Livro: Brilhantes
Título Original: Brilliance
Autor (a): Marcus Sakey
Editora: Galera Record
Páginas: 476
ISBN: 9788501052742
Sinopse: A partir de 1980, um por cento das crianças nascidas no mundo começou a apresentar sinais de inteligência avançada. Essa parcela da população, chamada de “brilhantes”, é vista com muita desconfiança pelo restante da humanidade, que teme a forma como esse dom pode ser usado. Nick Cooper é um deles, um agente brilhante treinado para identificar e capturar terroristas superdotados. Seu último alvo está entre os mais perigosos que já enfrentou: o responsável pelo maior ataque terrorista dos últimos tempos, na bolsa de Nova York, que pretende começar uma guerra civil. Para capturá-lo, Cooper precisa se infiltrar em seu mundo e ir contra tudo em que acredita. Brilhantes apresenta um universo ao mesmo tempo perturbador e incrivelmente semelhante ao nosso, onde um dom pode se tornar uma maldição.
SÉRIE "BRILHANTES"
1. Brilhantes
2. Um Mundo Melhor (sem previsão de lançamento)
Nascido em Michigan, Marcus Sakey trabalhou como publicitário por dez anos antes de se tornar escritor. Seu trabalho já foi indicado a diversos prêmios, dentre eles o Strand Critics, o Reader's Choice e o ITW Thriller Awards. Também é roteirista e apresentador de Hidden City, um programa de turismo do Travel Channel. Atualmente, vive em Chicago com a esposa e a filha.
O ano é 2013 e o presente é corrompido pelo passado. Desde 1980 tem nascido cada vez mais crianças com habilidades excepcionais: reconhecimento de padrões, captação de sentimentos e outras variedades de dons relacionados a super inteligência. Os cientistas embora não conheçam a completa extensão dos dons, sabem que algo notável está acontecendo: não está nascendo apenas um prodígio por geração, mas um a cada hora do dia, todos os dias. Essas crianças superdotadas são chamadas de brilhantes ou anormais, superdotados, esquisitos, como a maioria chama. Porém há uma questão mais importante, com implicações arrasadoras. Uma questão que está na ponta da língua de todos, e que, no entanto, as pessoas não discutem — talvez por temerem a resposta. O que acontecerá quando essas crianças crescerem?
Os brilhantes em grande maioria ainda são muito jovens, por isso não oferecem muita ameaça. Contudo, o governo tem planos para eles: algo como domar ou exterminar, se necessário. O DAR (Departamento de Análise e Reação), também chamado de Agência de Controle de Anormais, visa controlar os brilhantes que geralmente oferecem um risco a paz coletiva. Além disso, todas as pessoas, ao completarem oito anos, devem passar por um teste que determinaram se elas são ou não brilhantes, e no caso de serem, de qual escalão. O escalão de um brilhante depende de seu dom. Após o teste, os brilhantes são designados a uma Academia, onde passarão por um processo — ou controle, se preferir — que os ajudaram a controlar seus dons e seus sentimentos, principalmente.
No meio disso tudo está Nicholas Cooper, mais conhecido como Cooper. Nick, brilhante do primeiro escalão, reconhecedor de padrões, divorciado, é o melhor agente do DAR. Treinado para identificar e capturar brilhantes que causam problemas e levá-los para interrogatório, se vê perdido quando descobre que sua filha, de apenas quatro anos, será testada antes do tempo. Determinado a não deixar que isso aconteça e que sua filha não vá para uma academia, ele tenta negociar com o diretor do DAR para que Kate, sua filha, não passe pelo teste. Sem sucesso, Cooper vê no fato de ter que capturar o terrorista mais perigoso que enfrentou, uma oportunidade. Se ele conseguir capturar John Smith, que pretende começar uma guerra civil, sua filha estará livre do teste e, também, da academia. Para capturar Smith, Nick precisa se infiltrar no mundo do terrorismo, da rebeldia, da conspiração e ir contra tudo que acredita, mas quando se trata de proteger sua família, ele faz tudo que puder, mesmo que isso lhe apresente um mundo ordinário e falso, onde política, preconceito, conspiração e revolução se misturam e fazem pensar.
