Livro: O Caminho Para Casa
Título Original: Night Road
Editora: Arqueiro
Páginas: 351
ISBN: 978-85-8041-653-4
Sinopse: Durante 18 anos, Jude pôs as necessidades dos filhos em primeiro lugar, e o resultado disso é que seus gêmeos, Mia e Zach, são adolescentes felizes. Quando Lexi começa a estudar no mesmo colégio que eles, ninguém em Pine Island é mais receptivo que Jude. Lexi, uma menina com um passado de sofrimento, criada em lares adotivos temporários, rapidamente se torna a melhor amiga de Mia. E, quando Zach se apaixona por ela, os três se tornam companheiros inseparáveis. Jude sempre fez o possível para que os filhos não se metessem em encrenca, mas o último ano do ensino médio, com suas festas e descobertas, é uma verdadeira provação. Toda vez que Mia e Zach saem de casa, ela não consegue deixar de se preocupar. Em uma noite de verão, seus piores pesadelos se concretizam. Uma decisão muda seus destinos, e cada um deles terá que enfrentar as consequências – e encontrar um jeito de esquecer ou coragem para perdoar. O caminho para casa abordar questões profundas sobre maternidade, identidade, amor é perdão. Comovente, transmite com perfeição e delicadeza tanto a dor da perda quanto o poder da esperança. Uma história inesquecível sobre a capacidade de cura do coração, a importância da família e coragem necessária para perdoar as pessoas que amamos.

Kristin Hannah é autora de mais de 20 livros, que já ultrapassaram 12 milhões de exemplares vendidos no mundo. Ela largou a advocacia para se dedicar à sua grande paixão: escrever. No Brasil, já publicou Jardim de Inverno, Por toda a eternidade e O lago Místico (Novo Conceito) e, pela Editora Arqueiro, Quando você voltar, Amigas para sempre, As cores da vida e O rouxinol, que está sendo adaptado para o cinema pela TriStar Pictures.

  Jude é uma mãe exemplar e superprotetora: está sempre disposta a ajudar seus filhos e a mantê-los longe dos perigos. O modelo perfeito para Lexi, cuja mãe era viciada em drogas até morrer de overdose, deixando a filha ser criada em lares adotivos, sem nunca ter estado sob os carinhos e cuidados de uma verdadeira mãe. Finalmente, aos 14 anos, Lexi descobre que na verdade, tem família: uma tia-avó que mora num trailer em Pine Island. Eva é uma mulher simples, que não tem grandes condições de vida, mas está disposta a dar um lar a sua sobrinha.
   Mia e Zach, os filhos adolescentes de Jude, são gêmeos, mas não podiam ser mais diferentes. Enquanto Mia é tímida, insegura e por mais que tente, nunca consegue para si a atenção que deseja, Zach é o rapaz mais popular do colégio, tem todas as garotas aos seus pés e consegue se enturmar facilmente entre seus inúmeros amigos. Apesar de tantas diferenças, os gêmeos são grudados, não fazem nada separados e estão sempre apoiando um ao outro. Então quando Lexi surge, as coisas começam a mudar. Mia se torna uma garota mais feliz e confiante quando Lexi está ao seu lado. Mas com Zach, as coisas parecem estranhas. Lexi sente por ele uma atração quase incontrolável – e é recíproco. Porém, por temer magoar Mia,  eles guardam o que sentem para si mesmos. Ao menos por um tempo.
   O trio firma uma amizade firme e forte, quase como um pacto. Quando estão enfrentando o drama do último ano do ensino médio e a possível entrada para as Universidades mais concorridas – e também uma possível separação – uma tragédia acontece para abalar a vida de todos. A partir daí, mágoas são formadas. Muita dor e sofrimento transformam os personagens. Esquecer parece não ser uma opção e perdoar se torna uma tarefa árdua – não só aos outros, mas a si mesmo.

   O gênero dramático é sempre uma faca de dois gumes na ficção da literatura. Já li muitos livros de drama realmente incríveis, que me fizeram praticamente sentir na pele a tristeza dos personagens – aquela empatia é despertada e o coração aperta. Quem já sentiu isso ao ler os dramas de personagens literários sabe bem como é curtir uma boa narrativa desse estilo. Quando essa empatia não ocorre, não adianta tentar, a história pode até ser bem escrita, mas o ponto principal, que é aflorar as emoções do leitor, abre uma coluna imensa que não dá para preencher com outros elementos. Esse foi o caso de O caminho para casa.
   A narrativa é lenta e detalhada. Todos os detalhes são bem descritos, montando um visual na mente de quem lê. Mas não são apenas os componentes visuais que levam o mérito da boa descrição – o lado sensitivo é muito bem trabalhado. Apesar de a história se arrastar, a escrita de Hannah é bela e tem a capacidade de prender um leitor mais curioso e voraz para chegar logo ao clímax. O narrador é em terceira pessoa e tem focos que passam, na maioria dos capítulos, por Lexi e Jude, pondo-as na posição de protagonistas.

"Às vezes, a única forma de sobreviver era deixar de ter esperança. Deixar de aguardar" (p. 201).

