Livro: Mares de Sangue
Título original: Red Seas Under red Skies
Autor (a): Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Páginas: 512
ISBN: 9788580413144
Sinopse: Após uma batalha brutal no submundo do crime, o golpista Locke Lamora e seu fiel companheiro, Jean Tannen, fogem de sua cidade natal e desembarcam na exótica Tal Verrar para se recuperar das perdas e feridas. Porém, mesmo no extremo ocidental da civilização, não conseguem descansar por muito tempo e logo estão de volta ao que fazem de melhor: roubar dos ricos e embolsar o dinheiro. Desta vez, eles têm como alvo o maior dos prêmios, a Agulha do Pecado, a mais exclusiva casa de jogos do mundo, onde a regra de ouro é punir com a morte qualquer um que tente trapacear. É o tipo de desafio a que Locke não consegue resistir... só que o crime perfeito terá que esperar. Antigos rivais dos Nobres Vigaristas revelam o plano a Stragos, o ambicioso líder militar verrari, que resolve manipulá-los em favor de seus próprios interesses. Em pouco tempo, a dupla se vê envolvida com o mundo da pirataria, um trabalho inusitado para ladrões que mal sabem diferenciar a proa da popa de um navio. Em Mares de sangue, Locke e Jean terão que se mostrar malabaristas de mentiras, enganando todos ao seu redor sem a mínima falha, para que consigam sair vivos. Mas até mesmo isso pode não ser o bastante...
Depois do sucesso de “As Mentiras de Locke Lamora”, o segundo volume, “Mares Sangue” foi publicado pela Editora Arqueiro. Escrito por Scott Lynch, a série Nobres Vigaristas conquistou inúmeros leitores no mundo, inclusive os brasileiros. Confira a resenha a seguir!
Depois da tragédia que ocorreu no desfecho do primeiro volume, Locke Lamora e Jean tentam se reerguer e retomar a vida de Nobres Vigaristas em “Mares de Sangue”. Entretanto, por mais que Jean prossiga nos seus pequenos planos de usurpador e ladrão na cidade de Vel Virazzo, Locke se afunda na bebedeira e não consegue mais usar de sua astúcia para nenhum outro delito. Sente-se culpado pelo episódio que os levaram a perde Galdo, Calo e Pulga.
Cansado do estado de autopiedade de Locke, Jean arquiteta uma pegadinha, com o intuito de que Locke relembrasse o gosto que nutria pelos seus artifícios de trapaceiro, e forçando o líder dos Nobres Vigaristas a utilizar das artes dos ladrões para escapar ileso da brincadeira. Mas, o que Jean não esperava era que Locke, ao se reerguer de sua depressão, sairia roubando a cidade inteira – inclusive autoridades perigosas – em memória a sua antiga vida. Estava na hora de fugir e construir mais um plano genial para um grande roubo outra cidade escolhida, Val Terrar.
Com novos nomes, os Nobres Vigaristas se empenharam em um novo e letal plano de furto. Eles desejavam roubar o cofre mais bem fortificado da região – que diziam ter armadilhas mortais – do homem mais temido da sociedade, Requin. Para isso se integraram na casa de jogo desse milionário durante dois anos, ganhando inúmeras rodadas nos jogos de cartas a fim de que obtivessem moral e atenção de seu alvo.
Isso logo ocorreu, no entanto, mal eles pensavam que o fidalgo da cidade – Arconte – iria intercepta-los para obriga-los a serem seus subordinados e cumprirem as tarefas que desejasse.
Com o objetivo de firmar sua ameaça, Arconte enganou Locke e Jean, induzindo-os a consumir na bebida um veneno misterioso que os mataria aos poucos se não tomassem o antídoto mantido em sigilo pelo fidalgo. Agora os nobres Vigaristas teriam que modificar seus planos, e, pior, tentar formular outro para fugirem ilesos das garras de Arconte.
