{Resenha} A Escolha - Kiera Cass

TRILOGIA "A SELEÇÃO"
    1.  A Seleção
    2.  A Elite
    3.  A Escolha

     Seguindo os mesmos moldes de A Elite, A Escolha tem início logo após o término do segundo livro, e agora a grande decisão do príncipe encontra-se mais próxima do que nunca.
      America é uma das quatro finalistas da Seleção, o grande evento de Iléia que escolhe a futura rainha da nação. Cada vez mais certa do rumo que deseja que sua vida tome, America descobre que precisa lutar ardentemente para que tal fato se concretize. A jovem necessita tomar uma decisão definitiva, e, em contrapartida, esperar que a decisão do príncipe Maxon seja a que espera dele.
     Além disso, o reino de Iléia se encontra a beira do caos completo, sofrendo com ataques dos rebeldes – a população que deseja tomar o poder das mãos da família real –, e necessitando lidar com os caprichos de seu atual rei, o pai de Maxon. Contudo, da onde tais rebeldes surgiram, e, mais especificamente, quais são seus objetivos? E resta a dúvida: como isso pode afetar a vida de America e Maxon?

     Finalizar a leitura da trilogia “A Seleção” é, em partes iguais, tão doloroso como extasiante. Depois de mais de um ano de espera, estava muito ansiosa para descobrir o desfecho dessa estória que envolveu, ao redor do mundo, milhares de fãs – e que conseguiu nos mostrar a história de um verdadeiro conto de fadas.
     A Escolha é um livro pequeno, assim como seus dois antecessores, que possui 32 capítulos divididos em apenas 352 páginas. Como já de praxe da série, é o tipo de estória que pode ser lida em apenas algumas horas (eu, por exemplo, devorei o livro no mesmo dia no qual o recebi!) e é uma fonte certa de romance e até mesmo alguma aventura.
    Narrado em primeira pessoa por America, é quando podemos – e realmente fico feliz em dizer isso! – notar um amadurecimento da personagem. Só eu sei como me irritei com a indecisão e a chatice dela em A Elite, contudo, agora, mesmo com alguns momentos de dúvidas, a personagem mal parece a menina do livro anterior. Isso não acontece somente com ela: em A Escolha, depois de uma jornada quase completa, a mudança é notável em todos.
     O príncipe Maxon possui um comportamento que, inicialmente, é totalmente inconsistente com a pessoa que havia mostrado ser até esse ponto da história. Fiquei um pouco chateada com isso, contudo, mais para o final da leitura, podemos ter um insight em seus pensamentos e justificativas para algumas atitudes que tomou, o que acaba explicando muita coisa.
     Por outro lado, é claro que nada é perfeito demais. A “terceira ponta” do triângulo amoroso, Aspen, foi quase totalmente deixado de lado nesse livro. Não é que eu esteja reclamando da falta do triângulo amoroso (muito pelo contrário, na verdade, achei isso ótimo para a história), porém, acredito que a autora tenha pecado em encaixar o personagem na conclusão dos fatos. Depois de toda a indecisão de America e da paixão entre os dois que foi “reacendida” em A Elite, esse sumiço e total desapego dos dois ficou um pouco forçado demais, oportuno demais.

     Outro fator que me causou certo incômodo foi a maneira que a autora desenvolveu os fatos. Eu explico: é perceptível, desde A Seleção, que o foco principal da trilogia não é a distopia em si, mas sim o romance entre os personagens. Isso é completamente aceitável. Contudo, a série também incluiu os ataques rebeldes e a população que estava insatisfeita com o reinado –, e desde modo, é claro que isso precisa de uma explicação plausível no final da série.
    Vários mistérios rondavam o objetivo dos que iam contra o governo, quem eles eram e como se organizavam, e tudo isso ganhou certo destaque em A Elite. O grande problema é que a estória de A Escolha passou tanto tempo focada no romance que acabou por deixar de lado questões muito importantes, que ficaram para lá de vagas na conclusão da série. Qual foi o sentido de introduzir as rebeliões e a guerra se, no fim, tudo foi explicado e acertado em pouquíssimas páginas?
    Tive a impressão, devido a algumas mudanças abruptas no plot e falta de desenvolvimento de alguns fatos, que Kiera Cass acabou modificando o final originalmente planejado para a trilogia. Alguns fatores ora acontecem rápido demais, ora são simplesmente “jogados” sem nenhuma explicação, e isso é um tanto exasperante, já que dá a entender que a autora preferiu apostar em um “final feliz” e acabou esquecendo de expandir o restante. Além disso, mais ou menos no meio da estória há uma espécie de “redenção” de um personagem, que foi forçado demais e totalmente desnecessário – não consegui engolir essa de jeito nenhum!
    Por fim, quero deixar algo claro. Por mais que o livro possua defeitos e alguns furos, ele não deixa de ser ótimo. Como uma fã da série, ao finalizar a leitura, me senti satisfeita e feliz com o rumo que tudo tomou. Gostaria que a autora tivesse escrito um pouco mais sobre o futuro, e vou esperar um spin-off sobre o que acontece um tempo depois de A Escolha.
    O design segue o modelo dos anteriores, e dessa vez conseguiu se superar. A capa é honestamente maravilhosa, e tanto a qualidade do livro quanto a diagramação são extremamente belos. Não encontrei nenhum erro de revisão durante a leitura, e, além disso, fiquei especialmente feliz com a decisão de Editora Seguinte de fazer o lançamento simultâneo com o americano.
    Tenho certeza que vou sentir saudades da série, que me envolveu de um modo como poucas conseguiram. Em minha opinião, o livro não conseguiu superar o primeiro da trilogia, A Seleção, mas conseguiu ser muito mais satisfatório do que A Elite. Super recomendado, especialmente aos fãs de um bom romance jovem!

Primeiro parágrafo do livro: 
"Naquele dia estávamos no Grande Salão aturando mais uma aula de etiqueta quando os tijolos começaram a voar através da janela. Elise se jogou no chão imediatamente e começou a rastejar em direção à porta lateral, choramingando. (...)"
Melhor quote:
"Você é boa, America. E ficaria surpresa em saber como isso é raro nesse mundo."