Livro: Vermelho O Como Sangue
Título original: Punainem Kuin Veri
Autor (a): Salla Simukka
Editora: Novo Conceito
Páginas: 240
ISBN: 9788581635798
Sinopse: No congelante inverno do Ártico, Lumikki Andersson encontra uma incrível quantidade de notas manchadas de vermelho, ainda úmidas, penduradas para secar no laboratório de fotografia da escola. Cédulas respingadas de sangue. Aos 17 anos, Lumikki vive sozinha, longe de seus pais e do passado que deixou para trás. Em uma conceituada escola de arte, ela se concentra nos estudos, alheia aos flashes, à fofoca e às festinhas dominadas pelos garotos e garotas perfeitos. Depois que se envolve sem querer no caso das cédulas sujas de sangue, Lumikki é arrastada por um turbilhão de eventos. Eventos que se mostram cada vez mais ameaçadores quando as provas apontam para policiais corruptos e para um traficante perigoso, conhecido pela brutalidade com que conduz os seus negócios. Lumikki perde o controle sobre o mundo em que vive e descobre que esteve cega diante das forças que a puxavam para o fundo. Ela descobre também que o tempo está se esgotando. Quando o sangue mancha a neve, talvez seja tarde demais para salvar seus amigos. Ou a si mesma.

TRILOGIA "A BRANCA DE NEVE"
    1.  Vermelho Como O Sangue
    2.  Branco Como A Neve (sem previsão de lançamento)
    3.  Preto Como Ébano (sem previsão de lançamento)


   Vermelho Como O Sangue conta a história de Lumikki Anderson, uma garota de dezessete anos que vive sozinha, em uma cidade longe dos pais, e que sabe muito bem se virar sozinha. A palavra "sozinha", na realidade, poderia resumir a vida da jovem: ela não tem amigos — muito menos deseja os ter —, faz o possível para nunca chamar atenção e vive um tanto isolada. O pouco contato que tem com os pais e os constantes pensamentos da menina indicam uma família problemática, e um aparente passado turbulento
   Quando Lumikki encontra por acaso uma grande quantia de dinheiro, ela sabe que nada bom pode vir daquilo e que não deveria se meter. As notas notam, afinal, indicam que o dinheiro não veio de meios lícitos: elas possuem a marca característica de uma mancha de sangue. Sabendo disso ou não, todavia, o acaso e uma sobreposição de fatos levam Lumikki ao centro dessa complicada rede de corrupção, mentiras, roubos... e sangue

   O livro de Salla Simukka foi um dos lançamentos mais divulgados e promovidos da Novo Conceito, e, consequentemente, havia muitas expectativas sobre ele. Eu não escapei do grupo que esperava um grande thriller no livro da autora finlandesa — e, infelizmente, também não escapei do grupo que se decepcionou com a obra. Não é que Vermelho Como O Sangue seja uma obra essencialmente ruim. Na realidade, há pontos positivos que posso ressaltar sobre o livro: a começar pela escrita de Simukka. 
    A narrativa é feita em terceira pessoa, e varia entre diferentes pontos de vistas. Em sua maioria é Lumikki o foco, mas também vemos através dos olhos de Elisa, a nova "amiga" da protagonista, do chefe da máfia local e do policial que faz o jogo de agente duplo. São histórias paralelas que, somente ao serem juntadas, formam e explicam a atual situação dos personagens, e essa engenhosidade me agradou bastante. 
   Além disso, Salla Simukka escreve de um modo simples, mas bonito, o que consegue prender a atenção do leitor. Isso é auxiliado pelos capítulos curtos da obra, o que tornam a leitura mais rápida: e o que, na realidade, em algumas partes, foi a única coisa que me fez continuar a leitura. Eu explico: por mais que tenha gostado do como a autora decidiu contar aos poucos a história e juntar tudo no final, grande parte do livro é apenas... monótono. 


   O mistério pode ter sido interessante e instigante no começo, mas talvez é exatamente aí que esteja o grande problema do livro: depois da página 40, mais ou menos, é fácil descobrir exatamente tudo o que acontecerá. A grande trama, a conspiração, parece muito previsível e pouco crível, forçada demais e muito estendida. Talvez eu tivesse uma opinião muito diferente do livro se a autora houvesse criado um final impactante e surpreendente, mostrado que enganou todos os leitores: mas isso não aconteceu. 

