Livro: O Martelo de Thor
Título Original: The Hammer of Thor
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas: 398
ISBN: 978-85-510-0070-0
Sinopse: Magnus Chase achava que casamentos arranjados tinham saído de moda há tempos, mas, aparentemente, nem todos pensam assim: para recuperar o martelo de Thor, que está nas mãos dos inimigos dos deuses, Loki, o deus da trapaça, propõe uma aliança. Na verdade, um casamento. Sem o martelo, Thor não consegue proteger Midgard - o mundo humano -, e os gigantes estão ficando cada vez mais ousados. O Ragnarök vai começar. Os nove mundos vão queimar. Agora, Magnus, Sam, Hearth e Blitz têm apenas cinco dias para encontrar a arma perdida do deus do trovão, evitar uma invasão e impedir um casamento.

TRILOGIA "MAGNUS CHASE E OS DEUSES DE ASGARD"
    1.  A Espada do Verão
    2.  O Martelo de Thor
    3.  O Navio dos Mortos (Lançamento previsto para 3 de Outubro de 2017)

    Rick Riordan nasceu em 1964 nos Estados Unidos, em San Antonio, Texas, e hoje mora em Boston com a esposa e os dois filhos. Autor best-seller do The New York Times, premiado pela YALSA e pela American Library Association, por quinze anos ensinou inglês e história em escolas de São Francisco, e é a essa experiência que atribui sua habilidade para escrever para o público jovem. Além da série Magnus Chase e os deuses de Asgard, sobre mitologia nórdica, Riordan assina a série Percy Jackson e os Olimpianos, Os heróis do Olimpo e As provações de Apolo, inspiradas na mitologia greco-romana, e As crônicas dos Kane, que visita deuses e mitos do Egito Antigo.

   No primeiro livro da série, A Espada do Verão, Magnus Chase se apresenta para os leitores como um herói que é a cara do Kurt Cobain e que, após a morte de sua mãe, passou a viver na rua com seus amigos Hearth e Blitz. O tempo passa e ele não percebe que este mundo — chamado de Midgard pelos nórdicos — se tornou perigoso demais para alguém como ele viver. Quando enfim é morto por um gigante do fogo, Magnus vai parar no paraíso dos heróis comandado por Odin, Valhala. Lá, descobre o grande mistério que envolvia sua vida: ele é filho do deus da cura, Frey. Depois de muitas aventuras e perigos, Magnus finalmente consegue se adaptar à sua nova vida em Valhala. Porém, as coisas voltam a ficar difíceis quando o martelo do deus do trovão, Thor, desaparece.
    Magnus e seus amigos têm que encarar Loki, o deus da trapaça, novamente, e se veem encurralados: precisam achar o martelo a tempo de evitar uma invasão dos gigantes a Midgard. Porém, o acordo de Loki deixa a todos desconfiados. O deus parece estar querendo ajudá-los, mas porque Loki se preocuparia com Midgard quando seu único objetivo até o momento é sair da prisão na qual foi metido? Para completar essa confusão, surge alguém que parece disposto a guiar Magnus nessa nova aventura, mas o herói ainda tem sérias dificuldades de confiar em alguém que não seja seus amigos. Mesmo assim, eles precisam partir em mais uma missão cheia de perigos, através dos nove mundos.

    Sou apaixonada pelos livros de Rick Riordan. Sua forma de contar uma boa história é fascinante. Parece ser um encaixe perfeito: um tema tão rico como o da mitologia, o gênero infanto-juvenil e um autor que sabe lidar perfeitamente com as duas coisas. Tanto o tema quanto o gênero me agradam. Sou fã do trabalho do Rick desde que comecei a ler Percy Jackson e os Olimpianos, sobre mitologia grega, e desde então não parei mais. Quando soube que ele lançaria uma nova série sobre mitologia nórdica, já consegui prever mais um sucesso, especialmente quando os livros têm uma ligação muito clara com os do mocinho Percy.
    A narrativa é em primeira pessoa tendo como narrador o protagonista, Magnus. O que é instigante é o fato de Magnus ser quase como um livro aberto. Me arrisco a dizer que ele é um protagonista melhor que Percy Jackson. Sei que muitos vão discordar, já que o filho de Poseidon conquista muito facilmente, mas Magnus tem uma honestidade cativante e seu nível de sarcasmo por toda a narrativa faz com que a leitura seja mais prazerosa e fluida – claro que esta é a marca registrada do Rick, afinal, como ele poderia tornar a mitologia algo interessante para um público jovem? O fato de Magnus ser um rapaz que viveu nas ruas por tanto tempo, sendo obrigado a roubar, a perder sua dignidade, a abrir mão de tantas coisas e ainda ser rejeitado pela família que lhe restou, fez com que ele se endurecesse um pouco e se tornasse alguém capaz de enfrentar todos os desafios que lhe são postos ao longo do enredo.

