Livro: A Garota Do Penhasco
Título original: The Girl on the Cliff
Autor (a): Lucinda Riley
Editora: Novo Conceito
Páginas: 528
ISBN: 9788581632575
A Garota do Penhasco é um romance que enreda o leitor através de vários fios: a história de Grania Ryan e sua querida Aurora Devonshire, a garota do penhasco, nos fala sobre mudança de vida. A história das famílias Ryan e Lisle é um lindo conto sobre um século de mal-entendidos e rancor entre inimigos que se acreditam enganados por falcatruas financeiras. O caso de amor entre Grania Ryan e Lawrence Lisle comove por sua delicadeza e força vertiginosa que culmina em imensa tristeza. Mas, sobretudo, A Garota do Penhasco é um livro que mostra como é possível encontrar uma finalidade, um propósito, quando todas as esperanças parecem perdidas. 



    Em A Garota do Penhasco somos apresentados a três histórias diferentes, que, ao mesmo tempo em que se divergem, estão interligadas. A história principal é sobre Grania Ryan, uma irlandesa que se mudou para os Estados Unidos há anos, e lá fez carreira como uma escultora. Grania tem um relacionamento duradouro com Mark, e toda a estabilidade no namoro de ambos se esvai de uma hora para a outra quando ela sofre um abordo traumático. Desolada, Grania sai da cidade de uma hora para outra, sem dar explicações ao namorado, voltando para sua terra natal, o pequeno município de Cork, na Irlanda. Lá, ela conhece Aurora Lisle, uma garotinha de 8 anos, e, apesar da grande diferença de idade, as duas acabam se tornando ótimas amigas, já que Aurora lembra tanto Grania da filha que poderia ter tido.
    A mãe de Grania, Kathleen, entretanto, fala diretamente para a filha ficar longe da menina, e é aí que conhecemos outra história: Mary, a antepassada dos Ryan, uma moça trabalhadora que, de um modo que só ficamos sabendo depois de muita história, acabou se envolvendo profundamente com os Lisle. Kathleen não deseja que a história se repita, mas ver sua filha aproximando-se de Aurora aumenta cada vez mais seus temores. Enquanto isso, nos Estados Unidos, acompanhamos a história de Mark, o noivo de Grania. Mark está confuso e não sabe o que fez de errado para a mulher que ama ter partido tão repentinamente. Ele a ama e faria qualquer coisa para tê-la de volta, mas acaba se envolvendo em situações que eventualmente se encaminharão para algo que nunca imaginaria.

   Apesar de o foco estar nessas três histórias, tudo isso é narrado por Aurora, no futuro. Talvez pareça um pouco confuso vendo de fora, mas garanto que ao realizar a leitura as coisas vão se encaixando. Isso, provavelmente, foi o que mais gostei no livro: o modo que tudo se completa, pouco a pouco, e só temos uma noção da história completa no final. Esse foi o primeiro livro que li de Lucinda Riley, mas garanto que não será o último.
    Os personagens não deixam a desejar, e, apesar de Grania não ter se tornado minha favorita da trama, a relação dela com Aurora é muito bonita. Lucinda Riley soube passar de um jeito extremamente cativante a relação materna que as duas possuem, já que Grania acaba de perder um bebê e Aurora, por sua vez, não tem mãe e possui um pai amoroso, mas ausente. A menina também é um encanto: inteligente, compreensiva e carinhosa, é uma criança adorável, e deixar de sentir-se cativado por ela é quase impossível.
   Apesar disso, quando Aurora narra seus capítulos que se passam no futuro, é fácil sentir dúvidas sobre quando exatamente é o “futuro”, já que a narrativa é um pouco infantil. É claro que tudo isso é explicado ao fim da história, com um final surpreendente que fará lágrimas brotarem dos olhos do leitor.
    Como já é dito por Aurora no começo do livro, ele é sobre os diferentes tipos de amor. Não há outra definição para ele, nem alguma descrição que abranja todo o conteúdo que o livro possui. É uma leitura reflexiva, para mostrar para qualquer um que nada é exatamente o que parece, que todos temos segredos. O livro também trata sobre escolhas mal pensadas, sobre como algo que aconteceu no passado, anos atrás, afeta tão diretamente o presente e o futuro. Aconteceram fatos que me deixaram frustrada, emocionada e outros que me divertiram muito. O equilíbrio presente na narração é impressionante.
   A diagramação do livro é bela, com um tamanho de letra agradável e feito de um bom material. A capa, que mostra uma típica paisagem irlandesa e retrata imensamente a história toda, é algo a se notar. O trabalho de design da editora Novo Conceito ficou ótimo, e não consigo imaginar uma capa que combinasse mais com o livro.
    Depois de tudo que expressei, não há dúvidas que o livro está super indicado. Levando os sentimentos do leitor à flor da pele, a autora escreveu uma obra cheia de emoções, reviravoltas e fatos marcantes, que emocionariam até o mais duro dos corações. 

Primeiro parágrafo: "A figura frágil achava-se perigosamente próxima da borda do penhasco. A longa e luxuriante cabeleira ruiva revolvia-se atrás de seu corpo esguio, agitada pela forte brisa que soprava do oceano. O vestido de algodão branco chegava-lhe aos tornozelos e deixava expostos os pequenos pés descalços. Mantinha os braços esticados, a palma das mãos voltada para a massa espumante do mar cinzento, abaixo, o rosto pálido voltado para o alto, como se estivesse se oferecendo em sacrifício aos elementos." 
Melhor quote: "Também me ocorre que nós, humanos, vivemos como se fossemos imortais, tomando decisões como se fossemos viver para sempre, sem aceitar o inevitável, que cabe a todos nós. É claro, é a única maneira de podermos sobreviver."
                                                                          


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