Livro: Dias de Sangue e Estrelas
Título Original: Days of Blood and Starlight
Autor (a): Laini Taylor
Editora: Intrínseca
Páginas: 448
ISBN: 9788580574067
Sinopse: "Karou, uma estudante de artes plásticas e aprendiz de um monstro, por fim encontrou as respostas que sempre buscou. Agora ela sabe quem é - e o que é. Mas, com isso, também descobriu algo que, se fosse possível, ela faria de tudo para mudar: tempos atrás Karou se apaixonou pelo inimigo, que a traiu, e por sua culpa o mundo inteiro foi punido. Na deslumbrante sequência de Feita de fumaça e osso, ela terá que decidir até onde está disposta a ir para vingar seu povo. Dias de sangue e estrelas mostra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra ancestral. Enquanto os quimeras, com a ajuda da garota de cabelo azul, criam um exército de monstros em uma terra distante e desértica, Akiva trava outro tipo de batalha: uma batalha por redenção... por esperança. Mas restará alguma esperança no mundo destruído pelos dois?"
TRILOGIA "FEITA DE FUMAÇA E OSSO"
Karou recuperou suas memórias. Agora ela sabe quem ela é. E o que ela fez.
Anos atrás, uma quimera se apaixonou por um serafim, e, em meio a uma guerra secular, o mundo inteiro sofreu. Depois de descobrir a verdade sobre seu passado, Karou está decidida a entrar na guerra que tanto machucou seu povo — uma guera pela a qual ela se sente responsável. Enraivecida pela morte de sua família e pela traição de quem amava, a quimera em um corpo de garota usará seus conhecimentos únicos para ajudar seu povo e vingar sua família.
Do outro lado da guerra, um anjo tenta compensar seus erros do passado. Akiva sofreu uma vez com a morte de Madrigal apenas para, anos depois, reencontrar o amor e tê-lo arrancado de seu alcance novamente. Ele pensa que Karou está morta e assim, mesmo sem vontade, retorna para a guerra para ficar junto de seus irmãos, Liraz e Haezel. O que o exército de serafins não esperava, contudo, começa a acontecer: dezenas de anjos estão aparecendo mortos, e isso somente pode ser um sinal de que o inimigo voltou: e dessa vez, por vingança.
Em Dias de Sangue e Estrelas acompanhamos os dois amantes em lados opostos de uma guerra secular, que ameaça levar o melhor de ambos para longe. Toda guerra possui o seu preço, ainda mais uma tão sangrenta quanto a travada pelas duas raças: até aonde cada um deles está disposto a ir para vingar seu povo?
Lembro-me que, depois de ter lido Feita de Fumaça e Osso, fiquei impressionada por dias com tamanha criatividade e originalidade de Laini Taylor ao criar uma história tão complexa e, ao mesmo tempo, tão tocante. Amei o primeiro livro, que entrou para minha lista de favoritos; e, assim, não acreditava que a autora poderia me impressionar novamente ao continuar a série. Fico feliz em afirmar que estava redondamente enganada.
Ao contrário do primeiro livro, que desenvolveu e nos narrou o relacionamento entre Karou e Akiva, em Dias de Sangue o Estrelas o foco é outro: a guerra travada entre os serafins e as quimeras. Todos amamos uma boa história de amor, mas acredito ser impossível negar o apelo de uma guerra: os sentimentos contraditórios, a dor, a saudade e a esperança mexem conosco assim como a mais bela das histórias de amor faria.
Dias de Sangue o Estrelas aprofunda os conhecimentos do leitor tanto sobre a tão antiga rixa entre as raças quanto sobre o misterioso mundo, Eretz, o qual ambos seres necessitam partilhar. Esse fato, em particular, me agradou muito — é extremamente interessante conhecer mais sobre a interação entre as raças, e até mesmo como semelhantes se tratam. Enquanto antes éramos limitados à visão de Karou sobre sua família, agora tudo isso é expandido, amplificado, e, assim, muito envolvente.
O livro é narrado em terceira pessoa, e, por mais que tenha seu foco nos personagens de Karou e Akiva, segue alguns outros também. Desse modo, podemos estar cientes da mesma história contada sobre diversos pontos de vista, o que sempre adiciona uma grande quantidade de informação — ainda mais por cada um dos personagens estar em um lugar do mundo diferente, e situações totalmente distintas.
A escrita de Laini Taylor é um caso completamente a parte. Há diversos autores que escrevem muito bem e tenho sim minha lista de preferidos, mas preciso afirmar que a narração de ninguém chega aos pés da de Taylor. Creio que a melhor forma de descrever o modo como a autora escreve é o comparando a uma melodia. Tudo é tão perfeitamente contínuo, tão belamente poético que foi difícil, durante a leitura, não marcar grande parte dos trechos.
Da mesma maneira que o primeiro livro, Dias de Sangue e Estrelas começa um tanto parado, em meio a tanta destruição e terror, mas logo pega o ritmo tão característico da autora. Li o livro em dois dias, e tenho certeza que o teria lido mais rápido se não tivesse outros afazeres. É uma história que, por narrar a guerra, tem diversas cenas frenéticas e de ação, mas, o que me mais chamou minha atenção foi o fato de que, ao mesmo tempo, a dor e melancolia estão presentes em cada página, nem que seja de um modo extremamente sutil.
