Livro: O Perfume da Folha de Chá  
Título Original: The Tea Planter´s Wife 
Autor(a): Dinah Jefferies 
Editora: Paralela 
Páginas: 431
ISBN: 978-85-8439-046-5
Sinopse: Em 1925, a jovem Gwendolyn Hooper parte de navio da Escócia para se encontrar com seu marido, Laurencek no exótico Ceilão, do outro lado do mundo. Recém-casados e apaixonados, eles são a definição do casal aristocrático perfeito: a bela dama britânica e o proprietário de uma das fazendas de chás mais prósperas do império. Mas ao chegar à mansão na paradisíaca propriedade Hooper, nada é como Gwendolyn imaginava: os funcionários parecem rancorosos e calados, e os vizinhos, traiçoeiros. Seu marido, apesar de afetuoso, demonstra guardar segredos sombrios do passado e recusa-se a conversar sobre certos assuntos. Ao descobrir que está grávida, a jovem sente-se feliz pela primeira vez desde que chegou ao Ceilão. Mas, no dia de dar à luz, algo inesperado se revela. Agora, é ela quem se vê obrigada a manter em sigilo algo terrível, sob o preço de ver sua família desfeita.

Dinah Jefferies nasceu na Malásia e se mudou para a Inglaterra com nove anos. Trabalhou com educação e realizou obras como artista plástica. Seu primeiro livro foi publicado em 2014. O Perfume da Folha de Chá é seu segundo romance.

   Década de 1920. Aos dezenove anos, Gwendolyn Hooper tem um futuro considerado promissor para as mulheres de então. Recém-casada com Laurence, um belo e proeminente empresário do ramo dos chás, ela não vê a hora de chegar ao Ceilão, colônia britânica no Oriente, e começar sua vida de esposa e dona de casa dedicada na imponente fazenda Hooper. Por mais fascinante que seu novo lar seja — cercado por uma exuberância de flores, vegetação, lagos e montanhas —, não é fácil se adaptar aos costumes e a tensão social do Ceilão. A alta sociedade que à primeira vista parece acolhedora, é repleta de intrigas e gente interesseira. E não é menos preocupante o permanente conflito entre os trabalhadores da lavoura e os senhores das terras.
   Em pouco tempo, Gwendolyn começa a se sentir solitária e desconfortável em sua bela mansão. Com o passar dos dias, ela vai descobrindo uma série de pistas sobre o primeiro casamento de Laurence. Um baú escondido, cheio de vestidos empoeirados. Um pequeno túmulo, que indica ser de uma criança. Fragmentos de uma antiga vida conjugal repleta de tristeza e segredos. E eis que Gwendolyn recebe a feliz noticia de que está gravida. Mais do que nunca, ela quer deixar as inquietações de lado e se dedicar ao papel de mãe e esposa exemplar. Mas, ao dar à luz, ela depara com uma escolha inimaginável, que a atormentará para o resto da vida. Um drama familiar complexo e envolvente, que retrata a força do amor materno diante das mais devastadoras circunstâncias.  

"Ela respirou fundo, como se assim fosse capaz de absorver cada partícula da beleza que tinha diante de si: as flores perfumadas, o deslumbramento da vista, o verde luminoso dos morros com a plantação, o som dos pássaros. Era de deixar o queixo caído."
 
   Me apaixonei logo de cara por essa capa, depois que li a sinopse vi que seria uma leitura interessante.  Não conhecia a autora, mas fui confiando na premissa que prometia um drama familiar de época acompanhado de um cenário para lá de exótico. Acho que vocês já perceberam que tenho um gênio fraco por dramas familiares e que sou louca por livros do gênero, por isso fui com altas expectativas em relação ao romance de Jefferies. Se me decepcionei? Claro que não! Muito pelo contrário, Dinah Jefferies ganhou mais uma fã de carteirinha. 
   Logo no início fui a apresentada a Gwendolyn, no auge da juventude e sonhadora, chegando para viver uma nova vida em um lugar desconhecido. Nos primeiros capítulos vamos conhecer o Ceilão e a nova realidade que Gwen vai enfrentar. Ela vai se deparar com um lugar totalmente diferente, cheio de pessoas estranhas que falam outra língua e ainda vai ter que se acostumar com a vida do seu marido. Ela vai percebendo aos pouquinhos que todos escondem segredos e que a vida no Ceilão não será tão fácil, nos contando tudo e deixando o leitor ambientado naquele meio. 
   Dinah tem uma escrita detalhista e acolhedora, fui lendo e me afeiçoando com a história e principalmente a Gwen. A autora escreve muito bem e mostra isso na quantidade de locais, personagens e novidade que são apresentadas para o leitor logo nas páginas iniciais. Nos primeiros capítulos, eu senti um ar de "segredos", logo fui lendo e tentando fazer ligações e suposições. Depois de umas 50 páginas fui surpreendida com uma cena inexplicável, até hoje fico maravilhada quando abro o livro e leio o trecho. Em um único parágrafo, Dinah escreveu uma cena que desafiará a mente do leitor até os últimos capítulos. 
   Esse livro tem muitos pontos que me agradaram, sendo que o enredo foi um deles. A autora dividiu a história em quatro partes e isso deu total conexão e fluidez para o livro como um todo. O cenário é grandioso, os personagens são muitos e as reviravoltas complicadas, porém Dinha soube dar a devida atenção para cada detalhe que estava trabalhando e não esqueceu de nada, tendo em vista que foi perfeita em relação a seguir inicio, meio e fim. A construção da história em si foi ótima e eu não imaginava encontrar preconceito racial e principalmente ver a maternidade trabalhada da forma como foi. Durante algumas revelações, o sorriso no meu rosto só crescia e meu pensamento era: que escritora incrível! Toda hora me perguntava: como ela pensou isso? 
   O livro se passa no período colonial britânico cheio de costumes e regras seguidas pela sociedade e é ambientado no Ceilão (uma ilha no sul da Índia que hoje é o Sri Lanka). É difícil encontrar a cultura indiana tão marcada em um livro com detalhes da sociedade em uma determinada época, e Dinah mesclou tudo isso com a produção de chás toda detalhada. No final do livro, encontrei notas da autora onde ela fala sobre suas fontes de pesquisa e inspirações para criar essa história, e fiquei maravilhada com a criatividade envolvida e a forma que mudou alguns acontecimentos para que se encaixassem no contexto do livro. Sempre fico boba com histórias de época onde o autor usa acontecimento reais para marcar o livro e construir cenários e cenas.   

