A Esperança parte 1 estreou no Brasil no dia 19 de Novembro com uma comprometedora promessa de sucesso. Mas será que, mesmo tendo atores brilhantes em seu elenco, o filme distribuído pela Paris Filmes conseguiu atingir esse patamar? Leia a crítica a seguir e descubra nossa opinião

 
    Capa do livro no Brasil.              Poster oficial internacional.
   

     Depois da fuga épica da arena, Katniss Everdeen se vê dentro do distrito 13, o qual a Capital dizia estar extinto. O distrito 13 foi transferido para baixo da terra, em uma escotilha gigante capaz de abrigar uma população inteira. E por mais que a qualidade de vida desse distrito fosse melhor que a do 12, Katniss não se sentia em casa. Os pesadelos retornaram com mais força, a perturbação permaneceu e as rebeliões por toda a Panem somente aumentavam.
     Coin – a presidenta do distrito exilado – tenta, junto a Plutarch Heavensbee, trazer Katniss para a causa, a fim de que ela seja o símbolo da luta de Panem contra a Capital. Mas esta somente aceita a proposta quando vê Peeta – prisioneiro do presidente Snow – sendo claramente manipulado pela Capital em entrevistas, e, provavelmente, torturado.
     Com o intuito de convencer os mandantes do distrito 13 a resgatar os vitoriosos feitos reféns pelo inimigo, Katniss decide se tornar o “tordo” e se arrisca em perigosas missões em outros distritos para inspirar os rebeldes. Bombardeios, confrontos diretos e muito sangue são derramados nessas lutas constantes. A revolução estava enfim se iniciando e tomando proporções grandes.
     Contudo, quanto mais Katniss aparecia em transmissões invasoras arquitetadas pelo gênio Beete, mais Peeta parecia sofrer nas mãos da Capital. Estava na hora do Distrito 13 agir e buscar seus vitoriosos.
     Mas o Presidente Snow parecia estar pronto para qualquer batalha, e decidido a acabar com qualquer levante, independente do preço que isso fosse ter. Assim como destruiu o distrito de Katniss –  o distrito 12 –  estava prestes a acabar com qualquer outra região que estivesse contra a sua ditadura.          

   
     A Esperança parte 1 foi mais um sucesso da Paris Filmes, e isso foi consequência de uma combinação de elementos brilhantes. Não foram somente os bons atores, ou os diretores e produtores, muito menos somente os roteiristas que fizeram esse filme ser um sucesso, foi o conjunto de todos eles, e, no entanto, o elemento mais brilhante e eficiente neste filme foi o seu insistente e manipulador marketing.
     Podemos observar que os filmes da saga Jogos Vorazes modificaram radicalmente seu público principal, e o pior: propositalmente. Jogos Vorazes deveriam ser voltados para um público juvenil e adulto, pelo teor de seu conteúdo. Estamos falando de guerras, massacres, pobreza extrema, opressão, exploração e o mais preocupante conteúdo de todos: o de revoltas. Todas essas características requerem uma maturidade que crianças não têm! E mesmo assim, a Paris Filmes procurou conquistar a qualquer custo o mesmo público de Harry Potter e Crepúsculo para que estes lhes fornecessem a fortuna da legião de fãs “da moda”.
     Não estou falando que Jogos Vorazes seja “modinha”, mas sim, que metade de seu público é. O que podemos ver nas salas dos cinemas é o mesmo público de “A Culpa é das Estrelas”! Desde quando esses livros/filmes compartilham os mesmos telespectadores? Desde que o marketing investiu nesse público em especial. E ser de “modinha” não é uma ofensa, como muitos veem por aí. Moda nada mais é do que “Uso passageiro que regula, de acordo com o gosto do momento, a forma de viver, de se vestir e etc” (dicionário Priberam). Algo puramente momentâneo e visado por muitas pessoas, como foi Harry Potter, como foi Crepúsculo e como está sendo inúmeras séries infanto-juvenis ou YA (juvenil-adulto). Mas o único problema dessas intituladas “modinhas”, é que os públicos não são sempre compatíveis com o conteúdo. Vimos nessa estreia crianças de 5 à 10 anos sendo uns dos telespectadores de maior número. Maior número! Isso é desastroso. Fico imaginando o que uma criança pensa ao ver uma arena cheia de jovens se matando. Definitivamente não é o pesar que jovens e adultos sentem; e talvez um “maneiro, irado, que massa” que saem dessas pequeninas bocas nos responda essas questões. 

