Livro: Uma História de Amor e TOC
Título original: OCD Love Story
Autor (a): Corey Ann Haydu
Editora: Galera Record
Páginas: 319
ISBN: 9788501100580
Sinopse: "Bea foi diagnosticada com transtorno obsessivo-compulsivo. De uns tempos pra cá, desenvolveu algumas manias que podem se tornar bem graves quando se trata de... garotos! Ela jura estar melhorando, que está tudo sob controle. Até começa a se apaixonar por Beck, um menino que também tem TOC. Enquanto ele lava as mãos oito vezes depois de beijá-la, ela persegue outro cara nos intervalos dos encontros. Mas eles sabem que são a única esperança um do outro. Afinal, se existem tantos casais complicados por aí, por que as coisas não dariam certo para um casal obsessivo-compulsivo? No fundo, está é só mais uma história de amor... e TOC."


   Corey Ann Haydu cresceu nas ruas de Boston, Massachusetts, onde desenvolveu um profundo amor por livros, queijo, ruas de paralelepípedos e Gilmore Girls. Atualmente mora em Nova York, onde arrumou novas paixões, como livrarias, os prédios do Brooklyn, escrever em cafés e queijos mais finos. Uma História de Amor e TOC é seu romance de estreia.
   Bea, adolescente, 16 anos e com um problema nada legal: TOC, transtorno obsessivo-compulsivo. A história se inicia com Bea em uma festa lotada, no exato momento em que ocorre um blecaute. Ela reconhece, tanto por experiência própria quanto por suas frequentes pesquisas, que alguém ao seu lado está tendo um ataque de pânico. Na esperança de ajudá-lo a controlar sua crise, Bea o beija e ele foge, fazendo com que ela fique apenas com a lembrança de seu nome: Beck
   Bea tem a sensação frequente de que tudo está desmoronando lentamente, e sua terapia parece contribuir para essa ruína. Sua terapeuta desconfia de seu comportamento, a ansiedade parece estar próxima a entregá-la quando a Dra. Pat revela que Bea tem TOC. As manias inofensivas de observação e seu cuidado excessivo são uma doença e Bea se vê condenada a uma terapia em grupo. Na primeira sessão, em meio a adolescentes e compulsões, está ele: Beck, o rapaz do beijo no escuro. 
   A adolescente de apenas 16 anos sempre achou que seu par ideal seria alguém tão ferrado como ela, e as mãos de Beck, feridas por incontáveis lavagens, confirmam sua teoria: compulsão. Ainda assim, Bea se acha diferente, por ter manias diferentes. Como explicar que ela não para de pensar em outro cara? Que o persegue? Não de um jeito romântico, mas como se fosse uma questão de pura necessidade.
   Logo chega o último estágio: a doença começa a se manifestar ainda mais, porém Bea tem a ajuda de sua melhor amiga Lisha. O TOC começa a ser sufocante, desconfortável, fora de controle, doloroso como os beliscões cada vez mais fortes que ela não consegue parar de dar em sua perna. No meio disso tudo, está Beck. E Bea esta preste a se apaixonar.

   Já havia lido algumas resenhas de Uma História de Amor e TOC e isso meio que fez com que eu não esperasse grande coisa do livro, apenas o necessário para uma boa leitura. Em algumas das resenhas que li, chegaram até mesmo a comparar a temática com a de John Green, ainda que de fato tenha pouca coisa semelhante. Nunca havia lido algo da autora, mas o gênero não é novidade pra mim, e gosto muito desse tipo de livro Jovem/Adulto.

