Livro: O Lado Feio do Amor
Título original: Ugly Love
Autor (a): Colleen Hoover
Páginas: 336
ISBN: 9788501105738
Sinopse: "Quando Tate Collins se muda para o apartamento de seu irmão, Corbin, a fim de se dedicar ao mestrado em enfermagem, não imaginava conhecer o lado feio do amor. Um relacionamento onde companheirismo e cumplicidade não são prioridades. E o sexo parece ser o único objetivo. Mas Miles Archer, piloto de avião, vizinho e melhor amigo de Corbin, sabe ser persuasivo... apesar da armadura emocional que usa para esconder um passado de dor.O que Miles e Tate sentem não é amor à primeira vista, mas uma atração incontrolável. Em pouco tempo não conseguem mais resistir e se entregam ao desejo. O rapaz impõe duas regras: sem perguntas sobre o passado e sem esperanças para o futuro. Será um relacionamento casual. Eles têm a sintonia perfeita. Tate prometeu não se apaixonar. Mas vai descobrir que nenhuma regra é capaz de controlar o amor e o desejo."
A minha principal dúvida ao escrever essa resenha é uma das questões mais difíceis do mundo da literatura: como discorrer sobre os livros de Colleen Hoover sem parecer uma pré-adolescente fanática?
Quem leu alguma de suas obras sabe que, brincadeiras a parte, o cerne da questão permanece como um ponto válido. Dentre todos os livros de Hoover que já li, a verdade é que a autora conseguiu me deixar apaixonada, obcecada e viciada em cada um deles. Ainda que eu encontrasse x defeitos nas atitudes dos personagens, y coisas forçadas demais, tudo isso merecia ser ignorado quando olhava para a história como um todo. E, é claro, com O Lado Feio do Amor não foi diferente — na realidade, talvez, esse tenha sido o livro de sua autoria que mais gostei.
Tate Collins acaba de se mudar para São Franciso para o apartamento de seu irmão, Corbin, um piloto de uma companhia aérea. Ela pretende dedicar-se ao seu mestrado em enfermagem, e, como o irmão raramente está em casa, parece ser o plano perfeito. É ao chegar a sua nova casa que Tate conhece um rapaz bêbado, na porta de sua casa, e seu desprazer por ele é imediato. Ao encontrar tal homem, quem ela descobre ser Miles, o melhor amigo de seu irmão, também piloto e vizinho de apartamento, no outro dia, a situação é ligeiramente diferente: uma atração inexplicável parece crepitar entre os dois, e nenhum deles sabe como lidar com isso.
É assim que eles entram em um acordo: eles poderão se envolver, mas apenas fisicamente. Tate está centrada em sua carreira, e Miles é muito mais fechado do que parece humanamente possível. Ele tem duas regras: não perguntar sobre seu passado e não esperar um futuro, e, inicialmente, Tate está feliz em segui-las enquanto aproveita o relacionamento físico entre eles. Mas conforme eles se envolvem e Tate tem pequenos vislumbres do interior tão criteriosamente escondido de Miles, sexo casual parece não ser o suficiente... o que há no passado de Miles que o faz manter tudo a sete chaves? Será isso tão grande para ambos deixarem o amor passar batido?
A história não é original, eu confesso. Na verdade, Colleen Hoover consegue a mesma proeza, em minha opinião, de algumas boas autoras de romances de época, que conseguem, ainda que com um clichê em suas mãos, nos envolver magnificamente em cada capítulo de suas obras. Digo isso porque, assim como com Um Caso Perdido, Sem Esperanças e Em Busca de Cinderela — e, na realidade, o que relatarei foi ainda mais intenso com O Lado Feio do Amor —, eu simplesmente não consegui tirar essa história da cabeça. Perdi a noção do tempo ao mergulhar nas páginas, e troquei uma noite de sono por terminar esse livro.
O livro é narrado em primeira pessoa, e intercala entre os tempos passado e presente, sendo o agora narrado por Tate e o passado, em torno de seis anos atrás, narrado pelo jovem Miles. Por não conhecermos o que aconteceu de tão impactante na vida de Miles para mudar todo seu comportamento, é como se estivéssemos lendo duas histórias diferentes, algo deveras interessante. A linguagem utilizada é informal e bem simples, mas, ainda sim — e, talvez, exatamente por isso —, o leitor não vê o tempo passar, e os fatos se desenrolam em uma sequência de tirar o fôlego.
Na realidade, essa última expressão resume muita coisa. Talvez pareça estranho a quem ainda não conhece o trabalho de Colleen Hoover, mas algo que sempre digo sobre essa autora é que ela é capaz de tirar o fôlego de um leitor; assim como fazê-lo sorrir, chorar, suar frio e ficar com a boca seca. Não é como, em minha opinião, não se deixar afetar pela complexidade de sentimentos, tão humanos, que ela consegue inserir nas páginas de seus livros, e essa é, sem dúvidas, a qualidade que mais me deixa admirada com o seu trabalho.
"Corações se infiltraram.
Promessas se quebram.
Regras ficam abaladas.
O amor fica feio."
É justamente pelo supracitado que, devo admitir, acho plausível relevar alguns dos erros ou coisas que me desagradaram na história. Isso, é claro, não os faz passarem em branco. Não é que elas não existam: coisas como as atitudes de Tate em relação a Miles e o fato de ela ser tão manipulável, seguindo, muitas vezes, o esteriótipo de moça indefesa e sonhadora foram coisas que me irritaram, e mais de uma vez. Acredito que o primeiro ponto que posso apontar em relação a isso é, infelizmente, um dos principais de uma história: os seus personagens.
Tate, apesar de ser agradável e muito "gostável", conseguiu me irritar muitas vezes. Muitas. Vezes. Tudo bem, eu admito: ela é uma personagem real. Ela é forte, mas fraca, e sofre, ri, se engana, chora; nem tudo são flores com ela, assim como na vida de qualquer um. Mas suas atitudes em relação a Miles me deixavam indignadas. E o problema, na realidade, nem era ele, mas sim a lógica insana que ela criou para justificar suas atitudes.
Miles basicamente afirma, com todas as palavras passíveis de uso, que só quer sexo com ela, já que não pretende, nunca mais, amar ninguém. E ela diz querer o mesmo com ele, mas, mais para frente, ela começa a se apaixonar. Esse nem é o problema: o problema é, na realidade, o líquido. Não, leitor, você não lê isso errado. Tate se descreve dizendo que "ela não era Tate perto dele, ela era líquido e líquido não se impõe". Talvez encontramos, aqui, uma parente longínqua de Bella Swan?
É claro, Miles também não é um poço de amores. Ao longo do livro, ele é grosso, mandão e trata a moça mal em diversas ocasiões, e tudo isso é depois justificado por ele "não querer sentir" (o que, honestamente, não foi o suficiente para me convencer, mas tudo bem). Contrastantemente, também, devo dizer que notei todos os defeitos ao mesmo tempo que shippei loucamente o casal. Eu sei, um tanto hipócrita, mas isso é apenas o resultado da bagunça que Colleen Hoover faz em nossas mentes para gostarmos de seus livros.