   Na realidade, mais para o final da história, minha esperança é que ela fizesse algo com o tão misterioso passado de Lumikki. Ao longo do livro, somos levados a acreditar que a personagem passou por muitas experiências traumáticas, ou por algo que a abalou de verdade. Entretanto, quando o mistério foi finalmente "revelado", meu único sentimento foi decepção. Mal pude acreditar que tudo aquilo havia sido devido ao motivo apresentado — e, não que eu ache o que Lumikki passou é algo banal, pelo contrário; mas, em minha opinião, a justificativa é deveras fraca para o comportamento atual da garota. 
   Os personagens do livro, em geral, também não foram tão convincentes. Além de Elisa, o policial e o chefe da máfia, os demais não acrescentam nada na história. Ainda não entendi a utilidade dos dois amigos de Elisa, que ficam sempre por perto, a não ser para fazer besteiras e dar uma justificativa que poderia facilmente ter sido melhor ajustada para o começo da história. 
   Creio que a melhor forma de descrever o modo como me senti para com Vermelho Como O Sangue é desapontada. Fiquei extremamente chateada após encerrar a leitura, pois foi o tipo de livro que poderia ter sido tanto, mas acabou como o livro que, na realidade, além da premissa, acabou no mesmo lugar. Não senti que houve uma intensificação em qualquer momento, as habilidades da protagonista algumas vezes pareciam forçadas e Lumikki se envolveu de um modo meio irreal em um problema que nem sequer era dela. 


   Sendo uma trilogia, deixo aqui claro que pretendo sim continuar a série. Mas isso se deve mais ao fato do que o livro poderia ter sido do que ao que ele realmente foi. Vermelho Como O Sangue foi um livro de possibilidades, e minha decepção se sustenta no preceito que ele não desenvolveu tudo o que poderia — mas ainda pretendo dar uma chance a história, que pode sim evoluir se bem estruturada. Há algumas lacunas abertas ainda, e espero que a autora saiba aproveitá-las nos próximos volumes. 
   Aproveito para destacar dois pontos interessantíssimos sobre o livro: o primeiro é sua ambientação. Tendo a Finlândia, terra natal da autora, como plano de fundo, a aura que o frio e neve constante criam para a trama é algo quase tocável, e Salla Simukka se saiu muito bem ao transmiti-la. A segunda é o fato de a série se tratar de uma espécie de releitura modificada do conto A Branca de Neve, que, na realidade, tem sua versão finlandesa nomeada de "Lumikki", assim como a protagonista. 
   A Editora Novo Conceito fez um trabalho genial, como de costume, com o design do livro. Ele consegue ser encantador como os contos de fada, ao mesmo tempo que não deixa de demonstrar um leve toque de tenebrosidade. É um livro relativamente curto, com páginas amareladas e de boa qualidade. Não tive qualquer problema com a revisão e tradução, que são muito bem feitas, o que sempre é um ponto positivo. Também vale lembrar que o livro chegou para mim com um kit lindo retratando a neve, como mostramos na Caixa de Correio. 
   Por fim, afirmo que Vermelho Como O Sangue é um livro um tanto relativo, que, infelizmente, não foi tudo o que eu esperava, mas que não estou pronta para desistir da história. Algo sobre o enredo me atrai, e continuarei apostando na série para ver se, no próximo livro, a autora surpreende. Recomendo para aqueles que estão a procura de mistérios e intrigas, sem o usual romance envolvido.

Primeiro parágrafo do livro:
"O branco cintilante espalhava-se por toda parte. Sobre a neve velha, uma camada nova e limpa caíra quinze minutos antes. Quinze minutos antes, tudo ainda era possível. O mundo parecera lindo, o futuro bruxelava em algum lugar distante: mais esperançoso, mais livre e mais pacífico. (...)"
Melhor quote:
"Uma corda no pescoço ainda era uma corda, ainda que estivesse incrustada de diamantes."

        



Um Comentário

  1. Que pena que o livro não foi tudo isso, então, Gabi... Eu ainda não li, mas adoro readaptações de contos de fadas e pela divulgação gigante que a Novo Conceito fez, esperava um livro incrível =/ E como não gosto nem um pouco de livros monótonos e mistérios simples demais, acho que vou esperar mais um pouco para lê-lo.
    Beijos,
    Isa.
    http://meuportaldoslivros.blogspot.com.br

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