Livro: As Mentiras de Locke Lamora
Autor (a): Scott Lynch
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580412499
Sinopse: O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.
Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas. O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver.
SERIE "NOBRES VIGARISTAS"
1. As Mentiras de Locke Lamora
2. Mares de Sangue
3. República de Ladrões (Sem previsão de lançamento)
As Mentiras de Locke Lamora, escrito por Scott Lynch, foi publicado no Brasil pela Editora Arqueiro no segundo semestre de 2014. Já com a sequencia, Mares de Sangue, publicada recentemente no país, esses volumes constituem a série intitulada “Nobres Vigaristas”. Confira a resenha abaixo e compreenda melhor o estilo da trama.
Locke Lamora virou órfão logo cedo, quando uma peste dizimou a população de adultos de sua região. O Aliciador – conhecido por criar crianças órfãs e transformá-las em ladronas – se aproveitou da grande onda de crianças abandonadas e tratou de adotá-las. Ensinou-as a roubar, sempre seguindo à risca, as regras dos ladrões de Camorr.
Contudo, Locke Lamora sempre teve artimanhas mais avançadas que seus companheiros de roubo, e além de seguir as regras, acabou quebrando-as todas de uma vez só. Não obstante, o Aliciador teve que se livrar da criança encrenqueira, vendendo-a para o Padre Correntes, um dos grandes farsistas da região.
Padre Correntes roubava o dinheiro de forma diferente: além de furtá-lo, fingia ser um sacerdote e esperava que as pessoas viessem voluntariamente ao seu encontro, conceder suas riquezas. E foi assim que Padre Correntes criou Lamora e os outros raros garotos que adotara. Não demorou muito para Locke crescer e se tornar o melhor farsante da região, criando planos perfeitos com seus comparsas.
Mas talvez Locke não seja o melhor em disfarces. Em Camorr uma entidade misteriosa começa a provocar assassinatos constantes, focando, principalmente, nos lideres de gangues e instaurando uma perigosa desarmonia. Será que os Nobres Vigaristas serão atacados? Será que conseguirão encontrar esse assassino ágil?
Se me pedissem para definir "As Mentiras de Locke Lamora" em uma só palavra, seria: inteligente. Este livro me lembrou, em diversos momentos, a leitura mais complexa e inteligente que já vim a ter: As Crônicas de Gelo e Fogo. Mas as semelhanças acabam aí.
Por mais que As Mentiras de Locke Lamora tenha um ambiente antiquado – quase medieval – em nenhum momento conseguir ver muito de Guerra dos Tronos nesse enredo criativo e inovador. E outra característica inovadora, exclusiva e marcante de Scott Lynch foi sua narração em terceira pessoa, repleta de detalhes e com um caráter crítico suave.
Mas foi justo a brilhante narração do autor que me fez demorar na leitura das primeiras páginas, onde a trama ainda não havia me conquistado. Acabou sendo uma descrição maçante demais, prejudicando a envolvência da obra.
Contudo, logo que esse quesito foi superado – a partir de meados da página 90 – a história me encarnou tão bem na trama, que foi quase impossível largar esse universo paralelo. Trata-se de outras cidades, outros costumes, outros elementos, onde até mesmo o sobrenatural tem um sutil espaço.
Conhecer esses personagens tão distintos e essa cidade em especial, foi mágico. E mais mágico ainda foi conhecer um pouco da lógica desse autor que supera muitos obstáculos criados pelos próprios escritores. Scott Lynch brinca com o túnel temporal, criando um enredo não-linear, apresentado elementos do passado – muito importantes para a construção da história – no momento correto e liberando incógnitas para o leitor raciocinar.
Locke Lamora e os personagens coadjuvantes são muito bem empregados e construídos. Parecem reais, por terem qualidades, defeitos, manias e não se comportarem sempre de um mesmo modo. Foi incrivelmente fácil me apegar à essas figuras. Já Padre Correntes foi um dos personagens que me marcou muito desde o inicio. Ele tinha um ar “sábio” e gentil e transmitia muito bem o ideal de imagem de um velho concentrado em sua vida de mentiras.
“Antigamente [...] a substancia era usada para punir criminosos, mas já fazia muitos séculos que as cidades-estado terins civilizadas não permitiam o uso da Pedra-Fantasma em humanos. Uma sociedade que ainda enforcava crianças por pequenos roubos e deixava prisioneiros serem devorados por criaturas marinhas considerava seus efeitos inquietantes demais para suportar.”
Os diálogos dos Nobres Vigaristas são inteiramente interessantes. Eram diálogos bem convencionais, cheio de ironia,
humor e sarcasmo – inclusive, fizeram-me
rir muito. Mas o que mais me marcou nesses personagens foi a astúcia que o autor concedeu à eles. Nesse livro, é praticamente garantido que você
aprenderá a mentir a partir das atitudes dos Nobres Vigaristas.
A arquitetura dos fatos dessa obra é de alto nível e isso faz com que ele seja extremamente confuso. São muitos nomes, muitas histórias paralelas, muitos outros contextos que vamos nos acostumando conforme a leitura se segue. O clímax do livro foi incrível, assim como o desfecho, fazendo-me ansiar desesperadamente pela sua sequencia. “As Mentiras de Locke Lamora” seria uma grande série de televisão, caso fosse adaptado.
A obra tem uma capa lindíssima, uma diagramação bem organizada e um material de folha satisfatório e promovedor de uma boa leitura. A fonte da letra foi agradável e estimulante. A Editora Arqueiro está de parabéns pela tradução e pela publicação.
Indico muito essa obra aos amantes de histórias medievais. É uma trama difícil, um pouco cansativa, mas muito envolvente e encantadora. Quem apostar nesse livro não irá se arrepender.
Primeiro Parágrafo:
“No auge do longe e úmido verão do Septuagésimo Sétimo Ano de Sendovani, o aliciador de Camorr fez uma visita inesperado ao Sacerdote Cego no Templo de Perelandro, numa ávida tentativa de lhe vender o jovem Lamora.”
Melhor Quote:
“Segundo um antigo ditado camorri, a única constância da alma humana é sua inconstância: toda e qualquer coisa pode sair de moda, mesmo algo tão utilitário quanto um morro recheado de cadáveres.”
Melhor Quote:
"Como Padre Correntes tinha dito certa vez, os melhores disfarces vinham de coração, e não de uma pintura de rosto."
Oi flor...
ResponderExcluirJá muitos elogios quanto a este livro. Acredito que a leitura deve ser boa mesmo.
Depois de ler A guerra dos tronos, acho que encarava de boa esse, com o tanto de personagens que você falou que tem.
Parabéns pela resenha...
livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br
Olá, como vai?
ResponderExcluirPrimeiramente, parabenizo pela incrível resenha (como sempre).
Eu sou louco nesse livro, mas agora que li sua resenha tão positiva e bela sobre ele, minha vontade de ler passou de 7 pra 10. Estou até pensando em comprá-lo agora em Dezembro. Beijos!
http://euvivolendo.blogspot.com.br/