Livro: A Vida Como Ela Era
Título Original: The Life as We Knew It
Autor (a): Susan Beth Pfeffer
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 378
ISBN: 9788528616514
Sinopse: Quando Miranda começa a escrever um diário, sua vida é como a de qualquer adolescente de 16 anos: família, amigos, garotos e escola. Suas principais preocupações são os trabalhos extras que os professores passaram – tudo por causa de um meteoro que está a caminho da Lua. Ela não entende a importância do acontecimento; afinal, os cientistas afirmam que a colisão será pequena. O que Miranda não sabe é que os cientistas estão muito enganados... Para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e isso altera de modo catastrófico o clima do planeta. Terremotos assolam os continentes, tsunamis arrasam os litorais e vulcões entram em erupção. Em 24 horas, milhões de pessoas estão mortas e, com a Lua fora de órbita, muitas outras mortes são previstas. Miranda e sua família precisam, então, lutar pela sobrevivência em um mundo devastado, onde até a água se torna artigo de luxo. Através do diário da adolescente, A vida como ela era nos conduz por uma emocionante história de persistência, ensinando-nos que, mesmo diante de tempos assustadores e imprevisíveis, o recurso mais importante de todos – aquele que jamais deve ser extinto – é a esperança.
SÉRIE "OS ÚLTIMOS SOBREVIVENTES"
1. A Vida Como Ela Era
2. Os Vivos e Os Mortos 3. O Mundo em Que Vivemos
4. A Sombra da Lua
Susan Beth Pfeffer nasceu em Nova York, nos Estados Unidos, e começou a escrever aos 6 anos. Depois da publicação do seu primeiro livro, Just Morgan, ela passou a se dedicar integralmente à escrita. Autora de mais de setenta obras infantis e infanto-juvenis e ganhadora de diversos prêmios, Susan gosta de assistir a filmes e ler em seu tempo livre.
Miranda é uma jovem de 16 anos, filha de Laura, uma escritora promissora e divorciada, e irmã de Jonny e Math. Morando na Pensilvânia, ela sempre levou sua pacata vida da melhor forma que pôde — frequente e atenciosa a todas as aulas na escola, sempre mirando, por pressão de sua mãe, em seu futuro profissional. A parte triste é que Miranda jamais imaginou que futuramente a diferença entre tirar 7,8 e 9,0 em Matemática não teria a mínima importância. A jovem mantém um diário, onde narra os acontecimentos mais importantes de sua vida. No começo do diário, as preocupações de Miranda se resumem a sua indignação vertiginosa sobre a quantidade redundante de atividades escolares que seus professores passam, o que faz sua vida se resumir apenas em fazê-las. Mais uma vez ela se arrepende de ter reclamado de tudo isso. Tudo que Miranda mais quer, no momento, é que a vida volte a forma como ela era: tranquila, normal e, se comparada a forma atual, feliz.
Os cientistas anunciaram há algum tempo que um meteoro atingiria a Lua, uma simples colisão, igual as outras milhares que ocorrem em nosso satélite natural. E não é só na Pensilvânia que a Lua é o assunto do momento, é em todo o mundo. As pessoas descem até o porão, procuram por binóculos, telescópios e organizam festas — vai ser um grande fenômeno, dessa vez visível para todos. Contudo, as coisas saíram diferente do esperado. O impacto foi mais intenso que o esperado, o que fez a Lua sair de sua órbita e se aproximar da Terra. Como consequência direta, as marés foram alteradas e países e ilhas localizados em baixas altitudes começaram a serem destruídos e cobertos pela força da água. Como se a força da água não fosse suficiente para iniciar uma quebra na frágil paz coletiva, tempestades, vulcões e outros fenômenos naturais altamente destruidores também começam a assolar o planeta.
Mas a mãe de Miranda é rápida! A jovem escritora se une aos filhos, pega todo o dinheiro que tem e vai enfrentar verdadeiras guerras em lojas e supermercados, e, contando que eles tenham comida suficiente até que a promessa do presidente dos Estados Unidos de que tudo voltará ao normal em breve se cumpra, tudo valerá a pena. Mas as coisas vão definhando cada vez mais: não há mais energia elétrica, não há água... só o que há é a chama da esperança, que a mãe de Miranda tenta manter acesa a todo custo em sua família. Miranda sabe que existe a possibilidade de que apenas um deles sobreviva, mas ela não quer viver duas ou três ou quatro semanas a mais se isso significar que nenhum deles sobreviverá. Inicia-se então mais uma jornada de fé, coragem, luta e sobrevivência, em meio, como descreve o Booklist, as páginas repletas de eventos angustiantes e terríveis, mas também de emoções verdadeiras.
E, novamente, me senti emocionado ao ler mais um livro bom, onde encontrei algo novo, com uma escrita diferente, uma trama igualmente díspar, com uma jogada bem inteligente e de um gênero que tanto aprecio, a distopia. Eu nunca tinha ouvido falar na série Os Últimos Sobreviventes — apesar de que o primeiro livro foi lançado em 2014 (se não me engano) e, agora, com o lançamento do segundo livro (Os Vivos e Os Mortos) o antecessor, que é esse que resenho, ganhou uma nova capa e foi relançado. A primeira coisa que me chamou atenção foi, claro, a capa, que é extraordinariamente bela, e em segundo lugar a forte publicidade de que é uma das melhores distopias já lançadas. Por ser de um gênero muito conhecido e possuir uma trama diferente de todas as demais que já tive contato, criei boas expectativas, e fico feliz em afirmar que elas se mantiveram agradavelmente satisfatórias.
Na capa está escrito "Uma das melhores séries para os fãs de Jogos Vorazes", mas há uma visível redundância, principalmente porque faz com que a maioria espere uma história igual a série homônima de Suzanne Collins. Portanto, deixo claro que não é cópia de Jogos Vorazes e de nenhuma forma podemos traçar um paralelo entre as duas histórias, com a exceção das características do gênero, claro. Ambas as obras têm caráter distópico, contudo a abordada em A Vida Como Ela Era certamente será a mais diferente com a qual nos depararemos. Nunca tinha lido nenhum livro de Susan, mas certamente lerei os demais da séries Os Últimos Sobreviventes.
Narrado sutilmente em terceira pessoa, A Vida Como Ela Era nos apresenta ao diário de Miranda, logo o livro tem as características básicas e únicas de um livro de anotações contendo a narrativa diária de experiências pessoais — o que, claro, é diferente, mas não ruim. É uma narração mais pontual, elaborada e, claro, com uma visível simplicidade — apesar de sempre conter, intrinsecamente, aquele elemento chave que nos prende a narrativa e nos faz devorar as páginas. Apesar de não estar acostumado a narrativas em formato de diário, confesso que me senti animado, em virtude de que (1) além de ser algo novo, (2) conseguiu manter um bom dinamismo.
O presidente fez um pronunciamento na tevê hoje à noite. Não disse nada que nós já não soubéssemos. Tsunamis e inundações. Números desconhecidos de mortos, a Lua fora de órbita etc. Segunda-feira é um dia nacional de luto e nós devemos rezar muito. Ele falou — e não parecia muito satisfeito — que nos precisamos nos preparar para o pior.
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