"Ninguém nunca dissera que ser mãe significava conviver com um amor tão indescritível que a deixaria sem fôlego, e com um medo tão terrível que abalaria até sua alma. E ninguém nunca avisara sobre a proximidade desses dois sentimentos. No fundo da mente de Gwen, um pensamento assustador tomou forma. Se ela tivesse a coragem de dar um passo em direção à beirada, tudo acabaria."

   O amadurecimento de Gwen também foi marcado por várias decisões importantes. Ela sofreu muito e aprendeu a lidar com o casamento e com a maternidade. Teve cenas que fiquei com o coração partido e tenho certeza que nunca vou esquecer. As decisões que ela tomou foram duras, mas essenciais para o desenrolar do livro e também para o firmamento de seu casamento. Seu marido foi um personagem que me deixou com um pouco de raiva, mas Laurence se justifica para o leitor no decorrer da história. Os personagens secundários foram super importantes e a autora deixou que cada um se mostrasse importante no momento certo — e poucas vezes vi muitos personagens importante, mas dessa vez me deparei com vários que foram muito bem apresentados e desenvolvidos. 
   O livro é extenso e são quase 450 páginas carregadas de cenas chocantes, mistérios e muitas surpresas. Em alguns momentos senti a leitura cansativa, mas percebi que isso ocorreu por causa da passagem de tempo. As divisão que encontramos no livro foram usadas pela autora para aprofundar os personagens e marcar a passagem de tempo. Então podem ler com calma e sentir cada uma dessas marcações — é interessante ler esse livro parando pra refletir e senti um pouco a luta de Gwen. Ela foi uma das personagens que mais marcou minha vida literária, vou sempre me lembra da luta e garra que ela teve pra proteger seus filhos e enfrentar todas as responsabilidades que a vida de esposa cobrava naquela época.   
   Como vocês perceberam eu só tenho elogios para essa história e para cada detalhe que Dinah fez. É um drama familiar maravilhoso e cheio de aprendizado. Amei essa capa, foi por causa dela que tive interesse na história. Geralmente não gosto de pessoas nas capas dos livros, mas essa moça se parece muito com a Gwen e por isso achei a capa maravilhosa. A diagramação e a edição estão perfeitas, senti um pequeno desconforto com algumas palavras, mas pesquisei e entendi direitinho. 
   O Perfume da Folha de Chá é o padrão que se deve seguir para um drama familiar digno de muito choro. Poucas vezes em minha vida li algo tão emocionante e toda vez que me perguntam, digo que esse livro é muito mais que um  simples drama familiar. Essa história é arrebatadora e cheia de cenas que foram um soco no meu estômago. Indico para os fãs de um bom drama cercado de mistérios!

                                                     
Primeiro Parágrafo: A mulher levou o envelope branco e estreito aos lábios. Hesitou por um instante, parando para ouvir as notas dolorosamente doces de uma flauta cingalesa à distância. Considerando mais uma vez sua decisão, virou o envelope de uma lado para outro na mão antes de lacrá-lo e apoiá-lo em um vaso de rosas vermelhas que começavam a murchar.
Melhor quote: "Gwen sabia muito bem que a culpa era capaz de consumir uma pessoa por dentro, e que era uma presença persistente, invisível a princípio, mas que ia crescendo até ganhar vida própria".


2 Comentários

  1. Olá! Eu sou apaixonada por essa história! São tantas coisas que somadas me fizeram amar Gwen e a Índia pra qual ela se muda.. E quantas aflições nossa amada protagonista enfrenta antes de tudo ser revelado e esclarecido.. Eu amei cada parte desse romance! ♥
    Bjoss

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  2. Eu também me apaixonei por essa capa, geralmente vem agregada uma historia belissima, a questão é que li tantas criticas negativas que desanimei um pouco, sei que a opinião é muito pessoal de cada pessoa e gosto não se discute, mas achei melhor dar um tempo e ler assim que surgisse vontade. Mas lendo agora tua critica a respeito dele vi que ate pode ser cansativo em alguns pontos, mas não deixa de ser uma historia encantadora cheia de sentimentos. Livros de época com conflitos sociais geram sempre uma boa leitura, embora pesada.

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