Olá, pessoal! Hoje, aqui no Entre Páginas e Telas, vou falar sobre a adaptação de uma das minhas séries distópicas favoritas, que teve o último volume lançado há pouco no Brasil: essa é a resenha do filme Divergente. Apesar de só estrear em terras brasileiras no dia 17 de Abril, eu já vi o filme e conto a seguir minha opinião para vocês. 

     Divergente, a adaptação do primeiro volume da série de livros homônima de Veronica Roth, é uma das muitas adaptações que estão sendo lançadas nos cinemas, agora que há um enorme espaço – antes, tão amplamente ocupado por Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes – nos corações dos espectadores mais jovens. Teve sua estreia nos Estados Unidos na última sexta-feira, 21 de março, e arrecadou 56 milhões até o dia 23 (estimativa do Box Office Mojo). Com a estreia marcada no Brasil para o dia 17 de abril, entretanto, os fãs brasileiros ainda sofrem da curiosidade: terá Divergente feito jus ao livro? 

    Antes de tudo, deixo claro que sou fã da série de livros criada por Veronica Roth. E, como já é amplamente conhecido por todos que leram os livros de alguma série e depois assistem à adaptação, é difícil não criarmos algumas expectativas, especialmente quando gostamos muito da estória. Preciso dizer o quanto fiquei feliz, levando isso em conta, quando me deparei com um filme tão fiel ao livro. Mas, vamos por partes...

   Dirigido por Neil Burger (O Ilusionista; Sem Limites), Divergente conta a história de uma sociedade futurística que, depois de abalada por uma guerra, se dividiu em cinco facções para uma melhor organização do sistema: Erudição, a facção dos inteligentes, Franqueza, a dos sinceros, Abnegação, a dos altruístas, Amizade, a dos gentis, e Audácia, a dos corajosos. Ao completar dezesseis anos, jovens precisam fazer uma escolha, e decidir em qual delas desejam viver pelo resto de suas vidas. Beatrice Prior faz uma escolha que surpreende a todos, e deve agora lidar com os testes que precisa passar para tornar-se definitivamente um membro de sua facção de escolha. O que ela esconde, entretanto, é que é Divergente – o que significa que ela não se encaixa em apenas uma categoria –, já que isso significaria sua morte certa. Quando Tris descobre um crescente conflito que pode ameaçar destruir a sociedade tão cuidadosamente construída, ela precisa tentar salvar aqueles a quem ama, antes que seja destruída. 
    Estrelando Shailene Woodley como Tris e Theo James como Quatro, a atuação é sem dúvidas a característica mais marcante da adaptação. Com uma protagonista feminina, tudo indica que alguns clichês irão se repetir, mas Tris consegue quebrar a todos – ela é forte, corajosa, mas, acima de tudo, não é conformada com as circunstâncias. O modo como Shailene Woodley transmitiu a essência da personagem para as telas foi impressionante. As expressões da atriz, a dor e a alegria foram quase palpáveis, tão sinceras, e esse padrão se manteve durante toda a longa. 
    Theo James também se destaca, dando vida a um Quatro um tanto mais charmoso do que o original, mas extremamente fiel: corajoso, pragmático, “cru”, mas galante. A química entre os dois atores, além disso, é enorme. O romance – assim como no livro – não é idealizado, mas extremamente real. É um daqueles raros casos em que os dois atores principais conseguem incorporar a estória de modo quase assustador, deixando quem assiste ao filme crente de que tudo realmente aconteceu. 

    Talvez por toda essa química, senti um pouco de falta dos detalhes sobre relacionamento dos dois. Não é que ele ficou apagado – pelo contrário, quando há cenas românticas não há como desviar os olhos da tela –, todavia, eu não teria me importado em ver um pouco mais da relação entre Tris e Quatro.  
    Vale também mencionar o elenco de apoio, com Jai Courtney (Eric) se destacando em qualquer cena que apareça, interpretando o cara malvado, e Ashley Judd e Tony Goldwyn que, mesmo com pouco espaço na longa, não poderiam ter sido melhores como pais de Tris. Também há Kate Winslet (Janine), a vilã do filme, outra atriz impecável que consegue revoltar o espectador (e parecer entediada e cheia de si como um verdadeiro membro da Erudição!) em todas as cenas.
    A caracterização e o modo como as facções, tão importantes para a história, foram demonstradas foi incrível. Tudo, desde o vestuário dos figurantes até mesmo o visual da Chicago futurística ficou impecável, com efeitos especiais intensamente críveis. Há muitas cenas de ação, é claro, e em todas elas conseguimos captar a atmosfera que Divergente deseja passar: a de um plot enérgico e, a sua maneira, cruel. Não há nada idealizado, nem todos são felizes e muitos erros pessoais são cometidos, e é justamente isso que atraiu milhões de fãs à série de livros. Somando-se a isso, há o fato de que o final do filme é utilizado de um modo muito mais astuto do que o original, sem mudar o desenrolar dos fatos e seus objetivos. 
    Mesmo que o elenco tenha sido elogiado de modo extenso nas resenhas dos Estados Unidos, o filme não foi exageradamente bem recebido pelos críticos americanos, e a maior crítica foi a mesma: a dificuldade de entender a história, além de ela parecer pouco plausível. Realmente, olhando pela perspectiva de quem não leu os livros, isso é verdade, e, em minha opinião, o único defeito da adaptação. Faltou sim, um pouco de explicação, mesmo que essa dúvida seja também existente (porém em menor proporção) no primeiro livro. 

    Se, porém, levando em consideração que a história precisava ser condensada de algum modo em meras horas, acredito que foi feito um ótimo trabalho da parte do diretor, Neil Burger, e dos roteiristas, Evan Daugherty e Vanessa Taylor. Foi uma das minhas coisas favoritas sobre o filme: o modo como não há cenas importantes excluídas, como só houve pequenas mudanças, e em nada que fosse necessário (a única exceção para essa afirmação é o fato de Uriah não ter aparecido no filme, ainda que, segundo os produtores, ele terá um papel maior em Insurgente).
     A trilha sonora é outro ponto alto, com Ellie Goulding caindo em peso nas cenas importantes. As músicas que compõem a trilha, no geral, são extremamente variadas, e foram crucias para o filme como um todo, completando de forma magistral as situações vividas. Fiquei encantada com as músicas, e já tenho boa parte delas na minha playlist
     Foram citadas, em jornais e resenhas sobre o filme, várias comparações com Jogos Vorazes, mas acredito que isso deve-se mais ao fato de a estória se tratar de uma distopia com uma personagem de atitude, do que com o desenrolar dos fatos em si. Garanto prontamente que não há semelhanças – além do óbvio – entre as duas séries, tanto na literatura quando no cinema.

     Por fim, posso afirmar, com certeza, que Divergente entrou para minha lista de adaptações favoritas. Se você é um fã da trilogia, creio que amará o trabalho feito com a adaptação; e, se ainda não leu os livros, estou certa de que o filme irá lhe convencer a tanto. É uma versão mais afiada, sem tanta procrastinação e possuidora de muita ação, do livro, ao mesmo tempo que explora os mesmos temas que Roth, sobre individualismo e escolhas. Esse é dos raros casos em que o filme é tão bom quanto o livro no qual ele foi baseado. 


Um Comentário

  1. Assisti o filme antes de ler o livro. De cara já amei o filme. Acho realmente que os atores (Theo e Shailene) tem uma química enorme.
    Li os livros e não vejo a hora de poder assistir Insurgente e Convergente no cinema.
    E também espero que o Uriah seja tão carismático e engraçado quanto nos livros.

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