   A romantização do colegial e da escolha de uma Universidade foram elementos que me chamaram muita atenção no livro. O ensino médio com todas as suas festas e ritos de passagem foram dramaticamente explorados – assim como os problemas na vida social dos adolescentes que passam por essa fase. Toda a pressão que rodeia Mia, Zach e Lexi faz com que se tenha uma impressão – talvez um pouco exagerada – de como as coisas acontecem no país de primeiro mundo logo acima do nosso. Ir para a Universidade é um grande problema por um lado: separar-se dos amigos, da família, deixar toda uma vida para trás. Hannah retratou todos esses processos nos mínimos detalhes, criando uma aura de sentimentalismo em cada uma dessas etapas na vida de boa parte dos jovens estadunidenses.
   Mesmo após ter concluido a leitura, ainda busco entender o universo criado em torno de cada personagem. Nenhum deles conseguiu me conquistar – me esforcei bastante para sentir alguma empatia, compaixão, ou qualquer coisa do tipo, mas não aconteceu. Alguns eram lineares demais, como Mia, por exemplo: uma garota mimada ao extremo e que, por mais que o tempo passasse, não cultivou mudanças. Já outros, como Zach, até que evoluíram com o decorrer dos acontecimentos, mas sua personalidade não ficou bem definida – mesmo sendo uma peça-chave para a história, ele permaneceu praticamente neutro boa parte do tempo.
   Já Jude e Lexi, mesmo não tendo me conquistado também, foram melhor trabalhadas. Ambas tinham uma coisa em comum: não queriam ser parecidas com suas mães, e faziam de tudo para se distanciar de qualquer coisa que as remetessem a mínimas semelhanças com cada uma delas. Lexi adotou a síndrome da "mosca morta" durante quase toda a história – sempre absorvia os problemas dos outros e pensava mais neles que em si mesma, mesmo sendo a que mais sofria. Isso fez com que passasse por muitos momentos ruins, mas quando se pensa em suas escolhas, é impossível não pensar que tudo foi bem merecido. Enquanto isso, Jude foi uma personagem construída para ser detestável. Seus focos narrativos eram insuportáveis. No início ela era uma mãe obsessiva com a proteção dos filhos, e depois, de alguma forma, se tornou (ao meu ver) quase uma vilã. Enfim, elas também tem mais uma coisa em comum: são a prova de que, só porque um personagem evolui, não significa que se torna melhor.

"Existia beleza no caos, um caráter selvagem que insinuava percalços e erros reparados […]. As plantas, assim como as pessoas, aprendiam a crescer em terrenos rochosos" (p. 347)

   Consegui enxergar a mensagem e sua beleza apenas no final. Apesar de ter um objetivo muito belo, não gostei da forma como ele foi passado, especialmente por conta da construção irritante dos personagens – como discorri acima. Nem sempre uma primeira leitura faz com que o leitor entenda a beleza de uma história. Por ser um livro que trata principalmente dos desafios da maternidade, talvez muitas mães sintam-se espelhadas no que é retratado. Não sou mãe, mas tenho certeza que alguns pontos destoam um pouco do significado que essa função (a de ser mãe) tem, e isso auxiliou para que o enredo não me prendesse nem fosse convincente – e até me lembrasse um pouco das dramáticas novelas mexicanas.
   Essa nova edição do livro, com uma outra capa (a Arqueiro lançou, recentemente, novas capas de antigas edições, O Caminho Para Casa entre elas) ficou muito bonita e remete às flores cultivadas no jardim da personagem Jude. A diagramação também conversou bem com a capa criando uma estética elegante e sem erros de tradução.
    O Caminho Para Casa com certeza não foi um dos melhores dramas que já li – o classifico bem longe disso. Faltou realidade e mais força no enredo. Senti muito por não ter me agradado com o livro, pois é uma história que teria grande capacidade de ressoar dentro de leitores mais sensíveis para este tipo de narrativa, já que trata de temas tão atuais e importantes – a maternidade e a vigilância com os filhos adolescentes, o poder de perdoar, as responsabilidades que a chegada da fase adulta carrega, pressões sociais no colegial, etc. Minhas fichas com Kristin Hannah não caíram ao chão (como diz a música Não é Sempre, de Engenheiros do Hawaii), ainda pretendo ler outros livros da autora – não se pode julgar um escritor só por um livro. De toda forma, a história traz muitas reflexões com seu desfecho e faz com que diversos valores sejam repensados – ou seja, não descarto a possibilidade de um dia relê-lo e talvez criar novas impressões.

Primeiro parágrafo: "Ela está de pé na curva fechada da Estrada da Noite".
Melhor quote: "Talvez o tempo não curasse as feridas, exatamente, mas criasse uma espécie de armadura, ou uma nova perspectiva.  Uma forma de lembrar com um sorriso e não com um soluço".



3 Comentários

  1. eu adoro os livros da Kristin, mas esse em especial tem um apelo muito forte para mim, foi uma leitura sofrida, pois me vi dividida entre pensamentos, lados e ações, eu queria o final fosse feliz a qualquer custo, fiquei com medo dos percalços da trama, pois a autora trabalha muito bem as ações e as emoções de seus personagens e chorei horrores
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  2. fiquei muito apreensivo que foi só perto do final do livro que os personagens 'acordaram' e perceberam que tinham que fazer algo que mudasse de fato os seus destinos. Excelente livro, romance, tragédias, drama e exalta o poder do perdão.

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  3. muito bom o livro, no final é emocionante e ao mesmo tempo angustiante.. pois os personagens só se dão conta que precisam fazer algo pra mudar seus destinos somente próximo ao fim do livro.. Exalta a importância da família, do amor e principalmente do perdão.

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