Livro: O Menino no Alto da Montanha
Título Original: The Boy at the Top of the Mountain 
Autor (a): John Boyne
Editora: Seguinte
Páginas: 225
ISBN: 978-85-5532-012-3
Sinopse: Quando fica órfão, Pierrot é obrigado a deixar sua casa em Paris para recomeçar a vida com sua tia Beatrix, governanta de uma mansão no alto das montanhas alemãs. Porém, essa não é uma época qualquer: estamos em 1936, e a Segunda Guerra Mundial se aproxima. E essa não é uma casa qualquer: seu dono é Adolf Hitler. Logo Pierrot se torna um dos protegidos do Führer e se junta à Juventude Alemã. Mas o novo mundo que se abre ao garoto fica cada vez mais perigoso, repleto de medo, segredos e traição.

John Boyne nasceu na Irlanda, em 1971, e mora em Dublin. Escreveu diversos romances que já foram traduzidos para mais de quarenta idiomas. Seu livro mais célebre, O Menino do Pijama Listrado (2007), lhe rendeu dois Irish Book Awards, vendeu mais de 5 milhões de exemplares pelo mundo e foi adaptado para o cinema em 2008. Suas obras já foram traduzidas para mais de 45 idiomas. Escreveu diversos romances de sucesso para adultos e livros infanto-juvenis, como Noah foge de casa, A coisa terrível que aconteceu com Barnaby Brocket, Tormento e Fique onde está e então corra

   Filho de um alemão e de uma francesa, Pierrot Fischer levava uma vida humilde com os pais em Paris. Aos quatro anos, porém, é obrigado a lidar com a morte do pai e, aos sete, com a perda da mãe. Sem ter para onde ir ou quem o sustentasse, o menino acaba passando uma temporada no orfanato em Orléans, até receber uma carta de uma tia distante, pedindo que fosse morar com ela. Tia Beatrix é governanta em Berghof, uma mansão no alto de uma montanha alemã, perto da divisa com a Áustria. Pelo que Pierrot ouve falar, o senhor da casa só passava algumas temporadas ali, mas era temido por todos os empregados. 
  Para garantir a segurança do menino, Beatrix diz que agora ele agora vai se chamar Pieter, ressaltando sua ascendência alemã, e que nunca mais deve falar sobre seu passado — principalmente sobre seu melhor amigo judeu que ficou em Paris. Quando finalmente conhece o patrão da tia, Pierrot — agora Pieter — descobre que se trata de ninguém menos que Adolf Hitler, líder do Partido Nacionalista-Socialista e comandante do país. Apesar do temor inicial, em pouco tempo o menino é escolhido pelo Führer, que o presenteia com um uniforme da Juventude Hitleriana e se torna a principal referência do garoto. Até então uma vítima constante do bullying, agora Pierrot vê na autoridade recém-adquirida uma possibilidade de inverter o jogo. 
   Pierrot, como dito, tem um amigo judeu chamado Anshel, e, mesmo depois de se distanciar dele, continua a amizade com o amigo por cartas. Contudo, com o tempo, Pierrot começa a odiar Anshel, toma Hitler como espelho e começa a ver todos como seus súditos. Depois que ganha de presente do próprio Hitler o uniforme da Juventude Hitleriana, as mudanças em Pierrot ficam extremamente visíveis e o garoto feliz e ingênuo se transforma em um jovem inconsequente, autoritário e infeliz. O amadurecimento de Pierrot é carregado de dor e sofrimento, e quando o garoto chega na vida adulta começa a ver que as coisas não eram como ele pensava e que, principalmente, Hitler não era seu amigo. 

Anshel atribuiu a Pierrot o sinal do cachorro, porque considerava seu amigo gentil e fiel; Pierrot adotou o sinal da raposa para Anshel, que era o mais inteligente da classe.

