Livro: Jackaby
Título Original: Jackaby
Autor (a) William Ritter
Editora: Única
Páginas: 256
ISBN:  9788567028668

Sinopse: Eu sou um homem de razão e da ciência. Acredito no que vejo e posso provar, e o que vejo geralmente é difícil para os outros compreenderem. Até onde eu descobri, tenho um dom ímpar. Isso me permite ver a verdade quando os outros só enxergam ilusão. E há muitas ilusões, muitas máscaras e fachadas. Como dizem, o mundo todo é um palco e parece que eu tenho a única poltrona da casa, com vista para os bastidores.” Abigail Rook deixou sua família na Inglaterra para encontrar uma vida mais empolgante além dos limites de seu lar. Entre caminhos e descaminhos, no gelado janeiro de 1892 ela desembarca na cidade de New Fiddleham. Tudo o que precisa é de um emprego de verdade, então, sua busca a leva diretamente para Jackaby, o estranho detetive que afirma ser capaz de identificar o sobrenatural. Contratada como assistente, em seu primeiro dia de trabalho Abigail se vê no meio de um caso emocionante: um serial killer está à solta na cidade. A polícia está convencida de que se trata de um vilão comum, contudo, para Jackaby, o assassino com certeza não é uma criatura humana. Será que Abigail conseguirá acompanhar os passos desse homem tão excêntrico? Ela finalmente encontrou a aventura com a qual tanto sonhara. Prepare-se para desvendar este mistério! Um livro destinado aos fãs de Sherlock Holmes e Doctor Who. Eleito o melhor livro jovem 2014 pela Kirkus Review e um dos 40 melhores YA da estação pela CNN e vencedor do prêmio Pacific Northwest 2015.

SÉRIE "JACKABY"
    1.  Jackaby
    2.  Beastly Bones

Escrito pelo iniciante William Ritter, Jackaby foi publicado no Brasil pela Editora Única no segundo semestre de 2015. O livro tem como continuação Beastly Bones, que parece ter entrado para os próximos lançamentos da editora. Confira a resenha!

     Ambientado no século XIX, conhecemos Abigail Rook, uma moça inteiramente corajosa e aventureira que tenta, a qualquer custo, se afastar das tradições impostas às mulheres daquela época. Abigail ansiava seguir a profissão de seu pai, se tornar uma arqueóloga, e, para isso, decide fugir de casa atrás de uma promessa incerta em outro continente. 
     Mas sua aventura acabou dando errado, o que levou nossa protagonista a uma viagem sem rumo, em busca de outro trabalho e de outras oportunidades, agora que estava sozinha. Nesse contexto, Abigail desembarca em New Fiddleham e conhece Jackaby, um sujeito misterioso que pareceu ser extremamente astuto e esperto, e que ela descobriu, mais tarde, ser um investigador da região.
É nesse grande desespero por um emprego que Abigail decide pedir o cargo de "auxiliar" ao detetive, mesmo depois de vários moradores da cidade avisarem dos perigos dessa função. 
     Jackaby não parece ser um detetive qualquer: seus olhos conseguem enxergar detalhes que passam despercebidos às outras pessoas, e parece ter um poder paranormal, quem sabe, uma ajuda espiritual. É dessa forma que essa dupla inovadora irá tentar desvendar um difícil caso de assassinato. Será que Abigail sobreviverá à essa função tão perigosa?

Até onde eu descobri, tenho um dom ímpar. Isso me permite ver a verdade quando os outros só enxergam ilusão. E há muitas ilusões, muitas máscaras e fachadas.
       Jackaby traz muito do estilo de Sherlock Holmes para os leitores que apreciam mistério, suspense e algo mais novo: uma pitada de fantasia. Primeiramente, apaixonei-me por essa história justamente por apreciar enredos enigmáticos e antigos. Simplesmente adorei iniciar essa história assim que notei objetos — bem enfatizados  — do passado.
       Claro que criar uma história mergulhada em outro tempo exigi muita pesquisa por parte do autor(a) e isso não foi diferente para William Ritter, que apresentou com maestria todo o cenário e costumes. Através da narrativa em primeira pessoa — na visão de Abigail — encontramos um fenômeno pouco conhecido: parecia, na maioria das vezes, que o livro estava sendo narrado em terceira pessoa, pois Abigail acompanhava Jackaby e detalhava seu trabalho como se estivesse externa àquilo. Uma experiencia bem interessante para aqueles que estão cansados da narrativa em primeira pessoa tradicional. 
       Os personagens de William Ritter me agradaram bastante em todos os aspectos. Abigail se mostrou diferente da sociedade da época desde as primeiras páginas, onde apresentou para o leitor seus anseios, suas angústias, coragem e perseverança. Gostei muito de caminhar nessa leitura ao lado dela, lidando muito, também, com Jackaby, um personagem extremamente peculiar e instigante. O mais interessante vou contemplar a relação entre Jackaby e a nossa protagonista! Eles sempre estavam na mesma sintonia, o que fazia extrema diferença para seu trabalho. Todos os personagens foram marcantes, concretos e palpáveis, inclusive os secundários.

