Livro: Mais Escuro
Título Original: Darker
Editora: Intrínseca
Páginas: 496
ISBN: 978-85-510-0283-4
Sinopse: E L James revisita Cinquenta tons com um mergulho mais profundo e sombrio na história de amor que envolveu milhões de leitores em todo o mundo. O relacionamento quente e sensual de Anastasia Steele e Christian Grey chega ao fim com muitas acusações e sofrimento, mas Grey não consegue tirar Ana da cabeça. Determinado a reconquistá-la, ele tenta suprimir seus desejos mais obscuros e sua necessidade de controle absoluto, e disposto a amar Ana nos termos estabelecidos por ela. Mas os horrores de sua infância ainda o assombram, e, como se não bastasse, o chefe manipulador de Ana, Jack Hyde, claramente a quer. Será que o terapeuta e confidente de Grey, Dr. Flynn, poderá ajudá-lo a enfrentar seus demônios? Ou será que a possessividade de Elena, sua sedutora, e a devoção perturbada de Leila, sua ex-submissa, vão arrastá-lo para o passado? E se Christian vai reconquistar Ana, será que um homem tão sombrio e cheio de problemas espera mesmo mantê-la?

TRILOGIA “CINQUENTA TONS DE CINZA”.
    1.  Cinquenta Tons de Cinza
    2.  Cinquenta Tons Mais Escuros
    3.  Cinquenta Tons de Liberdade

TRILOGIA “GREY”.
    1.  Grey
    2.  Mais Escuro

E L James é ex-executiva de TV e mora em Londres. Casada e com dois filhos, sempre sonhou em escrever histórias pelas quais os leitores se apaixonassem. Sua estreia na literatura, a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, se tornou o maior fenômeno editorial dos últimos anos.

   Em Grey, primeiro livro da trilogia Cinquenta Tons pelos olhos de Christian, que já vendeu mais de 150 milhões de exemplares e ganhou adaptação para as telonas, conhecemos a inocente estudante de literatura Anastasia Steele, que acaba conhecendo o atraente, brilhante e profundamente dominador Christian Grey em uma entrevista para o jornal da universidade. Após se conhecerem melhor, ambos admitem desejar um ao outro, ainda que Christian tenha seus próprios termos — ele curte alguns tons mais escuros de prazer, sadomasoquismo e não está puramente interessado em amor. Chocada, mas ao mesmo tempo apaixonada e interessada, Ana aceita ser submissa de Grey por um período, até perceber que o homem por quem se apaixonou é mais atormentado do que imaginava e que ela jamais conseguirá ser o que ele tanto deseja.
   Em Mais Escuro temos a continuação do drama erótico que arrebatou milhares de leitores. Na sequência de tirar o fôlego, Christian, a todo custo, deseja se reaproximar de Ana, dando-a o “mais” que ela tanto quer. Num restaurante pequeno e intimista, Grey revela que sente a falta de Ana e ela, por sua vez, ressalta que não pode ser o que ele quer que a mesma seja, mas que, de certa forma, está inclinada a tentar mais uma vez — dessa vez, nos termos dela. E é a partir desse momento que a história começa a ganhar contornos diferentes e conteúdos diversos, onde o sexo — tema central da trilogia — é marginalizado para que o amor e o drama possam ganhar espaço. Para que Grey lide com os demônios do passado que o atormentam e a necessidade de controle, e para que Ana descubra mais sobre seus próprios desejos e enfrente as ameaças que rodeiam seu relacionamento com Christian.

"— Você queria flores e corações.
Ela fica me encarando, sem acreditar.
— Você tem meu coração — acrescento, apontando ao redor.
— E aqui estão as flores — murmura ela. — Christian, é lindo."

   Eu tive contato com o drama erótico de Ana e Christian em 2014, quando a série começou a fazer um incontrolável sucesso, e desde então me vejo anualmente aguardando as adaptações cinematográficas da franquia e os livros que agora são lançados da perspectiva do enigmático sr. Grey. Nunca escondi de ninguém que é uma de minhas séries preferidas, logo não é novidade alguma o meu interesse em resenhar Mais Escuro, a versão narrada por Christian do segundo livro da trilogia original, adaptada pela Universal Pictures e que já arrecadou mais de 1,09 bilhão de dólares ao redor do mundo — apesar das críticas, em grande parte, negativas.
   O gênero erótico — que representa aqueles romances que ganham contornos mais sensuais e que utiliza o erotismo em forma escrita, para despertar ou instruir o leitor sobre as práticas sexuais — nunca foi um tipo de literatura presente em minha vida, muito pelo contrário. Inicialmente, eu tinha muito preconceito com esse tipo de literatura, mas hoje percebo que não há necessidade de ferir-me por tão pouco. A literatura, assim como tudo na vida, é extremamente vasta e precisa ser respeitada. Cinquenta Tons de Cinza é uma trilogia caracterizada pelo teor erótico, mas, em minha opinião, o drama e o relacionamento vivido pelos personagens sobressaem muito mais do que as cenas sexuais extremamente explícitas. 
   Uma das coisas que eu mais gostei em Mais Escuro, claro, foi o fato dele ser narrado pelo Christian — foi como se apaixonar duas vezes pela mesma história. Outro ponto que agrada consideravelmente é a escrita da autora, que acompanha certa maestria, delicadeza e cuidado desde Cinquenta Tons de Liberdade. Narrado pela visão de Christian Grey, em primeira pessoa, Mais Escuro tem uma trama muito mais direta, objetiva, que dá espaço aos diálogos e que, em seus momentos mais calientes, nos deixam com certo calor, risos. Muitos leitores afirmaram gostar mais dos livros narrados pelos Christian do que os primeiros narrados pela Ana, mas, no meu caso, é bem o contrário. Muito embora os cinco livros só funcionam se lidos juntos, eu ainda prefiro a trilogia original — ainda que entrar na mente de Grey tenha sido uma grata surpresa. 
   A escrita de E. L. James é bem descontraída, de certa forma formal (sem perder o caráter divertido), com cenários bem descritos e muito bem trabalhada. Está certo que ela pode não inserir muito conteúdo em suas narrativas, mas isso não quer dizer que ela não saiba escrever — e tem sido fácil perceber que a autora está melhor a cada livro. Um ponto forte em Mais Escuro, que acrescentou muito, sem dúvidas, foi a escrita da autora, que incorporou com maestria todos as sombras e todos os tons de Christian. E. L. James tinha uma intenção ao dar continuidade a sua trilogia, e ela soube desenvolver muito bem sua ideia.