"Era uma vez um anjo e um demônio que se apaixonaram e ousaram imaginar um novo modo de viver — sem massacres ou gargantas cortadas ou fogueiras feitas com mortos [...]. Uma vez, deitados no templo secreto da lua com seus corpos entrelaçados, os amantes sonharam com um mundo que era como uma caixa de joias sem as joias —um paraíso esperando que eles o encontrassem e o preenchessem com sua felicidade.
Algo que esse mundo jamais seria."
Outro ponto positivo sobre a trilogia é, sem dúvidas, seus personagens. Karou, a protagonista, é alguém extremamente complexa: ela carrega, afinal, duas almas dentro de si. Adorei-a em Feita de Fumaça e Osso, e, devido a isso, durante grande parte deste livro não pude deixar de ficar decepcionada e até mesmo um pouco revoltada com as atitudes da garota. Ela não se parece, inicialmente, em nada com a Karou que conhecíamos, e acredito que demorei para me dar conta de que esse é exatamente o ponto. Ela não é a mesma garota; ela é alguém que teve sua família morta, foi traída e que acredita ter perdido a única pessoa na qual poderia se apoiar. Depois de compreender isso, acredito que aproveitei muito mais a história, e fiquei apenas mais fascinada com a capacidade da autora de transmitir emoções.
Akiva, por outro lado, é um caso distinto, mas ao mesmo tempo semelhante. Toda a dor e sofrimento que o personagem aprisiona dentro de si estão cada vez mais borbulhantes, e ele finalmente começa a compreender que precisa deixá-los sair. Além disso, Akiva percebe que pode — e que deve — fazer algo para auxiliar as vítimas da guerra, e mais do isso: ele sabe que a guerra é inútil e maldosa, e irá fazer o que está ao seu alcance (e, ironicamente, um pouco mais também) para detê-la.
"[...] O que a percorreu naquele instante foi amargura, uma pontada dupla: uma quando ela pensou que fosse ele.
E outra quando percebeu que não era."
Não há muita interação romântica (e quando digo isso, quero dizer que chega bem próximo de zero) entre o casal nesse livro, o que foi, ao meu ver, bom e ruim. A parte boa se deve ao foco estar em algo muito mais sóbrio e profundo, e ver isso se desenvolvendo é incrível. A dor de ambos é tão evidente nesse segundo livro que é, em pequenos passos, focado na cura de seus personagens. Ao mesmo tempo, detestei ver um de meus casais preferidos separados e sofrendo.
O design do livro é, assim como o do anterior, magnífico. Ainda fico impressionada com a qualidade da arte da capa, que é ainda mais bela ao vivo, com seus efeitos metalizados, e em como ela reflete a história. Preciso também citar aqui o quanto eu adoro os títulos dos livros, e acho genial o modo como eles resumem toda a obra em uma frase. A diagramação interna é simples, mas bela, e não me deparei com nenhum erro de revisão ou tradução, a qual foi muito bem feita.
Dias de Sangue e Estrelas é a continuação de uma série incrível, que, a seu modo, consegue superar o primeiro livro. Não afirmo que gostei tanto desse segundo volume como havia gostado de Feita de Fumaça e Osso, já que o foco de cada um deles é distinto. Friso, contudo, que Laini Taylor consegue levar sua história a um nível inimaginável, capaz de chocar o leitor e fazê-lo sentir cada pedaço da dor a qual submete seus personagens. Mal posso esperar pelo próximo livro, que tem tudo para ser ainda mais grandioso.
Primeiro parágrafo do livro:
"Praga, início de maio. O cinza do céu pesava nos telhados de contos de fadas, e o mundo todo assistia. Até satélites tinham sido direcionados para a ponte Carlos, para o caso de os... visitantes... voltarem. Coisas estranhas já haviam acontecido naquele cidade antes, mas não tão estranhas assim. Pelo menos não desde que existiam as câmeras de vídeo para provar o ocorrido. Ou para explorá-lo."
Melhor quote: I. "Ziri nunca tinha ouvido falar de nada parecido com aquela história de trilha de mapas de tesouro. Exceto talvez pela história do anjo que entrara disfarçado na cidade do inimigo para dançar com sua amada."
II. "[...] A compreensão — e o fardo — de que, ao contrário daqueles muitos que haviam morrido por sua culpa, ele tinha vida, e a vida não era um estado padrão, [...] mas um meio. Para a ação, para o esforço. Enquanto tivesse vida, coisa que merecia tão pouco, ele a usaria, a empregaria, faria de tudo o que pudesse em nome dessa vida, mesmo que não fosse, pois nunca era, suficiente."
III. "Compaixão gera compaixão, assim como sangue gera sangue. Não podemos esperar que o mundo seja melhor do que aquilo que o fazemos ser."
Oi Gabi,
ResponderExcluirEu tenho uma enorme curiosidade para ler "Feita de Fumaça e Osso", não quero deixar passar de 2015. Agora que li sua resenha (fugindo de possíveis spoilers) fiquei mais interessada, saber que uma continuação é tão boa quanto o primeiro é incrível; A sinopse por si só já impressiona, mas mesmo assim tinha aquele receio... Aí você descobre que os dois livros são surpreendentes! Ok, quero já.
Espero ler o primeiro o mais rápido possível, assim que o fizer comento o que achei.
Parabéns pela resenha :)
Até mais,
Natálie
www.nossosmundos.com