Quando achei que já tinha visto de tudo e encontrar coisas inovadoras seria difícil, aparece Marcus Sakey, com uma trama inteiramente inovadora e genial. Conheci Brilhantes quando a Galera divulgou a primeira capa — que foi modificada para essa, a atual — e criei grandes expectativas por abordar fatos que são geralmente vistos em filmes, como: ação, aventura, política, preconceito e revolução. Posso afirmar que as expectativas não só se mantiveram satisfatórias, como se superaram.
Apesar de nunca ter lido algo de Sakey, o gênero não é novidade para mim, pois é algo que costumamos muito encontrar em distopias. Mas aí, a pergunta que não quer calar: Brilhantes é ou não distopia? Bem, não diria que é inteiramente uma distopia porque não é uma trama futurista, porém tem todo o resto: mundo alternativo, guerras, ideia de mundo perfeito, opressivo controle da sociedade, preconceito nas classes, visão e discurso pessimista sobre o mundo e dezenas de outras características inerente a ficção distópica.
Narrado em terceira pessoa, Brilhantes tem uma trama bem difusa, que apesar de trabalhar mais o personagem Nick Cooper, nos deixa cientes de todo o resto. O fato de ter sido escrito em terceira pessoa acrescentou muito ao livro, pois trouxe um dinamismo incrível, aliado a uma boa construção de fatos e um excelente desenvolvimento das ideias propostas pelo autor. Sakey tem uma escrita maravilhosa e o que Michael Connely, autor de romances policiais, falou é inteiramente verdade: Marcus Sakey é um dos melhores narradores de todos os tempos. A narrativa acontece de forma bem detalhada, formal e dinâmica. O que não foi trabalhado, possivelmente, será desenvolvido no segundo livro, que ainda não tem data de lançamento no Brasil.
— Se isso for verdade, significa que... que...
Cooper não conseguiu dizer as palavras, não conseguiu deixá-las flutuar no ar. Se isso fosse verdade, significada que todo o resto era mentira. Que ele não esteve lutando para evitar uma guerra. Que fez parte do estopim de uma guerra. Que as coisas que ele fez, os alvos que eliminou...
As pessoas que matou...
As pessoas que ele assassinou.
— Não — falou Cooper. — Não.
Possivelmente, muitos ao lerem essa resenha, pensarão que estou entregando muito do enredo, ou até mesmo contando tudo, mas a graça de Brilhantes é o fato dele te surpreender a cada página. Mesmo você sabendo o ideal da história, ela consegue te enganar perfeitamente, misturando suspense e aventura de uma forma nunca vista antes. Penso como coube tantos fatos em apenas 476 páginas! Apesar do excesso de informações, principalmente no início do livro, a trama é recheada de mistérios, conspirações, enganações e mesmo sabendo disso apenas pela sinopse, caímos muito bem na armadilha que o autor colocou na trama. E não adianta tentar, você também ficará surpreendido por Brilhantes.
Através dos agradecimentos, percebemos o quanto de ajuda e pesquisa o autor teve que se aliar. Percebemos também como ele soube dar vida a Brilhantes, usando de fatos verossímeis e possíveis, é claro. Acontece muito dos escritores "voarem" um pouco, mas em Brilhantes os fatos condizem inteiramente com a realidade e são plausíveis de possibilidades. O fato que mais chama atenção no livro é o fato de ser tão simples e ainda assim ser tão empolgante e envolvente, feito com personagens muito bem elaborados e idealizados na narrativa.
Nick Cooper é o melhor agente do DAR, o que era, possivelmente, a organização mais poderosa do país. Com personalidade forte, com um dom incrível, ele tinha enormes recursos à disposição: podia acessar dados secretos, grampear linhas telefônicas, comandar agencias policiais e federais igualmente entre outras variedades de coisas. Contudo, Cooper também é pai de duas crianças e recém divorciado de Natalie, então tinha seus deveres para com a família, e era isso que ele mais priorizava. Tudo que fizera, tudo faz e ainda fará, ele faria em nome do bem da sua família. As atitudes de Nick, devido ao dom, são agradáveis e inteligentes, então é um personagem que em momento algum criamos aversão.
