2. Dia 21
3. De Volta
Kass Morgan é formada pela Brown University e fez mestrado na Oxford University. Atualmente trabalha como editora e mora no Brooklyn, em Nova York. The 100 configurou-se na lista dos mais vendidos em diversos países e foi adaptado para uma série televisiva.
De Volta é o aguardado desfecho da trilogia distópica The 100 e mostra as adversidades enfrentadas pelos cem, grupo de jovens enviados ao Planeta Terra após anos de um apocalipse nuclear que, aparentemente, teria destruído o lugar. Desde então, os seres humanos passaram a viver no espaço — aqueles que sobreviveram ao apocalipse, claro. No espaço, fundaram o que nomearam de Colônia, e foi justamente esse governo que mandou cem jovens de volta a Terra para verificar a possibilidade de repovoamento.
Apesar das adversidades, semanas após chegarem à Terra, os cem finalmente conseguiram criar uma sensação de ordem no meio do caos ao redor. A paz com o grupo de terráqueos não foi alcançada sem perdas. Mas agora parece que os dias serão mais calmos... mas só parece! Inesperados módulos de transporte colidem com a Terra. Mais humanos estão descendo, vindos da Colônia. O oxigênio lá em cima está quase acabando, e eles podem ser os últimos a chegar. De certa ótica, a humanidade está voltando para casa.
Mas a presença de mais humanos no planeta ameaça quebrar o frágil equilíbrio antes estabelecido entre os cem e os terráqueos, e Glass, que é explorada logo no primeiro capítulo, teve a sorte de sobreviver à queda dos módulos de transporte. Ela experimenta as novas sensações de estar na Terra pela primeira vez, mas sua sorte parece escorrer por entre seus dedos. E isso é um ponto que merece bastante destaque: o modo como todos os personagens são, de certa forma, explorados pela autora.
Enquanto isso, Clarke está começando o resgate aos sobreviventes da colisão, ajudando a salvar a vida de muitos. Mas não consegue parar de pensar em seus pais, que ainda podem estar vivos. Conseguem perceber, através desse pequenos detalhes da obra, que o livro possuí uma ótima intercalação de pontos de vistas? Isso foi o que mais me atraiu a mesma e me fez literalmente devorar as páginas. Os personagens são trabalhos de forma a completar as lacunas falhas da obra, principalmente por demonstrarem com ímpeto a condição falha que todos — seres humanos — sempre temos.
Seguindo, temos também Wells, que precisa encontrar uma forma de lidar com a nova ameaça à sua liderança e o vice-chanceler Rhodes e seus planos para estabelecer o poder, junto aos seus guardas bem-armados — que não são muito amistosos, e fazem um contraste inteiramente significante entre a ação e a filosofia distópica, mostrando o momento em que os cem terão de se unir na luta pela liberdade que conquistaram na Terra. Ou correrem o risco de perder tudo o que amam.
Uma distopia. Mas não somente "mais uma", mas um livro que trabalha com essa filosofia tão tendenciosa de modo a mostrar coisas que muitos outros autores ainda não mostraram em suas obras. Conheci The 100 desde quando foi lançado o primeiro livro aqui no Brasil, junto com a série de TV (que ainda não assisti, infelizmente!). Por ser uma distopia, obviamente me chamou atenção, e mais uma vez não fui decepcionado por essa filosofia, principalmente a desenvolvida por Morgan.
De Volta é, assim como os anteriores, narrado em terceira pessoa. E, decididamente, eu não sei que opinião tomar quanto a isso. Sempre prefiro narrações em primeira pessoa, principalmente quando vamos trabalhar com a distopia, que em tese é um pensamento filosófico, que — penso eu — fica melhor trabalhado quando sabemos as coisas da mente de quem passa pela situação. Contudo, a narração de Morgan é muito boa, então meio que não foi um problema, entendem? A autora trabalha de modo a intercalar pontos de vistas — em terceira pessoa, olha que show! —, explorando cada um dos personagens... espere! Já sei como vou explicar. Resumindo: é igualzinho o George Martin faz em As Crônicas de Gelo e Fogo.
Particularmente, achei uma boa distopia. Essa não dá pra dizer que é clichê, indiscutivelmente. Mesmo tratando-se de uma desfecho, o que geralmente nos causa pânico e apreensão, em virtude principalmente de nossas expectativas, até que foi um bom livro. Acredito que, como sempre, o segredo é não esperar muita coisa. Até porque muitas vezes, por causa de nossas exageradas expectativas, tendemos a deixar que pequenos detalhes estraguem a obra. O que não podemos deixar acontecer em De Volta.
Clarke olhava fixamente para a cena da colisão, os olhos se esforçando no escuro, esperando pelo momento inevitável em que seu treinamento entraria em ação e seus instintos anestesiariam seu pânico. Mas ali, à beira da grande extensão de destroços, absorvendo a destruição, tudo o que ela sentia era terror.
A edição de De Volta segue os padrões das anteriores e eu acho elas muito lindas — principalmente em virtude de sua simplicidade notável, mas significativa. A capa segue os modelos brancos com destaque para os títulos mesclados a imagens da série de TV, o que eu achei incrivelmente bem elaborado, principalmente em De Volta, que ganhou cores vibrantes e que se destacaram em meio ao mar de branco. A diagramação, fazendo um contraste opulente com a capa, é bem simples, compacta, mas muito agradável, com um design interno nos padrões típicos da Galera Record, com ótimas fontes e espaçamentos favoráveis. Ah, e não encontrei erros de revisões — ponto positivo.
Por fim, deixo todos cientes de que é um bom desfecho. Muitos julgaram ser ruim por deixar pontas soltas, mas não achei que teve todas essas "pontas soltas" assim. Como dito, o problemas as vezes pode estar em suas expectativas. Achei interessante também, inerente a estrutura da obra, por ela ser além que um mero entretenimento, mas trabalhar com certa astúcia a insegurança humana, vivenciada pelos personagens e suas provações, que mostram que ninguém é perfeito. A filosofia distópica também é trabalhada com certo cuidado, principalmente ao reforçar o pensamento comum de que nós, seres humanos, podemos ser comparados a péssimos amantes, que preferem destruir no lugar de amar.
É, com certeza, uma trilogia que eu indico aos fãs de distopias — principalmente aqueles que estão sedentos por algo inovador e instigante. De Volta foi uma leitura rápida, com capítulos curtos — o que favorece muito bem a ótima construção da trama — e cenas práticas, o que promove ainda mais a boa formação de uma história. E, como dica, vamos manter o lema de que pequenos detalhes não estragam um livro! Agora deixa eu ir, tem uma série — chamada The 100 —, aqui na pasta Vídeos de meu computador, gritando para ser assistida. Vemos-nos em breve. Ah, e vão ler The 100, eu recomendo!
Primeiro parágrafo do livro: “As mãos de Glass estavam grudentas com o sangue de sua mãe. Essa percepção chegou a ela lentamente, como se através de uma névoa espessa — como se as mãos pertencessem a outra pessoa e o sangue fosse parte de um pesadelo. Mas eram as suas mãos e o sangue era real.”
Melhor quote: “A conexão que sentimos com outras pessoas não está vinculada à geografia ou ao espaço.”
Começei a assistir a série mas parei. Estava gostando bastante, mas pretendo ler os livros antes. Depois de ler essa resenha fiquei com vontade de voltar a assistir.
ResponderExcluirBjus!
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