Livro: Zen socialismo – Os melhores posts do blog "Socialista Morena"
Sinopse: Uma blogueira que resiste aos preconceitos e ataques da internet e põe o dedo em muitas feridas. Brasileira por sua visão corajosa e de futuro, ZEN SOCIALISMO (Os melhores posts do blog Socialista Morena), de Cynara Menezes, reúne o que de melhor essa jornalista que prega a necessidade de uma nova esquerda no país escreveu em sua peregrinação ao mesmo tempo lúcida, denunciadora e bem-humorada pelos problemas, paranoias, fobias, absurdos ideológicos, retrocessos e baixezas da direita brasileira (e de seus adeptos mal informados) pela internet.
"Enquanto houver miséria e desigualdades no mundo, sempre haverá um socialista para criticar o sistema e sonhar com outro mundo possível, onde todos tenham o que comer, o que vestir e oportunidades verdadeiramente iguais" (pág. 44).
Não conhecia amplamente o trabalho de Cynara Menezes. Mas me interessei instantaneamente quando vi que falava sobre socialismo. Confesso que sempre tive "um pé" nessa ideologia, e sou suspeita para falar que seria um regime ideal para nosso mundo atualmente "globalizado-vulgo-alienado". Embora para mim, ainda sejam ideias repletas de utopias, não é todo dia que temos acesso a algo tão puro e cru que fala sobre socialismo e comunismo. Nossa vivência é tão direitista que esquecemos que há outra porta bem ao lado – e nada nos lembra.
O gênero de Jornalismo Político também acendeu minha curiosidade, pelo desejo que tenho que tenho de seguir esse rumo como carreira. Visões de diferentes jornalistas são lidas, vistas e ouvidas todos os dias. Mas, com o tempo, fica aquela sensação tal qual descreve a música, da minha banda preferida, aliás: "Eu presto atenção ao que eles dizem, mas eles não dizem nada" (Engenheiros do Hawaii, Toda forma de poder). Ter acesso a algo inovador é instigante. E por isso mesmo, é uma chama que, automaticamente, deveria se acender também no coração de todo brasileiro.
Em cada texto, um pouquinho da percepção da autora nos é apresentada. Às vezes, em formas de poemas que a inspiraram para que se tornasse socialista, outras, foram copiadas de textos já existentes de personalidades conhecidas (como Alice B. Toklas, Jean-Paul Sartre, Papa Francisco, Paul Lafargue, entre outros), além de entrevistas feitas por ela mesma ou por outros jornalistas e escritores conhecidos (ilustres como Georges Simenon e H.G. Wells). Tanta diversidade de linguagens – lembrando que foi tudo retirado de um blog de opinião informal – que é contida num só capítulo, dá à leitura um dinamismo reconfortante.
"Sinto o peso do mundo sobre meus ombros, penso sobre a capacidade humana de estragar ideias extraordinárias, a possibilidade de um mundo novo, por causa da inveja, do desejo de poder, da vaidade".
"O povo não participa do 7 de setembro porque não se sente parte dele. É como no célebre quadro de Pedro Américo: militares ao centro e o povo passivo ao redor […] Amar o Brasil não é isso, é outra coisa. D Pedro I não me representa. Os tanques nas ruas não me representam. O 7 de setembro não me representa".
Primeiro parágrafo: "Meu muro pessoal ruiu em 1989, quando Leonel Brizola foi derrotado na eleição para presidente da República, e, logo em seguida, Lula também perdeu. Não foi fácil digerir aquela derrota da classe trabalhadora, e justamente na primeira eleição direta para presidente após a volta da democracia no Brasil. Perder logo para um capitalista empedernido como Fernando Collor, com seu jet ski, suas canetas e gravatas de marca e sua turma de Chicago Boys liderada por uma Chicago Girl deixou marcas profundas".
Melhores quotes: "Ser socialista, para mim, não significa necessariamente estar ligado a um partido político que se diz socialista. Nem mesmo alcançar o poder, mas atuar como uma consciência coletiva, ainda que fora dele, um contrapeso na busca por mais equilíbrio no mundo".
"Perder ou ganhar está mais no olhar do outro do que no nosso próprio. Para mim é um vencedor aquele que chora, vacila, teme, cai e corajosamente admite e novamente ri, avança, supera e levanta. A vida é mais verdadeira neles".
Miga, isso não é socialismo, isso é social-democracia travestido de socialismo pra vender. Socialismo é a ideia de socialização dos meios de produção e o poder do Estado na mão dos trabalhadores. Já o comunismo é uma sociedade sem Estado, igualmente dirigida pelos trabalhadores. Lê Alexandra Kollontai, procura no marxists.org, lê o próprio Marx... assim você vai ficar muito mais ambientada com o que é comunismo/socialismo. Acredite, não é isso que Cynara quer passar, Cynara defende um estado de bem-estar social, Keynes estaria orgulhoso.
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