem que eu não respeite o conceito que cada um acredita que isso implica... mas, gente, o que era o total desrespeito que acontecia entre os dois? 
    A verdade é simples: a maior parte do livro está cheia dos pensamentos egoístas, invejosos e maldosos que os personagens tem um sobre o outro, e eu — repito, eu, isso não quer dizer que seja uma regra absoluta! — não conseguia entender como uma amizade pode ser mantida sobre essas bases, assim como o amor fraternal que eles afirmavam ter pelo outro. A atitude de Ely depois de beijar o namorado de Naomi, por exemplo, (e isso não é um spoiler, já que a história parte daí) foi absurda: nunca passou pela cabeça dele que isso fosse errado, ou que magoaria sua amiga, mesmo depois de ela afirmar claramente que sim. Essa dinâmica deles, de agir de maneira egoísta atrás de maneira mesquinha me deixou com vontade de até, confesso, desistir da leitura algumas vezes.
    Então, por mais que eu tenha críticas relevantes acerca do desenrolar da história e das táticas que os autores utilizaram, preciso afirmar uma coisa: eu possuo, pelo livro, um imenso carinho. Não pela história, em si, mas sim pela temática que ele traz: abordar a homossexualidade é contribuir para que ela deixe de ser uma tabu, algo vergonhoso e, acima de tudo, é uma vitória ao encerrar o ciclo odioso da literatura voltada aos mais jovens, que muitas vezes finge que ela não existe. Fico extremamente feliz ao ver o trabalho de autores como Levithan, que trazem isso a tona e demonstram que a orientação sexual de uma pessoa não é e não deve ser um problema.


    E, depois de todas as críticas que apontei acima acerca da obra, vou encerrar afirmando algo que pode parecer contraditório (mas, na verdade, não é!): Naomi & Ely e A Lista do Não-Beijo é um livro muito bom. O que acontece, creio eu, é que o livro é voltado para um público bem mais jovem e até um pouco imaturo, se me permitem apontar, que ainda não tem suas resoluções formadas. Creio que, se lido por um pré-adolescente, que está a descobrir os temas mais polêmicos da vida, o livro será incrível para tal pessoa — contudo, não é um livro indicado para o público que já passou de tal fase. 
    A edição por conta da Galera Record é linda, como de costume da editora. Gostei bastante da capa do livro, que conseguiu transmitir, de um jeito inusitado, mas bonito, toda a atmosfera da história. A diagramação da obra é simples, porém bonita, com bastante esmero em cada página, e não encontrei, durante as quase trezentas páginas do livro, nenhum erro de revisão ou ortografia. A tradução também é de ótima qualidade, facilitando a perfeita compreensão.
   Por fim, recomendo a leitura ao público mais jovem, que está a procura de uma história com um enredo para passar o tempo, de fácil leitura e entendimento, mas que, ainda que inove com o tema, não trará grandes reflexões acerca da história lida. É um bom livro para passar o tempo, e que pode ser lido rapidamente!

Primeiro parágrafo do livro: 
"Eu minto o tempo inteiro."
Melhor quote:
"Não existe alma gêmea... e quem gostaria que existisse? Não quero ser metade de uma alma compartilhada, quero a porra da minha própria alma."


2 Comentários

  1. Oi, amei a capa só isso já me chamou muito a atenção.
    Fiquei curiosa pois nunca li nada do autor, mas lendo a sinopse apesar de não me chamar a atenção achei bem diferente de tudo que ele costuma escrever não é? eu já vi outros livros dele mas com temáticas bem diferentes e um pouco mais maduros.
    Enfim, acho que esse não seria o tipo de livro que me prenderia muito, pois li um com um tema parecido e me cansei um pouco...

    Beijos
    http://tamigarotaindecisa.blogspot.com.br/

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  2. Olá Gabi tudo bem?
    Não sabia da existência deste livro até ver que iria virar filme, e ver o trailer.
    A partir dai me interessei pela história e depois de ver a capa, adorei, não li ainda, mas como não li pouca coisa a respeito deste tema, me interessei.

    Bejux ;)
    http://entrelinhasalways.blogspot.com.br/

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