Livro: A História do Ladrão de Corpos
Título Original: The Tale of the Body Thief
Autor (a): Anne Rice
Editora: Rocco
Edição: 3
ISBN: 85-325-0431-0
Páginas: 467
Acabamento: Brochura

Sinopse:
Lestat. Herói-vampiro, encantador, sedutor de todos os mortais. Através dos séculos ele foi cortejado como príncipe no reino das trevas onde vagueiam os mortos. Agora ele está diante de uma proposta que mudar tudo. Reglan James, um desconhecido quer trocar seu corpo com o do poderoso bebedor de sangue. É sua oportunidade de sentir o poder de um vampiro. É a oportunidade de Lestat sentir as sensações de um mortal.

       Lestat é um vampiro sedutor, e pior, cheio de orgulho, que discrimina qualquer existência de um Deus. Mata para alimentar-se e odeia estar preso pelo corpo imortal. Entretanto, um humano e feiticeiro, chamado Raglan James, lhe oferece uma troca de corpos por um determinado tempo, o necessário para que Lestat obtivesse o prazer de ser mortal e ver o sol novamente. É claro que, para que o feiticeiro se propusesse a fazer a troca, foi preciso prometer-lhe milhões de sua vasta e inesgotável fortuna. Raglan também conquistaria seu anseio de ser vampiro, e mesmo com a grande probabilidade de Lestat ser enganado e ficar eternamente preso num corpo humano, este cedeu. Cedeu contra a vontade de seu único amigo mortal, David, pelo qual guardava uma paixão e desejava violentamente poder transformar, coisa que não podia se não possuísse sua permissão. Também cedeu contra a vontade de seu companheiro de eternidade, Louis, o qual transformara longos anos atrás. 
         Sozinho e cego pela a necessidade de sentir-se um humano novamente, Lestat faz a troca, mas se depara com um imenso problema: o corpo pelo qual ficou revestido pegara uma doença. Entre a vida e a morte, Lestat começar a ter visões de sua amada Claudia, uma criança que em outrora transformara, mas que ficara revoltada com sua posição de ser sobrenatural durante os anos e tentara matá-lo. Matar seu pai (o criador) é um crime qual o “conselho” de vampiros não tolera. Claudia foi morta, presa sob luz do sol e transformada em cinzas. Mesmo morta, não parecia deixar Lestat em paz, culpando-o em seus devaneios, como ele se lembrava de ter feito antes de pagar a sua “pena”. E quando o corpo mortal parecia lhe levar para o túmulo, Gretchen, uma missionária, o resgata, a procura de descobrir uma experiência que sua Fé (A igreja Católica) não permite: a de perder sua virgindade. Lestat se recupera, a ama, a admira, e passa inúmeras páginas dialogando com essa figura humana tão devota. Gretchen também tinha suas dúvidas perante a um Ser Superior, mas abrira mão de seu dom com o Piano para se colocar em auxílio dos carentes tão numerosos no mundo. 
        Lestat precisava recuperar seu corpo vampiro, porque Raglan estava deixando rastros por todo o lado, assassinando inocentes e pessoas importantes. Promete um dia se encontrar com Gretchen em seu corpo sobrenatural e parte para junto de David (o mortal), criando planos que pudessem colocar o feiticeiro contra a parede. Lá embarcam eles, num cruzeiro, em busca de caixões, de um assassino e de um homem elegante que só saía durante a noite. Mas será que seus planos trarão um resultado? O resultado que anseiam? A troca de corpos é um método perigoso e complicado, fácil demais de obter um fracasso. 
Um livro adulto, independente dos demais das “As Crônicas Vampirescas”, emocionante e surpreendente. Quando li o “prefácio” que explicava de maneira resumida a vida do nosso protagonista, o vampiro Lestat, fiquei receosa. Eu estava cansada de vampiros, de um contingente de imortais que governavam outros, e também me encontrava confusa. Claudia, a sua pequena imortal tão relembrada, era sua concubina ou era uma espécie de filha? Louis, também imortal, era seu companheiro de eternidade ou seu amante? Bom, como uma pessoa muito insistente – teimosa, se preferir – eu decidi prosseguir com leitura. 
      As últimas frases do livro me deixaram feliz e pesarosa. Lestat segurava o medalhão que tinha a face de Claudia, e enfim admiti para si mesmo que Claudia não era mais a verdadeira lembrança, mas algo que sua mente criara, distante de sua consciência. Bom, e o que acontece com Gretchen? E o vilão Raglan? Essas são algumas das surpresas do livro que pretendo não contar. 
           A obra pareceu monótona no começo, complicada, mas se mostrou cheios de lições, as quais irei guardar para sempre. Não é um livro que segue o roteiro comum (os quais não gosto), é surpreendente e não se desenrola conforme os desejos do leitor. Fiquei muito perturbada em algumas partes, principalmente com o envolvimento da, já morta, Claudia. Seus devaneios eram inquietantes, dolorosos, desnorteantes. Mas é dessa forma que aprecio o livro, uma trama que mexe com histórias do passado, mas que também move emoção.  
        Indico para aqueles que preferem um livro cheio de lições – e de aventuras também. Aconselho-o para quem já conquistou um vocabulário mais rico, assim como uma compreensão mais avançada, devo acrescentar. Todas as obras que trabalham muito a questão de Deus, demônios, filosofia, fé, relações e atitudes humanas exigem uma experiência maior na literatura e igualmente na vida. Super indicado! Leiam, e não desistam ao se deparar com um prólogo e os primeiros capítulos confusos!
Primeiro parágrafo do livro:
“Aqui fala o vampiro Lestat. Tenho uma história para vocês. Sobre uma coisa que aconteceu comigo”
Melhores quotes:
De que adianta descrever o meu sofrimento? Ou a dor surda ou tenebrosa que eu sentia? De que adianta dizer que eu conhecia a extensão de da minha injustiça, da minha desonra e da minha crueldade? Eu sabia a magnitude do que tinha feito a ele. Eu me conhecia, conhecia toda a minha maldade e não esperava do mundo nada mais do que maldade.”
Lestat, página 456
“– Muitas vezes fico acordada à noite, completamente consciente de que não existe um Deus individual e de que o sofrimento das crianças que eu vejo todos dias nos nossos hospitais jamais será compensado e redimido. Penso naqueles velhos argumentos – você sabe, como Deus pode justificar o sofrimento de uma criança? Dostoievski fez essa pergunta. Albert Camus também. Nós mesmo estamos sempre nos perguntando a mesma coisa. Mas na verdade não é o que mais importa. Deus pode existir ou não. Mas o sofrimento é real. É absolutamente real e inegável. Nessa realidade está meu compromisso, o âmago de minha fé. Tenho de fazer alguma coisa a respeito!”
Gretchen, página 269


5 Comentários

  1. nossa como voces escrevem bem pra serem tao novas rsrsrs mas mt legal, gostei mt

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  2. tao de parabens meninas, seguindo

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  3. Muito parabéns, sempre quis ler um livro dela, mas não sabia de fato se eram bons (não sou muito ligada em vampiros). A resenha clareou bastante a ideia kkkk
    Parabéns pela resenha, vocês escrevem super bem! Parabéns pelo blog.

    thesongoftheletters.blogpsot.com

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  4. Eu sabia pouco sobre outras obras da Anne Rice com o Lestat, mas diferente de Entrevista com o Vampiro ele parece um personagem diferente, mais profundo. Com toda certeza a resenha me deixou com vontade de ler A História do Ladrão de Corpos!

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  5. Eu não sabia nada desse livro até agora. Amei a resenha e vou procurar o livro para comprar para poder ler. Parabéns.

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