      A linguagem da obra é mais formal, e, apesar disso ser um ponto negativo para algumas pessoas, simplesmente me senti mais a vontade. Não gosto de livro que trazem muitas expressões populares e gírias. Esse vocabulário contribuiu, inclusive, para o tempo e o cenário que o livro estava encarnado. 
       E, como sempre, adorei o fato do autor se ater a detalhes. Como já disse em diversas resenhas, se tem algo que me fascina em uma história é essa capacidade do escritor(a) se concentrar em minúcias. Esse único fator fez de "Jackaby" algo realmente marcante. Entretanto, acredito que Ritter poderia ter dificultado mais a descoberta das pistas pelos investigadores; tudo estava improvavelmente facilitado.
     Já o fato do livro ter elementos fantásticos diversificou um pouco esse estilo literário antigo, tradicional e repetitivo. Poderia ser mais um livro semelhante aos de Arthur Conan Doyle, porém, foi inovador justamente por ter algumas surpresas sobrenaturais. 


     Os únicos pontos negativos que podemos encontrar em "Jackaby" é o não alcance do seu real potencial. William Ritter poderia ter feito um enredo mais envolvente ainda, que pudesse fazer o leitor ficar tenso com os mistérios e o enigma a ser desvendado e incentivá-lo mais a tentar adivinhar aonde essa trama chegaria. Contudo, nessa leitura leve, simplesmente acompanhamos o trajeto e as reviravoltas, sem mergulhar fundo, como Scott Lynch, como exemplo, sempre faz em seus livros ( As Mentiras de Locke Lamora e Mares de Sangue). Além disso, senti certa inexperiência do escritor ao acrescentar seres sobrenaturais abruptamente, sem nenhuma explicação prévia — o que pode incomodar muitas pessoas durante a leitura. 
     Enfim, o clímax do livro foi bom, assim como o seu desfecho. Não foi, de fato, algo extraordinário e demasiadamente surpreendente, mas gostei como tudo se encerrou. "Jackaby" se tornaria um ótimo roteiro para os cinemas, e, quem sabe, para os seriados de televisão. Consigo até imaginar a grande produção, a construção do cenário, vestimentas e seres sobrenaturais. 
      A capa do livro é muito bonita e bem feita. A própria edição: diagramação, revisão e tradução foi muito bem feita! A fonte da letra e a s páginas amareladas contribuíram sem igual para que a leitura se fizesse em menor tempo possível. Já vi a capa do segundo volume e fiquei igualmente maravilhada. Acho que essa arte deixou bem claro o estilo do livro! A Editora Única está de parabéns pela publicação!
     Indico a leitura para todos que gostam de livros misteriosos e cheio de elementos fantásticos. Estou muito empolgada para ler o segundo volume dessa série! "Jackaby" é uma boa pedida para os apreciadores do estilo "steampunk" e dos fãs de Sherlock Holmes!

Primeiro Parágrafo: "Era final de janeiro e New England tinnha uma nova camada de neve, à medida que eu descia a rampa do navio, até a margem."
Melhor Quote: "Deixei de me preocupar de como as coisas parecem para os outros, Abigail Rook. Sugiro que faça o mesmo. Em minha experiência, os outros geralmente estão errados"


 


2 Comentários

  1. Não conhecia esse livro ainda, mas só de saber que tem pitadas de Sherlock Holmes, um pouco de sobrenatural e uma protagonista interessante já me deixa bem animada! Uma pena que o desenvolvimento não é dos melhores, mas sua resenha ainda me deixou bem animada, adoro livros de mistério e estou com saudades de ler alguns...
    Beijos!
    Isa.
    Portal dos Livros

    ResponderExcluir
  2. Eu amei esse livro justamente por sua despretensão e simplicidade, concordo que o livro, de certo modo, poderia ter um "enredo mais envolvente ainda, que pudesse fazer o leitor ficar tenso com os mistérios e o enigma a ser desvendado e incentivá-lo mais a tentar adivinhar aonde essa trama chegaria", mas acredito que isso se deve ao fato de ser algo mais infato-juvenil o que não facilitaria se fosse mais rebuscado e enigmático. Geralmente amo livros mais bem trabalhados e complexos, mas a simplicidade de Jackaby me enfeitiçou como nenhum livro fez antes. Adorei a resenha, você é muito boa Le! :D

    Bjoos!

    ResponderExcluir

.