"— Deixe-me amar você.
— Deixo — responde ela.
Eu a pego nos braços, meus lábios nos dela, e a levo até o quarto. Deito-a na cama, e com cuidado e carinho infinito, mostro a adoração e o amor que sinto, a importância que ela tem para mim. E como eu a amo".

   O que mais chama atenção tanto em Grey quanto em Mais Escuro é a oportunidade única que tivemos de conhecer mais do Christian e de ficar a par de acontecimentos que a Anastásia não presenciou, logo não pôde narrá-los para nós. E, a bem da verdade, isso foi incrível e fez com que a história soasse mais verossímil em nossa mente. Tenho que deixar claro que, embora não seja um trabalho fácil, E. L. James soube contar a mesma história sob uma perspectiva diferente de um modo muito profissional
   Conforme todos os mistérios de Grey caem por terra, o leitor vai se sensibilizando com o drama, vai compreendendo os porquês da narrativa, e essa é a parte mais interessante de se ler toda a série Cinquenta Tons de Cinza. Além disso, nesta sequência, temos vários elementos inéditos que tornam a trama não somente mais sensual, mas também mais fluida e instigante, como por exemplo: a reação de Grey ao descobrir que Ana está sendo assediada por Jack, seu chefe, numa renomada editora; a vida profissional de Christian na Grey House e a reação da mãe de Christian ao descobrir alguns de seus segredos do passado.
   Para ser extremamente sincero, eu nunca encontrei — em nenhum dos cinco livros — algo que verdadeiramente me incomodasse. Está certo que não são os melhores livros do mundo, os mais cheios de conteúdo, de dramas e de personagens bem construídos, mas é certo dizer, tão maldosamente, que são os piores? Não, acredito que não! Cinquenta Tons foi feito para um público, se algumas pessoas não gostaram, paciência, não foi uma série feita para elas, só isso. O que vale, acima de tudo, é o respeito. Se você leu — e principalmente se não leu —, e não gostou, não precisa demonizar os livros e a autora. Nenhum escritor escreve esperando agradar cada ser vivo desse planeta, mas o trabalho de cada um, independentemente de qualquer coisa, merece respeito. Jamais se esqueçam disso. Muito mais que uma história recheada a sexo e sadomasoquismo, eu vi uma trama de superação, de amor, paixão, dor e desejo. Um drama tão bom quanto outros milhares que são lançados todos os dias. 
   A edição da Intrínseca, com a capa original lançada no exterior, ficou tão boa quanto o livro em si. A capa é inteiramente coerente com a história do livro — sensual, misteriosa e monocromática — e retrata Christian e uma marca de batom que representa uma das cenas mais emocionantes de toda a série — vocês terão que ler para descobrirem o que é! A diagramação ficou muito bem-feita, com capítulos que se iniciam em uma nova página e um design interno bem caprichado — em especial na parte dos e-mails que Ana troca com Christian!
   Por fim, vale ressaltar que os dois livros lançados pela visão do Christian Grey preenchem ainda mais as lacunas da história e tornam tudo ainda mais interessante. No mais, só posso desejar uma boa leitura para quem anseia por ler o livro e avisar que os últimos dois filmes da franquia ficaram extremamente lindos — eu gostei, pelo menos. Mais que um romance erótico, Mais Escuro é um livro lindo, sofrido, inspirador e totalmente indicado para os fãs da série. Adorei a experiência! Permita-se conhecer o sr. Grey também!


Primeiro Parágrafo: “Estou sentando. Esperando. Meu coração bate acelerado. São 17h36 e estou olhando fixamente pelo vidro fumê do meu Audi para a porta de entrada do prédio onde ela trabalha”.
Melhor Quote: “A gente precisa aprender a caminhar, antes de correr”.


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