é autor de vários romances premiados, roteiros para filmes e para animações de TV. Nascido e criado no
, atualmente mora no sul da Califórnia. Em 2017,
, o principal prêmio de literatura jovem adulta dos Estados Unidos.
Por trás de tantas conquistas, e garantindo que tudo seja perfeitamente organizado e funcional, está a Nimbo-Cúmulo, a inteligencia artificial que evoluiu da nuvem de dados, se transformando na grande autoridade do planeta. Mas, apesar de todo esse planejamento, a Terra não comporta uma população que só cresce. Algumas pessoas precisam morrer. Por isso, logo que a fórmula para vencer a morte foi descoberta, formou-se um grupo que teria a missão de coletar algumas vidas e manter o equilíbrio da sociedade. Esse grupo é a Ceifa, e a Nimbo-Cúmulo não pode intervir em suas ações: quem morre pelas mãos de um ceifador não poder ser revivificado.
E é com esse grupo que Citra e Rowan se envolvem. A garota tem dezesseis anos e mora com os pais e o irmão mais novo, sem planos grandiosos para o futuro. Assim como Rowan, cuja família não para de crescer graças à possibilidade de rejuvenescimento. Ao cruzarem o caminho do ceifador Faraday, ambos são convocados para se tornarem aprendizes da Ceifa. Enquanto isso, alguns integrantes da Ceifa sentem cada vez mais prazer ao cumprir seu objetivo de matar, e resolvem mudar algumas regras da organização. Ao final do treinamento, Citra e Rowan serão obrigados a enfrentar um desafio: apenas um deles será nomeado ceifador e, quem não for escolhido, será a primeira coleta do concorrente. Entre disputas internas da Ceifa e grandes — grandes mesmo, hein!? —, Citra e Rowan deverão aprender tudo sobre a arte de matar — mesmo que isso signifique matar um ao outro.
"Quaisquer que fossem suas intenções, ele as guardou para si, e a família teve de dar o que ele queira. Citra se perguntou se, caso a comida estivesse do seu gosto, ele pouparia uma vida naquela casa. Não era de admirar que as pessoas fizessem de tudo para agradar os ceifadores. A esperança diante do medo é a motivação mais forte do mundo".
Conheci O Ceifador em seu lançamento, e por ser um romance que mistura incomumente distopia/sci-fi e literatura jovem-adulto, tive bastante curiosidade em lê-lo. Quando, então, surgiu a oportunidade de ler, foi uma grata emoção e vocês vão entender bem o porquê. Era o tipo de livro que eu realmente não sabia o que esperar, já que além de não conhecer nada do autor, o gênero costuma surpreender e trazer tramas bastante inesperadas — muito embora alguns leitores digam sempre se tratar de "o mesmo do mesmo".
Se você, como eu, sente falta de boas histórias distópicas, daquelas que, como Divergente, Jogos Vorazes ou até mesmo Maze Runner, nos fazem vibrar, gritar "viva a revolução" e querer pegar uma pistola e embarcar com os protagonistas, O Ceifador está aí para isso: para ser uma grande aposta para os fãs do gênero. Sobretudo, para trazer uma visão clara do preço a ser pago pela eternidade e para provar que toda utopia, por mais perfeita que seja, sempre terá um lado ruim.
Narrado em terceira pessoa, o livro intercala o foco narrativo entre Citra e Rowan. O fato de ter sido escrito de tal forma acrescentou muito ao livro, pois trouxe um dinamismo incrível, aliado a uma boa construção dos fatos e um excelente desenvolvimento das ideias propostas pelo autor, que em momento algum deixaram de soar críveis e intrigantes. Apesar da essência cinematográfica e televisiva, Neal não nos entregou um roteiro ou algo parecido, mas um romance desenvolvido com maestria, sem pressa e com uma pegada totalmente diferente da já saturada no mercado literário — deixando claro que o que não foi trabalhado, certamente, será fomentado nos demais livros.
"— Saiba que você não receberá nenhum agradecimento de ninguém, além de mim, pelo que fez aqui hoje — ele disse. — Mas lembre-se de que as boas intenções pavimentam muitas estradas. E nem todas levam ao inferno".
Todos os ceifadores, por lei, devem manter um registro de todos os inocentes que matam. Um diário público, explicando àqueles que nunca vão morrer e àqueles que ainda não nasceram o motivo por que eles, seres humanos, fazem o que fazem. Logo, o que mais chama atenção no livro são esses registros — intercalados em meio aos capítulos — em primeira pessoa e responsáveis por boa parte da crítica presente. Os ceifadores são instruídos a anotar não apenas seus atos, mas também seus sentimentos, porque deve-se saber que eles têm sentimentos. Remorso. Arrependimento. Sofrimentos grandes demais para suportarem. Porque, se não sentissem nada, que espécie de monstro seriam?
