Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas: 398
ISBN: 978-85-510-0070-0
Sinopse: Magnus Chase achava que casamentos arranjados tinham saído de moda há tempos, mas, aparentemente, nem todos pensam assim: para recuperar o martelo de Thor, que está nas mãos dos inimigos dos deuses, Loki, o deus da trapaça, propõe uma aliança. Na verdade, um casamento. Sem o martelo, Thor não consegue proteger Midgard - o mundo humano -, e os gigantes estão ficando cada vez mais ousados. O Ragnarök vai começar. Os nove mundos vão queimar. Agora, Magnus, Sam, Hearth e Blitz têm apenas cinco dias para encontrar a arma perdida do deus do trovão, evitar uma invasão e impedir um casamento.
TRILOGIA "MAGNUS CHASE E OS DEUSES DE ASGARD"
A narrativa é em primeira pessoa tendo como narrador o protagonista, Magnus. O que é instigante é o fato de Magnus ser quase como um livro aberto. Me arrisco a dizer que ele é um protagonista melhor que Percy Jackson. Sei que muitos vão discordar, já que o filho de Poseidon conquista muito facilmente, mas Magnus tem uma honestidade cativante e seu nível de sarcasmo por toda a narrativa faz com que a leitura seja mais prazerosa e fluida – claro que esta é a marca registrada do Rick, afinal, como ele poderia tornar a mitologia algo interessante para um público jovem? O fato de Magnus ser um rapaz que viveu nas ruas por tanto tempo, sendo obrigado a roubar, a perder sua dignidade, a abrir mão de tantas coisas e ainda ser rejeitado pela família que lhe restou, fez com que ele se endurecesse um pouco e se tornasse alguém capaz de enfrentar todos os desafios que lhe são postos ao longo do enredo.
"Dica de etiqueta: para saber a hora certa de ir embora de uma festa, o momento é quando o anfitrião gritar 'Ninguém sai daqui vivo'" (p. 202).
O que mais me cativa nos livros infanto-juvenis de Rick Riordan é a forma como ele "amarra" bem os fatos da mitologia. Nesse caso, a mitologia nórdica é tratada – ele dedica o livro à Tolkien por tê-lo introduzido nesse universo – e toma proporções diferentes das vistas na cultura pop, que conquista tantos jovens, mesmo sendo cheia de referências atuais (como as músicas da Selena Gomez que a espada de Magnus, Jacques, ama cantar). Ele resgata a mitologia antiga e bruta, com a história dos deuses grandes em contraste com os deuses menores – cada um com seu próprio espaço. Relatar a personalidade dos deuses de forma divertida dá o toque de originalidade que uma série desse tipo necessita.
Todos os personagens são tratados de forma igualmente cativante e original – tanto quanto Magnus. Em O Martelo de Thor, temos a volta de personagens que se fizeram presentes no primeiro livro: Samirah, a muçulmana valquíria filha de Loki; Hearthstone, o elfo surdo-mudo; Blitzen, o anão filho de Freya apaixonado por moda; além dos amigos einherjar (heróis que morreram com bravura na Terra) que se hospedam no mesmo andar que Magnus em Valhala. Nessa nova aventura mais uma personagem entra na jogada: Alex, filha(o) de Loki que tem gênero fluido, ou seja, algumas vezes é garota e outras, garoto. Parece um pouco confuso no início, mas é impossível não se apegar ao gênio forte e cheio de atitude desta personagem. A grande questão que paira por todo o enredo é: será que ela(e) é mesmo confiável ou está trabalhando o tempo todo para o pai infiltrada(o) em Valhala?
Falar sobre os personagens me lembra também outra questão que é muito relevante nas histórias de Riordan: a criação de personagens que inspiram representatividade. Para quem leu Heróis do Olimpo pôde ver a homossexualidade retratada em um dos personagens, bem como uma filha de Afrodite (deusa grega da beleza) que não se preocupava com beleza e um filho de Júpiter (deus romano equivalente à Zeus, o deus grego dos ventos e trovões) que não era tão resistente como se esperaria. Com a série do Magnus não foi diferente. Além de mostrar uma muçulmana aceitando a existência de deuses nórdicos e ainda mantendo sua fé, também trabalha o fato de um anão (tendo em mente que a tradição dos anões é que sejam ferreiros) ter talento para moda e um elfo que se comunica em linguagem de sinais por não poder ouvir em falar - e isso deu uma ótima perspectiva para os diálogos. E ainda, nesse novo livro, pôde mostrar uma personagem que representa a transgenia.
"Meu cérebro se recusou a sair da minha cabeça. Que falta de consideração!" (p. 264).
Primeiro parágrafo: "Uma lição: se vocês levarem uma valquíria para tomar café, vão ter que acabar tendo que pagar a conta e ainda lidar com um cadáver".
Melhores quotes: "Nem sempre era possível lutar as batalhas dos meus amigos. O melhor que eu podia fazer era estar presente para curar as feridas deles".
"Existem limites que você não pode ultrapassar. Isso não é fraqueza. É um dos seus pontos fortes".
Nunca li nenhum livro do Rick Riordan, mas essa resenha me deixou com vontade de conhecer essa série!
ResponderExcluirParece super legal o livro. Com certeza ele vai entrar p/ a minha lista.
ResponderExcluirwww.lendolendas.wordpress.com