Além de
Cooper, a trama trabalha com outras variedades de personagens, como:
John Smith, o terrorista mais perigoso do mundo, que apesar de ser sociopata — até onde sabemos —, é um mestre enxadrista, o equivalente estratégico de Einstein;
Shannon, brilhante do primeiro escalão, principal agente de Smith e
Drew Peters, diretor do DAR, que ajuda Nick com seus planos. No todo,
os personagens são muito bem construídos, com um desenvolvimento fluido e um aspecto bem próximo do real. Como estamos nos tratando de policias, terroristas, agentes, e pessoas com dons, encontramos nos personagens personalidades fortes, vibrantes, revolucionárias, com uma visão de mundo ampla e inteiramente inspiradora.
A única crítica negativa de Brilhantes que posso ressaltar são os diálogos confusos. Realmente, em algumas parte do livro, senti a necessidade de retornar na narrativa para entender quem estava falando. Isso foi um pequeno erro do autor, provocado pela falta de incisos em algumas conversações do livro. Apesar disso, como já deixei claro anteriormente, o livro é muito bom e não acho que esse pequeno "probleminha" comprometeu tudo. É uma coisa que acontece, apesar de ser extraordinário, Brilhantes também tem pecados, como qualquer livro, só que o único pecado que encontrei nele foi esse.
A edição da Galera Record, como sempre, é claro, ficou genial e inteiramente maravilhosa, profissionalmente falando. A capa passou por uma mudança inicialmente e acredito que ambas representam muito bem a história, porém a atual ficou muito boa e ainda melhor que a primeira. Acredito que essa capa reforçou mais o gênero do livro, em todos os aspectos. A diagramação em si, também ficou muito boa, com um design interno muito caprichado, sem contar os interlúdios que temos entre os capítulos como: trechos de editoriais, frases, panfletos sobre os brilhantes e etc. Encontrei alguns erros de revisão, mas que não comprometem o entendimento de nenhuma forma. O papel usado foi o off-white, quase amarelinho e o livro tem uma fonte muito agradável. Todas as parabenizações a Galera Record, ficou divina a edição brasileira de Brilhantes, melhor que a original.
Por fim, Brilhantes é um livro realmente adorável e muito bem escrito. Acredito que os fãs de distopias, assim como eu, não vão só adorá-lo como morrer de ansiedade pelo segundo livro. A narração é genial e o desenvolvimento é ainda melhor. Prepare-se para rever seus conceitos e observar o mundo de outro ângulo. Com muita ação, aventura, terrorismo, conspiração, reviravoltas, inverdades, esse livro consegue ser mais que bom, consegue ser brilhante, nos dois sentidos da palavra. Altamente viciante e recomendado!
Primeiro parágrafo do livro: "O apresentador de rádio disse que vinha uma guerra por aí, falou como se estivesse ansioso por ela, e Cooper, sentindo frio sem casaco na noite do deserto, achou que o cara do rádio era um babaca."
Melhores quotes:"Esse era o mundo. O único que eles tinham. Ninguém disse que seria perfeito."
"Para mim, é uma questão de geração. Uma geração nasce, amadurece, chega ao poder, e, no fim das contas, passa o poder para a seguinte. Essa é a ordem das coisas. E, no entanto, a ordem foi interrompida."
"As pessoas não querem a verdade, realmente. Querem vidas seguras, aparelhos eletrônicos bacanas e geladeiras cheias."
Você escreve muito bem, parabéns! Você soube explicar de um jeito bem objetivo e de um jeito gostoso de ler, isso é para poucos!
ResponderExcluirAgora sobre a resenha, fiquei com muita vontade de ler esse livro, adoro esse tipo de enredo e também gosto de história que fujam um pouco do tradicional mas com uma pegada atual (deu para entender?? kk). Vou esse livro na minha wishlist.
Eu estou começando a fazer resenhas de livros agora, se puder dar uma passada no meu blog e deixar um comentário sobre o que você achou.
hardbanger.blogspot.com.br