E é com muito suspense, aventura e morte que somos conduzidos em O Ceifador, uma história que é rica em críticas — muitas delas indiretas, mas gritantes —, onde o autor usa de fatos que podem, sim, acontecer na nossa realidade para nos fazer pensar. Outro fato que me chamou atenção foi a questão da trama ser, de certa forma, simples e ainda assim ser tão empolgante e envolvente, tecida com personagens muito bem elaborados e idealizados na narrativa.
Citra e Rowan se mostraram excelentes personagens, cada qual com seus defeitos e com suas qualidades. No entanto, concordo com alguns amigos resenhistas que eles poderiam ter sido explorados com mais afinco — mas não é motivo para desespero, já que teremos outras oportunidades de saber mais e mais desses dois personagens que, com a mão sempre no gatilho, são cheios de determinação, inteligência e humildade. Por fim, vale ressaltar que todos os personagens que aparecem, até mesmo os secundários, são de alguma forma interessantes e importantes para o desenrolar da história, e como estamos lidando com matadores, pessoas que não se importam tanto com a morte e tecnologias autoconscientes, encontraremos em meio a isso personalidades fortes, vibrantes, inexoráveis e, em muitos casos, frias e impiedosas.
A edição da Editora Seguinte, como já era de se esperar, está fantástica — pra combinar com a história, suponho! A capa foi mantida a original lançada nos Estados Unidos, que para mim é a mais bonita dentre as diversas feitas para o livro, principalmente por enaltecer o gênero e ser coerente com a história. Sem contar que a capa é toda trabalhada em relevo no título (que caiu super bem) e acompanha um marcador na orelha da contracapa. A diagramação e o design interior também não ficam para trás, sendo ambos muito bem feitos. Sem dúvidas, é um dos melhores trabalhos da editora!
Por fim, ressalto aqui a importância da leitura desse livro. Provavelmente não será a melhor distopia/sci-fi que irá ler, mas com certeza estará entre as mais bem estruturadas e elaboradas, onde a premissa foi intercalada entre os altos e os baixos. O Ceifador trata de temas importantes, críticas reais (sobre a vida, a morte e, principalmente, sobre a humanidade existente dentro de cada um de nós) e merece fazer parte da sua estante. O livro tem um final agradável e nos deixa contando os minutos para descobrir o que mais o autor irá explorar nesse seu mundo novo. Não acredite em resenhas que dizem que O Ceifador "não tem objetivo" ou é "raso", isso são apenas opiniões de quem com muita sede foi ao pote. O importante é você se atentar ao fato de que o livro é um excelente passatempo para os fãs de sci-fi, romances pós-apocalípticos, o drama da eternidade e a distopia em geral. Eu recomendo a leitura. Em suas reviravoltas, O Ceifador traz algo novo em um mercado bastante saturado.
Primeiro Parágrafo: "O ceifador chegou no fim de uma fria tarde de novembro".
Melhores Quotes: "As pessoas acreditam no que querem acreditar".
"De todos os mandamentos, o décimo é o que mais me faz pensar. Afinal, se colocar acima de todas as outras leis é uma fórmula certa para o desastre".
"Nenhum aprendizado é inútil".
"A culpa é a prima ignorante do remorso".
Realmente devemos sempre ser adeptos da seguinte frase:"Não julgue um livro pela capa."
ResponderExcluirEu particularmente, ao ver o título do livro, achei que seria mais um livro assustador e que eu jamais leria. Me enganei!! Ao ler seu post, fiquei mais que interessada em ler esse livro, fiquei instigada, curiosa para saber o que acontece nessa narrativa. Sou apaixonada por livros escritos em terceira pessoa que nos traz o olhar de todos os personagens envolvidos na trama. E realmente traz também um dinamismo incrível. A cada capítulo, nos faz querer ler mais e mais. E eu gosto de livros assim. Com toda a certeza, O ceifador será um dos livros que lerei antes de morrer rsrs Obrigada por nos trazer seu olhar crítico dos livros e nos mostrar as infinitas opções que existem para uma boa leitura.
Oi, Pedro
ResponderExcluirAinda não li esse livro e a capa é maravilhosa. Li algumas resenhas, mas a sua é bem completa e pude entender sobre o assunto do livro.
Como o livro é escrito em terceira pessoa e mostra os pontos de vista de Citra e Rowan já quero muito ler.
Sua resenha trouxe mais clareza e tirou as dúvidas que tinha a respeito do livro, obrigada.
Oi tudo bem?
ResponderExcluirO ceifador entrou na minha lista de desejados primeiramente pelo nome e a capa, mais depois que li a sinopse e vi que se tratava de uma distopia/sci-fi fiquei com mais vontade de ler. Como seria interessante se não existisse mais desigualdades e as pessoas não envelhecessem e morressem? só que como tudo que parece "perfeito", tem algo errado por trás. Parabéns pela sua resenha Pedro! Preciso muito ler esse livro.