ISBN: 9788555340635
Sinopse: "Cadê vocês? Me respondam."Essa foi a última mensagem que Carver mandou para seus melhores amigos, Mars, Eli e Blake. Logo em seguida os três sofreram um acidente de carro fatal. Agora, o garoto não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu e, para piorar, um juiz poderoso está empenhado em abrir uma investigação criminal contra ele. Mas Carver tem alguns aliados: a namorada de Eli, sua única amiga na escola; o dr. Mendez, seu terapeuta; e a avó de Blake, que pede a sua ajuda para organizar um “dia de despedida” para compartilharem lembranças do neto. Quando as outras famílias decidem que também querem um dia de despedida, Carver não tem certeza de suas intenções. Será que eles serão capazes de ficar em paz com suas perdas? Ou esses dias de despedida só vão deixar Carver mais perto de um colapso — ou, pior, da prisão?
Jeff Zentner começou escrevendo músicas. Cantor e guitarrista, já gravou com Iggy Pop, Nick Cave e Debbie Harry. Passou a se interessar pela literatura jovem adulta depois de trabalhar como voluntário em acampamentos de rock no Tennessee. Morou no Brasil por dois anos, na região da Amazônia, e hoje vive em Nashville com a esposa e o filho.
Desde que começou o ensino médio na Academia de Artes de Nashville, os momentos favoritos de Carver Briggs são as tardes livres que passa com seus melhores amigos, tomando milk-shake no parque e fazendo piada sobre tudo. Não que o garoto não goste das aulas — seu talento para escrita é reconhecido no colégio —, mas imaginar sua vida sem a companhia de Mars, Eli e Blake é impossível. Até as últimas férias. Os três amigos iam buscar Carver para mais uma tarde juntos, mas morreram em um acidente de carro no caminho, logo depois de Carver mandar uma mensagem de texto para Mars, que estava dirigindo. O celular é encontrado com uma resposta digitada pela metade, e agora as famílias dos garotos estão divididas: teria sido a mensagem o motivo do acidente?
Um novo ano letivo está prestes a começar e, além de ter de lidar com o luto, a saudade e a culpa, Carver também precisa enfrentar as ameaças do juiz Edwards, pai de Mars, que pretende investigar o caso criminalmente. O juiz tem ao seu lado Adair, a irmão gêmea de Eli, que faz questão de acabar com a reputação de Carver no colégio. Por outro lado, o garoto conta com o apoio da própria família, especialmente sua irmã Georgia, que o convence a fazer terapia.
Na escola, ele também não está sozinho: Jesmyn, que namorava Eli, é sua nova amiga — mas a proximidade entre os dois acaba por alimentar ainda mais os boatos de Adair. Enquanto tenta conviver com tudo isso, Carver precisa decidir se vai atender a um pedido da avó de Blake. Como não teve oportunidade de dizer adeus ao neto, vovó Betsy quer promover um dia de despedida, no qual Carver a acompanharia em todas as atividades que ela gostaria de ter feito com Blake no último dia de vida dele. De repente, as famílias de Eli e Mars também embarcam nessa ideia, colocando o garoto em uma montanha-russa emocional.
Confesso que Dias de Despedida me chamou atenção desde que foi anunciado como "uma leitura indispensável para os fãs de Jennifer Niven e John Green" — e, pessoal, a Seguinte não poderia estar mais certa ao recomendar e publicar esse young-adult. Jeff Zentner consegue ser ainda mais original, sensível e criativo que Green e Niven, dois autores com PhD na criação de uma literatura que representa libertação — uma consulta com um terapeuta chamado verdade que conta com a ajuda de uma psicóloga chamada vida. Sinceramente, não confio muito em minha capacidade de colocar em palavras tudo o que esse livro me ensinou, tudo que ele me fez sentir e tudo o que causou em minha vida — só sei que os danos foram (e sempre serão) irreparáveis!