   Quando fiquei sabendo que seria lançado mais um livro do John Boyne, a expectativa foi lá em cima. O tema do livro já é característico do autor, então eu já sabia que poderia esperar uma leitura fluida, objetiva e com uma história emocionante — porque é John Boyne, certo? — , e também cheia de detalhes e aprendizagem. Depois que li a sinopse, eu tive certeza de duas coisas: que (1) o livro seria destruidor — no bom sentido — e (2) mostraria o lado humano da sociedade de uma forma direta e realista, como sempre faz Boyne, um escritor que, novamente, veio me mostrar o porquê de ser um de meus autores favoritos. Enfim... nem preciso dizer que comecei a ler com toda a ansiedade e curiosidade possível, hein?
   A riqueza dos detalhes me impressionou bastante. O autor dividiu  o livro em quatro partes: 1936, 1937, 1942 e 1945, acompanhadas de um epílogo de cortar nossos corações, que acontece depois da II Guerra Mundial. Vale ressaltar ainda que Boyne fez tudo muito bem feito, e o melhor: sem pontas soltas. Apesar de o livro ser pequeno, a história foi bem feita e fica claro que o autor pesquisou bastante para construir um enredo cheio de detalhes e com uma quase perfeição estética. No decorrer da trama, os personagens vão amadurecendo e outros vão aparecendo na mesma intensidade em que ensinamentos sobre amizade — um dos maiores motivos de eu ter gostado do livro — são passados.
   John soube explorar bem os personagens fazendo o leitor sentir na pele cada experiência e sensação, além de, claro, continuar com o mesmo estilo de escrita dos livros anteriores: claro, objetivo e tocante. O livro é bem impactante e profundo — me peguei chocada em vários momentos da história, não só pela mudança que Pierrot sofreu, mas também pelas características do meio em que vive, as coisas que presenciava e a normalidade que ele começou a ver em algumas crueldades que observava durante os dias. Ainda vale ressaltar que a narração é em terceira pessoa, sempre sob o ponto de vista de Pierrot, o protagonista, que é uma criança ingenua e indefesa no início do livro, mas que por influência do meio em que vive se torna arrogante e autoritário nas páginas seguintes.

 "Então seu amigo disse que tinha uma história para contar; a história de um menino com o coração cheio de amor e decência, mas que acabou corrompido pelo poder." 

   Misturar ficção e fatos históricos em um livro foi mais uma vez uma combinação inteligente feita por John Boyne. O Menino no Alto da Montanha deveria ser uma leitura obrigatória em todas as escolas, já que possui uma história que vai arrancar lágrimas de qualquer leitor e mostrar que muitas vezes o sofrimento é essencial para encontrar o seu verdadeiro lugar. Na verdade, todas as pessoas deveriam ler ao menos um livro desse autor na vida. John Boyne me agradou em tudo, e, como aconteceu na leitura de seus outros livros, chorei, sorri e aprendi muito. A única coisa que me incomodou foi o tamanho do livro e o final, que foi um pouco rápido demais, mas nada que afetasse o entendimento da história. 
   Sobre a edição desse livro, já começo falando da capa, que seguiu o mesmo padrão minimalista dos demais livros do autor. Ah, e junto com o livro a Seguinte deixou um marcador nas orelhas  — como de costume! Uma outra coisa que me agradou bastante foi o fato de ter um desenho explicando a comunicação entre Pierrot e  Anshel, visto que seu amigo era surdo. A diagramação e a edição com um todo continuam, assim como as demais do autor aqui no Brasil, maravilhosas. Não encontrei nenhum erro ortográfico e a tradução manteve o estilo de escrita que o John Boyne tem.  
   Por fim, quero dizer que esse livro foi uma das melhores leituras do ano. E, gente, a trama é maravilhosa, a leitura é rápida, fluida, e também não tem desculpa de dizer que o livro é grande, né? A história é muito emocionante e vai mostrar a quem ler o quanto uma criança pode ser influenciada por causa de sua vulnerabilidade. Pierrot teve uma vida cheia de arrependimentos, mas no final vai ver que uma amizade verdadeira nem o tempo destrói.


Primeiro Parágrafo: "O pai de Pierrot Fischer não morreu na Grande Guerra, mas sua mãe, Émilie, costumava dizer que a guerra o matara."  
Melhor Quote: "Você viu tudo. Sabia de tudo. E sabe também das coisas pelas quais foi responsável. As mortes que carrega na consciência. Você ainda é jovem, tem só dezesseis anos. Tem muitos anos pela frente para ficar em paz com sua cumplicidade no que foi feito. mas jamais convença a si mesmo de que não sabia."



3 Comentários

  1. https://osgriffins.blogspot.com.br/p/south-park.html
    http://lelivros.top/book/download-o-mundo-assombrado-pelos-demonios-a-ciencia-vista-como-uma-vela-no-escuro-carl-sagan-em-epub-mobi-e-pdf/

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  2. A cada novo livro com temática de Segunda guerra que leio, mais sou cativada e absorvida por essa atmosfera densa. Eu nunca tinha ouvido falar sobre essa obra e ainda não tive coragem de ler ou assistir O menino do pijama listrado, tamanho estrago que esse tema causa dentro de mim. Tu mencionou que ele comove quem o lê e taí meu desafio, chorar.. sou muito resistente na leitura ao ponto de derramar lágrimas e a maneira com que foi resenhado me deixa certa que quero ler pra saber como vai ser. A mistura de realidade com ficção, quando bem escritos, confundem o leitor, deixando o livro marcado e despertando sentimentos. A capa é simples até mas aqueles arames farpados me dão calafrios. Agradeço novamente pela dica.

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