  
   O livro é narrado da perspectiva de Bea, fato que dá a história um “tom” mais interessante, visto que a narração em primeira pessoa favorece a compreensão. A narração apesar de fluir pouco e ser despretensiosa é bem solta e de fácil entendimento. A autora tem uma escrita muito descontraída, porém detalhista e formal
   O que mais me chamou atenção no livro, e que provavelmente desperta o interesse em todos que o leem é o TOC. Com o livro construímos uma dimensão sobre o transtorno obsessivo-compulsivo e ficamos com interesse em saber mais e buscar também entender o lado da pessoa que possuí a doença. Percebemos, através da história, o quanto a autora pesquisou para discorrer sobre a doença, e de modo geral fez com que o livro fosse, além de puro entretenimento, um manual sobre o TOC, onde através da leitura as pessoas pudessem tomar conhecimento sobre a doença e maneiras de como tratá-la. 
   Os personagens da história são poucos e muito bem trabalhadosBea é o tipo de personagem pelo qual você não se apega totalmente, porém é muito marcante e provavelmente irá se lembrar dela por um tempo. Ela é uma personagem muito comovente e por – poucas – vezes engraçada, com atitudes típicas de uma adolescente com TOC. Lisha, sua melhora amiga, é também muito importante na narrativa e faz um papel auxiliar na ajuda ao tratamento de Bea. Dra. Pat se mostra muito além de uma simples terapeuta e através disso vemos que, por vezes, os médicos não querem apenas ser “nossos médicos”, mas se importam o suficiente para serem nossos amigos. 
   Beck é outro personagem fundamental no livro. Após conhecer Bea, ele passa a perceber – assim como ela também percebe – que ambos são a única esperança um do outro e a partir disso iniciam uma caminhada, não muito amorosa, como deixa parecer ao ler a sinopse, que os levarão a um lugar onde encontraram muito mais que a simples paixão um pelo outro, mas a cura para o TOC. 

   
   Os personagens são poucos, como já disse antes, e isso favorece sua boa construção. Percebe-se que houve um desenvolvimento na história, de modo que as coisas não aconteceram do nada, nem rápido demais, formando personagens reais e muito cativantes, e temos aqui um entendimento a mais sobre como é a vida de quem tem TOC. 
   O que mais me incomodou no livro foi o fato de a narrativa não ser fluída o bastante, ou seja, não ter fatos instigantes, que fazem com que nos perdamos por horas no livro. Senti falta também dos pais de Bea, que não apareceram de forma existencial na narrativa, e acredito que quando se tem uma doença à família é essencial no tratamento, mas no caso de Bea, ela nem aparece. Outro ponto foi a própria Bea: não temos muitos detalhes de sua vida anterior ao TOC, e nem uma visão direta de como se deu o TOC em sua vida. Tem também o fato de que a história é mais de TOC, do que uma história de amor. Mas apesar disso tudo, temos outras coisas na narrativa que compensam esses pequenos delitos. Os fatos apesar de não serem instigantes são marcantes e promissores o suficiente para termos algo bem próximo do maravilhoso. 


   A edição da Galera Record ficou incrível e, para melhorar ainda mais, vem acompanhada de um marcador. A capa é muito bonita e se parece muito com a original. A diagramação é típica Galera Record, e não temos do que reclamar, com um design interno perfeito e com folhas de papel pólen – amarelinhas. Apesar de alguns – poucos – erros de revisão, não tenho do que reclamar da edição, que merece todo tipo de parabenização. 
   Uma História de Amor e TOC, apesar dos pequenos delitos, é uma história que merece ser lida – e quem sabe relida –, por ter um aspecto simples e despretensioso. Ainda que não tenha uma narrativa altamente viciante, percebemos que a autora não queria um livro que fosse maravilhoso, porque talento ela tem pra isso, mas que Uma História de Amor e TOC fosse simplesmente marcante e importante, por tratar algo tão especial que é o TOC. O livro possuí poucas e boas qualidades e com ele se é possível ir além do entretenimento, alcançando algo mais importante: o conhecimento. Leitura muito bem recomendada. 

Primeiro parágrafo do livro: “Para minha sorte não entro em pânico em espaços pequenos e escuros ou qualquer coisa parecida. Sou um tipo diferente de louca.”
Melhor quote: “Podemos ser loucos, mas existe uma lógica por trás até mesmo das coisas mais loucas que fazemos.”


       


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