Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Páginas: 303
ISBN: 978-85-510-0030-4
Sinopse: Alerta de Risco é um rica coletânea de histórias de terror e fantasmas, de ficção científica e contos de fadas, de fábula e poesia — produzidas em diversas épocas e para diversos fins —, que exploram o poder da imaginação. Em "História de aventura", Gaiman pondera sobre a morte e sobre como, ao falecer, as pessoas levam consigo suas histórias. No suspense "Caso de Morte e Mel", ele nos presenteia com sua visão genial do mundo de Sherlock Holmes. "Hora nenhuma" é um conto muito especial sobre Doctor Who, escrito para o quinquagésimo aniversário da série de TV, em 2013. E há também um texto escrito exclusivamente para esta coletânea: "Cão Negro", que revisita o mundo de Deuses Americanos ao narrar um episódio que envolve Shadow Moon em um Bar durante seu retorno aos Estados Unidos.
Logo em sua introdução, Gaiman faz um resumo sobre cada conto – o por quê de tê-los escrito, qual a idealização que teve aos escrevê-los, quais os objetivos alcançados com cada um, etc. Um dos contos inéditos é como uma espécie de spin-off de seu livro O Oceano no Fim do Caminho — chama-se Cão Negro, e foi escrito especialmente para esta coletânea. Nela ele também incluiu contos de grande reconhecimento, que já esteve presente em outras coletâneas coordenadas por terceiros, assim como trouxe contos nunca antes publicados.
Além de Cão Negro, há outros de merecido destaque, como Detalhes de Cassandra, onde o autor relembra a namoradinha imaginária da adolescência e acaba criando uma espetacular ficção em torno dela. A verdade é uma caverna nas Montanhas Negras traz uma perspectiva interessante a respeito da vida, da ganância e dos objetivos que nos dispomos a cumprir. Com Xique-Xique Chocalhos, Gaiman transforma um simples conto de terror infantil em algo muito profundo e de grande intelectualidade. Com Terminações Femininas, ele descreve a paixão avassaladora que uma estátua viva de rua nutre por uma mulher. E ainda tem os consagrados Caso de Morte e Mel e Hora Nenhuma, inspirados em Sherlock Holmes e Doctor Who, respectivamente.
Essa foi a minha primeira experiência com uma obra de Gaiman. Ouvia muitas pessoas alegarem que sentiam certo temor de lerem algo do autor porque já sabiam da profundidade que ele dá aos seus escritos. Comigo não era muito diferente. Eu não sentia realmente temor, mas havia a sensação de que ainda não estava pronta para ler algo do autor. Acredito que fiz bem em esperar meu nível de leitura amadurecer um pouco mais — caso contrário, talvez não tivesse compreendido metade das estórias de Alerta de Risco, que exigem, por sua vez, algumas reflexões.
Em sua introdução, o autor pede desculpas ao leitor. Sua justificativa é porque reuniu os contos de forma muito aleatória e isso poderia vir a causar algum incômodo em quem lesse. Há, realmente, pessoas que se contentam mais com leituras monocromáticas e que proporcionem os mesmos sentimentos do início ao fim. Mas não é este o meu caso, e, como primeira leitura de um livro de Gaiman, senti que não poderia ter iniciado com um livro melhor, já que pude conhecer toda a versatilidade que o escritor possui e qual das suas facetas mais me agradaram — isso serve até como referência para as próximas obras que pretendo ler do autor.
As narrativas variam de conto para conto. Cada um tem uma escrita própria que se adequam a temática. Em algumas das histórias, como Obra de Bruxa, a escrita de Gaiman é prosaica e até mesmo o formato difere dos demais, com rimas que mudam em cada verso. Em outras, os contos são divididos por capítulos, como Cão Negro e Um calendário de contos — esta escrita com a ajuda de ideias dos seguidores de Gaiman no Twitter, algo genial e que deixa os fãs ainda mais animados com a obra, pois sabem que foi um trabalho conjunto.
"– Você sempre foi assim?
– Assim como?
– Um louco. Com uma máquina do tempo.
– Ah, não. Demorou um tempão até conseguir a máquina do tempo" (p. 196).