   
     A Esperança foi divido em duas partes. Porque o roteiro necessitava? Não, mas porque Hollywood precisava explorar um pouquinho mais dessa maravilhosa história. E isso fez da primeira parte um filme inteiramente lento, diferente dos primeiros longas-metragens dessa série. Esperamos ansiosamente pela ação que chega de migalha em migalha e não chega a encher nosso papo. Contudo, as poucas cenas de ação foram impactantes e fizeram o telespectador torcer, aguardar, ficar angustiado pela situação de suspense; foram cenas bem construídas, com emprego de efeitos visuais muito bons.
     Já a trilha sonora mais uma vez foi um ponto positivo nessa série. Ela contribuiu em inúmeros acontecimentos pela emoção do filme. E A Esperança, sem dúvidas, foi um filme que predominou a emoção, os diálogos, a história da revolta. As cenas tocantes e fortes foram as que envolviam as consequências da guerra: os feridos, os doentes, os mortos, e isso atinge o observador em cheio. Os roteiristas não economizaram na dramatização e no abalo proposital. E mesmo que roteiristas tenham tido sucesso na preservação das ideias da autora, Suzanne Collins, eles não tiveram criatividade para ir além do esperado. Nós, leitores e fãs da saga esperávamos por surpresas, até porque já tivemos contanto com a história original e sabíamos como os acontecimentos desenrolariam do começo ao fim. Esperei por algo especial, uma surpresa e ela não chegou.
     E havia muito tempo disponível para formular cenas que vão além do livro. Fiquei me perguntando porque não desenvolveram as memórias de Katniss, já que objetivo de A Esperança era justo a emoção. Onde estava as lembranças do pai da Katniss? No livro, essa figura, esse fantasma foi muito presente e importante para a construção da própria protagonista. Onde estava o desenvolvimento do personagem Finnick que também se deu no livro? Os roteiristas focaram tanto nesse personagem em "Em Chamas" para colocá-lo de lado nesse filme!? Criaram um sentimento de simpatia e empatia  nos fãs para depois abandoná-lo na trama?

   
    E mesmo com tantos erros, mesmo com tantas faltas, a história que Suzanne Collins criou ainda supera tudo e se mostra espetacular. Foi o eloquente enredo da autora que fez o filme se salvar por completo e ser exatamente o que os fãs esperavam. Não, em nenhum momento os defeitos mencionados acima incomodaram os fãs, porque estes estavam extasiados demais para prestar atenção em pontos que não fossem a própria história hipnotizadora.
     Os atores contracenaram muito bem e fiquei extremamente satisfeita com a participação maior de Gale Hawthorne (Liam Hamsworth), e pela capacidade de mudança brusca do ator Josh Hutcherson, no personagem Peeta Mellark. Já Katniss (Jenniffer Lawrence) manteve seu sucesso, enquanto Coin (Julianne Moore) e Cressida (Natalie Dormer) tomavam a cena. Claro que meu personagem favorito nesse filme foi o gato gordo, Buttercup, que atuou brilhantemente!
     Como muitos devem estar se perguntando: Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) – que morreu ano passado – acabou gravando a maior parte das cenas, portanto, ele teve uma presença frequente nesse filme. Aliás, senti um pouco de pesar por seu falecimento, pois nesse filme mais uma vez ele mostrou seu grande talento. 
     Acabei, portanto, gostando do trabalho geral do diretor, Francis Lawrence; dos roteiristas, Peter Craig e Danny Strong, e do elenco de caras bonitas e perfeitas. Os tons do filme são o cinza, as cenas são fortes, o enredo é obscuro. A Esperança inspirou a democracia, inspirou a liberdade, a luta, a coragem, o sacrifício, e não importa o quão mercenários os filmes sejam, acabaram conquistando meu coração.

T R A I L E R 


3 Comentários

  1. Hoje eu assisti a adaptação e achei super fiel ao livro, fiquei super apaixonada. Mais uma vez este elenco e os produtores estão de parabéns. Adorei sua resenha, tocou fortes pontos do filme!
    Beijo,
    http://pactoliterario.blogspot.com.br/

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  2. só de ver essas fotos já me emociono. O filme é miuito bom.

    http://criativare-leitura.blogspot.com.br/

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  3. Genteee esse filme foi incrivel demais.
    Tomei vários sustos no cinema,mas valeu a pena a atriz está maravilhosa no papel da Katniss!

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