Camryn Bennett tem apenas 20 anos, e carrega consigo uma
bagagem pesada. Os últimos dezoito meses de sua vida têm sido uma loucura: Ian,
seu namorado do colegial, morreu em um acidente de carro dois dias antes do
baile de formatura. Poucos meses depois, seu irmão mais velho foi condenado à
prisão por matar alguém dirigindo embriagado. Como se isso não fosse o
bastante, seu pai não aguentou o drama pelo qual a família passava e traiu sua
mãe, logo em seguida abandonando a família, e deixando a mãe da moça em uma
fase onde ela arranja vários namorados, mas não fica muito tempo com nenhum.
Devido às decepções que sofreu, Camryn decidiu desistir do
amor. A única pessoa com quem pode contar é sua melhor amiga de infância,
Natalie, e elas planejam alugar um apartamento para morarem juntas e fugirem da
loucura que é sua família. Tudo dá errado, contudo, quando o namorado de
Natalie tenta beijar Camryn, e, quando ela conta o ocorrido para a amiga, Nat
prefere acreditar que tudo é uma invenção de Cam. Desiludida, triste e cansada,
a moça percebe que os sinais de sua antiga depressão estão voltando, e decide
dar um tempo em tudo que a cerca. Ela arruma uma mochila e pega um ônibus interestadual,
com um destino aleatório, para colocar sua vida em perspectiva.
É nessa viagem improvisada que Camryn conhece Andrew
Parrish, um jovem de 25 anos que dá um novo significado à palavra atraente.
Sarcástico, muito bem-humorado e fã de rock clássico (♥), é impossível para
a moça não perceber a atração que ele exerce, e a conexão que ambos parecem
partilhar. Nenhum dos dois, entretanto, está procurando por um relacionamento,
já que possui os próprios dramas para lidar — será que ambos conseguirão viver
o momento e deixar o passado para trás?
Com uma narrativa emocionante e envolvente, J. A. Redmerski
conseguiu escrever um livro mais do que surpreendente. Trata-se de um new
adult, e, ao iniciar a leitura, esperava o ‘de sempre’: uma mocinha, um cara
muito bonito, algum drama, romance, e, pronto! É claro que há sim, algo disso
no livro, mas a história vai muito além. Não se trate de apenas mais um romance
do gênero, mas de uma bela história sobre pessoas que procuram curar feridas do
passado, ao mesmo tempo que precisam conviver com elas todos os dias e
enfrentar a incerteza do futuro.
Entre o Agora e o Nunca é narrado alternadamente entre Cam e
Andrew, o que amplia a perspectiva do leitor sobre a história — já conseguimos
entender e identificar-nos com cada personagem separadamente — e, além disso,
mostram que os pensamentos sacanas de um cara podem ser muito engraçados.
Como toda boa história, a obra nos faz refletir sobre as
escolhas que tomamos e sobre como tudo é tão frágil, propenso à mudanças. É
quase impossível encontrar alguém que nunca tenha tido vontade de simplesmente
jogar tudo para o alto e recomeçar, quem nunca desejou voltar atrás para ter
feito algo diferente ou aproveitado um pouco mais. Camryn e Andrew são assim, a
compartilham algo que acredito que esteja na mente da maioria dos jovens: a
vontade de fazer algo que valha a pena ser contado, de aproveitar a vida — o
agora — ao seu máximo.
"O que motiva qualquer um de nós a fazer as coisas que fazemos, quando no fundo uma parte da gente só quer se libertar de tudo?"
A quantidade de realidade imposta no livro é quase palpável,
e é exatamente isso que desencadeia todas as reflexões ditas acima e, ao mesmo
tempo, faz dele um livro inesquecível. Até mesmo o modo que o relacionamento
dos personagens foi desenvolvido é muito bem fundado, aos poucos: apesar de
tudo o que possa acontecer, eles são e sempre serão melhores amigos.
Existe uma grande informalidade, perceptível após a leitura de
algumas páginas. Isso, geralmente, me incomoda bastante — os palavrões e
expressões comuns do dia a dia —, mas, nesse caso, apenas serviu para
contribuir com o clima jovial da obra. As situações vividas pelos protagonistas
são inusitadas, engraçadas, e as falas e o comportamento deles conseguem ser
simplesmente hilários. Em vários momentos tive que pausar a leitura para dar risadas
ou marcar algum trecho, sendo ele incrivelmente engraçado ou altamente
profundo.
É claro que o livro não é perfeito, mas, mesmo assim é um must read enorme. O final é
surpreendente, cheio de drama, mas eu desejaria que tivesse sido um pouco menos
apressado do que foi. De qualquer jeito, consegui sentir o equilíbrio entre o drama,
humor e romance, contendo até mesmo uma pitada de erotismo.
Algo a mais que preciso acrescentar na resenha, é a playlist
apaixonante presente no livro. Andrew (além de ser um fofo!) possui um ótimo
gosto musical, e as influências do rock clássico estão presentes em cada página,
além de ter várias músicas épicas que foram citadas. Como fã do estilo, nem
preciso falar que isso foi exatamente o que precisava para me deixar apaixonada
pelo livro.
Acho que não é necessário eu dizer que mais do que recomendo
o livro. Você irá se encantar com o carisma dos personagens, mas não apenas
isso — Entre o Agora e o Nunca toca a alma do leitor, trazendo questões
profundas, ao mesmo tempo que conta a história de um romance avassalador. Foi,
sem dúvidas, uma das melhores leituras do ano, e que fez uma pequena diferença
no modo como encaro a vida.
Primeiro parágrafo do livro:
"NATALIE ESTÁ ENROLANDO o mesmo cacho de cabelo há dez minutos, e isso está começando a me deixar louca. Eu balanço a cabeça e aproximo meu latte gelado, colocando estrategicamente os lábios no canudinho. Natalie está sentada à minha frente com os cotovelos apoiados na mesinha redonda, segurando o queixo com uma das mãos."
Melhor quote:
“Se você fica se prendendo ao passado, não consegue seguir em frente. Se passa muito tempo planejando o futuro, você se empurra para trás ou fica estagnada no mesmo lugar a vida toda.”
“Entre o agora e o nunca” me ganhou fácil. Primeiro que o casal é ótimo. O Andrew consegue ser encantador e teve uma química maravilhosa com a Cam. Depois, vem a narrativa super simples, rápida e coloquial. A linguagem é bem a cara dos jovens, parece que está falando na nossa cabeça. Mas o principal é a profundidade da história. A autora consegue passar os dilemas de cada um muito bem e a própria construção da intimidade deles é muito real. É um livro que tem sexo, mas não é sobre sexo. Tanto ele como “No limite da atração” me surpreenderam muito positivamente.
ResponderExcluirBeijos!
Viviane Gonçalves
vsg_caue@hotmail.com