Mergulhei de cabeça em Dias de Despedida e, a bem da verdade, ele não foi feito para se ler em uma única sentada. Não, ele tem toda uma poesia, toda um calma e todo um cuidado com o luto, a dor e suas diversas manifestações e, por isso, tece cuidadosamente uma trama que nos faz lembrar do porquê de amarmos tanto a literatura jovem-adulto. Ainda assim, você inicia a leitura sem pretensão alguma e quando se dá conta já está lendo há várias e várias horas, sorrindo, chorando e sem conseguir parar de pensar na obra. É mais ou menos isso que acontece quando se lê o livro aqui resenhado, e é impossível, ao terminar a leitura, você ser o mesmo de quando a iniciou.
"Há vida por toda a parte. Pulsando, zunindo. Uma grande roda que gira. Uma luz que se apaga aqui, outra substitui ali. Sempre morrendo. Sempre vivendo. Sobrevivemos até não não sobrevivermos mais. Todos esses fins e começos são a única coisa realmente infinita".
Mais acima, eu comentei que
Zentner consegue ser tão criativo quanto alguns dos expoentes da literatura jovem-adulto e, bem, eu não estava mentindo.
O autor é um poeta e para inserir toda essa sensibilidade em sua obra, ele contou com a ajuda de Carver, um protagonista que, feito a imagem de seu criador, é um poetista muito talentoso. Resumindo: vocês não têm ideia da maestria com que a obra é narrada. Se ajuda na compreensão,
é como ler uma grande poesia feita em prosa — nos momentos mais emotivos e profundos, parece que o personagem está conversando diretamente com o leitor, como se fosse um de nossos melhores amigos. Em
entrevista exclusiva ao
Sooda Blog, o autor norte-americano chegou, inclusive, a comentar sobre as razões que o levaram a criar uma obra tão poética como
Dias de Despedida, afirmando que
ama a poesia, as palavras e as frases musicais e que acredita que as palavras devem nos mudar e tocar nossos corações.
Zentner foi genial ao desenvolver o livro e eu acredito fielmente que essa obra merece uma grande e sensível adaptação cinematográfica. Nas entrelinhas do young-adult, o autor deixa claro a importância de nos apegarmos a vida e valorizarmos cada momento ao lado das pessoas que amamos, pois, a bem da verdade, ninguém sabe ao certo o que o futuro reserva. Hoje podemos estar sorrindo pela presença de nossos amigos e, amanhã, chorando pela ausência deles. É exatamente quando o leitor compreende isso que a obra se torna algo mais especial — uma leitura que, nas palavras de Becky Albertalli, destrói, recompõe e definitivamente nos transforma.
O livro intercala presente e flashbacks com uma maestria incrível para um romance de estreia na literatura jovem-adulto e Jeff Zentner consegue convencer o leitor, da primeira à última página, de que sabe exatamente o que está fazendo, como está fazendo e para quê está fazendo — me tornei um admirador de sua escrita e mal posso esperar pelos futuros livros do autor. Meu desejo hoje, de todo o coração, é que mais e mais pessoas tenham contato com essa literatura que dialoga de forma sensível com todos aqueles que sofreram (e sofrem) com a dor da perda e prepara o coração daqueles que, mais cedo ou mais tarde, também verão os amigos, familiares ou os amores desaparecerem, apagando-se como o dia, rumo à escuridão.
Para ser extremamente sincero, uma das melhores qualidades de Dias de Despedida — depois do caráter poético — é a originalidade. Muitos autores já trabalharam com a dor da perda, com a culpa, com o luto e com a tristeza, mas poucos fizeram um trabalho bem feito que focasse exclusivamente nisso. E isso comove. Isso sensibiliza. Isso despedaça o leitor. Isso ensina e acima de tudo nos transforma em pessoas com uma capacidade melhor de se colocar no lugar dos outros e nos permite compreender melhor a dor daqueles que estão ao nosso redor.
"Este dia aguçou tudo o que eu vinha sentindo nas últimas semanas. A Culpa. O luto. O medo. Afiou esses sentimentos até ficarem cortantes e ardentes. Mas, por outro lado, tirou um pouco daquela pontada e a substituiu por uma sensação pesada de ausência. Enquanto o luto é um sentimento mais ativo - um processo de negociação -, a ausência parece o luto com uma dose de aceitação."