"Dica de etiqueta: para saber a hora certa de ir embora de uma festa, o momento é quando o anfitrião gritar 'Ninguém sai daqui vivo'" (p. 202).

    O que mais me cativa nos livros infanto-juvenis de Rick Riordan é a forma como ele "amarra" bem os fatos da mitologia. Nesse caso, a mitologia nórdica é tratada – ele dedica o livro à Tolkien por tê-lo introduzido nesse universo – e toma proporções diferentes das vistas na cultura pop, que conquista tantos jovens, mesmo sendo cheia de referências atuais (como as músicas da Selena Gomez que a espada de Magnus, Jacques, ama cantar). Ele resgata a mitologia antiga e bruta, com a história dos deuses grandes em contraste com os deuses menores – cada um com seu próprio espaço. Relatar a personalidade dos deuses de forma divertida dá o toque de originalidade que uma série desse tipo necessita.
    Todos os personagens são tratados de forma igualmente cativante e original – tanto quanto Magnus. Em O Martelo de Thor, temos a volta de personagens que se fizeram presentes no primeiro livro: Samirah, a muçulmana valquíria filha de Loki; Hearthstone, o elfo surdo-mudo; Blitzen, o anão filho de Freya apaixonado por moda; além dos amigos einherjar (heróis que morreram com bravura na Terra) que se hospedam no mesmo andar que Magnus em Valhala. Nessa nova aventura mais uma personagem entra na jogada: Alex, filha(o) de Loki que tem gênero fluido, ou seja, algumas vezes é garota e outras, garoto. Parece um pouco confuso no início, mas é impossível não se apegar ao gênio forte e cheio de atitude desta personagem. A grande questão que paira por todo o enredo é: será que ela(e) é mesmo confiável ou está trabalhando o tempo todo para o pai infiltrada(o) em Valhala?
    Falar sobre os personagens me lembra também outra questão que é muito relevante nas histórias de Riordan: a criação de personagens que inspiram representatividade. Para quem leu Heróis do Olimpo pôde ver a homossexualidade retratada em um dos personagens, bem como uma filha de Afrodite (deusa grega da beleza) que não se preocupava com beleza e um filho de Júpiter (deus romano equivalente à Zeus, o deus grego dos ventos e trovões) que não era tão resistente como se esperaria. Com a série do Magnus não foi diferente. Além de mostrar uma muçulmana aceitando a existência de deuses nórdicos e ainda mantendo sua fé, também trabalha o fato de um anão (tendo em mente que a tradição dos anões é que sejam ferreiros) ter talento para moda e um elfo que se comunica em linguagem de sinais por não poder ouvir em falar - e isso deu uma ótima perspectiva para os diálogos. E ainda, nesse novo livro, pôde mostrar uma personagem que representa a transgenia.
 
"Meu cérebro se recusou a sair da minha cabeça. Que falta de consideração!" (p. 264).

    A capa manteve o mesmo estilo da primeira. A ilustração foi feita pelo ilustrador americano bastante conhecido, John Rocco e mantém Magnus como centro tendo um fundo condizente com o conteúdo da história; apela ainda para as cores fortes e impactantes usando uma paleta específica para o livro, o que o diferencia dos demais da trilogia – embora ainda não se saiba como será a capa do terceiro. A diagramação também se manteve na forma original e a revisão/tradução foram muito satisfatórias, o que ocorre com os outros livros do autor lançados pela editora Intrínseca
    Magnus Chase e os deuses de Asgard é uma trilogia dedicada ao público infanto-juvenil, porém não se restringe apenas a ele, já que alcançou uma popularidade muito além. Ainda não chegou a tempo de superar Percy Jackson e os Olimpianos, mas tem uma dose de qualidade tão boa quanto. Rick Riordan mostrou mais uma vez que não deixa a bola cair e que sua imaginação parece ser infinita. Para quem já gosta do trabalho do autor e de seus outros livros, não irá se decepcionar. E para quem ainda não conhece: altamente recomendado!

Primeiro parágrafo: "Uma lição: se vocês levarem uma valquíria para tomar café, vão ter que acabar tendo que pagar a conta e ainda lidar com um cadáver".
Melhores quotes: "Nem sempre era possível lutar as batalhas dos meus amigos. O melhor que eu podia fazer era estar presente para curar as feridas deles".
"Existem limites que você não pode ultrapassar. Isso não é fraqueza. É um dos seus pontos fortes".

 


2 Comentários

  1. Nunca li nenhum livro do Rick Riordan, mas essa resenha me deixou com vontade de conhecer essa série!

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  2. Parece super legal o livro. Com certeza ele vai entrar p/ a minha lista.

    www.lendolendas.wordpress.com

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