Livro: O Dom
Título Original: The Gift
Autor (a): James Patterson e Ned Rust
Editora: Novo Conceito
Páginas: 285
ISBN: 9788581632810

Os irmãos Allgood nunca desistem de lutar contra os poderes autoritários e desumanos d’O Único Que É O Único, mas, agora, eles estão sem Margô — a jovem e atrevida revolucionária; sem Célia — o grande amor de Whit; e sem seus pais — que provavelmente estão mortos... Então, em uma tentativa de esquecer suas tristes lembranças e, ao mesmo tempo, continuar seu trabalho revolucionário, os irmãos vão parar em um concerto de rock organizado pela Resistência onde os caminhos de Wisty e de um jovem roqueiro vão se cruzar. Afinal, Wisty poderá encontrar algo que lhe ofereça alguma alegria em meio a tanta aflição, quem sabe o seu verdadeiro amor... Mas, quando se trata destes irmãos, nada costuma ser muito simples e tudo pode sofrer uma reviravolta grave, do tipo que pode comprometer suas vidas. Enquanto passam por perdas e ganhos, O Único Que É O Único continua fazendo uso de todos os seus poderes, inclusive do poder do gelo e da neve, para conquistar o dom de Wisty... Ou para, finalmente, matá-la.
 SÉRIE "WITCH & WIZARD"
    1.  Bruxos e Bruxas
    2.  O Dom

   Whit e Wisty Allgood descobriram a pouco que são diferentes da maioria dos jovens. Agora, eles sabem que são possuidores de grandes poderes mágicos e precisam lutar contra o governo que oprime o mundo em que vivem: música, arte, literatura e tudo que traga ao menos um pouco de diversão é banido pela Nova Ordem. O líder dessa organização impetuosa é conhecido como O Único Que É O Único, e parece estar cada vez mais obcecado em capturar os heróis, custe o que custar.
    Quando as coisas parecem estar acalmando-se para Wisty e Whit, eis que surge uma reviravolta: depois de fugir de (mais uma!) tentativa de execução, de centenas de soldados da N.O e das muitas confusões que encontram, os irmãos precisam aprender a controlar seus poderes, e, ainda, descobrir porque O Único Que É O Único os quer tanto, e o quão longe está disposto a ir para conseguir capturá-los.

    Depois do primeiro livro, minhas expectativas para melhoras nesse segundo volume da série eram altas. “Bruxos e Bruxas” foi uma leitura rápida, com um pouco de ação e — mesmo com tudo que me incomodou no livro — divertida. Esperava que “O Dom” trouxesse mais ação à série, um amadurecimento dos personagens, além das tão esperadas explicações que faltaram no primeiro. Infelizmente, ao encerrar a leitura, encontrei muito pouco disso.
    “O Dom” é narrado em primeira pessoa ora por Whit, ora por Wisty e, uma novidade desse novo volume, ora por O Único Que É O Único. Os capítulos são curtos e muito descritivos, no estilo já característico do autor — entretanto, essa é a única característica de James Patterson que consigo ver na obra. Quem leu livros como os da série “Alex Cross”, por exemplo, não acreditaria que ele foi escrito pela mesma pessoa (é claro que devemos levar em consideração o co-autor, Ned Rust, mas, de qualquer jeito...). A linguagem informal em excesso é gritante, um pouco “demais” em algumas partes, e a construção dos fatos, assim como suas soluções, são tão rápidas que o leitor mal tem tempo de acompanhar.
    De modo similar ao do primeiro, tudo acontece rapidamente demais: algumas páginas após os protagonistas encontrarem situações perigosas ou desafiados, uma solução muito conveniente — e algumas vezes até absurda — é encontrada facilmente, o que resulta em desfechos como a aparição de um portal mágico, alguém se transformando em um animal ou, até mesmo, um carro que começa a voar porque seus ocupantes começam a cantar. Existem coisas que, se bem escritas, são aceitáveis (especialmente em um livro de fantasia), mas, da maneira que os autores colocaram as soluções lá, simplesmente jogadas, não consegui crer, sentir o que os personagens sentiam, e isso foi o que mais me aborreceu.
    A grande atenção que é dada a cenas supérfluas, apesar de trazer divertimento ao livro, acaba tirando o foco da história principal, que é a luta dos irmãos contra a Nova Ordem e o descobrimento dos poderes deles. Há algumas cenas com lapsos de profundidade, em que, quando a intenção seria emocionar, é fácil passar batido pelas páginas.
     É claro que o livro não é inteiramente ruim. Há partes divertidas, com alguma ação e, até mesmo, revelações que conseguem surpreender o leitor. Não sou muito fã dos personagens principais — e ainda torço para que estejam mais maduros no próximo volume! —, mas, é possível ver o mesmo potencial de história que é facilmente visto em “Bruxos e Bruxas”.
    O trabalho gráfico do livro é incrível, e a capa, que possui um efeito um tanto brilhante, é ainda mais bonita do que a do primeiro livro da série. A diagramação é perfeita, sem erros e com uma ótima adequação da parte da editora a tantas expressões informais, e o design está entre meus favoritos.
     Afirmo, mais uma vez, que se trata de uma história juvenil, talvez juvenil demais para o gênero que prefiro ler, mas que tem bastante potencial. É leve, uma leitura rápida que desperta a curiosidade no leitor com as revelações feitas, deixando-o ávido por mais. As aventuras dos irmãos surpreendem, e acredito que sejam ideais para quem procura por uma leitura para descontrair-se. 

Primeiro parágrafo do livro: 
"Escute aqui. Não temos muito tempo."
Melhor quote:
"Chegamos à clareira no topo do morro e somos recebidos por um homem alto e careca num terno azul-escuro impecável. Ele está ali como se estivesse esperando a vida inteira por nós."

            


Deixe um comentário

.