Autor (a): Louisa Reid
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581630441
Páginas: 255
Sinopse: Hephzibah e Rebecca são irmãs gêmeas, mas muito diferentes. Enquanto Hephzi é linda e voluntariosa, Reb sofre da Síndrome de Treacher Collins — que deformou enormemente seu rosto — e é mais cuidadosa. Apesar de suas diferenças, as garotas são como quaisquer irmãs: implicam uma com a outra, mas se amam e se defendem. E também guardam um segredo terrível como só irmãos conseguem guardar. Um segredo que esconde o que acontece quando seu pai, um religioso fanático, tranca a porta de casa. No entanto, quando a ousada Hephzibah começa a vislumbrar a possibilidade de escapar da opressão em que vive, os segredos que rondam sua família cobram-lhe um preço alto: seu trágico fim. E só Rebecca, que esteve o tempo todo ao lado da irmã, sabe a verdadeira causa de sua morte... Hephzi sonhara escapar, mas falhara. Será que Rebecca poderia encontrar, finalmente, a liberdade?
Hephzibah e Rebecca eram irmãs gêmeas, e sofriam com a bruta
criação que recebiam de seus pais, dois religiosos fanáticos. Proibidas de freqüentar
escolas, de se divertirem, de fazerem amizades ou sequer brincarem, viviam na
sombra do medo e com a esperança de enfim, escaparem.
Qualquer deslize era motivo para uma surra pesada, qualquer
costume fora das tradições religiosas era pecado. Mas Rebecca sofria mais, por
ter uma face inteiramente desfigurada, conseqüência da doença Teacher Collins,
enquanto Hephzibah era linda e admirada por todos. Roderick, pai de ambas,
gostava particularmente de espancar Rebecca, alegando que o rosto dela era o
pecado encarnado, e que ela tinha alguma ligação com o diabo.
Depois de um comentário de uma vizinha, para manter as aparências,
Roderick decide mandar as filhas para o Ensino Médio, desde que estudassem
matérias que pouco entenderiam, e que não trariam esclarecimentos ou estimulassem
o senso crítico.
Rebecca fica decepcionada rapidamente ao perceber que todos
riam ou cochichavam de sua aparência diferente. Já Hephzibah, enturmou-se,
decidindo que poderia enganar seus pais, e mentia, enquanto saía escondida para festas. Hephzi conseguira manter a mentira por muito tempo, até seu
namorado se apresentar ao seu pai. Irritado, surrou sua filha, fazendo-a perder
o bebê que esperava. E, junto com o bebê, fora-se ela. Hephzibah morrera e
deixara Rebecca à sua própria sorte.
Mais que odiada, Rebecca agora precisava agüentar sozinha todas
as frustrações de seus pais. Contudo, o espírito de Hephzi ainda estava ali e a
estimulava a fugir dos monstros que eram seus progenitores. Será que Rebecca
teria a coragem suficiente? Será que esse sofrimento teria fim?
Definitivamente esse foi o livro mais comovente e cruel que
já li.
A dor que o livro
emanava já era possível de se sentir nas primeiras páginas, as quais tinham um
clima escuro e palavras marcantes, e o enredo só provou o que eu previa.
A narração era em primeira pessoa e foi dividida entre as
irmãs gêmeas. Hephzibah narrando o Antes e Rebecca, o Depois. Por mais que
pecasse na descrição de cenário, a narração informal soube descrever com
precisão sentimentos, pensamentos e acontecimentos dos personagens envolvidos.
Inclusive, contribuiu para uma leitura mais leve, apesar da história pesada e
obscura.
Os personagens foram muito marcantes e diferentes dos quais
já tive contato. Roderick era incrivelmente difícil de se compreender, assim
como a mãe das protagonistas, cúmplice de atitudes cruéis. Hephzibah teve suas atitudes nobres, porém, ainda
discriminava muito sua própria irmã. Enquanto Rebecca foi a melhor personagens
de todas. Apesar de seus defeitos, foi corajosa e forte, incrivelmente forte. A
narração de seu cotidiano pesado e de seus delírios foram os que mais me
comoveram nessa trama.
De início, tudo foi um tanto confuso. O próprio enredo
não-linear atrapalhou um pouco na compreensão dos acontecimentos. Muitos deles
foram guardados para o final, deixando o leitor no escuro por toda a leitura.
Contudo, tudo foi bem trabalhado e apresentado com clareza no desfecho. Nenhuma
lacuna ficou aberta ou foi mal desenvolvida.
A reflexão e as lições estavam espalhadas por todo o livro,
desde as mais simples até as mais grandiosas e chamativas. E a dor estava em
todo o lugar, em todos os modos. Até mesmo eu me perguntei se haveria, de fato,
um final feliz e satisfatório, encarnada no clima de medo e de pouca esperança.
A história, sem dúvidas, daria um bom e tocante filme.
O desfecho foi surpreendente e realista, sem fugir do clima
que o próprio livro apresentava. Não haveria como ter um final melhor e mais
inesquecível. Percebi no término da leitura, que essa história ficaria comigo
para sempre.
Minha única reclamação é acerca do design: a estética do livro é péssima. A capa é mal construída,
falsa e sem graça, chamando pouca atenção do público para uma história tão boa.
Sem dúvidas, havia como caprichar mais, já que esta é a primeira impressão, a
fachada de uma obra.
Amei inteiramente Corações Feridos, apesar de sofrer e me
incomodar bastante com a crueldade apresentada. Vale muito a pena investir, por
ser comovente e memorável. Indico a todos os públicos, que procuram por todas
qualidades indicadas a cima. Essa obra é extremamente intensa e tem o poder de
fazê-lo chorar.
Primeiro Parágrafo: "Hoje eles tentaram me fazer ir ao
funeral de minha irmã [...]"
Melhor Quote: “Olhe
para dentro, retire a pele, a carne e os ossos e encontrará uma biblioteca de
sofrimentos.”