“ – É claro. Dou-lhe
os parabéns por uma clientela tão lisonjeira. Mas as portas de seu cofre são
guardadas por engrenagens feitas por homens. O que um homem tranca, cedo ou
tarde, outro destranca.”
Assim como “As Mentiras de Locke Lamora”, Mares de Sangue segue um enredo não-linear, apresentando lembranças mais atuais – enquanto o volume anterior se aprofundara nas reminiscências da infância do protagonista e demais personagens.
Com uma narração detalhada – e, às vezes, cansativa – Scott Lynch conseguiu prosseguir com sua genialidade e habilidade ao equilibrar os capítulos do passado e do presente, a fim de que o leitor sempre imagine saber dos planos inteligentes dos personagens, para provar, capítulos depois, que os Nobres Vigaristas são capazes de induzir ao erro inúmeras vezes o próprio leitor. Achei que já havia me acostumado com o estilo de roubo dos personagens, e que os conhecia completamente. Fui enganada mais uma vez dentro desse volume e isso me encantou!
Apesar de As Mentiras de Locke Lamora ter sido muito cativante por apresentar um mundo diferente e seus personagens, “Mares de Sangue” se mostrou cheio de ação desde as primeiras páginas, envolvendo o leitor e permitindo que a leitura fluísse. Além disso, o cenário se modificou nesse volume, obrigando Scott Lynch a ser ainda mais criativo e adotar outros hábitos, costumes e culturas para as novas civilizações expostas. Há, também, uma sutil “magia” no mundo de Locke Lamora, pois apresentam fatos que quebram nossas leis naturais, que vão muito além de nossa realidade – mas que não torna a história menos crível. As comidas, por exemplo, são extremamente exóticas, se, ao menos, o nome delas nos remeterem a algo do nosso mundo.
Nesse volume, foi mais fácil apegar-me aos personagens. Locke continuou um personagem altamente concreto e genial – mantendo seu coração mole e sua subjetividade disfarçada. Enquanto Jean roubou mais a cena, e me cativou ainda mais. Há uma personalidade muito carismática em Jean, que também sabe ser um personagem muito esperto. Essa ênfase nos personagens, fez, ainda mais, fixar a minha atenção nessa série. Foi muito mais difícil, nesse segundo volume, largar tudo o que acontecia nessa dimensão.
Contudo, por mais que essa sequência tenha muitos pontos positivos, durante a exibição ou execução dos planos, algumas explicações não foram apresentadas – isso foi justificado na “Nota do Autor” no final do livro. Infelizmente, foi possível perceber que o escritor quis complicar e ir mais longe do que deveria, causando alguns furos sutis.
Mares de Sangue nos reserva muitas surpresas – habilidade maior do autor. Foi bem arquitetado – apesar de ter alguns deslizes – formulando um clímax espetacular e um desfecho chocante e mergulhado no suspense. Quando terminei o livro, fiquei estática, nervosa por não ter a sua possível continuação em mãos.
A capa é simplesmente linda, feita para ser, por muito tempo, admirada! O designe da obra foi perfeito. As folhas são amareladas – o que auxilia na leitura – e os capítulos longos, tendo dentro destes, subcapítulos, uma distribuição bem inovadora e interessante. A Editora Arqueiro está de parabéns pela publicação de sucesso!
A obra é grande e um tanto cansativa, por exigir muita atenção e raciocínio para compreender o que está acontecendo. Contudo, ainda é um livro que indico com fervor! Scott Lynch também soube me conquistar nesse volume e me fez ficar ansiosa para ler mais sobre os Nobres Vigaristas.
Primeiro Parágrafo:
“Locke Lamora estava para no píer de Tal
Verrar, com o vento quente de um navio em chamas às costas e a picada fria de
uma flecha de balestra no pescoço.”
Melhor Quote:
“Locke abriu as mãos e sorriu como se pedisse desculpas. –
Fui contratado para invadir seu cofre assim que descobrir um modo de tirar tudo
o que há dentro, bem debaixo do seu nariz.”