Título: O Morro dos Ventos Uivantes
Título Original: Wuthering Heights
Autor (a): Emily Bronte
Edição: 1
Editora: Martin Claret
ISBN: 8572324763
Páginas: 406
Sinopse:
Emily Brontë enriqueceu a literatura inglesa com apenas um único romance que se distinguiu no gênero pela narrativa poética, estrutura incomum e ausência de digressões. O Morro dos Ventos Uivantes (1847) ambienta-se em Yorshire do século XVIII e narra a história de duas famílias - Linton e Earnshaw - unidas pela paixão e pelo ódio. A intensidade dos sentimentos ultrapassa até mesmo os cânones românticos. O Morro dos Ventos Uivantes é um dos mais importantes clássicos da literatura inglesa e mundial. Uma autêntica obra prima.
A história se inicia pela perspectiva de Sr. Lockwood, o novo inquilino da “Granja dos Tordos” que, ao fazer uma visita ao seu senhorio e vizinho mais próximo (também proprietário da Granja) se descobre cercado pelos mistérios da diferente família que encontra na casa do “Morro dos Ventos Uivantes”. Lockwood então, impelido pela sua curiosidade encontra uma pessoa que pode lhe contar sobre aquelas terras e as pessoas que as habitam: sua governanta, a amável Sra. Ellen Dean, e, a partir desta senhora conhecemos a história de um amor tumultuado, intenso e acima de tudo vingativo.
Heathcliff era apenas um menino inocente quando trazido para casa pelo Sr. Earnshaw, o pai de Catherine e Hindley, gerando amargura e raiva em Hindley, que, após a morte do pai, desconta seus anos de frustração por não ser o filho predileto em Heathcliff e tornando a vida do irmão postiço um inferno, fazendo-lhe crescer o desejo de vingança. Catherine e Heathcliff crescem inseparáveis, apesar de os maus tratos ao rapaz, e alimentando uma paixão que iria, em breve, consumi-los. Ao escutar uma conversa da jovem com sua criada em que ela dizia que, apesar de amar Heathcliff, ele não era bom o bastante para ela, o protagonista abandona o “Morro dos Ventos Uivantes” deixando Cathy, cuja, ao passar dos anos, se casa com Edgar Linton e vai morar na “Granja dos Tordos” com o marido e sua cunhada, Isabella Linton.
Anos mais tarde, Heathcliff retorna mudado: não mais o menino selvagem e indomável, mas sim um homem amargurado e com um forte e alimentado desejo de vingar-se de todos, contrariando as expectativas, e fazendo o leitor agora odiar o personagem que havia anteriormente despertado pena e compaixão. Como parte de sua vingança, casa-se com Isabella Linton. Catherine acaba morrendo por complicações na gravidez, deixando uma herdeira, novo alvo de Heathcliff, Catherine Linton. Heathcliff se esforça para levar sua vingança até a próxima geração, vivendo uma vida atormenta pelo fantasma de Catherine e falta sentida pela mulher que, apesar do egoísmo de ambos, era sua amada.
O Morro dos Ventos Uivantes fala sobre a morte a partir de noções românticas, mas que se diferenciam das de todas as histórias já escritas. A narrativa se passa basicamente entre dois locais e é feita em primeira pessoa por um narrador observador; o que ressalta o efeito romântico-gótico, misterioso e melodramático presente no livro.
Entre reviravoltas, a história nos mostra as diferentes faces dos personagens, aonde não existe apenas um ponto de vista. Todos possuem seu lado bom e mal, o que retrata a essência humana com seus defeitos amplificados, e, no fim, é uma história que trata de inevitabilidade. Como, nem mesmo o egoísmo e maldade dos personagens principais acabam por separá-los, e, no final, nem mesmo a morte pode. Heathcliff e Catherine deixaram seus próprios interesses os destruírem e separarem, mas mesmo assim, continuaram se amando.
É um clássico da literatura inglesa, que não pode ser recomendado a todos. Um livro que desperta sentimentos extremos, o ódio ou a adoração, prende o leitor de um jeito diferente: ele não nos remete a sentir afeto ou simpatia pelos personagens, porém leva-nos a adorar a história. De muitas maneiras, é um anti-romance, uma co-evolução de uma história que une magistralmente todos os efeitos que despertam interesse em quem lê, e surpreende por ser uma obra genial, tão a frente do tempo que foi escrita.
Primeiro parágrafo de livro:
"1801.
Acabei de chegar de uma visita ao meu senhorio – o único vizinho que poderá me incomodar. Que bela região, esta! Em toda Inglaterra, acho não poderia ter encontrado um lugar tão afastado da sociedade humana. [...]"
Melhores quotes:
"[...]Você merece isto. Você matou-se a si mesma. Sim, pode beijar-me e chorar; pode espremer os meus beijos e as minhas lágrimas, que eles a queimarão... a danarão. Você me amava... então, que direito tinha você de me abandonar? Que direito, responda-me! Em troca do capricho que sentia por Linton? Porque nem miséria, nem degradação, nem morte, nem nada do que Deus ou Satã poderiam infligir-nos poderia separar-nos... só você, pela sua própria vontade. Eu não lhe parti o coração... você é que o partiu; e, ao parti-lo, partiu também o meu. Tanto pior para mim que sou forte. Se eu quero continuar vivendo? Que espécie de vida vai ser a minha quando você... oh, meus Deus! Você gostaria de continuar a viver, com a sua alma na sepultura?"
"[...] ele nunca saberá como eu o amo; e não é por ele ser bonito, Nelly, mas por ser mais parecido comigo do que eu própria. Seja lá qual for a matéria de que as nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais, [...]. Os meus grandes desgostos foram os desgostos do Heathcliff, e eu acompanhei e senti cada um deles desde o início; é ele que me mantém viva. Se tudo o mais perecesse e ele ficasse, eu continuaria, mesmo assim, a existir; e, se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria para mim uma vastidão desconhecida a que eu não teria a sensação de pertencer. [...] Nelly, eu sou o Heathcliff. Ele está sempre, sempre, no meu pensamento. Não por prazer, tal como eu não sou um prazer para mim própria, mas como parte de mim mesma, como eu própria. [...]"